História More Than This - Pra onde vamos?

  O celular tocava incessantemente de modo estridente pela terceira vez. Primeiro o de Zayn, depois o de Louis e agora o de Harry. Todos os três aparelhos passaram pelo mesmo processo de ser jogado de mão em mão até que parasse de tocar e fosse a vez de outro. Havia uma discussão sobre quem iria atender, nenhum dos cinco queria. O de Harry havia acabado de começar.


  - Eu não vou atender, atende você – Louis jogou para Zayn.

  - Não, atende você – Zayn jogou de volta.

  - Então que o dono atenda – Louis lançou para Harry que agarrou o aparelho ainda no ar.

  - Quem fez a merda foram vocês – Harry jogou de volta.

  - Harry, atende logo essa bosta! – berrei para ele, já estressada.
 
Harry respirou fundo e atendeu e pegou o celular de volta.


  - Oi... – ele disse inseguro.

Liam estava de cabeça baixa, Louis e Zayn botavam a culpa um no outro, Niall afinava o violão e Eleanor mexia no notebook.

Nem parecia que havia acontecido algo.

  Harry ficou um bom tempo na linha, apenas escutando, os olhos fechados e as sobrancelhas franzidas enquanto prestava atenção. Vez ou outra abria a boca para falar algo, mas ele logo a fechava e assentia com a cabeça.

Depois de mais ou menos 10 minutos, Harry abriu os olhos e expirou profundamente.

  - Zayn, ele quer falar com você – com uma mão, Harry esticou o aparelho em sua direção enquanto cobria o bocal com a outra.

  - Quem é? – Zayn perguntou.

  - Simon – Harry respondeu em um suspiro.

  - Fodeu – Louis e Zayn Falaram em uníssono.

Zayn atendeu e ele ficou um bom tempo ouvindo sem falar nada, da mesma forma que Harry ficou. Ele parecia incomodado com algo, coçava a cabeça e andava de um lado para o outro enquanto ouvia.

  - E então? – Liam levantou a cabeça e se dirigiu a Harry.

  - Nada de aparição em frente as câmeras por uma semana, sem acesso as redes sociais por tempo indeterminado, e nada de curtir a noite por tempo indeterminado também. – Harry sentou-se ao meu lado no sofá. – Levei uma bela bronca por não avisar nada sobre a twittcam e uma maior ainda por não ter visto que já havia reconectado. Eu estava tão entretido com a discussão que nem vi que a conexão havia sido retomada – Harry balançou a cabeça, apoiou os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos.

O telefone foi passado de Zayn para Louis.

  - Parece que vamos ter que esperar para ver como isso vai repercutir, eles estão com raiva, podemos perder fã e é horrível já que em breve começaremos uma nova turnê. – Zayn se sentou na poltrona e pegou seu celular.

De Louis, o celular foi para Niall e por ultimo para Liam.

  - Eles mudaram a senha do meu Twitter! – Zayn reclamou atirando o aparelho no sofá em sua frente.

  - A do meu também – Louis reclamou parecendo indignado.

  - Mas isso não os impede de twittar por vocês – Eleanor disse sacudindo seu celular no ar.

    - O que eles disseram? – Niall perguntou.

  - Hm... deixe-me ver... hm... Ok, foi isso “Ok, fim da twittcam, querem follow spree?” Na conta oficial da banda – Eleanor finalizou.

  - Bem típico deles fingir que nada aconteceu – Harry revirou os olhos.

  - Vamos ter reunião mais tarde, Simon e alguns produtores virão para cá – Liam entregou o celular de Harry. – Ah, e a viagem que íamos fazer nas férias foi suspensa, assim como a ida para Disney em janeiro.

  - Pelo menos estamos todos juntos – Niall sorriu tentando achar algo de positivo naquilo tudo.
 
  Zayn bufou alto, se levantou e saiu do apartamento, batendo a porta ao sair.

  - Eu vou atrás dele – Liam se levantou e o seguiu.

  - O que foi que eu fiz? – Niall perguntou desmanchando seu sorriso.

  - Nada. O Zayn só precisa de um tempo pra ele mesmo, ele está decepcionado e com raiva do que aconteceu. Aposto que está se culpando por tudo nesse exato momento. – Harry pôs a mão sobre o ombro do loiro. – Já, já ele volta, não se preocupe.



  Irresponsáveis, péssimos exemplos, garotos problemáticos mídia caiu em cima e o celular deles tocava frequentemente. A imprensa esquecia de todas as coisas boas que os meninos já fizeram, de como tentavam ajudar as pessoas, de como tinham corações enormes e eram dispostos a fazer de tudo para ver algum sorrir, de como são apaixonados por suas fãs. Esqueceram de absolutamente tudo de bom que eles fizeram ao longo de sua carreira e os colocava como vilões. O assunto repercurtiu até mais do que deveria, a falta de novas notícias fez com que eles fossem o maior alvo das revistas de fofoca. Irresponsáveis, era essa a classificação que os empresários também empregava ao quinteto, eles estavam se sentindo péssimos. E eu também. O castigo se estendeu por toda semana. Uma boate nova inaugurou em Londres, as presenças VIP’s de famosos foram inumeráveis, todavia, os meninos não puderam marcar presença, o nome deles foi retirado da lista devido ao “escândalo” e isso gerou mais um porção de discussões entre eles e mais uma visita dos empresários à casa de Harry. Nenhum deles tinha acesso ao Twitter. Harry conseguiu, com um pouco de esforço, permissão para levar Math e Gemma no aeroporto e no dia seguinte fomos levar minha mãe. Sempre com um esquadrão de seguranças no nosso encalço.


  Na segunda semana, estavam liberados do castigo porém, proibidos de fazer qualquer coisa sem nenhum aviso prévio ou acompanhamento. O Twitter estava liberado dessa proibição havia mais de uma semana, claro, somente se eles tiverem o bom senso ao usá-lo, mas era essencial que eles mantivessem contato com as fãs, para fingir que nada havia acontecido. As presenças vip’s, pelo menos grande parte delas, continuavam a ser canceladas e o preço de alguns ingressos teve que ser abaixado para que o show não tivesse que ser cancelado. Resumindo: houve prejuízo, os meninos levaram bronca diversas vezes, mas aos poucos as pessoas iam esquecendo do ocorrido.

 

 


  Ouvi a janela sendo aberta cuidadosamente e o sol batendo em meu rosto. Eu estava com uma preguiça imensa, sentia como se meus ossos fossem feitos de gelatina. O silêncio era gostoso, senti um cheiro maravilhoso e a respiração de Harry bem pertinho de mim.

 - Meu amor? – perguntei esfregando os olhos e tentando adaptá-los a claridade.

 - Como sabia que era eu? – riu. – Fui tão cuidadoso para te não acordar...

Espreguicei-me e sentei na cama 

 - Conheço até sua respiração – toquei na ponta de seu nariz com meu indicador –e eu já estava acordando – sorri. – E o que você esta fazendo aqui? – olhei o relógio na mesinha de cabeceira. – Já era para estar no estúdio, Harry! – repreendi-o embora estivesse feliz com sua presença.

  Veio ate a mim e eu percebi que a cada dia mais eu o amava por completo. Sentou-se ao meu lado e me beijou. Eu me sentia feliz a cada beijo, a cada troca de olhares e a cada juras de amor.

  - Relaxa, só irei trabalhar daqui a pouco. – seus lábios grudaram nos meus mais uma vez.

Enrosquei meus dedos em seus cabelos, o puxando para mim. Respirando fundo para absorver o máximo de seu cheiro para meus pulmões e reforça-lós em minha memória.

  - Então terá um tempinho para nós dois? – perguntei esperançosa enquanto cobria seu rosto de beijos.

 Antes que ele dissesse algo, meu estomago foi mais rápido, rugindo de fome. Ri sem graça enquanto Harry gargalhava.

  - Na verdade – ele colocou uma mecha de meu cabelo para trás enquanto ria – estou meio atrasado... Já deveria ter saído de casa há 10 minutos, mas você estava tão linda dormindo que, achei que seria um crime, com pena de morte, acordá-la. Já esta é quase dez da manhã, eu sei que você anda muito cansada ultimamente e sabia que ainda estaria dormindo a essa hora, no entanto, resolvi te fazer uma surpresa...

  - Surpresa? Harry o que você andou aprontando? – sorri de orelha a orelha ao imaginar as possibilidades. 

  Ele sorriu amarelo e se levantou, puxou um carrinho até o lado da cama e eu pude ver o que havia em cima: uma bandeja de madeira, frutas, suco, pães, duas xícaras de chá e uma tulipa vermelha.  

 Sorri encantada. Será que eu realmente o mereço?

 - Você gostou? – perguntou esperançoso, seus olhos brilhavam mais que qualquer estrela em uma noite estrelada.

  Harry tirou a tulipa que estava no centro da bandeja e colocou em meu cabelo, posicionando-a bem acima de minha orelha.

 - Eu amei. – respondi com um selinho – amei – mais um – amei – outro – amei – o penúltimo – amei, amei, amei – e o último.

 - E eu te amo tanto – respondeu tomando minha cabeça entre suas mãos e agora me beijando pra valer.

 - E eu tenho vontade de todos os dias gritar aos ventos o quanto eu quero ficar contigo a vida toda – respondi quando me soltei, envolvendo-o em um abraço apertado até demais.

  - Não se preocupe, eu não vou te soltar de mim nunca mais – respondeu com uma piscadela, ele soou um pouco brincalhão e eu podia entender que ele se referia a uma época triste de nossa história.

 - Estou tão realizada de ter uma família com você – acariciei sua bochecha com máxima ternura e no mesmo instante lembrei-me de Sophia – ah meu Deus! Cadê ela?!

- Ela quem?

 - Sophia! – me sentia uma mãe horrível por só ter lembrado dela tanto tempo depois.

 - Minha mãe vai passar o dia inteiro com ela então não teremos que nos preocupar hoje à noite... – sorriu malicioso. Seu famoso, e até mesmo cafajeste, sorriso de lado.

 - Hoje à noite? Mas não tínhamos nada marcado...ou tínhamos? – confusa, puxei todos os eventos marcados em minha mente. Nada.

 - Realmente para você não tinha, porém, agora tem... – respondeu sorridente, tocando a ponta do meu nariz.

 - Harry, eu não estou entendendo nada, como assim agora tenho? – perguntei colocando as mãos na cintura, cobrando uma explicação.

 - Não se preocupe, só se arrume e coloque seu melhor perfume, que no final da tarde, voltarei para te buscar.

 - Mas... – tentei contestar. 

 - Mas eu tenho que ir, estou atrasado – beijou-me – te amo. 

 E num piscar de olhos ele se foi.

 Passei o resto da manhã sem nada para fazer. O tédio me consumia junto ao silencio. Juro que tentei até ligar para harry – mesmo sabendo que não podia, provavelmente ele estaria ocupado demais – mas não recebi respostas ou retorno. Anne dormia com Sophie no quarto ao lado.

Depois do almoço, liguei para Eleanor e nos encontramos no shopping.

Amamentei Sophie e deixei um bilhete para Anne, disse onde estava e prometi que voltaria o quanto antes.

  - Você já pensou no que podem fazer hoje a noite? – Eleanor perguntou de modo safado.

Neguei com a cabeça. Não entendi aonde ela queria chegar.

  - Hello... Terra chamando Katherine. – Ela deu um tapinha de leve na minha testa. – Semana passada você foi no médico e o que ele disse?

  - Que daqui à 6 meses Sophie precisa tomar a segunda dose da vacina contra hepatite. – respondi.

  - Não! – ela exclamou – Ele disse que você já pode transar! – ela berrou no meio do shopping.

  - Cale a boca, sua louca! Ele não disse nada disso. – sussurrei enquanto andava fingindo que nem ao menos a conhecia.

As pessoas ao redor nos olhavam, minhas bochechas deveriam estar da cor de pimentões.

  - Volte aqui, Katherine – ela retornou ao meu encalço. – O que foi que ele te disse? Além de que Sophie precisa tomar a vacina daqui à 6 meses.

  - Que eu já não estaria mais de resguardo a partir dessa semana – respondi.

  - Que significa o mesmo que “Já pode voltar a transar.” Ele apenas usou outras palavras – revirou os olhos.

Tentei digerir o que ela disse. Ela estava certa, era exatamente isso.

  - Será que ele vai te levar pra um motel? – ela perguntou.

  - O quê? Calder, você é louca? Motel? Harry nunca me levou em um.

  - Nunca? Nossa, é legal, é diferente... temos que sair com carros diferentes e com placas diferentes, temos que nos esconder no banco de trás... pura adrenalina, e tudo isso para que ninguém nos veja. O Louis me levou em um que era um quarto completamente feito de espelho, exceto os moveis, mas o chão, parede, teto, tudo espelhado... foi tão excitante. Principalmente quando ele ficava por cima e eu me via pelo espelho do teto, ou quando eu ficava de quatro e...

  - Tá, chega! Eu não quero saber da vida sexual de vocês. – Eu a interrompi antes que ela pudesse continuar com seus contos eróticos.

  - Você deveria ir em um salão – ela me instruiu.

  - Não sei se é uma boa fazer o meu cabelo pra transar, vai ficar todo destruído depois.

  - Digamos que não estou falando pra você ir arrumar o cabelo, e sim arrancar alguns – ela apontou para minha região intima.

  - Eca, Calder, você é nojenta! Antes tivesse dito que era apenas pra eu me depilar, muito mais fácil – dei-lhe um soco fraco no braço.

Fiz mais do que depilação, fiz as unhas e até mesmo o cabelo.

Afim de cumprir minha promessa com Anne, às três e meia eu estava de volta em casa.

  Meu celular vibrou, enquanto Sophia mamava.

  - Anne, você pode pegar meu celular em cima da cômoda, por favor? – pedi a minha sogra que assistia televisão.

  - Claro.

Ela me entregou e eu visualizei a mensagem:

  “Passarei pra te buscar em meia-hora. Harry.”

Me buscar. Me buscar em meia hora. Me buscar para me levar pra onde?