Desci do carro com a mala na mão. Por um segundo me concentrei na vista da montanha e da floresta, respirei o ar puro e senti meus cabelos se moverem com o vento. Andei mais um pouco até chegar na casa, era rústica e de madeira, me lembrava as antigas construções japonesas.
A porta foi aberta e de dentro da casa uma garota saiu. Ela era poucos centímetros mais alta que eu e também usava um vestido, mas o seu sendo azul e o meu vermelho. Os cabelos eram mais compridos e de um castanho mais claro. A reconheci por fotos que Souhei me mandava, etsa era sua noiva Yuki.
-Kana! Você chegou! deixe-me ajudá-la com a bagagem - ela levou minha outra mala para um quarto.
O cômodo tinha uma cama, um armário, uma escrivaninha e uma cadeira, fora alguns objetos de decoração e um pequeno rádio. Mas o que mais chamou minha atenção foi a janela que tinha vista para a floresta da montanha.
-Souhei foi ao mercado, mas vai chegar logo - Yuki falou - Sinta-se em casa.
Arrumei minhas roupas no armário e organizei o quarto para que ficasse aconchegante para mim.
-Kana! - Souhei atravessou o quarto e me abraçou com força. Chorei de alegria pois a muito não o via, e a saudade era grande - Você já é uma mulher feita! Da última vez quete vi era apenas uma criacinha.
-Claro que mudei, já tenho dezesseis anos, fiz semana passada - fiz bico, e ele riu. Mas logo sua expressão mudou.
-Mamãe não vem, certo?
-Sinto muito meu irmão. Eu tentei trazê-la.
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Estávamos almoçando, eu, Yuki e Souhei; comentávamos sobre a comida, sobre a vida no campo e na cidade, sobre minha viajem e , é claro, sobre o casamento. Então ouvi um barulho agudo, demorou alguns segundos para descobrir que era um uivo.
-Souhei, isso é um lobo? Há lobos aqui? - percebi que ele e Yuki se encaravam.
-Alguns... Mas não se preocupe, eles não descem a montanha - ele respondeu. Yuki se fechou, largou os hashis, disse que estava sem fome e foi para o seu quarto.
-Aconteceu alguma coisa? - perguntei - Fiz algo de errado?
-Não...Talvez seja por culpa do casamento... Yuki tem um irmão mais novo, ela queria que ele assistisse à cerimônia. Mas ele se recusa a vir.
-Entã o assunto casamento não foi uma boa ideia... Mas que tipo de pessoa é esse irmão? Negar um convite assim...
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Não consegui dormir por culpa da estranheza do quarto, eu estava acostumada com o meu. Fiquei na janela observando as estrelas e a Lua que se erguia. Devia ser tarde da noite.
Então ouvi um barulho de passos, pus meu rosto fora da janela para ver melhor. Era Yuki, e ela estava correndo em direção à floresta. Decidi segui-la, por curiosidade e também por não ter nada para fazer.
A neblina densa dificultou um pouco a vista, mas consegui acompanhar Yuki. Até que não a vi mais. A escuridão junto com a neblina me envolveram. Comecei a andar em círculos, tentei subir numa árvore para ver em que direção ficava a casa, mas o fato de que nunca aprendi a escalar também não me ajudou.
Então algo passou correndo por trás de mim. Virei na mesma hora e comecei a seguir o barulho de passos. Talvez Yuki também estivesse perdida. Corri o mais rápido que pude para poder acompanhar. Até que parou.
-Yuki?
Não era Yuki. Era um lobo enorme, com pêlos que brilhavam com a luz da Lua. Fiquei com o coração na boca de início, mas minhas lembranças vieram a tona.
-Você é aquele lobo! Lembra-se de mim? - me aproximei devagar. Ele começou a rosnar e me encarar ameaçadoramente - Lembra-se daquela garotinha?
Então ele parou e ficou em silêncio. Um barulho de uivo eccou pela montanha e isso o acordou, ele começou a correr como se estivesse fugindo. Mas novamente fui atrás - Espere! - eu gritava. O lobo corria cada vez mais rápido,e a neblina estava mais densa. Eu já não sabia mais para onde estava andando.
Fui muito rápido: Continuei correndo, até que parei na ponta para um desfiladeiro, porém a terra cedeu e eu comecei a cair. Meu braço se agarrou numa raiz, mas ela claramente não iria me aguentar por muito tempo.
Então o lobo apareceu e , com sua boca, começou a tentar me puxar. Mas seus caninos não seriam o suficiente. De repente duas mãos se enlaçaram na minha e começaram a me erguer. Quando cheguei no topo encarei o suposto lobo, que já não era mais lobo. E sim um garoto mais velho, alto, pálido e com cabelos mediamente longos mais negros que o céu da noite. Poderia jurar que por um instante seus olhos irradiavam um vermelho vivo.
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