História A Little Crush - Conversas.

Capítulo 19 – Conversas.

Zayn jogou a toalha no chão e se sentou a minha frente. Cruzei as pernas ficando naquela famosa posição de índio. Respirei fundo algumas vezes, procurando as palavras certas a serem ditas. Zayn me olhou meio que pressupondo o assunto que eu iria falar.

- Sabe que pode perguntar qualquer coisa.  –Ele disse.

Assenti e me foquei no movimento que ele fazia com os dedos, batendo as pontas no colchão.

- Sabe que eu confio em você e nunca faria algo que quisesse te deixar mal. - Expliquei.   – Mas eu não sei nada sobre você. Como por exemplo, o que faz da vida ou o que como tem um carro e uma casa dessas, ganhou dos seus pais?

Fui direta nas perguntas, se eu queria ter algum tipo de relacionamento com Zayn, precisava saber das coisas que ele fazia. Achei que ele não falar sobre aquilo, até ele começar a falar:

- Nunca mentiria pra você e não vou fazer isso agora.  –Depois ele continuou.  – Nunca fui um garoto que andava nas regras, isso você já deve ter percebido.

Ele brincou.

- Quando eu tinha uns quinze anos comecei a andar com pessoas erradas. Todos os achavam que eles eram gangsters, mas, pra mim era apenas garotos normais, assim como eu. Mudei de opinião quando outros caras nos chamaram para fazer um ‘’trabalho’’ pra eles. Fiquei um pouco receoso de inicio, mas, não queria ficar conhecido como o cara que arregou...

‘’Então eu aceitei. O trabalho era entregar maconha para os devidos compradores e depois estávamos livres. Quando acabou, nos recebemos a recompensa, ficamos boquiabertos com toda aquela quantia de dinheiro. Era grana que não se ganha normalmente, Então ficamos viciados naquilo, quanto mais entregávamos as mercadorias, mais dinheiro ganhávamos.

Depois de uns meses nós ‘’subimos de patamar’’ digamos assim, não corríamos mais atrás de ninguém, eles vinham até nós. Meus amigos pararam com isso quando juntaram uma quantia boa, mas, eu fiquei por mais um tempo, eu poderia arrumar um emprego, mas, nunca ganharia tanto e fácil como ganhava naquilo. Juntei um bom dinheiro e consegui comprar essas coisas, juro que tudo que tenho foi tudo adquirido legalmente’’

Prestei atenção em cada palavra dita, em partes não queria acreditar, outra, já dizia para não ligar, porque, já era passado.

- Porque resolveu parar?  -Perguntei.

- Porque conheci você.

Tudo que eu tinha pra dizer escapuliu naquele momento. Senti sinceridade em suas palavras. Ele se aproximou um pouco de mim e segurou meu rosto com suas duas mãos, o olhei incrivelmente envergonhada e ele sorriu.

- Quero fazer o certo dessa vez.  –Ele me deu um selinho longo.  – E preciso de você, comigo.

Ele me beijou. Dessa vez, um beijo longo e apaixonado. Segundos depois eu já estava em seu colo, e ele tentando abrir os botões da camisa que eu vestia. Era uma pena que meu tempo já estava esgotado.

- Nem pense nisso.  –Disse tirando sua mão do ultimo botão a ser aberto.  

- O que? Por quê?  -Reclamou ele.

- Porque eu tenho que ir, já passei mais tempo do que devia.  –Me levantei procurando pelas minhas roupas.

- Mais já? Você não tem mais perguntas?

- Acho que já sei do que preciso saber.  –Respondi colocando o sutiã dentro do banheiro.

- Vai voltar amanhã?  -Ele berrou irritado.

- Não sei, pode ser que sim, pode ser que não.

Ele se jogou na cama com as mãos sobre a barriga e ficou olhando para o teto murmurando alguns palavrões, terminei de me arrumar e fui me despedir dele.

- Até amanhã.  –Ele falou dando um beijo em minha testa.

- Até. Te pego na escola amanhã.

Fui para casa depois de ter me despedido dele. Eu confiava nele, de alguma maneira, eu confiava. Como eu já devo ter dito não me importa com as coisas que já aconteceram e sim com as que estão se passando agora.

. . .

Quando cheguei em casa mamãe ainda estava no trabalho, e isso foi um alivio pra mim. Eu não iria mentir pra ela onde sobre onde estava, mas, não queria ouvir tudo sobre o quanto ela odeia Zayn, outra vez. Olhei para o relógio ao lado da minha cama, quase cinco horas da tarde. Como ainda tinha algum tempo, resolvi colocar alguns deveres da escola em ordem e estudar um pouco para as provas finais. Amanhã saberia quem iria ser meu parceiro no trabalho interclasse. Era um tipo de trabalho que só ocorria no fim do ano e servia para aproximar os alunos. Tínhamos que fazer uma espécie de fixa sobre o nosso parceiro. Era o trabalho de maior peso do semestre.

No jantar eu me sentei de frente para mamãe, ela comia em silencio e aquilo me irritava. Não era necessário fazer aquele tipo de coisa. Girei um pouco o garfo prendendo um pouco o macarrão com molho vermelho ainda esfumaçando, o cheiro estava ótimo e eu não resistir levar uma garfada a boca.

- Deus vai te castigar.

- O que disse?  -Perguntei pensando não ter ouvido bem.

- Deus vai te castigar pelo o que está fazendo.  –Ela disse com a cabeça baixa.  – Você vai se arrepender por ter se deitado com aquele garoto, por deixá-lo tocar você e se misturar com ele.

- Você diz coisas horríveis.  –Bati o garfo contra o prato.   – Será que não pode apenas dizer que esta feliz por me ver feliz?

Levantei-me da mesa sem pensar duas vezes em voltar. Já sentiu vontade de fugir? Ficar em uma ilha deserta, acompanhada de um bom livro ao som do barulho do mar? Queria poder fazer isso agora, sai desse mundo de julgamento e entrar no mundo que é perfeito pra mim, em minha cabeça.

Coloquei uma regata e me deitei na cama, puxei o lençol fino para me cobrir e me virei para o lado.

. . .

Na manhã seguinte, acordei mais cedo do que de costume. Arrumei-me (1), comi uma maça e fui pra escola. Estava ansiosa para saber quem seria meu parceiro no trabalho. O que mamãe me disse ontem pairava em meus pensamentos, mesmo não querendo, aquelas palavras me afetaram.

Desci do ônibus em frente à escola. Indo direto ao painel onde estavam os nomes para os trabalhos. Algumas pessoas ainda estavam a olhar, o bom de ser baixinha era que eu podia me encaixar ali no meio e não tomaria muito espaço. Procurei por Emma Posey e não acreditei em quem era meu parceiro.

- Harry Styles?  -Todos olharam para mim estranhando eu não ter gostado de tê-lo como dupla. Sai pisando fundo a procura daquele garoto idiota. Ele havia feito alguma coisa, tenho certeza. O encontrei parado mexendo no celular em um canto mais afastado do campus.  – Como fez isso?

- Gostou do seu parceiro? Eu adorei a minha.  –Ele disse ainda sem me encarar.

- Eu sou do segundo ano, você é do terceiro. Eles nunca misturaram series diferentes nesse trabalho.  –Reclamei cruzando os braços.

- Tive uma pequena ajuda da nossa diretora.  –Ele piscou.

- Não acredito nisso, seu... 

- Seu...?  -Ele guardou o aparelho no bolso.

- Safado. É safado. Isso é o que você é. Um safado. 

- Não é esse tipo de ajuda, Emma.  –Ele disse rindo.

- Pouco me importa como foi essa ajuda.  –Falei nervosa.  – Eu acho bom que leve esse trabalho a serio, ao contrario de você, eu me preocupo com as minhas notas.

- Como quiser. Vamos nos encontrar todos os dias depois das aulas na biblioteca. Começando hoje.

Até achei uma boa ideia. Assenti e dei meia volta. Era só uma semana, apenas uma semana.

Continua...