História De Sassaricando a Haja Coração - Tornando o sonho realidade

Daniel agora é um autor de sucesso. Sua última novela das sete, Alto Astral, foi muito bem no Ibope. Recebeu elogios de vários colegas, e atores se estapeavam para pedir-lhe um papel em sua próxima novela.

Claro que nem tudo eram flores, ainda tinham uns haters que diziam que Alto Astral era ruim, que a verdadeira autora da trama era Andreia Maltarolli e que ele não merecia estar onde estava, mas Daniel ignorava tudo isso. Ainda mais porque seu maior padrinho e incentivador era justamente seu ídolo da juventude: Sílvio de Abreu.

Os dois se conheceram após várias trocas de e-mail. Sílvio tinha ouvido falar de um jovem autor brasileiro que estava fazendo sucesso com uma novela no Oriente Médio e foi investigar. Ficaram amigos e Sílvio se encantou pelo modo com que Daniel desenrolava suas histórias. Sílvio logo cravou:

- Daniel Ortiz tem futuro! Será meu sucessor na Globo.

Foi Sílvio que lhe deu sua primeira chance, uma vaga de colaborador em Passione. "Puxa! Logo numa novela das oito!" pensou ele, entusiasmado. A novela não foi exatamente um grande sucesso, mas o importante é que Sílvio gostou do trabalho dele e chamou Daniel pra escrever o remake de Guerra dos Sexos.

- Sílvio, eu amava essa novela, depois de Sassaricando era a minha favorita!

- Eu sei. E o melhor é que você vai ter a chance de escrevê-la junto comigo! Não é o máximo?

O remake fracassou, mas e daí? Sílvio e Daniel não tinham culpa que os brasileiros preferiam um trio de empregadas cantoras às clássicas cenas cômicas que faziam referência à gêneros de filmes de comédia cult em que Sílvio se inspirou em todos os seus trabalhos. Sílvio costumava dizer que seus fracassos não eram por culpa de ninguém: dos atores, dos diretores, muito menos dele. E sim do público, que não sabe valorizar coisa boa.

- Brasileiro gosta mesmo é de um bom melodrama. E quanto mais água-com-açúcar, melhor!

Daniel anotava com afinco as lições de seu mestre. Achava Sílvio de Abreu um gênio. Sonhava em ser um autor consagrado como ele quando mais velho. E logo tratou de sugerir um novo remake de outra obra de Sílvio, para apagar o mau êxito de Guerra dos Sexos.

- Sílvio, eu tenho umas ideias aqui, espero que você goste.

Mandou um e-mail com um arquivo como anexo. Era simplesmente o remake de Sassaricando. Ainda não tinha pensado num nome, mas já antecipou que não queria ser 100% fidedigno à novela de 1987 que assistiu na adolescência. Ainda mais porque tirou alguns personagens que, ao reescrever a trama, achava chatos e desnecessários, como Fabíola Abdala e seu filho Tavinho. Colocou umas adaptações, misturou redes sociais, enfiou a Shirlei Manca de Torre de Babel no meio, trocou algumas tramas e nomes e... Pronto! Lá estava a novela nova.

Sílvio, que tinha tomado todas comemorando a promoção - era o novo diretor de dramaturgia da Globo e simplesmente o mais novo manda-chuva do pedaço - não sabe até hoje como conseguiu abrir seu e-mail. Mas abriu e leu o arquivo mandado por Daniel. Respondeu na mesma hora.

"Daniel, adoreu a trama! tá maravilhoso! jpa´´ pensou num tiltulo? mande logo, garantdo será a pró´´xima novela das 7"

Daniel, que estava tomando café enquanto assistia novamente um capítulo aleatório de Sassaricando, ouviu um apito de seu celular. Era a resposta de seu e-mail. Daniel quase caiu pra trás. Estava acontecendo. Seria ele o autor do remake de sua novela preferida!

"Ainda não pensei em alguns nomes. Que tal Haja Coração?"