História Herança Veela - Cap 23 - Armada de Dumbledore e perseguições.

Cap 23 – Armada de Dumbledore e perseguições.



Caminhou pelos corredores apresado, quase se esquecendo de se preocupar que o som de seus passos pudesse alertar os outros de que havia alguém ali. Ele estava atrasado e isso era culpa daquele loiro oxigenado... Que importa que ele também se rendera aos toques e tivesse esquecido a hora, pois quase não vira o tempo passar? 

Desceu as escadas e passou por inumeros corredores, quase sem folego chegou até o local. Vendo Hermione batendo o pé e Rony distraído com alguma coisa na parede. O som de seus passos alertou seus amigos de sua presença, fazendo a garota se virar rapidamente na sua direção e bufar assim que o viu tirando a capa.

      — Merlin, Harry! Eu já estava começando a achar que tinha acontecido alguma coisa! Onde você... — Ela foi falando, mas de repente parou o observando e parecendo assustada. — Harry... O que aconteceu?

      — Ahn, nada, eu... Estava na biblioteca. — Harry falou, achando estranho e desnecessária a cara de preocupação da garota.
   
      — Mas, o que aconteceu com suas roupas? — Ela falou, o examinando de cima a baixo.

      — Minhas roupas...? — E então olhou para elas, vendo o quão amassadas estavam, parecendo que fora atropelado por hipogrifos. Arregalou os olhos corando intensamente. Que diabos! Ele tinha se esquecido completamente do jeito que estava, Merlin! Como iria explicar isso?

      — Harry, não vai me dizer que alguém... — Rony começou, se aproximando e também parecendo preocupado. — Droga, eu sabia que você não deveria sair por aí sozinho! Quem foi? Eu vou quebrar a cara desse nojento!

      — O que? Não! Não foi ninguém! — Ele mentiu. — Sério gente... Eu só... Tive que correr muito até aqui, então acho que... Foi isso o que aconteceu.

      — Harry! Não nos faça de idiotas! Sua roupa não pode ter ficado tão amassada só por ter corrido até aqui, olhe seu estado! — Hermione falou, fazendo um gesto com as mãos indicando suas roupas.

     — Hum eu... Cai. — Se esforçou para não corar, mais ainda para não desviar o olhar com essa mentira ridícula, mas não tinha nada melhor na cabeça.

     — ... Caiu? — A garota levantou a sobrancelha, descrente. — Harry!

     — É serio Hermione! Como alguém... Poderia ter feito alguma coisa desse tipo comigo? Claro que eu contaria para você, se acontecesse, é claro... E... E o importante é nada aconteceu! — Estava se esforçando ao máximo para mentir desse jeito tão descarado, doía-lhe ter que fazer isso, mas não seria para sempre... Um dia eles iriam saber da verdade, mas não poderia ser agora, ele não queria ter que lidar com Rony agora, com toda certeza faria um escanda-lo e iria imediatamente querer tirar as caras com Draco. — Por favor, parem de se preocupar. Eu estou bem.

      — Hum... — Hermione pareceu pensar. — Tudo bem Harry, mas então... Onde estava?

      — Na... Biblioteca? 

      — Até agora? — Fora Rony quem perguntou.

      — É, bem, eu meio que perdi as horas, estava distraído... Lendo. — O pequeno veela falou, corando na ultima palavra.

Os dois outros adolescentes se olharam, franzindo as sobrancelhas com a estranha reação do moreno. Percebendo isso, ele tentou rapidamente mudar de assunto.

      — Mas então, podemos começar? — Falou olhando em volta e procurando a tapeçaria que Dobby tinha falado. — É tecnicamente aqui. Aqui que deveria estar a sala... 

      — Não tinha algo como andar três vezes na frente dessa parede? — O ruivo falou.

      — Ah, é verdade.

Então rapidamente os três andaram pelo corredor, indo e voltando. Então pararam de frente para a parede e de olhos fechados, desejaram o que precisavam. Rony parecia muito concentrado, Hermione sussurrava algo com fervor e Harry repetia em sua mente "Nós precisamos de um lugar para aprender a lutar... Um lugar onde ninguém possa nos achar"

      — Harry! — Ele ouviu a garota exclamar, então abriu os olhos e a olhou, vendo o que ela estava apontando.

A parede a frente deles começava a mudar, uma porta estava aparecendo, grande e de madeira maciça, parecida com as portas do salão principal, porém menores. Hesitando, o moreno se aproximou e tocou na maçaneta da porta, abrindo e ouvindo um rangido alto. Entrou no que parecia ser uma grande sala, completamente iluminada por varias tochas, iguais as que iluminavam o oitavo andar.

      — Nossa, essa sala é... 

      — Incrível! — Rony completou a fala de Harry, que ainda olhava em volta.

      — E olhe só esses livros! — Hermione praticamente pulava de alegria, percorrendo com os dedos os livros. — É maravilhoso! Tem tudo do que precisamos!

Nas paredes, varias estantes repletas de livros e no chão varias almofadas de seda e bem grandes. No fim da sala, um conjunto de prateleira carregado com instrumentos como bisbilhoscópio, sensores de segredos e grande espelho-de-inimigos. Harry observava tudo maravilhado, não estava tão confiante assim na historia de Dobby até agora mas... A sala era simplesmente perfeita. Enquanto isso, pode-se ouvir um som tímido de batidas da entrada da sala, ao se virar viu Gina, Neville, Lilá, Parvati e Dino parados na entrada.

Rapidamente, Harry tratou de ajeitar suas roupas, lembrando-se somente agora desse pequeno detalhe. Já tinha sido vergonhoso o suficiente que Rony e Hermione tivessem lhe visto de tal forma, nem queria imaginar como seria se outras pessoas o vissem assim. Então arrumou sua capa da melhor maneira que deu e passou a mão pelos cabelos, que desde que recebeu sua herança veela, não andava tão difícil de domar assim...

      — Uau. — Dino exclamou olhando em volta. — Que lugar é esse?

Antes que Harry conseguisse explicar completamente o que era aquela sala, mais pessoas começaram a chegar. Fazendo-o de certa forma se sentir tímido, já que pelo menos os outros eram alunos da Grifinória, mas aqueles de outras casas, não disfarçavam os olhares. Discretamente ele viu Rony se aproximando. Ouve um silencio desconfortável enquanto esperavam todos os alunos chegarem, nesse meio tempo Harry tentava com veemência ignorar os olhares fixos de alguns do garotos, e até mesmo alguns flertes dos mais ousados.

Quando finalmente todos chegaram, ele mas do que depressa foi até as portas, tentando fazer algo mais do que chamar a atenção. Fechou e virou a chave para trancá-las, ouvindo um clique e se virando para encarar todas aquelas pessoas. Seu coração palpitando Distraída, Hermione marcou uma página do livro que estava lendo e se levantou, aproximando-se.

      — Bem — Ela começou, tentando atrair alguma atenção, que só conseguiu quando se colocou na frente de Harry. — Esse é o lugar que nós encontramos para praticar nossas reuniões.

      — É fantástico! — Luna disse com um olhar sonhador.

      — Uhum... Com certeza. — Um garoto que Harry não conseguia lembrar o nome, mas sabia ser da Corvinal, murmurou enquanto olhava, quase comendo com os olhos.

      — Então, para iniciar as coisas, acho que deveríamos escolher um líder. — Hermione falou.

      — Harry tem que ser o líder. — Dino falou. — Ele é perfeito.

Um momento de silencio, em que o moreno tentava não derreter de vergonha.

      — P-Perfeito para ser o líder, digo... — O garoto parecia embaraçado.

      — Eu concordo! — O garoto da corvinal falou, sendo seguido de vários acenos de cabeça por seus amigos e um olhar descrente de Cho e sua amiga.

      — Ah... Ok. — Hermione concordou, olhando para Harry e notando seu embaraço. Rony parecia estar levemente indignado, mas também concordava com a escolha do líder. — Então todos a favor do Harry ser nosso líder?

Todos assentiram.

      — Err... Obrigada. — Harry falou timidamente o mais alto que conseguiu, achando que deveria agradecer. Sinceramente não entendeu as risadinhas por parte de algumas meninas.

      — Certo, eu também acho que nós precisamos ter um nome. — A garota continuou. — Promoveria um sentimento de espírito de equipe e união, não acham?

      — Podemos ser o "esquadrão Anti-Unbridge?" — Angelina opinou.

      — Ou o "Ministério de Magia é um Grupo de Idiota?" — Foi a vez de Fred.

      — Eu estava pensando em... Algo menos ofensivo — Hermione falou franzindo as sobrancelhas —  e que não dissesse a todos o que nós fazemos, para que pudéssemos conversar sobre isso com segurança fora daqui.

      — Que tal “Equipe de Defesa”? — Cho falou de forma tímida, não esboçando muita reação. — O "ED" seria um atalho, aí ninguém saberia sobre o que nós estamos tentando dizer.

      — Sim, "ED" está bom — Foi Gina quem disse. — Mas vamos transformar isso em "A Armada de Dumbledore", seria engraçado, afinal esse não é o maior medo do Ministério? 

      — Hum, todos a favor de "AD"? — Hermione perguntou com a voz firme e alta, então contou as mãos levantadas e sorriu. — Então a maioria venceu, fica como "AD".

Então ela pregou um pedaço de pergaminho com todas as assinaturas do grupo na parede e escreveu o nome que tinham escolhido no topo da folha, olhou orgulhosa para as palavras e voltou ao seu lugar ao lado de Rony e Harry. O pequeno veela por sua vez, evitava o olhar da garota já que ela com toda certeza queria que ele tomasse parte na reunião. Não estava com toda a vontade, mas tomando folego falou da forma mais clara que conseguiu.

      — Então... — E atraiu a atenção de todos, que em sua maioria nem havia deixado se perder. — Acho que deveríamos praticar agora, não é?

E olhou para a morena ao seu lado, recendo um aceno positivo.

      — Bem, eu estava pensando em começarmos com Expelliarmus, é um feitiço simples de desarmamento, mas é bastante útil.

      — "Expelliarmus"? — Ele ouviu Cho dizer, e aquela impressão desagradável que talvez, só talvez ela estivesse de alguma forma chateada com ele veio novamente, como em todas as vezes que ela o olhava. Não que ele não entendesse os motivos, mas... Ele não tinha tido escolhas, não é? — Ora, não é simples demais? Todos aqui sabem fazer algo do tipo, o que tem isso de tão útil? 

      — Bem... Esse feitiço já salvou minha vida. — Harry falou sincero. Não queria incentivar a raiva de Cho para consigo, então estava tentando não ser exatamente rude. — E... Também acho que não são todos aqui que conseguem fazer esse feitiço tão corretamente assim, e mesmo se souberem não faz mal praticar, é só a nossa primeira aula, de qualquer forma.

A garota provavelmente tinha mais coisas para dizer, considerando sua cara de quem comeu e não gostou. Mas talvez os olhares hostis em cima de si tenham-na feito desistir de chamar a atenção.

      — Tudo bem — O pequeno veela falou, na forma de quem encerra um assunto. — Acho que poderíamos nos dividir em pares para essa tarefa, vai deixar mais fácil.

Alguns dos alunos já estavam se levantando de suas grandes almofadas e se juntavam a seu par, mas Harry pode perceber também que ainda havia alguns que o olhavam de forma ansiosa. Torceu para que não estivessem realmente, realmente querendo ser seu par. Olhou para o lado, onde Neville parecia meio desnorteado, não achando ninguém para lhe fazer par.

Era melhor do que ir com alguém que ele não conhecia e parecia que queria lhe devorar com os olhos, como ainda era o caso daquele garoto da Corvinal que parecia tentado a convida-lo. Rony e Hermione distraidamente já tinham se arrumado em dupla.

      — Você pode ir comigo. — Harry falou, se aproximando do garoto de rosto redondo e olhos castanhos. — Já que... Ainda não tem um par.

Harry falou sem olhar para os lados, ignorando deliberadamente os suspiros e muxoxos decepcionados. 

      — T-Tudo bem Harry! — O garoto corou, mas parecia feliz.

      — Então... — Ele falou quando todos finalmente tinham se arrumado ao longo da sala. — Quando ao contar três. Um... Dois... Três!

E então a sala se encheu de som, varias vozes gritando "Expelliarmus", varinhas e até algumas pessoas voando e feitiços que acertavam todo lugar. Harry tinha sido rápido demais para seu parceiro de treino, tendo que convocar a varinha de Neville que havia voado longe demais. De forma satisfeita concluiu que fora uma boa ideia começar com algo tão simples, notando que muitos de seus alunos não faziam da maneira realmente correta, a julgar pelo resultado.

      — Expelliarmus! — Ouviu sua dupla exclamar, vendo surpreso sua varinha fazer um arco por cima de sua cabeça, girando e finalmente caindo no chão. — EU CONSEGUI! — O garoto disse alegremente, e Harry não achou que seria uma boa coisa pedir-lhe que da próxima vez, esperasse que o oponente estivesse ciente de que haviam começado um duelo... Não...Ele parecia muito feliz consigo mesmo, quem era Harry para acabar com essa alegria. Mas de qualquer forma, ainda poderia tomar proveito.

      — Muito bem! — Ele sorriu simpático, no que Neville parou de exclamar "EU CONSEGUI" e o olhou de forma estranha, suas bochechas corando. Fazendo um enorme esforço para fingir que não tinha notado, Harry continuou normalmente — Ahn, Neville? Pode praticar em turno com Rony e Mione? Acho que preciso ver como os outros estão se saindo.

Assentindo de forma abobada o garoto seguiu em direção a dupla que lhe foi sugerida, ainda com o rosto afogueado.

Então Harry foi dar uma olhada em como os outros estavam se saindo e ele não poderia ter se arrependido mais em sua vida. Foi só alguns dos meninos perceberem que ele estava chegando perto que, alguns, como Zacharias Smith, falou o feitiço de forma completamente errada e transformou o cabelo de sua dupla em cor de rosa. Outros como Anthony Goldstein, que estavam indo perfeitamente bem até agora, não conseguiam mais acertar o feitiço.

Resolveu se afastar, ou deixar para ajuda-los mais tarde simplesmente, vendo como andava os outros. Gina e Michael Corner estavam mais ou menos, Gina mais e Michael menos, já que ele não queria realmente enfeitiça-la. Passou por Ernie Macmillan e viu que ele estava sacudindo sua varinha sem necessidade.

      — Ernie! Ernie! — Chamou a atenção do garoto. — Pare de mexer tanto a varinha, precisa ter calma e mexer do jeito certo.

Não entendeu, sinceramente não entendeu o porquê de Hanna que era a dupla de Ernie levou as mãos ao rosto dando risadinhas de forma eufórica. Macmillan tinha o rosto rubro e não conseguia deixar de encarar o pequeno veela. 

      — Ernie... O feitiço... — Harry tentou concertar, de alguma forma. Essa aula estava sendo mais vergonhosa do que ele imaginou.

      — Ah! Ah, sim... — E olhou pra frente tão rápido que seu pescoço estralou, sem se importar ele levantou sua varinha e a balançou com cuidado dessa vez. — E-Ex... Arhg... Expelliarmus!

Dessa vez acertando o feitiço, a varinha da garota loira voou longe, mas não que ela parecesse se importar, já que parecia mais interessada em comentar alguma coisa com as irmãs Patil, que estavam próximas.

Ao passar pelos irmãos Creevey que pareciam realmente entusiasmados, Colin se virou em sua direção bem na hora que enfeitiçava seu irmão, fazendo com que um livro atingisse a cabeça no menor, que não se importou e acenou-lhe de forma animada junto com o irmão maior.

      — Ah! Olá Harry! — Eles disseram em uníssono.

      — O-Oi. — Sorriu, tentando parecer simpático e não corar tanto. — Mais atenção vocês dois, por favor.

      — Pode deixar!

Os feitiços aqui e ali ainda seguiram por alguns minutos, até que finalmente Harry decidiu dar um jeito.

      — Gente! — Ele chamou, sendo pouco efetivo. — Gente! Pessoal!

Ao levantar um pouco a voz, vários dos garotos já lhe deram atenção, sendo seguido pelas meninas e assim ele tinha a atenção de todos. Era estranho dar ordens ou qualquer coisa do tipo, mas fazia bem não se sentir só acuado de vez enquanto... Apesar das situações estranhas, ele não sentina como se estivesse em perigo.

     — Ah bem... Não está ruim. — Ele começou. — Mas acho que alguns de vocês... Precisam de mais atenção.

Viu alguns olhares culpados, principalmente por parte dos garotos.

      — Vamos tentar de novo. Por favor, se esforcem!

Então a aula seguiu, de alguma forma seu pequeno micro discurso deu uma motivação a mais para os garotos, como que só por que ele dissesse para se esforçaram e eles realmente o fizessem... Bem, sei lá, talvez tivesse alguma aprovação dele.

Tentou ao máximo não se aproxima de Cho, já que parecia que cada vez que ele chegava perto ela queria era enfeitiçar ele, e não sua amiga. E com toda certeza não era com um simples feitiço de desarmamento. Mas quando não dava mais para evitar, ele se aproximou da dupla.

      — Expe... Expellimellius! — Ao ver o pequeno veela se aproximando Cho pareceu perder a concentração, colocando fogo na manga da blusa da amiga, que olhou com cara feia para Harry. — Marietta! Me desculpe! Ah, eu estava me saindo muito bem antes!

      — Err... M-Mas isso também foi muito bom! — Harry tentou ser o mais amigável possível, não queria que Cho ficasse brava consigo por algo que nem poderia controlar, mas quem entendia as garotas? Não que ele ainda gostasse dela, mas claro que também não tinha nada contra. — Quer dizer, eu olhando de lá e... Vi que você consegue fazer direito, não se preocupe.

E antes de qualquer coisa, de qualquer resposta ele se afastou. Não percebendo como a garota morena o olhava de forma confusa, de certa forma até culpada.

A aula ainda seguindo por um tempo, até Hermione lhe chamar para perto, queria dizer-lhe alguma coisa aparentemente.

      — Hey, Harry. — Ele falou, desviando a atenção momentaneamente quando Neville desarmou Rony. — Você já checou a hora?

Ele olhou para o seu relógio e mordeu os lábios de forma apreensiva ao note que já eram nove e dez. Precisavam voltar imediatamente para suas salas, ou seriam punidos se Filch os pegasse por ali fora do horário limite. Contou com a ajuda de Rony e Hermione para acabar a aula.

      — Muito obrigado á todos vocês, a aula foi ótima e vocês se saíram muito bem! — Era meio verdade, mas ele tinha que incentiva-los a parecer ali de novo... Talvez não tivesse notado que a maioria só estava ali para vê-lo de qualquer forma. — Mas já passamos da hora, é melhor pararmos... Aqui, na mesma hora semana que vem, ok?

Todos concordaram, já se retirando. Collin e Dennis se despediram com um abraço cada um, Harry nem viu eles vindo, então apenas ficou ali, eles eram mais novos, apesar de ligeiramente mais altos, mas apenas pareciam felizes, de qualquer forma. Fred e Jorge vendo a cena também tentaram abraça-lo de brincadeira, mas ao ver sua carranca desistiram, rindo de forma sem graça. Alguns dos outros garotos não foram embora até ter certeza de que ele tinha retornado o seu "Tchau, Harry!" e Hanna e as irmãs Patil e Lilá passaram bem perto, se despedindo em meio a risadinhas.

Quando todos se foram, o trio fechou a sala, vendo a porta desaparecer quando não havia mais ninguém ali dentro. Andaram se esgueirando até chegar ao seu salão comunal.

      — Hoje foi realmente bom, não foi Harry? — Hermione falou se sentando, quando eles finalmente chegaram.

      — Sim, foi mesmo, hey Harry, você me viu desarmar Hermione? — Rony perguntou, sorrindo para a garota que o olhou de forma torta.

      — Não exatamente, mas vi quando Neville te desarmou. — O menor respondeu, olhando cumplice para Mione.

Ainda conversaram por um tempo, quando finalmente o assunto acabou, Harry percebeu o quão cansado estava. Então se despediu, sendo seguindo por Rony para o dormitório, mas Hermione não ficou sozinha, subindo também para o seu próprio dormitório.

Quando finalmente já estava deitado na cama, Harry se pegou pensando sobre a aula.

Não tinha sido de todo ruim afinal... De certa forma até divertida... Claro, tirando as situações constrangedoras, que não foram poucas. Mas era legal que só para variar naquele ano, ninguém o estivesse olhando apenas com desejo ou com desconfiança, ou só olhando e cochichando. Estavam realmente prestando atenção no que falava, confiando nele... Se sentia realmente bem com isso, mas parecia que alguma coisa ainda faltava...

Queria tanto que Draco estivesse ali... Imagina como seria a aula se ele realmente estivesse.

Com certeza muito mais interessante. 

Adormeceu, pensando que talvez devesse mostrar a sala a Draco de qualquer forma, só os dois...

                                                              oOo

Já tinha passado três dias desde a primeira aula da "AD" e Harry sentia-se engasgado. Três dias e ainda não tivera oportunidade que conversar com Draco. Poxa, ele queria contar as coisas... Isso podia parecer algo bastante idiota, mas quando conversou com o loiro antes da reunião da equipe de defesa, tudo tinha sido muito natural e agradável, conversar com Draco era uma das melhores coisas, já que ele poderia ser ele mesmo, sem segredos... Ok, talvez apenas pequenos segredos, mas sua cicatriz na mão já estava quase tão apagada que ele tocava mais no assunto.

Talvez ele ainda estivesse esperando mais um dos bilhetinhos que seu parceiro mandava antes de um encontro... Merlin, como isso soa estranho... Mas é verdade, Harry nunca achou que dependeria tanto da presença de alguém, considerando que sempre fora sozinho, ele se acostumou a não ter ninguém realmente, Rony e Mione eram seus amigos, claro... Mas eles sempre acabavam se separando, não era como... Ter alguém que se preocupasse consigo, não da forma de Draco fazia, nem as coisa que ele fazia... E ele agradecia a Deus por isso.

Estava na aula de adivinhação e muito entediado, não aguentava mais a professora dizendo, pelo menos uma vez por semana, que ele iria morrer, o engraçado é que ela sempre parecia muito comovida com isso, mesmo que toda semana Harry voltasse completamente a salvo, ela insistia em encher os olhos de lagrimas a cada previsão.

Enquanto tentava ver alguma coisa nas cartas, uma ideia um pouco, um pouquinho doida passou por sua cabeça. E se dessa vez, fosse ele á convidar Draco? Suas bochechas coravam só de pensar... Mas por que não? Podia muito bem fazer algo do tipo, afinal... Ele só queria ver seu... Droga, seu parceiro. Ele nunca iria se acostumar a pensar livremente coisas desse tipo.

Mas... Por que não tentar, de qualquer forma? Ele não tinha muita coisa á perder... Tinha? Esperava que não.

Então quando a aula acabou, tentou ir até o corujal, mas achou difícil explicar o por que de Rony não poder ir junto.

      — Eu só vou escrever uma carta Rony! — Ele falou mais uma vez.

      — Pra quem? E por que eu não posso ir junto? Fique sabendo que de jeito nenhum vai ficar andando sozinho pelos corredores entre as aulas, esse lugar está cheio de pervertidos! — O ruivo falou mexendo os braços exageradamente.

      — Mas... É... É para Sirius. — Ele respondeu uma das perguntas. Com uma mentira, mas respondeu. — E, ah! Tudo bem. Vamos logo.

Nem um pouco satisfeito, andou seguido de seu fiel cão de guarda, que carinhosamente chamava de amigo. Não que estivesse bravo com ele, de forma alguma. Ser tão... "Protetor", apenas mostrava o quanto se importava consigo, mas mesmo assim, cansava de vez enquanto... Não que ele estivesse se esquecendo de alguns "ataques" que recebeu ao longo do ainda curto ano letivo, então ele realmente deveria se sentir agradecido, só que estava se esquecendo disso agora.

A ideia de escrever um bilhete para Draco na frente de seu melhor amigo era terrível, mas com toda certeza era pior que ele descobrisse o real conteúdo. Então quando finalmente chegaram no topo da torre, Harry pegou uma pena e um pedaço de pergaminho de dentro da mochila, enquanto a pequena coruja de Rony voava animada em volta da cabeça ruiva, o pequeno veela teria que vir trazer um petisco para ela por isso, estava servindo de ótima distração.

Apoiou o pedaço de pergaminho onde deu e começou a escrever.

"Oi, eu queria que nós" Ah não, que droga é essa? Que tipo de idiota ele vai achar que eu sou? Pensou Harry, logo riscando o que estava escrito. Olhou para o lado, na direção de onde seu amigo tentava estapear a pequena bola de penas que voava em volta de sua cabeça, decidiu que estava com presa e não tinha tempo para pegar outra coisa pra escrever, então continuou em baixo dos rabiscos. "Será que nós podemos.." Não! Merlin, que horror! E riscou de novo, agora só sobrava um pequeno espaço limpo para escrever, ou ele diminuía drasticamente a letra, ou escrevia algo bem direto. Então simplesmente escreveu "Me encontro do sétimo andar, na frente da pintura de Barnabas o Bárbaro... Hoje... No mesmo horário de sempre."

Sempre que ia terminar, lembrava-se de um detalhe importante, por isso tantas reticencias. Esperava que Draco não se importasse. Já ia terminar, quando lembrou que nem mesmo havia colocado nome. Escreveu suas iniciais e enrolou o pergaminho, escolheu uma coruja aleatória para entregar, já que provavelmente os Sonserinos reconheceriam a sua própria. Guardou seu material e chamou Rony, que quase saiu correndo de sua própria coruja.

Não tinham aula naquele horário, então simplesmente foram para seu salão comunal.


                                                            oOo

Draco estava completamente entediado. As conversas de seus amigos não lhe pareciam atraente, seja sei lá do que eles falavam. Estavam novamente todos sentados em um lugar afastado na sala comunal. Pansy parecia dividida entre estudar para seu dever de transfigurações atrasado, e flertar de vez em quanto com o loiro, que obviamente, não dava a mínima.

Mas de repente, ouviu batidas na janela mais próxima, mais precisamente bicadas. Olhou distraidamente naquela direção e viu uma coruja. Já que nenhum dos outros parecia interessado em se levantar, ele mesmo o fez e abriu a janela pegando a pequena carta e vendo que lhe era endereçada. Acariciou a coruja enquanto com a outra mão desenrolava o pergaminho, recebeu bicadinhas nos dedos e a coruja finalmente voou para o corujal novamente, mas ele não percebeu, já que estava ocupado demais com o curioso bilhete em suas mãos.

Primeiro  o que captou usa atenção foram as iniciais "H. P." então observou os riscos que não escondiam com precisão, primeiro a frase "Oi, eu queria que nós" e depois logo em baixo "Será que nós podemos.." e então finalmente, alguma coisa sem estar riscada... Oh, ele tinha um encontro.

Releu novamente o bilhete, pensando em como seu lindo parceiro poderia ser tão fofo mesmo por meio da escrita. O que será que seu anjinho pretendia com aquilo? Será que finalmente tinha descoberto, ou melhor, deixado de esconder seu lado pervertido? Ele gostava de pensar que sim.

Então colocou o pedaço de pergaminho no bolso e se virou para seus amigos.

      — Bem, até mais tarde. — Acenou com a cabeça, recebendo o silencio como resposta. Era um bom sinal, já que mostrava que tinham prestado atenção.

      — Aonde vai?

      — Não é da sua conta, Nott. — E saiu.

      — Hum, o que? — Pansy levantou os olhos do livro, vendo o loiro partir. — Hey! Aonde vai? Draco!

Ela chamou, mas sem resposta. Então, ainda confusa olhou para Blaise, que lhe sorriu de forma sacana.

      — Ora, não é obvio Pansy, querida? — Ele falou. — Draco muito provavelmente tem um encontro.

      — O que?! — Ela chiou, serrando os olhos. — Como você pode ter certeza?

       — Minha inocente e linda Pansy... — Ele continuava com aquele irritante sorriso. — Ele recebeu um bilhete, logo depois saiu com cara de quem soube que o natal vem mais cedo esse ano. Então, ou ele descobriu algo muito podre sobre Potter e sua gangue, ou tem um encontro. Um encontro muito bom, eu diria.

A garota ainda ficou encarando o moreno por um tempo, sem ser correspondida já que ele e os outros já tinham voltado a conversar. Então bufou e se levantou jogando o livro na poltrona onde estava sentada.

      — Aonde vai?

      — Não é da sua conta, Nott.

Andou pra fora do salão comunal a passos largos, começando a correr assim que teve certeza que ninguém estava olhando. Correu pelas masmorras procurando qualquer sinal de Draco, ele precisava segui-lo e saber com quem que estava se encontrando, e com alguma sorte, saber com quem ele estava se encontrando.

Demorou, mas quando já estava perdendo as esperanças, passou por um corredor e viu de relance os cabelos platinados. Correu até lá o mais silenciosamente possível, vendo que era realmente quem estava procurando. A partir daí ela o seguiu sempre mantendo cuidado, mas Draco nem mesmo parecia prestar atenção, parecia estar longe, pensando em alguma coisa... Sorte dela, de qualquer forma.

Já tinham subidos quantos andares? Ela tinha perdido a conta, mas podia apostar que era o sexto ou o sétimo. Então o loiro parou abruptamente, ela junto. Se esforçando para não fazer nenhum barulho ela voltou um corredor atrás, observando dali.

O que ele pensava que estava fazendo não tinha ninguém ali! Então por que ele parecia falar com alguém? O que estava fazendo? Ele tinha ficado completamente louco, não tinha ninguém ali onde ele estava passando a mão!

      — Onde está minha querida? Foi aqui que você viu aqueles adolescentes promíscuos? — Ouviu a horrível voz de Filch, vindo do lado oposto do corredor onde estava, a luz de sua tocha se aproximando cada vez mais indicando que o zelador estava chegando perto.

Desviando a atenção do loiro, ela se esgueirou para trás de uma das armaduras, escolhendo a barriga e ficando nas pontas dos pés quando Filch apareceu. Ele olhou com aqueles olhos horríveis e rosto pelancudo, junto com a gata igualmente feia. 

Devagar ele caminhou pelo corredor, seus passos ecoando alto em meio ao silencio. Ficava cada vez mais difícil para a loira segurar o ar, que sinceramente estava prendendo desnecessariamente. Mas, quando estava perigosamente perto, ele deu meia volta. Para alegria de Pansy ele não tinha achado nada ali, então continuou andando na outra direção. Ela finalmente pode parar de encolher a barriga e espiar o corredor onde Draco deveria estar.

Deveria... Mas não estava. 

Onde... Onde aquele loiro idiota tinha indo?! A garota pensou com raiva lhe subindo a cabeça. Não tinha corrido até ali, literalmente, para só se deparar com nada. Não acreditava nisso! Era tudo culpa de Filch!

Ainda tentou seguir por onde quer que tenha ido, voltado ela sabia que não tinha, então só seguiu pelo corredor, mas... Ele tinha desaparecido completamente. Nem sinal dele, nenhum som de passos... Nada. Nem de quem quer que fosse que ele iria se encontrar.

Que raiva! Pansy bateu o pé no chão, amaçando a barra da saia com as mãos. Enquanto ela estava ali, tendo um ataque, Draco provavelmente estava nos braços de alguma puta! Ah, mas isso não ia ficar assim... Definitivamente iria descobrir com quem Draco estava se encontrando e acabaria com essa apalhaçada, nem que fosse a ultima coisa que fizesse.

Voltou para o salão comunal Soncerino bufando. Passando por onde estava seus amigos sem nem olhar, direto para o dormitorio feminino.

      — Hey... Aonde vai?

      — Não é da sua conta Nott. — Zabine disse,  segurando a risada ao ver a carranca de seu amigo que devia estar realmente frustrado agora.