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História Falling in love for the last time. - Nobody said it was easy.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Mais um cap. prontinho pra vocês. Bom, não sei o tamanho que ele vai ficar aqui, mas... Tudo bem. Façam uma boa leitura. E surtem, ou não, vai saber. SUHSUAH <3

Capítulo 25 - Nobody said it was easy.


 

 

Lauren POV.

 Suspirei deslumbrada pela décima vez em dez minutos enquanto observava Camila dormir. Durante a noite ela rolou para o lado, o que explicava a posição em que se encontrava. As mãos embaixo do travesseiro, um joelho dobrado, a outra perna esticada, os lábios levemente separados onde um pequeno ronco saía de sua garganta, um som gostoso, uma respiração pesada.

Ergui minha mão e coloquei para trás uma mecha de cabelo que caía sobre seu rosto, usando de todo o cuidado do mundo. Esqueci-me de fechar as cortinas da janela, por isso uma pequena parcela da luz do sol estava fixa em seu rosto, um brilho descomunal. Como ela podia ser tão linda até dormindo? Como ela conseguia me fazer respirar mais rápido até mexendo as sobrancelhas perdida em um sono gostoso? Mordi o lábio inferior e sorri, beijando seu ombro antes de me sentar na cama, colocando meus pés no chão gelado.

Olhei ao meu redor e tudo parecia exatamente no lugar que eu deixei, nada fora do meu gosto, do padrão que eu seguia para organizar as minhas coisas. Eu era chata, confesso, chata e perfeccionista, chata e um pouco egoísta com o que era meu, mas acontece que eram minhas coisas, coisas minhas tinham que ficar sob meus olhos e pronto. Bom, naquele momento as coisas não apenas me pertenciam, como também pertenciam à Camila. Eu descobri mais uma vez que a amava enlouquecidamente quando pensei sentada naquela cama, naquele minuto que tudo o que estava dentro daquele quarto também era dela, desde um par de brincos dentro da minha caixinha de joias até meu edredom preferido dobrado cuidadosamente dentro do meu closet. Pois é, quando namoramos não existe mais isso de “apenas meu” não, você passa a não ver problemas em dizer “tudo o que é meu é teu.” Engraçado, não é?

Balancei a cabeça para afastar os pensamentos e me levantei, fechei as cortinas para que o sol não atrapalhasse o sono da minha garota e andei até o banheiro para fazer minha higiene matinal. Depois de ter o rosto lavado e o hálito fresco novamente, dei uma última olhada em Camila antes de sair do quarto.

Silêncio. Ninguém havia acordado ainda, como sempre eu sendo a primeira. Desci as escadas e avancei para a sala vazia e gelada, não sei por qual motivo Normani insistia em deixar aquele ar condicionado ligado até quando íamos dormir. Ela queria o quê? Refrescar os móveis? Rolei os olhos quando alcancei a cozinha, iria abrir a geladeira para pegar meu suco de laranja quando ouvi a campainha tocar. Parei no mesmo instante e girei sobre meus calcanhares, minhas sobrancelhas erguidas.

: - Ué.

Resmunguei sozinha. Olhei no relógio e ele marcava exatamente 9:00 em ponto. Quem seria? O porteiro não anunciou, não tocaram o interfone. Deslizei a mão pelo cabelo completamente curiosa e comecei a andar com pressa de volta para a sala apenas para abrir a porta.

Subi os três pequenos degraus que antecediam a porta grande de madeira brilhosa e levei meu dedo até o pequeno botão do interfone, apertando para falar.

: - Quem é?

Perguntei e logo depois retirei meu dedo. Tínhamos um interfone que era ligado diretamente com a portaria do condomínio e outro unicamente para nós, para uso pessoal. A resposta demorou um pouco, mas logo veio, veio com força e eu pude sentir um chute no meu estômago.

: - Seu pai, Lauren. – Meu pai. Meu pai caralho, meu pai estava do outro lado daquela porta. Mas como assim? O que ele estava fazendo ali? Por que não me avisou que chegaria? Por que não me preparou antes? Não recebi uma ligação dele e do nada ele brota na porta da minha casa. Minha garganta ficou seca, podia sentir um reboliço desgraçado no meu estômago, aquele enjoo matinal de quem está com a barriga vazia piorando triplamente. – Lauren, eu estou cansado, gostaria de me sentar um pouco. Poderia abrir a porta?

Ele reclamou por conta da minha demora. Fechei os olhos e contei até dez, respirei fundo, passei a mão pelo cabelo, olhei ao meu redor e enfim abri. Meu coração deu um pulo desesperado quando não vi apenas meu pai parado, mas também minha mãe. Acho que só não sentei no chão de nervoso porque estava me segurando com toda a força na parede ao meu lado. Meu pai me analisou, seus olhos não eram negativos e nem positivos, estavam normais.

Desviei minha atenção para o rosto de minha mãe e identifiquei ali trezentos traços fora do lugar, trezentos erros, grandes olheiras e um olhar que me dizia para sair da frente antes que ela passasse com tudo por cima de mim. Umedeci os lábios com a ponta da língua.

: - Não vai nos convidar para entrar?

Meu pai disse com um pequeno sorriso, um bem tímido. Independente de qualquer coisa e da situação que se passava, eu estava morrendo de saudade, por isso não contive minhas emoções antes de dar dois passos para frente a me jogar em seus braços.

: - Pai. – Eu disse engasgada contra seu ombro, seus braços ao meu redor retribuindo meu gesto com a mesma intensidade. – Pai, que saudade.

: - Muitas saudades, filha, nem sei como dizer o quanto sinto. – Fechei meus olhos e suspirei. Estar nos braços do meu pai depois de tudo era como uma pequena salvação, uma pequena esperança de que eu estaria protegida mesmo que o mundo resolvesse desabar sobre a minha cabeça. – Você está tão abatida.

Espiei minha mãe passar da porta para dentro quando meu pai terminou de falar, o que me fez respirar profundamente antes de olhá-lo.

: - Vem, vamos entrar, pai. Não precisamos começar aqui fora.

O peguei pela mão e o levei para dentro, fechando a porta atrás de mim. Meu pai parou no meio da sala ao lado de minha mãe, que observava tudo ao seu redor com cara de poucos, poucos amigos. Eu estava incomodada, queria falar algo, mas não sabia o que, queria sentar e não conseguia. Cocei a nuca e observei meu pai andar até o sofá para se sentar depois de muito encarar o nada, minha mãe apenas continuou de pé. Ficamos os três nos encarando por longos minutos, apenas o barulho da minha respiração feroz era ouvida.

: - Querem beber alguma coisa?

Perguntei rápido demais, minhas mãos suando. Eu estava nervosa e desejei o corpo de Camila colado ao meu, ou que ela estivesse sentada no topo da escada para que eu colocasse meus olhos sobre ela, só para ter onde me apoiar quando precisasse, mas...

: - Tudo o que eu quero é saber o que você tem nessa tua cabeça, Lauren.

Ouvir minha mãe foi como ganhar um tapa na cara, um soco, um voadora ou qualquer coisa que lhe deixasse um roxo bem grande no rosto. Sua voz era fria e calculista, seus olhos tão intensos que me sentei no degrau que estava de pé, apoiando minha mão direita ao lado de meu corpo.

: - Clara... – Meu pai advertiu.

: - Michael, por favor, não. – Ela o fuzilou com os olhos antes de colocá-los sobre mim novamente. – Responde, Lauren, o que você tem na cabeça? Eu juro que estou tentando entender, eu juro que passei a viagem inteira tentando entender, estou há horas a fio tentando entender e não consigo. Diz pra mim o que deu nessa tua cabeça para fazer isso.

Eu sempre soube que a reação da minha mãe não iria ser uma das melhores, mesmo que ela sempre tenha sido liberal e blábláblá, ela não era tão mão aberta assim. Não como Sinu, não mesmo.

: - Eu não pude fazer nada contra, mãe.

Respondi em um fio de voz sem encará-la, meus olhos estavam fixos em meus pés.

: - Não pode fazer nada contra? Você está brincando comigo, Lauren?

Desejei profundamente que ela abaixasse seu tom de voz, já estava sendo humilhante demais passar por aquilo sozinha, imagina passar com plateia?

: - Clara, você me prometeu que iríamos conversar direito, os três, sem brigas e sem alterações. – Meu pai levantou do sofá e passou a mão pela cabeça, encarando minha mãe. – Por favor, fale baixo, com certeza as meninas estão dormindo e não tem necessidade nenhuma de serem acordadas com uma briga desnecessária dentro da própria casa.

: - Era só o que me faltava.

Minha mãe jogou as mãos ao ar e andou até o sofá, sentando-se. Esfregou as mãos sobre as coxas e respirou fundo. Eu queria levantar, sabe? Queria ter forças ao menos para correr, fugir, me esconder, mas sabia que uma hora teria que ter aquela conversa e a hora estava bem ali, eu tinha que enfrentar tudo de cabeça erguida por mim e por Camila.

Fechei meus olhos e deixei meus pensamentos vagarem pelo sorriso dela por alguns segundos, meu peito enchendo-se daquela coragem que apenas seus lábios curvados naquele gesto conseguiam me proporcionar. Ergui meu pulso rapidamente e o esfreguei contra o meu nariz, o cheiro doce de Camila invadindo as minhas narinas. Respirei fundo e ergui meu olhar.

: - Lauren... – Meu pai começou a dizer enquanto se aproximava um pouco mais de mim. – Sua mãe e eu queremos saber o que está exatamente acontecendo... Entre você e Camila. Queremos ouvir da tua boca. Só precisamos conversar, só isso.

O que dizer a eles? A verdade, não é mesmo? Nada mais que a verdade. Se eu mentisse seria julgada, se falasse a verdade também seria, então... Que fosse a merda da verdade.

: - Nós estamos namorando.

Joguei para fora o encarando, meu corpo imóvel. O rosto de meu pai manteve a mesma expressão, o mesmo ar calmo. Já minha mãe parecia inquieta, pois ela tornou a se levantar e começou a andar de um lado para o outro na minha sala.

: - Desde quando?

Ele perguntou baixo sentando-se na mesinha de centro.

: - Menos de uma semana. Mas estamos ficando desde alguns dias depois que chegamos à Paris.

: - Ficando, namorando. Meu Deus do céu, eu te disse Michael, eu te disse que essa viagem para Paris não ia acabar em boa coisa.

Minha mãe começou a dizer com os braços cruzados embaixo dos seios, o barulho de seus saltos no piso me irritando profundamente.

: - Clara, por favor. – Meu pai se alterou, seu rosto ficando vermelho. – Será que você poderia manter o controle?

Arfei engolindo a saliva que se formou em minha boca e deslizei os dedos nervosamente pelos cabelos.

: - Continue, Lauren, me conte desde o início.

Fechei meus olhos rapidamente e suspirei.

: - Camila e eu nos apaixonamos há muito tempo, desde a época do The X Factor. Eu fui covarde demais naquela época e fugi do que sentia como o Diabo foge da cruz. – Me peguei olhando para o nada enquanto falava, meu peito apertando por ter que lembrar da merda que fiz. – Pensei que conseguiria conviver com esse sentimento, que daria para manter a amizade normal e fingir que nada estava acontecendo, mas não deu, pai, não dava mais. Joguei tudo para o alto quando chegamos em Paris e nunca me senti tão completa antes, tão feliz, sabe? Senti que estava fazendo a coisa certa. A pedi em namoro, coloquei uma aliança no dedo dela... – Sorri com a lembrança quando encarei meu pai, ele retribuiu. Seu sorriso era tímido e admirado, ele estava... Feliz? Havia ficado feliz com o que eu havia contado? Mordi o lábio inferior. – Eu disse à Camila que iria contar pra você que estávamos juntas, que eu estava feliz, mas não deu tempo. Infelizmente tudo veio à tona antes que eu tivesse a chance de fazer isso.

 Lamentei sentindo meus olhos ficarem molhados. Não iria chorar, não iria.

: - Acho que eu sempre soube que você gostava dela, filha. Um pai sempre sabe quando há algo de diferente com os filhos. Eles começam a agir diferente, a falar diferente, a olhar diferente. E quando Camila estava lá em casa você era outra, quando estava na companhia dela você era a Lauren sorrisos, a Lauren brincalhona, a Lauren protetora, a Lauren livre. Não sei onde eu estava com a cabeça que não lhe chamei para conversar quando tudo isso acontecia bem embaixo dos meus olhos.

: - Eu não posso aceitar isso. – Meu pai e eu nos assustamos quando minha mãe explodiu, se antes ela estava sem controle, naquele momento ela estava literalmente surtando. Seu rosto se avermelhou, seus olhos praticamente saltando, em questão de segundos ela estava perto de mim. – Eu não posso aceitar isso, Lauren, isso é... Isso está fora de cogitação. O que seus avós vão pensar sobre? Meu Deus, Lauren, olha só pra essa droga.

Com rapidez e nervosismo ela abriu a bolsa que tinha no ombro e retirou uma revista de lá, tacando-a em cima de mim. Segurei o amontoado de papéis entre as mãos e olhei a capa. Era a People, a revista que tinha eu e Camila como estrelas principais naquela semana. A foto da capa era a do nosso selinho na frente do restaurante, eu estava tremendo tanto que me impedi de continuar olhando.

: - Você já viu essa revista? Já viu essas fotos? Você por um acaso tem noção da gravidade disso? Todo mundo deve ter uma dessas em casa agora, todo mundo deve estar comentando em todas as esquinas. Lauren, você está jogando a tua carreira no lixo com tudo isso, está acabando com a tua imagem por causa de uma paixãozinha adolescente.

Paixãozinha adolescente?

: - Eu a amo. – Eu disse quase gritando ao me levantar em um pulo, nossos corpos a centímetros de distância. Meu pai estava imóvel ao nosso lado, completamente sem reação. – Eu amo a Camila e isso não é uma paixãozinha adolescente como você disse. Eu a amo, nós estamos namorando e você precisa enfiar isso na sua cabeça.

: - Você não sabe o que está dizendo. – Estávamos nos fuzilando em olhares, minha respiração queimando minhas narinas, minha mão direita esmagando a revista. – Só pode estar delirando. Eu não acredito que você está arriscando tudo o que trabalhou para conseguir por causa de uma... Menina. Será que você não entende que vai acabar com o teu sonho e com o sonho dela fazendo isso?

: - Essa “menina” é quem eu amo, entenda. – Cuspi as palavras na cara dela, estava com tanta raiva que podia sentir meu corpo todo tremendo. – Eu arrisco o que preciso for para ficar com ela. Eu não estou nem ai para o que meus parentes irão pensar, para o que o papa vai pensar, eu vou lutar por ela. Nós vamos passar por cima de tudo isso juntas.

: - Lauren, acorda. – Minha mãe disse se afastando um pouco, as mãos passando pelo cabelo em um gesto nervoso. – Isso não vai dar certo, vocês não podem continuar com isso. A mídia é suja, as pessoas são ruins lá fora, vocês duas têm uma carreia linda pela frente, não estraguem.

: - Eu disse que vou lutar por ela.

Repeti entre os dentes. Qual parte do “vou luta por Camila” ela ainda não havia entendido?

: - Mas que droga, Lauren.

Eu não vi muito bem o que iria acontecer a seguir, tudo o que capturei foi meu pai entrando no nosso meio em um piscar de olhos, suas mãos nos ombros da minha mãe.

: - Clara, para. Acalme-se, pelo amor de Deus. – A voz dele era quase um lamento. – Eu não vou permitir que você perca o controle desse jeito, não faça isso consigo e com nossa filha. Viemos aqui para conversar, não para machucá-la. Por favor.

: - Eu não posso concordar com isso, Michael. Não posso permitir que ela leve a vida dela para um rumo como esse, eu não posso. As pessoas são rudes, a sociedade é cruel, eu não quero minha filha sendo mal falada e maltratada. Eu não vou fechar meus olhos e deixar isso acontecer. Eu não quero minha filha namorando uma mulher, não posso aceitar.

Eu fraquejei instantaneamente e andei até a parede mais próxima para me apoiar, tudo estava saindo pior do que imaginei. Minha garganta ardia, todo o meu peito parecia queimar. Ergui o punho novamente para sentir o cheiro de Camila enquanto deixava as lágrimas grossas rolarem, queria gritar, mas acho que nem forças para isso tinha.

: - Lauren não está fazendo nada de errado, Clara. Ela não está matando ninguém, roubando ninguém, não está envolvida com drogas ou se prostituindo. Ela está apenas amando.

: - A Camila. – Minha mãe gritou o óbvio. Levei as mãos aos ouvidos depois de largar a revista no chão para não ouvir, mas foi em vão. – Amando a Camila.

: - Qual é o problema nisso? Camila é uma garota linda, boa, educada, inteligente, tem uma família maravilhosa. Alejandro e Sinu são nossos amigos mais próximos no momento. O que existe de mal nisso, Clara?

: - Michael, por favor. Quando foi que você ficou cego? O fato de Camila ser tudo isso e de Sinu e Alejandro serem nossos amigos não muda as consequências. Isso está errado.

Eles estavam discutindo a uns dois metros de mim, mas era como se estivessem dentro da minha cabeça. A pressão vinha de todos os lados e em todos os níveis de intensidade. Eu não conseguia pensar em nada mais que não fosse o sorriso de Camila enquanto chorava, uma vontade avassaladora de subir aquelas escadas e correr para o meu quarto, me deitar ao lado dela e fingir que estava tudo bem.

Por que era tão difícil para as pessoas aceitarem que não escolhemos quem amamos? Por que é mais fácil aceitar crianças tendo crianças ao invés de duas mulheres ou dois homens namorando? Construindo uma família, sendo felizes? O que há de mal nisso tudo? Por que minha mãe não podia simplesmente dizer que ficaria do meu lado para qualquer coisa, mesmo não ficando feliz com o rumo que as coisas tomaram? Como ela, eu não conseguia entender. Era minha mãe, não era? Disse-me repetidas vezes em todos esses anos que independente de qualquer coisa estaria comigo, que me amaria. Então por que todo aquele escândalo? Eu sabia que não seria fácil, mas ninguém disse que seria tão difícil.

: - Você está sendo tão cruel quanto a sociedade, Clara. Você está sendo tão severa quanto essas pessoas imundas. Já parou para pensar nisso? Por Deus! Lauren é tua filha e não vai deixar de ser porque está namorando uma garota.

: - Desde quando Lauren é gay? – Observei quando ela tirou as mãos do meu pai de seus ombros com certa raiva, o dando as costas e colocando as mãos na cintura. – Desde quando, Michael? Eu não posso ter sido uma mãe tão ruim assim ao ponto de não enxergar que minha filha é homossexual. Não é possível que fui tão cega assim. E os namorados? E aqueles garotos que ela me apresentou? Tudo aquilo foi o quê?   

: - Clara, isso não tem nada a ver.

: - É CLARO QUE TEM.

: - CHEGA. – Gritei fazendo os dois olharem pra mim. – Já chega, por favor. Chega.

Minhas mãos estavam apertadas com força em meus ouvidos, meus olhos fechados, minhas lágrimas rolando furiosas, meu corpo trêmulo em uma sensação de vazio que me dava vontade de vomitar.

: - Eu não aguento mais. Parem, por favor.

: - Você e Camila precisam terminar com isso.

Eu juro pra você, eu juro que a voz da minha mãe nunca me enojou tanto na vida, nunca desejei passar de carro por cima dela mais do que naquele momento. Esfreguei meu rosto entre as mãos e a olhei, meu coração batendo desesperado contra o meu peito, uma dor tão sufocante que chegava a ser física. Ser rejeitada de certa forma por ser quem você é pode te levar a um nível profundo de tristeza.

: - Eu não vou terminar com a Camila, não vou deixar que a tirem de mim. Se for preciso fugir para Deus sabe onde e levá-la comigo só para ter que evitar nossa separação, eu fujo.

Eu disse usando o resto de força que me restava, meus pés descalços no piso gelado ajudando nos arrepios intensos que acertavam meu corpo. Minha cabeça latejava, estava pensando seriamente em sacudir qualquer canto daquela sala à procura de um analgésico.

: - Lauren, não é preciso fazer isso. Ninguém vai tirar Camila de você, filha.

Meu pai estava perto, mas não me tocou, suas mãos estavam atrás da sua nuca, seus olhos vermelhos e molhados.

: - Você não seria capaz.

Aquela pessoa que eu não reconhecia mais tornou a se pronunciar, seu dedo apontado para mim de forma petulante.

: - Acredite, eu sou. – Suspirei fraca e levei as mãos até a cabeça, fechando os olhos rapidamente para conter as lágrimas que me cegavam. Comecei a pedir a Deus incontáveis vezes para me ajudar, para fazer com que ficasse mais fácil, para me segurar quando eu não podia mais me manter de pé. – Eu sou capaz de qualquer coisa para ter Camila comigo e você não vai mudar isso, mãe. Nem você e nem ninguém.

Aprendemos desde crianças a correr para os braços da mamãe ou do papai quando algo lhe projetar medo. Aprendemos que devemos respeitá-los e amá-los acima de tudo. Somos ensinados desde pequeninos que nossa mãe e nosso pai são os únicos amigos de verdade que podemos contar na vida, que são o único melhor amigo e a única melhor amiga fiéis a você em todas as situações.

Meu pai sempre foi o meu herói quando eu precisei e até mesmo quando não precisei. Quando eu tinha medo do monstro que vivia escondido embaixo da minha cama, era por ele que eu chamava. Quando eu caía e ralava o joelho era no colo dele que eu chorava. Quando ganhava uns tapas na bunda da minha mãe por fazer pirraça era atrás dele que eu me escondia. Quando chorei por causa de paixões adolescentes idiotas foi ele quem me disse que aqueles garotos não me mereciam, que eu era muito mais que aquilo, que eu encontraria alguém que me amasse de verdade e que merecesse a minha atenção. E no momento que eu encontrei esse alguém, lá estava ele, lá estava meu pai mais uma vez do meu lado, mais uma vez me confortando e dizendo que ninguém tiraria Camila de mim.

E minha mãe? A mulher que me trouxe no mundo, que me educou, que me colocou para dormir em sua cama no meio da madrugada para calar meus medos, a mulher que me disse em um dia frio enquanto olhávamos pela janela de casa que eu era o maior presente que Deus havia dado para ela, junto com meus irmãos. Aquela mulher que me jurou amor eterno quando me pegou nos braços pela primeira vez estava ali na minha frente, de pé no meio da minha sala me olhando como se eu fosse uma estranha, como se eu nunca tivesse pertencido à seus braços. Nada na minha vida havia me deixado tão sem chão até aquele momento.

: - Eu não estou te reconhecendo, Lauren, não estou. – Eu estava sentada no chão contra a parede quando ela interrompeu meus pensamentos, meu pai em silêncio, seus olhos em mim e eu constatei com um buraco no peito que ele estava chorando, e saber que eu era a causa do que ele provavelmente estava sentindo era o inferno. – Você vai voltar para Miami conosco essa tarde, nosso voo sai as 14:00. Vai arrumar tuas coisas.

O quê? Perguntei em pânico para mim mesma enquanto negava com a cabeça. Voltar para Miami? Voltar para Miami e me separar de Camila? Não, não mesmo.

: - Eu não vou.

Rebati com os punhos fechados contra o chão, minha cabeça encostada com toda a pressão na parede atrás de mim.

: - Você vai. As passagens estão compradas e eu não estou perguntando se você quer ou não, Lauren, estou ordenando. Vai passar o resto das tuas férias na tua casa em Miami e ponto final.

Era demais pra mim, aquilo realmente era demais. Levantei-me e andei com toda a pressa para perto dela, meu pai movendo-se da mesma forma até segurar meu braço, mas isso não me impediu de encarar Clara do mesmo nível, olho por olho. Estava furiosa, nós duas estávamos.

: - Lauren...

Meu pai iria começar a dizer algo, mas o interrompi quando ergui minha voz para dizer pausadamente o que queria.

: - Eu não vou. Vou passar o resto das minhas férias em Los Angeles com as meninas. Tua ordem aqui não vale 10%. Eu não dependo de você para nada há muito tempo, tenho o meu trabalho, o meu dinheiro, a minha casa e o meu carro, portanto, eu tomo as decisões na minha vida. Eu decido se vou ou não, e eu decidi que fico. E saiba que também não reconheço você, toda essa droga que está saindo da tua boca não me deixa lhe ver como antes. Você disse que me amaria acima de tudo, disse que estaria ao meu lado para qualquer coisa e na primeira oportunidade está me provando o contrário. Você é minha mãe, você não é as pessoas que estão lá fora, você disse que me amava, você disse que me apoiaria em qualquer coisa.

Minha respiração estava saindo feroz pelo meu nariz, minhas lágrimas de novo me humilhando. Podia sentir meu rosto arder, devia estar vermelha.

: - Mas eu te amo. – Ela disse com os olhos molhados, seu rosto mudando de uma expressão raivosa para uma melancólica. – É por te amar tanto que eu não posso concordar com isso.

: - “Isso” é a minha felicidade, mãe. – Meu pai soltou meu braço e eu logo levei as mãos ao rosto, chorando desesperadamente. Podia sentir sua mão subindo por minhas costas em uma carícia. – Por favor, não fica contra mim no momento que eu mais preciso de você.

Eu estava implorando, estava ao ponto de me ajoelhar aos pés dela e pedir que ficasse ao meu lado por tudo o que fosse mais sagrado. Eu a ouvi chorar, ouvi seus suspiros de lamento, ouvi meu pai chorar, ouvi meu próprio peito sufocando sob minha pele.

: - Lauren, por favor, vai arrumar tuas coisas. São só duas semanas em Miami, você não vai morrer por causa disso.

: - Mãe, pelo amor de Deus. – Segurei-a pelos braços. – Eu não vou, eu não vou para longe de Camila, eu não posso, você não pode me obrigar a isso. Perceba que me afastar dela no meio de tudo isso que estamos enfrentando será uma dor a mais, uma dor que não precisamos sentir se ficarmos juntas, perto.

: - Lauren, vai ficar tudo bem. Vem com a gente só por esses dias, depois você volta e fica ao lado de Camila pelo resto dos anos se você quiser. Eu vou estar ao teu lado como sempre, vou apoiar as duas. Só vem conosco, filha, eu sinto tua falta em casa.

Meu pai disse acariciando meu cabelo enquanto limpava seu rosto com a mão livre. Soltei os braços da minha mãe exasperada e o olhei, secando meu nariz com as costas das mãos.

: - Eu não posso pai, não vou deixar Camila sozinha quando ela mais precisa de mim. Eu não vou, me desculpa.

: - Você vai, Lo.

Nos viramos os três para procurar a dona da voz que inundou o ambiente no meio do silêncio incômodo que havia se formado. E lá estava ela, parada no meio da escada, cabelos bagunçados, pés descalços, no corpo o seu baby doll preto de bolinhas brancas e seus olhos completamente vermelhos. Ela estava chorando e eu percebi em meio ao meu desespero que ela havia escutado toda a conversa, sua expressão machucada a denunciava.

: - O quê?

Perguntei em voz alta quando me dei conta do que ela havia dito. Como assim ela estava me mandando ir? Como assim queria que eu fosse embora?

: - Ainda bem que uma das duas tem os pés no chão em relação a tudo isso.

Minha mãe resmungou ao meu lado esfregando as mãos nos próprios braços.

: - Clara, chega. – Meu pai apertou meus ombros.

: - Vai com seus pais, Lo, vai com eles.

Neguei com a cabeça e cortei a sala em passos largos em direção à ela, que desceu as escadas o mais rápido que pode. A tomei em meus braços em um abraço desesperado antes que seus pés tocassem o tapete, a fazendo dar dois passos para trás. Apertamos-nos uma à outra com força, era como se quiséssemos fundir nossos corpos. Camila largou um choro compulsivo contra o meu pescoço, eu não estava atrás. Respirei fundo para sentir seu cheiro, todo o meu corpo vibrando em ânsia, medo, receio, nervoso, desespero, amor, muito amor.

: - Eu não vou. – Eu disse entre lágrimas contra seu ouvido, minhas mãos afagando seus cabelos rapidamente. – Eu não quero ir, eu não vou deixar você.

: - Eu tão pouco quero que você vá, amor. – Camz disse fungando ao segurar meu rosto entre suas mãos, seus olhos castanhos perdidos em uma desolação sem tamanho. – Mas você precisa ir.

: - Eu não preciso.

Bati o pé insistente. Estava pouco ligando se tínhamos plateia, estava ao ponto de beijá-la com todo o fervor só para não ter que ouvir aquilo.

: - Precisa, Lauren. – Camila passou o dedo embaixo do meu olho esquerdo, limpando. – Volte para Miami com seus pais apenas por essas duas semanas, não seja egoísta e não pense apenas em nós. Teu pai sente a tua falta e você precisa que ele cuide de você. – Ela dizia com um sorriso triste, as lágrimas salgadas molhando todo o seu rosto. Pude sentir fielmente quando beijei seus olhos, suas bochechas. Estava sufocada, queria gritar. – Enquanto você estiver por lá as coisas por aqui vão se acalmando. Não vamos arrumar mais um problema com sua mãe, por favor. Vá com eles, ponha a cabeça no lugar e deixe que ela tenha o tempo que precisa para se ajustar a isso. Não teima, não seja uma filha ruim. – Ela riu triste e pressionou os lábios. – Você sempre foi boa, não erre agora. Passe esse tempo com tua mãe, converse com ela, a ajude a entender que você é a mesma Lauren de sempre, só que é uma Lauren um pouco mais feliz agora.

: - Muito mais feliz.

Eu disse sorrindo, chorando, tremendo, suando. Eu estava sentindo tudo ao mesmo tempo. Consegue imaginar todas essas sensações em você?

: - Então, amor, vá com eles e tenta colocar as coisas no lugar com jeitinho, com paciência. São só duas semanas.

Eu senti que ela estava tentando convencer a si mesma quando disse aquele “só”.

: - Como vou ficar longe do teu sorriso por duas semanas?

Perguntei segurando suas mãos sobre meu rosto, nossos olhos se encarando, aquele antigo duelo entre o verde e o castanho me deixando sem chão. Camila ofegou longamente, os dedos acariciando meu rosto, os lábios trêmulos, seu peito subindo e descendo em uma respiração errada. Ela estava tão frágil, como eu poderia deixá-la sozinha? Eu estava pouco ligando para mim, só pensava nela.

: - Vamos nos falar por Skype todos os dias, vamos ligar a web, dormir juntas na ligação e fazer o que você quiser até que esteja de volta na nossa casa, de volta na minha presença. Eu prometo. Eu juro, Lo.

Neguei com a cabeça e a abracei com força, escondendo meu rosto em seus cabelos enquanto a ouvia chorar baixinho. Estava doendo, uma dor sem noção, sem vestígios de que iria parar. Podia ouvir passos atrás de mim, podia ouvir a voz do meu pai, a voz da minha mãe, mas tudo o que fiz foi permanecer ali nos braços de Camila, era o único lugar que eu queria ficar.

: - Eu vou fazer isso porque você está me pedindo, entendeu? – Sussurrei enfiando minha mão direita entre seus cabelos, a boca pressionada em seu ombro. – Mas saiba que por mim eu ficaria, por mim eu não me afastaria nem um centímetro. Eu só vou porque você está pedindo, não porque quero. Porque eu não quero, Camz, eu não quero.

: - Nós vamos ficar bem. – Quem ela estava querendo convencer? Suspirei enquanto ela acariciava minhas costas. – Eu estarei aqui quando você voltar, essas duas semanas vão passar correndo, você vai ver. É só mais uma coisa paa passarmos por cima e vamos fazer isso sem fraquejar.

: - Eu vou pensar em você todos os minutos, eu não vou parar nem quando for dormir.

Camila riu baixinho entre algumas fungadas e me olhou, secando meu rosto e erguendo-se na ponta dos pés para selar minha testa.

: - Não vamos. Eu vou te acompanhar nesse processo com toda a certeza.

Retribui o beijinho que ganhei na testa e segurei em sua mão, virando-me de frente para meus pais que nos observavam. Minha mãe estava sentada no sofá, meu pai de pé no meio da sala, no rosto uma expressão triste, parecia sentir por tudo aquilo o tanto que eu e Camz sentíamos. Respirei fundo e ergui a cabeça, eu não ia abaixá-la mais.

: - Tudo bem, eu vou. – Camila apertou minha mão. – Mas eu vou porque Camila pediu, não por vontade própria.

: - De qualquer forma você vai, isso já é um avanço.

Clara, como eu decidi chamar, se pronunciou enquanto esfregava as mãos no rosto. Rolei os olhos.

: - Eu vou cuidar bem dela, Camila. Você confia em mim, não confia?

Meu pai perguntou a ela com um pequeno sorriso, eu tinha certeza que ele estava tentando descontrair a situação. Olhei para o lado e ela sorria, um sorriso triste e penoso, mas sorria.

: - Confio de olhos fechados. – Camz disse olhando para mim rapidamente. – É bom vê-lo, Michael.

Meu pai cortou a sala em direção a nós, ignorou os olhares ofensivos de minha mãe e abraçou Camila me surpreendendo. Ela também ficou surpresa, mas logo retribuiu deitando a cabeça no peito dele. Não me contive e abri um sorriso enorme com a cena, no meio de toda aquela merda eu consegui ter alguns minutos de felicidade ao ver meu pai abraçando a garota que eu amava.

: - Vai ficar tudo bem, querida. Só quero que saiba que gosto de você como se fosse uma filha. Estou radiante em saber que é você o motivo dos sorrisos de Lauren, dos sorrisos verdadeiros que vi naquelas fotos, que estou vendo agora. Obrigado por isso.

Meu pai segurou Camila pelos ombros e beijou sua cabeça, olhando para mim e erguendo sua mão direita para afagar meu rosto.

: - Mas agora vão, vão aproveitar sozinhas ou com as meninas essas horas que restam até o momento de irmos para o aeroporto. Vão, vão.

Sorri para ele e o abracei com força usando o braço livre, meus dedos entrelaçados nos de Camila.

: - Eu te amo, pai.

: - Eu também te amo, filha. – Beijou meu rosto. – Agora vai, vou sair com sua mãe, comprar umas coisas, vamos almoçar e depois volto para te buscar. Lembre-se, mantenha a cabeça erguida, você não está fazendo nada de errado.

Meu pai era meu herói, não importava se eu não tinha mais seis anos, ele sempre seria.

Depois de tudo aquilo, Camila e eu fomos para o meu quarto, as meninas ainda não haviam acordado. Deviam ser um pouco mais de dez horas da manhã. Estava sentada sobre minha cama com meu travesseiro no colo, meus braços em torno dele com força. Uma pequena mala na minha frente e uma Camila andando por todo o meu quarto com um bando de coisas em mãos. Sim, ela estava arrumando a minha mala para Miami, colocando desde roupas até o que ela achava necessário que eu levasse. Eu estava entediada, estava quase dizendo que não ia mais.

: - Amor, e esse short? Você gosta dele? Eu acho que cai muito bem no seu quadril, gostei quando você usou naquele último show que fizemos em Nova York. Vai levá-lo?

Perguntou-me o dobrando gentilmente enquanto me encarava. Bufei.

: - Pode ser.

: - E aquele vestido branco? – Camila se afastou da cama novamente para andar até meu closet, sumindo da minha visão. – Você quer que eu coloque calcinhas e sutiãs da mesma cor ou prefere variar?

Ela gritou de dentro do cômodo, sua voz distante e abafada. Rolei os olhos e me joguei de costas na cama. Eu não queria saber de roupa, não queria combinar nada, eu só queria ela, ficar com ela na nossa casa ou em qualquer outro lugar.

: - Coloque o que quiser, Camz, tanto faz.

Gritei de volta encarando o teto. Ouvi seus passos ganhar o quarto de novo, olhei para o lado e ela colocava mais algumas peças de roupa na mala, afundando com as mãos antes de fechá-la.

: - Você não está ajudando. – Ela disse emburrada, um bico lindo em seus lábios. – Estou tentando nos distrair e você só está piorando com esse mau humor.

Esfreguei o rosto com as mãos e me sentei na beirada da cama a puxando para o meio das minhas pernas. Camila correu as mãos por meus cabelos, os penteando para trás. Seu olhar era triste em indefeso, seus lábios torcidos em um bico. Respirei fundo e escondi meu rosto embaixo dos seus seios, abraçando sua cintura.

: - Desculpe. Mas eu não estou com vontade de nada, eu não estou sabendo lidar com o fato de que terei que lhe deixar daqui há algumas horas.

: - Não vamos pensar nisso no tempo que nos resta juntas, Lo. – Camz suspirou, seus dedos ágeis acariciando meu couro cabeludo. – Olha pra mim.

Cheirei seu baby doll e deixei que o cheiro doce me embalasse antes de erguer meus olhos para ela. Minha cabeça na altura de seus seios, minhas mãos subindo por suas costas.

: - Apenas fica assim agarradinha comigo, de chamego, me dando beijo e me fazendo carinho. Não pensa em mais nada que não seja no agora, ok? Deixa o depois pra lá.

E tinha como negar a aquele pedido? Tinha como pensar em outra coisa? Sorri abertamente e puxei seu corpo para meu colo, suas pernas ao redor da minha cintura. Ergui minha mão a acariciei sua bochecha.

: E onde você quer beijinho? – Entrei na brincadeira e me desliguei do mundo, me concentrei em pensar apenas nela. – Diz pra mim.

Os olhos de Camila ganharam vida no mesmo instante, um sorriso sapeca cresceu no canto de seus lábios. Com calma ela deslizou os dedos pelo cabelo naquele gesto arduamente sexy. Suspirei.

: - Você pode começar aqui na minha orelha. – Disse segurando nossos olhares enquanto batia de leve o dedo indicador na orelha esquerda. – E pode terminar nos meus tornozelos. Sem pressa.

Meu corpo todo vibrou e num piscar de olhos eu estava sobre ela na cama, minhas mãos segurando as suas em cima de sua cabeça. Ela riu ofegante, eu ri encantada. Era incrível como ela conseguia me fazer esquecer de tudo.

: - Hmmm, então pode fechar os olhos e relaxar, eu vou precisar de um bom tempo para beijar todos os cantinhos.

Eu disse já fechando os meus lábios em torno de seu ponto de pulso. Camila suspirou e curvou a cabeça para trás me dando carta branca.

: - Eu não vou para lugar algum de qualquer maneira.

Disse em um sussurro. E mais uma vez me perdi em suspiros e calor o tempo que permanecemos ali juntas, trocando carinhos e longos beijos. Eu queria esquecer que iria embora para Miami por duas semanas e esqueci, tudo o que me lembrei durante todo o tempo foi o que ela me fazia sentir e o quanto era minha. O mundo poderia estar caindo nas nossas cabeças, mas eu não pensaria naquilo até a hora que estivesse deixando Camila para ir embora, aí sim, aí sim eu me questionaria sobre o que fazer. O que eu faria duas semanas longe de Camila? O que eu faria duas semanas longe da presença essencial da minha garota? Será que você poderia me responder?  



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