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História Falling in love for the last time. - Its coming down.


Escrita por: gimavis

Notas do Autor


Boa noite, meninas. Bem, deixa eu explicar umas coisas antes desse capítulo. Eu estou vendo muita gente querendo me bater por conta da Jodi UHASAUHSSAHUSAHU, eu realmente entendo a raiva de vocês por ela, mas eu também preciso que vocês entendam que ela tem um papel fundamental na relação de Camren. Eu não posso sumir com ela da fic, porque ela será responsável pelo fortalecimento da relação de Camila e Lauren. Podem ficar com raiva, matá-la por pensamento, mas não me xinguem por ainda deixá-la por ai. Ela precisa ficar, é necessário. Não se preocupem, eu vou fazer com que ela tenha o que merece em algum momento, mas por enquanto é assim que as coisas precisam seguir. A fic chegou em uma fase que eu preciso fazer as coisas acontecerem, por isso esperem bastante drama, bastante gritaria e bastante desespero. Mas isso é só uma passagem para tudo se ajeitar, portanto, paciência. Tudo bem? Eu já disse para vocês e vou repetir, eu não vou separá-las, se for essa a preocupação de vocês, podem ficar tranquilas. Mas isso não significa que vão viver em um mar de rosas o tempo todo, a vida não é assim, não é desse jeito que as coisas funcionam. Fiquem calmas e só desfrutem, mesmo que seja de uma forma um pouco mais tensa, apenas vejam o que eu tento passar com o que criei, tirem algo de bom de tantas palavras. Eu não estou aqui para dar exemplo, mas gostaria de tentar mostrar que as coisas podem sim funcionar se forem feitas com amor. Enfim, é só isso, meninas. Indico a música "Down - Jason Walker" para o capítulo, escutem, vai dar uma emoção maior. Qualquer erro eu conserto depois, e qualquer coisa me chamem no Twitter. Eu amo vocês, estava com saudades. <3 ps: O link da música nas notas finais.

Capítulo 44 - Its coming down.


 

Lauren POV.

Eu procurava na minha cabeça alguma chance daquilo não estar realmente acontecendo, algo que pudesse me confirmar que era apenas um pesadelo, uma brincadeira maldosa que logo chegaria ao fim. Mas a tremedeira assustadora na mão de Camila me indicava que era real, o terror em seus olhos castanhos me arrancando as forças das pernas.

Eu não conseguia me mexer, nem piscar, nem dizer qualquer palavra para tentar contornar a situação. Os meus sentidos naquele momento estavam presos no desespero silencioso que apertava o meu peito. Eu só queria sumir.

: - C-como você... Como você conseguiu essas fotos? Como entrou no quarto?

A voz de Camila me chamou de volta para fora, me fazendo piscar tão rápido que eu pude sentir lágrimas brotarem em meus olhos. Apertei sua mão com mais força, evitando virar minha cabeça para o lado.

: - Eu tenho o cartãozinho reserva do quarto de todas vocês. Sabe, questão de segurança. – Jodi soltou uma risadinha, aquele som fazendo todo o meu café da manhã revirar em meu estômago. – Como nenhuma das duas respondeu aos meus chamados, eu resolvi entrar para verificar. E olha só o que eu encontrei... São maravilhosas.

: - Você precisa me devolver isso, Jodi. – Camila deu um passo para frente, onde juntas saímos detrás da planta que nos escondia. – Isso não te pertence e você não tinha o direito de mexer nas nossas coisas.

: - Nossa, mas eu nem mexi. – Com um ar cínico e despreocupado, Jodi olhou para as fotos em suas mãos, passando uma por uma. – Elas estavam em cima da cômoda, largadas lá para quem quisesse ver. E acabou que eu vi.

: - Me devolve. – Finalmente eu consegui erguer a minha voz, olhar para aquela mulher acendia dentro de mim um ódio tão grande que eu não conseguia me manter calada. – Como Camila disse, isso não te pertence e não creio que lhe agrade.

: - Errado, Jauregui. – Com uma voz séria e horripilante, ela deu dois passos na minha direção, me fazendo colocar Camila atrás de mim por instinto protetor. – Agora elas me pertencem, e me agradam muito. Era tudo o que eu queria, um pote de ouro no final do arco-íris. Você deveria ser mais cuidadosa com as tuas coisas, se tivesse guardado direito nada disso estaria acontecendo.

Se eu tivesse guardado. Por que diabos eu não guardei aquelas fotos? Por que, meu Deus? Como pude ser tão idiota em deixar algo tão íntimo jogado aos quatro ventos? A culpa era minha, a culpa de Jodi estar com aquelas fotos nas mãos era exclusivamente minha.

: - Por favor... Nos devolva essas fotos. Você não precisa delas, Jodi.

Camila disse saindo detrás do meu corpo, se colocando ao meu lado. Suas mãos em meu braço suavam, sua voz trêmula me indicava que ela logo choraria. Meu corpo todo doía, eu permaneci de pé completamente imóvel, mas a minha vontade era de desmoronar.

: - Mas quem foi que lhe disse isso? Você esqueceu o motivo da minha presença aqui, Cabello? Esqueceu que fiquei encarregada de vigiar as duas? De impedir qualquer aproximação? Esqueceu que era parte fundamental comunicar qualquer deslize das duas? Vejo que você não anda com a memória muito boa, o que é uma pena, tão jovem.

: - Para com essas suas ironias. – Esbravejei dando um passo para frente, nos meus olhos lágrimas de raiva e culpa. – Tudo o que você queria desde o início era foder com as nossas vidas. Aquela carinha de santa que você fazia nunca em enganou. Qual é o teu problema? Por que toda essa vontade de destruir o nosso relacionamento? Por que tanto ódio? O que você vai ganhar com tudo isso? É por dinheiro? Quanto é que estão te pagando? Eu não entendo tudo isso. A tua função era vigiar, não fazer das nossas vidas um inferno.

Eu me encontrei gritando antes de perceber que já estava chorando. As lágrimas rolavam furiosas, primeiro pelo medo que me sacudia, segundo pela raiva daquela mulher, terceiro pela culpa que eu sabia que era minha.

: - Talvez seja por dinheiro. – Ela respondeu com uma frieza tão grande que senti meu corpo estremecer. Será que ela era desumana ao ponto de não pensar que poderia destruir as nossas carreiras com o que tinha em mãos? – Mas isso não lhe diz respeito, esse é o meu trabalho e não vou deixar de realizá-lo.

: - O que você vai fazer com essas fotos?

Camila perguntou deslizando os dedos de forma nervosa pelo cabelo. Sua expressão estava me dando vontade de acertar um tiro na minha cabeça.

: - O que você acha? Colocar nas mãos de quem está me pagando para estar aqui. – Ela riu negando com a cabeça. – Eu acho que eles vão amar essas fotos o tanto que eu amei. E seus pais? Já pensou que graça será?

: - Não. – Camila soltou meus braços e levou as mãos até o pescoço, dando um passo para frente. – Não, por favor, não faz isso. Eu imploro, Jodi, eu faço tudo o que você quiser, eu... Mas por favor, não entregue essas fotos para os produtores.

: - Tarde demais, Cabello, eles já estão sabendo sobre elas, pois a primeira coisa que eu fiz ao sair do quarto foi ligar para contar.

Lembra quando eu perguntei para Camila o que eu faria quando o pior batesse em nossa porta? Naquele momento eu percebi que eu não tinha uma resposta, o pior estava perto de acontecer.

: - Por favor, não faz isso.

Ela estava implorando, eu podia enxergar todos os traços do desespero no rosto dela. Eu fui me corroendo aos poucos, a minha voz novamente ficando presa na minha garganta, a falta de ar nos meus pulmões me deixando tonta. Uma sensação inigualável de vergonha me fazendo chorar compulsivamente. Saber que em breve aquelas fotos intimas estariam passando de mão em mão em uma sala de reuniões me deixava com vontade de morrer, com toda a sinceridade. Eu podia sentir a frieza da humilhação que passaríamos em breve, maior do que aquela que estávamos vivendo. Tudo por minha culpa. Minhas mãos ao redor do meu rosto escondiam a minha fraqueza, já era o suficiente me deixar chorar daquele jeito na frente daquela mulher.

: - Subam para os quartos e só saiam de lá na hora de voltarmos para a Capital.

: - Você não pode fazer isso. – Eu tirei as mãos do rosto ao tempo de ver Camila se aproximar de Jodi, sua voz embargada me indicava que ela também chorava. – Você vai nos expor sem necessidade. Por favor, me devolve essas fotos, elas são intimas e não dizem respeito a mais ninguém.

: - Está com vergonha, Cabello? Engraçado, porque você não perecia nenhum pouco envergonhava no momento em que as fotos foram tiradas.

: - Estúpida. – Camila rebateu a encarando, a voz tomada por uma raiva que eu nunca vi antes. Eu assistia tudo detrás sem conseguir me mover. – Transar com a minha namorada não me envergonha, essas fotos não me envergonham, o amor não me envergonha. O que me deixa envergonhada é saber que pessoas de fora vão ver algo tão íntimo, algo que não deveriam ver, algo que foi feito para ser visto apenas por Lauren e eu. É nosso, é bonito para nós, não para ter a visão de outras pessoas. Isso é tudo o que me envergonha.

: - Pensassem nisso antes de deixar as fotos jogadas por ai, não me culpe por um descuido de vocês.

: - ELAS NÃO ESTAVAM JOGADAS POR AI, ELAS ESTAVAM NO MEU QUARTO, VOCÊ INVADIU A NOSSA PRIVACIDADE.

Eu gritei encurtando o espaço que existia entre nós, meus olhos embaçados por causa das lágrimas. Eu iria continuar avançando, mas Camila colocou o corpo na minha frente, suas mãos contra o meu peito me empurrando para trás. Eu queria que ela parasse, eu queria permissão para dar o que Jodi merecia.

: - Não adianta gritar agora, não vai resolver os teus problemas, e olha que são muitos.

: - EU TENHO NOJO DE VOCÊ. – Gritei para ela tentando tirar as mãos de Camila do meu peito, ela me olhava aterrorizada, algumas pessoas pararam em uma distância considerável para observar a cena que se criava. – ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM, VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO.

: - Você está chamando um público, Jauregui, tem certeza que precisa deles?

A calma que ela mantinha estava me tirando do sério, eu me encontrava tão transtornada que podia ouvir vozes na minha cabeça me dizendo que eu deveria machucá-la, era toda a minha vontade.

: - Lauren, presta atenção. – Camila me empurrou com força para trás, eu avancei outra vez. – Essa humilhação não precisa se tornar algo pior, pare.

: - Escuta sua namorada, ela tem mais cabeça que você.

Jodi suspirou trocando o peso de uma perna para outra. Eu não podia enxergar nada mais além do meu ódio, apenas ouvia o choro de Camila, o que me irritava mais ainda.

: - ME SOLTA, CAMILA. – Eu gritei agarrando em seus pulsos com toda a minha força. – SAI DA MINHA FRENTE.

Em um movimento rápido e impulsivo, eu praticamente a joguei contra a parede ao nosso lado e parti pra cima de Jodi, mas tudo o que consegui agarrar antes de ser puxada para trás foi o cordão de prata que ela usava, o arrancando de seu pescoço.

: - Se controla, Lauren, pare com isso. Essa não é você.

Eu reconheci a voz em meio ao meu desespero. Era Dinah que me segurava pela cintura e me arrastava para trás, me afastando daquela mulher que esfregava o pescoço com uma expressão raivosa. Eu sorri ao ver que consegui machucá-la, mesmo que minimamente.

: - Sua maluca. – Jodi esbravejou. – Se você não fosse só uma criança eu lhe dava uma boa surra.

: - O que está acontecendo aqui?

A voz de Ally inundou o largo corredor que nos encontrávamos.

Olhei para o lado quando Dinah me colocou contra a parede e vi Camila abraçada com Normani, chorando com o rosto escondido em seu pescoço. Toda a raiva que eu sentia se dissipou de imediato, a agonia por vê-la chorar por uma situação que eu criei me deixou sufocada. Joguei o cordão que eu tinha entre os dedos no chão e fechei meus olhos, o choro amargo rasgando a minha garganta.

Eu me sentia nojenta por expor Camila daquele jeito, uma vontade de me fazer sangrar por ter nos colocado naquela situação. Senti o vomito subir na minha boca por saber que outra pessoa viu o que ela havia mostrado apenas para mim, o que me confidenciou, o que me deu como o melhor presente. Eu poderia ter feito disso algo bonito e exclusivo para nós, mas a minha irresponsabilidade não me deixou pensar no quão arriscado seria.

: - Você não vai querer saber o que está acontecendo aqui, Allyson. Por respeitar a sua religião, eu não vou lhe mostrar o que tenho em mãos. – As mãos de Dinah secavam o meu rosto, tremiam levemente, mas eu me recusei a abrir os olhos. – Agora subam para seus quartos e só saiam de lá com uma segunda ordem.

Eu não consegui segurar a ânsia no meu estômago, o choro forte só fez piorar a minha vontade. Livrei-me das mãos de Dinah e tudo o que fiz foi me virar para o lado, colocando pra fora tudo o que comi pela manhã. Eu me curvei para frente, minhas mãos apoiadas em meus joelhos, meus olhos fechados com força enquanto eu gemia de dor e terror, minha garganta para expelir um bicho espinhoso. Alguém segurava o meu cabelo, mas eu não sabia dizer quem. Eu ouvia vozes, mas também não sabia identificar nenhuma delas. Tudo girava, na minha cabeça apagar por algumas horas seria um alívio demasiado.

: - Respira fundo, fica calma.

Era Ally alisando as minhas costas, as mãos no meu cabelo eram as de Dinah, eu enxerguei quando abri meus olhos. Camila estava parada ao meu lado esquerdo, um olhar desolado e preocupado. Seus olhos inchados e vermelhos, seu rosto molhado, sua respiração ríspida e seus lábios pressionados. A vergonha que eu sentia era tão grande que me deu vontade de vomitar outra vez.

: - Aqui, Mila.

Mani entregou para Camila um guardanapo de pano, que logo ergueu a mão e começou a limpar a minha boca da forma mais delicada do mundo. Por quê? Ela deveria me bater, ela deveria deixar que eu passasse mal sozinha por tê-la exposto daquela forma. Mas ela estava lá ao meu lado, limpando a minha boca, secando o suor da minha testa, me maltratando de uma forma que ela nem sabia. Seria melhor que ela estivesse me punindo ao invés de calar a minha culpa.

: - Vamos para o quarto, está bem? Você precisa se deitar um pouco, eu vou colocá-la na cama.

Ela disse sorrindo tristemente, erguendo-se para beijar a minha testa. Dinah soltou os meus cabelos e me ajudou a ficar ereta novamente, soprando uma quantidade de ar em meu rosto, aliviando um pouco do calor que eu sentia.

: - Eu vou chamar alguém para limpar isso aqui. – Dinah beijou a minha bochecha e esfregou minhas costas. – Vem comigo, Mani. Ally, acompanha as meninas.

Eu não dizia nada, não tinha nada para dizer. Talvez o medo e a vergonha estivessem calando a minha voz, talvez fosse melhor. Olhei ao meu redor e as pessoas continuavam paradas lá, observando com certa curiosidade. Jodi já havia sumido, o que eu agradeci internamente por não ter que olhar mais na cara dela. Fomos caminhando lentamente para o elevador, os dedos de Camila entrelaçados nos meus pareciam queimar a minha pele. Quando a caixa de aço se fechou na nossa frente, eu livrei minha mão daquele contato, lidar com o zelo de Camila naquele momento estava sendo mais difícil do que se tivesse que lidar com o ódio. Ela me encarou com lábios trêmulos, cruzando os braços embaixo dos seios.

Impaciente e sentindo todo o meu corpo doer, eu praticamente corri para fora do elevador quando as portas se abriram, ouvindo passos largos atrás de mim.

: - Lauren. – Eu sabia que Ally estava vindo junto, mas apenas a voz de Camila me acertava a consciência. – Lauren, espera.

Eu não queria olhá-la, não queria ficar no mesmo ambiente que ela até que aquela vergonha passasse. Corri pelo longo corredor na direção do meu quarto, ela estava correndo atrás de mim. Levei as costas da mão direita até meu rosto e comecei a secar meus olhos, meu coração disparado me deixando sem fôlego.

: - Eu quero ficar sozinha. – Eu disse quando parei na porta do meu quarto, tentando abrir sem muito sucesso. Ally estava parada a poucos passos, os olhos úmidos e o nariz vermelho. – Me deixa sozinha, por favor.

: - Não, não vou te deixar sozinha. – Quando finalmente consegui abrir a porta e entrar, Camila me seguiu para dentro depois de falar algo com Ally. Ouvi o barulho da batida e fiquei parada de costas para ela no meio do tapete central, cabeça abaixada e olhos fechados. Um frio que eu não sabia da onde saia me fez esfregar meus braços com as mãos. – Amor...

: - Não, por favor... – A interrompi entre soluços, sem nenhuma coragem para olhá-la. – Não fala nada, esse tom doce na tua voz só está fazendo com que eu me sinta pior.

: - Por que você não quer me olhar? Por que está agindo assim?

: - A culpa é minha.

Minha voz saiu baixa e acusatória, eu sabia que estava começando a me julgar por aquilo.

: - Como? Por que a culpa é sua?

Ouvi seus passos se aproximando, automaticamente me afastei.

: - Jodi tem razão, se eu tivesse guardado aquelas fotos nada disso estaria acontecendo. Nem deveria ter tirado, eu fui irresponsável.

: - Não, se ela não tivesse invadido a nossa privacidade nada disso estaria acontecendo. – Camila bufou atrás de mim, a dor em sua voz me fazendo tremer intensamente. – Você não tem culpa de nada, nós não temos. Era a sua vontade tirar aquelas fotos e eu permiti, não foi como se você tivesse feito sem a minha permissão. Eu amei todas, cada uma com a sua beleza, com todo o sentimento que temos registrado nelas. Por favor, não se culpe.

: - A culpa é minha, Camila. – Repeti com certa raiva na voz, me virando de frente para encará-la. Nossos olhares se encontraram, intensos como sempre, mas cheios de uma dor bastante familiar, a dor do medo. Olhamos-nos por alguns segundos, parecia que nenhuma de nós queria desfazer aquele contato tão íntimo. – Estou me sentindo imunda por ter exposto você dessa forma. Não me importa se eu também estava, eu não ligo para isso quando é você a outra pessoa naquelas fotos, quando é a tua imagem nua fotografada daquele jeito.

: - Não faz isso. – Ela negou com a cabeça mordendo o lábio inferior, suas lágrimas grossas rolavam por seu rosto angelical. Tão perfeito, tão bonito. – Não tome a culpa de tudo isso para você, não se machuque dessa forma.

Por que ela não entendia? Por que o amor que ela sentia por mim a cegava daquela forma? A culpa de tudo era minha e não tinha outra opção. Ela deu um passo para frente, eu dei um para trás. Não conseguia tocá-la, não sem antes me lavar por horas seguidas, mesmo sabendo que seria inútil.

: - Não me olha assim. – A repreendi pelo olhar amoroso que me lançava. Fechei meus olhos. – Eu não mereço isso de você, não agora.

Eu não sabia dizer qual era a pior sensação, qual era a dor maior, qual era o caminho para seguir. Quando amamos muito uma pessoa, mais do que a própria vida, tudo o que não queremos é colocá-la em situações humilhantes, magoá-las. Quando amamos nós cuidamos, zelamos pelo sorriso, pelo bem-estar, pela paz de espírito. Eu amava Camila mais do que qualquer outra coisa no mundo, mas lá estava eu a colocando no centro de todas as atenções, jogando para o alto toda a pouca paz que ela prezava, toda a pureza que ela entregou pra mim. Se fosse você no meu lugar, estaria se sentindo diferente? Posso apostar que não.

: - Você merece isso e muito mais. – Eu bufei de raiva, eu queria que ela concordasse, eu queria que ela me punisse de alguma forma para que eu me sentisse melhor. Mas Camila era boa demais. – Eu estou aqui, eu só quero te abraçar, cuidar de você. Por favor, me deixa fazer isso.

: - Você tem noção de que todo mundo vai ver essas fotos? – Abri meus olhos para encará-la, ela estava mais perto do que eu queria. – Tem noção de que seus pais, meus pais, todo mundo vai ver isso? Será que você não percebe que eu joguei o resto da nossa privacidade no lixo? Está difícil para você enxergar? Eu ferrei com tudo, eu meti nós duas em uma situação que não terá volta, pois Jodi vai usar isso contra nós da pior forma. Eu acabei de assinar o final de tudo o que nós construímos.  

: - Eu não me importo com nada se você estiver lá. – Ela disse chorando e se aproximando mais, seus cabelos bagunçados caindo sobre seus seios. Uma vontade tão grande de tocá-los, cheirá-los. Mas tudo o que fiz foi me afastar mais uma vez. – Se você estiver comigo eu aguento qualquer coisa. Eu prometi que estaria lá com você quando o pior chegasse, eu prometi que iria fazer de tudo por nós. Por favor, não faça isso com você agora.

: - Você não entende. Todo o teu sonho pode estar indo por água abaixo por causa da minha irresponsabilidade.

: - Para.

Ela rebateu levando as mãos aos ouvidos, fechando os olhos com força. Eu estava descontrolada, as palavras saiam da minha boca sem que eu percebesse, aquela raiva que eu sentia de mim me dando vontade de gritar.

: - O nosso grupo, o nosso relacionamento, as nossas cabeças, tudo está em jogo por causa disso. Eu estou me odiando tanto, tanto. Estou me sentindo pequena, eu sinto como se o chão estivesse aberto embaixo dos meus pés. Nós vamos perder tudo e a culpa é minha, só minha. Eu...

: - CALA A BOCA. – Camila gritou tão alto que foi a minha vez de tampar os meus ouvidos. Eu pisquei e ela se chocou contra mim, suas mãos fechadas em punhos socavam o meu peito me empurrando para trás. – VOCÊ NÃO PODE DIZER ESSAS COISAS PRA MIM, NÃO PODE. EU TE ODEIO, EU ODEIO ESSAS BESTEIRAS QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO, EU ODEIO O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO.

Ela chorava, eu chorava. Suas mãos me batiam e minhas costas logo encostaram na parede, eu não tinha forças para pará-la. Eu podia ver a raiva em seus olhos, o desespero, o medo. Naquele momento ela havia perdido o controle pela primeira vez, eu apenas me deixei escorregar para baixo e sentar no chão, cobrindo o rosto enquanto ela socava os meus ombros, meus braços, minhas costas. Eu não movi um dedo para afastá-la, porque no fundo eu merecia, eu merecia aquela fúria, aquela dor física que ela estava me proporcionando.

: - Eu odeio você. – Ela soluçou batendo uma, duas, três vezes mais em meus braços. – Você não pode me falar isso, você não precisa se culpar dessa maneira.

Ela já estava de joelhos na minha frente, suas unhas marcando meus braços que escondiam meu rosto. Eu tremia compulsivamente, meus olhos doíam por conta do choro que nunca parava. Se existia alguma porcentagem que me separava da loucura, naquele momento ela não existia mais. Eu não entendia o motivo de tudo estar vindo a baixo, eu estava caindo e não conseguia achar outro caminho.  

: - Por favor... – Implorei por algo que nem sabia.

: - Eu não aguento mais. – Camila se rendeu com um último soco perto do meu ombro, agarrando a minha blusa entre os dedos e afundando o rosto na curva do meu pescoço. – Faz esse pesadelo parar, por favor. Me diz que você não vai me deixar, me diz que não vai escolher ficar sem mim.

: - Camila...

Eu escorreguei um pouco mais para baixo com ela em cima do meu corpo.

: - Você não vai me deixar. – Ela voltou a socar meu peito ao se erguer, sentada em meu quadril. – Você não pode ser covarde assim, você não tem esse direito. Você mentiu pra mim, você disse que lutaria independente de qualquer coisa. Eu odeio você, eu odeio te amar tanto, eu não suporto.

Ela não me deixava falar, e eu estava tão fraca que não tinha como interrompê-la. Eu só queria dizer que não faria aquilo, eu só queria gritar que nunca a deixaria, eu só queria dar a certeza que ficaria ao lado dela até o fim, mas eu não conseguia. Tudo o que me permitia fazer era sentir a dor de seus tapas nos meus seios, no meu abdômen.

: - Eu não vou deixar você. – Consegui dizer quando segurei seus pulsos depois de um curto tempo, prendendo o choro na garganta para fazer com que ela olhasse pra mim. O rosto de Camila estava completamente vermelho, sua respiração afoita, seus cabelos mais bagunçados do que antes por conta de seus gestos desesperados. Ela me encarou aterrorizada, o medo de que eu a deixasse escrito na expressão que ela mantinha no rosto. Eu precisava tranquilizá-la. – Eu nunca faria isso, eu não menti. Eu não vou sair do teu lado pra nada, mesmo me sentindo culpada por tudo, eu vou continuar andando. Acredita em mim.

Funguei algumas vezes enquanto nos olhávamos, seu corpo tenso relaxando aos poucos em cima do meu. Sem dizer nada a puxei para entre os meus braços, não aguentando mais a vontade que sentia para tê-la daquele jeito. Abraçamos-nos com força, como se a qualquer momento alguém fosse entrar naquele quarto e nos separar. A culpa que eu sentia fazia meu corpo doer, mas ter Camila me apertando daquele jeito aliviava qualquer outra sensação. Era como um antídoto. Por um momento não me deixei pensar em mais nada que não fosse ela, livrei minha cabeça de qualquer pressão exterior.

Aos poucos seus soluços foram diminuindo, meu pescoço completamente úmido por suas lágrimas. Eu já não chorava mais, estava perdida no calor que ela me oferecia. Ficamos ali abraçadas por um longo tempo, sem dizer nada, minhas mãos lhe afagavam os cabelos, seus braços me rodeavam com firmeza. Não poderíamos ficar ali por tempo indeterminado?

 

Camila POV.

O tempo passou e eu nem percebi, para mim era como se o relógio tivesse parado. O momento curto da minha perda de controle resultou em danos morais para mim, e físicos para Lauren. Deitada com a cabeça em seu peito, ergui a mão e deslizei a ponta do dedo indicador pelos arranhões que deixei em seu braço esquerdo. Subi mais um pouco e circulei a mancha avermelhada perto do ombro. Com calma me ergui nos cotovelos, meu coração apertado pelo o que eu fiz, eu não sabia dizer o quanto sentia.

Ela sorriu triste, seus olhos verdes com o brilho completamente apagado. Puxei a regata azul que ela usava um pouco para baixo, deixando de fora parte de seus seios cobertos pelo sutiã. Estavam vermelhos, grandes placas quase em alto relevo na pele sensível e alva. Deslizei os dedos com calma por cima e abaixei a cabeça, beijando cada manchinha vermelha que eu havia deixado lá.

: - Eu sinto muito... – Comecei a dizer subindo meus beijos pelas marcas no ombro direito, ela tinha os olhos fechados e a mão direita acariciando os meus cabelos. – Me desculpe, eu não queria machucar você, mas eu perdi o controle. Por que você não me parou? É mais forte do que eu, poderia ter me segurado, você precisava ter feito isso.

: - Tudo bem. – Sua voz baixinha só me deixou mais angustiada. – Eu mereci. Acredite, você fez com que eu me sentisse melhor me punindo de certa forma, mesmo sem querer.

: - Me perdoa. – Encostei a testa em sua bochecha, acariciando os arranhões perto de seu pescoço. Meu Deus, nunca em toda a minha vida eu imaginei que um dia pudesse agredir alguém, e que esse alguém fosse ser a pessoa que eu mais amava. A situação fugiu mesmo do meu controle. Eu fiquei desesperada com as coisas que ela dizia sobre ela, sobre nós, sobre mim. – Diz que me perdoa.

: - Eu que tenho que pedir desculpas por tudo isso.

Ergui a cabeça para olhá-la e coloquei meu dedo indicador contra seus lábios, calando-a.

: - Você não tem culpa de nada e eu não vou mais permitir que repita isso. Não tenho o que perdoar, aconteceu e agora vamos arcar com as consequências de cabeça erguida. Me entendeu bem?

: - Mas e se o pior acontecer?

Ela me perguntou insegura, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu não sabia o que faria, mas eu sabia que faria qualquer coisa desde que ela estivesse lá por mim, do mesmo jeito que eu estaria por ela.

: - Não vai acontecer. – Se eu tinha certeza do que estava dizendo? Não, não mesmo, mas precisava passar segurança. – Você vai ver, nós vamos dar um jeito.

: - Como pode ter tanta certeza? – Sorri triste e suspirei.

: - Porque eu sei que vou fazer de tudo para que não aconteça. Por você, por mim e pelas meninas.  

: - Eu te amo.

Lauren disse depois de respirar fundo, acariciando minha bochecha com leveza como se pudesse me quebrar. Seus olhos me acalmavam tanto.

: - Eu te odeio. – Sorri fraco e ela retribuiu. – Mas é só por me fazer te amar tanto.

Nos abraçamos mais uma vez, estávamos seguras em nossos braços, apenas em nossos braços.

Depois de um tempo, coloquei Lauren no banho e me despedi dela, precisava ir para o meu quarto fazer o mesmo, trocar de roupa, pensar. Entrei no ambiente que era meu temporariamente e respirei fundo, olhando ao meu redor. A agonia me fazendo sentir frio, era como estar sozinha no meio de um milhão de pessoas. Parecia um filme de terror, eu não conseguia achar outra definição para a realidade que me atormentava.

Andei até a minha mochila ao lado de minhas malas e me abaixei, abrindo o bolsinho da frente. Tirei de lá a caixinha que guardava a minha aliança, pegando e colocando no meu dedo logo em seguida. Encarei aquele pequeno objeto no meu anelar da mão direita, tanto significado em algo tão delicado. Foi impossível não deixar as lembranças invadirem a minha cabeça.

::: - Eu lhe trouxe flores porque não consegui achar outra coisa para expressar o quanto esse momento é especial pra mim, Camz. – Ela disse baixinho segurando nossos olhares. – Eu quero refazer o pedido da forma certa, do jeito que eu gostaria de ter feito e não fiz pela emoção do momento. Então...

Lauren me estendeu as mãos com o buquê onde eu logo o peguei, abaixando a cabeça para cheirar as rosas lindas que estavam ali. Meu coração estava acelerado de um jeito como nunca antes ficou. Eu estava voando. Eu pude ver as mãos de Lauren trêmulas enquanto ela retirava uma pequena caixinha preta de veludo de dentro do bolso do sobretudo que vestia, erguendo suas mãos na altura de meus seios, abrindo a caixinha na minha frente.

Meus olhos fitaram a aliança linda ali dentro, delicada e graciosa. Duas pequenas pedrinhas brilhantes na lateral. O brilho da prata atingiu os meus olhos quando os senti marejar. Mordi o lábio inferior e ela sorriu tão emocionada quanto eu ao retirar o anel da caixinha, guardando-a no bolso antes de pedir minha mão. Segurei o buquê com o braço esquerdo e dei minha mão direita à ela, que me olhou nos olhos.

: - Camz, quer namorar comigo?::

Eu me encontrei sorrindo com lágrimas nos olhos com aquela lembrança, foi um dia tão feliz, tão exclusivamente nosso, um dia completamente contrário daquele que estávamos vivendo. Olhei a aliança mais uma vez e a beijei, me levantando depois de guardar a caixinha na mochila. Não tinha mais razão para não usá-la, eu não precisava mais esconder. Se eu teria que enfrentar o inferno dali para frente, eu faria isso com todo mundo sabendo que eu era dela, só dela.

Lauren tinha razão, tudo o que era nosso seria colocado em jogo, todo o nosso sonho, todo o nosso trabalho, tudo o que lutamos para conseguir. Eu sentia um medo tão grande do pior acontecer, eu sentia vontade de chorar ao imaginar que as meninas poderiam sair prejudicadas por algo que não tinham nada a ver. Lauren e eu escolhemos permanecer juntas, então precisávamos fazer algo para as consequências caírem apenas em cima de nós. Eu não iria permitir uma injustiça tão grande com pessoas que formavam a minha segunda família.

Mas apesar de todo o medo, eu me sentia segura, pois sabia que Lauren estaria lá como sempre esteve, eu sabia que independente do que poderia acontecer, seríamos nós como sempre foi. Com ela ao meu lado eu iria seguir em frente de qualquer jeito. Mas pensar que eu poderia ficar fora de todo aquele sonho me causava no peito uma dor sem medida. O que seria de nós se tudo fosse embora de uma hora para a outra? 


Notas Finais




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