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História Gravity - Novo presente


Escrita por: ChaeKy

Notas do Autor


Olha quem voltou...

Capítulo 3 - Novo presente


Fanfic / Fanfiction Gravity - Novo presente

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Era um tanto quanto amedrontador aqueles olhos, contudo, Hoseok não vacilou e devolvia o olhar na mesma intensidade. Afinal, em sua cabeça ainda poderia morrer a qualquer momento e se fosse mesmo encontrar esse trágico destino, esperava ser com alguma dignidade.

— O reino o mandou... — Jaehyun falou, enfim quebrando aquela troca de olhares e aquilo bastava para o feiticeiro entender.

Hyungwon suspirou cansado.

Até quando eles tratariam as pessoas como objetos e as dariam de bandeja para si? Era ridículo e fazia o ódio aumentar pelo reino cheio de podridão.

— Entendo — foi o que balbuciou, sem achar qualquer outra coisa para definir sua raiva.

— Vou deixar vocês conversando — Jaehyun se pronunciou depois de um instante de silêncio e dando um último sorriso reconfortante para Hoseok, saiu da biblioteca.

Ao ouvir a porta se fechando atrás de si, Shin sentiu o medo o invadir novamente. Ok, talvez não fosse conseguir morrer com um pingo de dignidade.

Hyungwon o olhou e sentindo todo o medo que exalava do menor, tratou de tentar colocar uma feição mais receptiva em seu rosto.

— Não precisa ter medo... — talvez não fossem as melhores palavras, contudo queria que ele entendesse que não o faria mal. Se sentou no sofá e observou a lareira por um instante, vendo a beleza do fogo. Já havia tido aquela conversa com diversas pessoas que foram mandadas pelo reino e sempre era algo difícil. — Eu sei que você, provavelmente, não teve escolha. Eles ameaçaram, mesmo que entrelinhas, sua família, não é? — Sabia daquilo, porquê sempre era assim.

— Sim. — Do que adiantava mentir? — Eu não queria estar aqui e fazer parte desse plano maluco. — Queria deixar claro aquilo desde do princípio.

Hyungwon o olhou com um pouco de surpresa. Geralmente, as pessoas não eram tão diretas; não até terem certeza de que o feiticeiro não faria mal algum a elas.

— Eu e as pessoas que moram aqui, não iremos te machucar — disse e começou as conhecidas falas: — Vou disponibilizar um quarto para você no castelo hoje. Você pode desfrutar de um banho e uma boa comida e amanhã, conversaremos melhor sobre tudo isso. O que acha?

Hoseok só maneou a cabeça em concordância. No fim, não iria morrer... Tão cedo, ao que parecia.

Hyungwon, voltou a ficar em pé e passou por Hoseok, indo em direção a porta. Parou em frente a mesma antes de abrir e soltou um suspiro.

— Pai... Eu sei que você está bisbilhotando de novo — falou com diversão e logo abriu a porta.

Jaehyun quase caiu para frente e recuperando o equilíbrio, deu um sorriso amarelo e corou.

— Eu só... Você sabe filho, estava esperando para falar com você.

— Eu sei pai, eu sei. — Mas balançava a cabeça em negação, por mais que um sorriso brotasse de seus lábios.

Hoseok observava a cena sem acreditar que aquele tipo de coisa acontecia com alguém que todos diziam não ter coração.

E se deu conta de mais um fato naquela noite... Jaehyun e Hyungwon pareciam ter a mesma idade; o que era estranho da parte de Jaehyun, já que supostamente esse era um humano.

— Me siga. — Hyungwon tirou o seelie de seus devaneios, depois de um pequeno diálogo com o pai sobre o que faria.

Shin o seguiu pelo corredor que a pouco havia percorrido.

Hoseok havia conversado menos de dois minutos com o feiticeiro, entretanto, já acreditava que ele não o mataria e usaria seu corpo para qualquer feitiço macabro. Se sentia mais seguro, mesmo que estivesse em um lugar completamente estranho e que segundo todos, era cheio de maldade. Talvez fosse a receptividade de Allen e Jaehyun e o fato de ainda estar vivo, claro.

Hyungwon rumou em direção as escadas e começou a subi-las. Hoseok parou antes de pisar no primeiro degrau.

Em sua cabeça, subir aqueles degraus era confirmar que sua vida nunca mais seria a mesma e que dali em diante, ele viveria com aquelas pessoas; Minhee, Allen, Jaehyun e ... O feiticeiro, Hyungwon.

Engoliu em seco e sentia na pele o olhar estrelado em si. Respirou fundo, tomando mais um pouco de coragem; havia chegado até ali e agora não tinha como fugir.

Começou a subir e não demorou até estar ao lado de Hyungwon no patamar da escada.

— Você está bem? — O feiticeiro sentia diversos sentimentos vindo do seelie e não podia deixar de se impressionar com o fato dele continuar com um olhar afiado e decidido.

— Estou — mentiu, tanto para o outro quanto para si. Esperava que sua mentira se tornasse verdade em algum momento.

O feiticeiro só fingiu acreditar e continuou subindo as últimas escadas.


Se o térreo do castelo era belo, o andar de cima era como uma obra de arte completa.

Hoseok nunca havia visto algo tão bonito.

Ali, a luz da lua iluminava o chão o fazendo brilhar mais. As fadinhas piscavam com diversas cores; roxo, azul, rosa, vermelho, verde. E as portas tinham desenhos de rosas delicadas, diferentes da porta principal que poderia assustar. Havia quadros com belas pinturas da natureza e uma do próprio castelo, com pinceladas suaves. Alguns vasos com plantas e flores também decoravam o lugar.

— Você pode andar livremente pelo castelo enquanto se hospedar nele.... — Hyungwon começou, quase com diversão ao ver como o outro parecia hipnotizado com cada coisinha minúscula. — Menos no último andar... — falou essa parte com autoridade, pela primeira vez, assustando Shin.

E então, Hoseok percebeu que a escada continuava e que no fim dela, havia uma abertura que dava em direção a um andar superior.

— Por que? — era um ser naturalmente curioso e tinha dificuldades para controlar a língua.

— São meus aposentos e o de minha família — foi a explicação que deu.

Para Shin, aquilo também significava que era lá que o feiticeiro planejava seus feitiços para se vingar do povo seelie. Por mais que esse pensamento o fizesse ter mais terror, seu lado curioso o corroía para saber se o andar superior era tão bonito quanto os outros.

Hoseok não pôde pensar melhor nisso, já que Hyungwon começou a caminhar novamente em direção a uma das portas duplas do corredor. Parou em frente a uma e esperou Hoseok estar ao seu lado, para a abrir e dar passagem para o seelie entrar antes.

O quarto era enorme. O seelie podia ver claramente uma banheira em uma das portas que estava aberta, um closet e o que mais lhe chamava atenção, uma enorme cama de dossel que parecia convidativa demais para seu corpo cansado. A varanda estava aberta e o ar noturno entrava, mas com magia, não trazia frio e só trazia uma brisa agradável e com cheiro de flores.

— Você terá a ajuda de alguém para se situar nos primeiros dias. — Hyungwon se sentou na cama de dossel e cruzou as pernas. Elegância exalava de si e Hoseok se sentia intimidado. — Aliás... Onde está ele? — Percorria os olhos estrelados por todo o quarto a procura de quem quer que fosse “ele”.

— Aqui! — Um garoto de cabelos azuis saiu da porta que mostrava a banheira. — Oh! Ninguém me avisou que o recém chegado era tão bonito!

Hoseok só conseguia sorrir tímido.

— Jaemin! — repreendeu o feiticeiro.

— Ah, eu nem me apresentei! Sou Na Jaemin, mas alguns me chamam de Nana e... — Se aproximou, trocando um aperto de mãos animado com Hoseok, enquanto os olhos analisavam cada parte sua. — Seus lábios são naturalmente dessa cor? É tão belo.

— Jaemin, não o assuste! — Hyungwon já estava ao lado do garoto e o olhava feio, mas qualquer um veria que havia traços de carinho ali.

O citado fez um bico, porém, logo tratou de abrir um sorriso enorme.

— E qual é o seu nome?

Shin havia tido uma recepção animada com Allen; entretanto, nada se comparava a enorme animação do tal Na Jaemin.

— Shin Hoseok — disse, ainda com timidez pelo olhar atento do garoto a si. Sentia as próprias bochechas arderem.

— Ah, você é tão fofo! — E antes que Jaemin levasse uma mão a bochecha de Shin para a apertar, Hyungwon deu um tapinha nela. — Aí hyung!

— Me perdoe pelo Jaemin, ele não possui alguns parafusos em sua cabeça... — comentou com diversão, agora olhando para Hoseok como se falasse algo confidencial.

Hoseok forçou um sorriso. Mas que diabos? Quem visse Hyungwon agindo daquela forma, não acreditaria que era a mesma pessoa má de milhares de histórias. Shin já estava ficando confuso com tudo aquilo.

— Hyung, eu ainda estou aqui, sabia?! — Jaemin colocou uma mão no coração e fechou os olhos de forma dramática. — Não entendo por que falas essas mentiras de mim. Meu coração dói.

Hyungwon revirou os olhos.

— Boa sorte — murmurou para Shin e o dando um tchauzinho, saiu do cômodo.

Hoseok observou Jaemin suspirar em indignação.

— E ele ainda ignora meus sentimentos. — Dramático parecia ser pouco para definir a forma como ele agia. Hoseok, imediatamente, sentiu que o garoto era bom. — E então docinho, vamos tomar banho?

Shin não evitou a careta dessa vez. Docinho? Era vergonhoso demais.

— Ah... Claro. — Não comentou sobre o apelido para não magoar o garoto e ter que ouvir mais uma sessão de drama vindo dele.

Jaemin sorriu de orelha a orelha, já puxando o outro seelie para o seguir até a porta que mostrava a banheira, provavelmente sendo o banheiro.

Hoseok não tentou impedir de ser arrastado; algo lhe dizia que não era fácil argumentar com o garoto de cabelos azuis.

Assim que entraram no cômodo, foram atingidos pelo vapor da água e pelo cheiro da essência dos sais de banho que estava presente na água; alguma essência doce que poderia lembrar a baunilha.

Os azulejos eram pretos e faziam contraste com a cor da enorme banheira que era feita de... Aquilo era ouro?

— Isso é ouro?! — questionou abismado. Que tipo de pessoa construía uma banheira de ouro?

— Ah, pois é. Hyungwon pode ser exagerado às vezes. — Balançou a cabeça, como se também desacreditasse daquilo, mas então, parecendo se lembrar de algo, olhou mais sério para Hoseok. — Você vai tomar banho de roupa?

Shin praticamente arregalou os olhos. Tirar a roupa na frente de um completo desconhecido não era seu usual.

— O que foi? — indagou vendo o espanto do seelie. — Eu não mordo, só se a pessoa pedir e sinceramente, eu já tenho outra pessoa na minha lista para fazer tal coisa. — Sorriu com malícia.

Wonho se perguntava se Jaemin tinha algum pingo de vergonha ou pelo menos, um filtro entre seu cérebro e sua boca.

— Não temos a noite toda. Eu ainda quero dormir. — Cruzou os braços e começou a bater os pés impaciente.

Os Deuses dessem forças para Wonho sobreviver a tudo aquilo e agora, a Na Jaemin.

— Pode virar de costas? — pediu, tentando dar um sorriso amigável.

Jaemin revirou os olhos e se virou.

Sentindo-se menos exposto ao olhar do hiperativo garoto, Shin se pôs a tirar suas roupas.

Não eram roupas luxuosas e não combinavam em nada com toda a aura do castelo, mas faziam Hoseok se lembrar de como era sua vida antes de toda essa loucura; um mísero pedaço do seu, agora, passado.

Antes que Jaemin perdesse a aparente, pouca paciência, Hoseok tirou a última peça e pulou dentro da banheira.

Era grande o suficiente para caber mais dois de si ali. Afundou, até a água estar no queixo e fechou os olhos, suspirando de prazer ao sentir a água quente em seus músculos cansados pela caminhada e por toda a exaustão que carregava.

Sentiu toques delicados em seus fios e abriu os olhos, olhando para cima e vendo Jaemin.

— O que está fazendo?

— O que parece que eu estou fazendo? — rebateu com sarcasmo.

Shin fez bico.

— Aí que fofo! — Foi o que recebeu de Jaemin, junto com o aperto na bochecha e dessa vez, não tinha Hyungwon para impedir aquilo. — Eu vou lavar seu cabelo, docinho. — explicou, sem poder se controlar da fofura do garoto.

Hoseok estava prestes a recusar, mas Jaemin foi mais rápido.

— Antes que diga que não precisa, é meu trabalho no momento. Jaehyun me escolheu para te ajudar nesses dias e te mostrar e ensinar sobre tudo. Te levar à vila e...

— Vila? — Se virou, ficando de frente para Jaemin e atrapalhando a limpeza de seus cabelos. — Eu não vi nenhuma vila enquanto chegava até o castelo.

— Isso porquê fica depois do castelo e é protegida com magia, seu bobinho. Agora vire-se e me deixe acabar isso logo! — ordenou, nem parecendo que claramente, era o mais novo ali.

— Como é a vila? — Hoseok estava curioso agora. A vila seria o lugar assustador onde estariam os monstros que todos falavam?

— É linda e... Quer saber? Você vai ver amanhã. Nada de estragar a surpresa. — Jaemin estava ainda mais animado por poder atiçar a curiosidade do seelie.

— Isso é injusto! — A curiosidade ia o matar.

— Estou morrendo de pena de você. — Riu.

Um instante de silêncio se fez. Jaemin lavava os cabelos de Shin com delicadeza e o seelie pensava.

Antes que pudesse conter a pergunta indelicada, ela já havia cruzado seu pensamento e sido falada em voz alta pela língua que não se controlava.

— Você é um refugiado?

Jaemin parou os movimentos por um instante, mas logo voltou a realizar a massagem. Respirou fundo antes de responder:

— Sim. Eu me mudei para cá com cinco anos, depois que... — Engoliu em seco. — Que mataram meu pai por traição. Minha mãe e eu conseguimos fugir e graça aos Deuses, encontramos Hyungwon e ele nos deu a chance de ter uma nova vida e proteção do reino.

— Eu sinto muito. — Se sentia terrivelmente mau por si e sua falta de capacidade de controlar sua língua.

— Tá tudo bem, afinal, sei que te obrigaram a vir pra cá, não é? Você não é muito diferente de um refugiado. — Assim como todos os outros, Hoseok também notou a raiva e amargura pelo reino na voz de Jaemin.

Hoseok se perguntava como um lugar como aquele poderia reunir tantas pessoas, aparentemente boas, com vidas injustiçadas pelo reino que jurava proteger seu povo.

Durante o resto do banho, nada falaram.


Jaemin deu novas roupas para Hoseok vestir. Um pijama de seda, algo que provavelmente era caro e ele nunca vestiria em sua vida senão ali.

A refeição fora feita em uma mesa que havia no quarto e havia tanta diversidade de comida, que Hoseok nem sabia o que comer primeiro.

Carne assada, torta salgada, saladas, batatas e uma incrível variedade de frutas; uvas, morangos, cerejas e tantas outras e claro, vinho rosé, doce e inebriante.

Mas nem todo aquele banquete chegava aos pés da comida que seu pai fazia.

Depois da refeição, ficou um bom tempo na varanda observando o céu estrelado e vendo a enorme lua brilhar no céu. Ao olhar o belo céu, não deixava de se perguntar: os Deuses estariam olhando para si? O destino que as Três Parcas haviam traçado era bom ou trágico? Tantas perguntas e nenhuma resposta além de suas próprias esperanças.


Naquela noite, Hoseok se deitou na enorme cama e se permitiu lembrar de casa.

Se lembrou do carinho do pai e do melhor amigo. Algum dia os veria de novo? Fazia poucas horas que havia os visto pela última vez, entretanto a necessidade das duas pessoas que mais amava – de sua única família –, fazia seu coração se apertar de saudades e as lágrimas rolarem livres por seu rosto, sem que pudesse impedir.

Sua vida não seria mais a mesma depois daquela fatídica noite e só lhe bastava aceitar seu novo presente...


Notas Finais


*Três Parcas.: As parcas, na mitologia romana (moiras na mitologia grega), eram filhas da noite (ou de Zeus e de Témis). Divindades que controlam o destino dos mortais e determinam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Zeus poderia contestar suas decisões.
São também designadas fates, daí o termo fatalidade. São três deusas: "Nona" (Cloto), "Décima" (Láquesis) e "Morta" (Átropos). Cloto tece o fio da vida, Décima cuida de sua extensão e caminho, Morta corta o fio.


Mais um personagem apresentado nesse capítulo e espero que dêem amor a ele.
As coisas vão começar a se desenrolar de verdade no próximo capítulo (ouvi um aleluia?).

Aliás, vocês têm alguma teoria de quem é o pai de Hyungwon e o melhor amigo de Hoseok? Hehe


Obrigada por ter lido e qualquer crítica construtiva, não hesite em me falar, viu?

Nos vemos por aí... ❤️


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