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História ❁ ՏաҽҽԵ ՏԵɑӀkҽɾ ❁ [Imagine BTS] - VIII


Escrita por: Nalu1911532863

Capítulo 8 - VIII


Fanfic / Fanfiction ❁ ՏաҽҽԵ ՏԵɑӀkҽɾ ❁ [Imagine BTS] - VIII

 "Se minha desgraça é sua felicidade,

eu irei felizmente ficar infeliz"

- The Last (Agust D)


- Gostaria de ajuda, senhorita?
  - Ah, não, obrigada.
  Você endireitou a cesta de compras no cotovelo e voltou a analisar fervorosamente as estantes de comida. Precisaria de algo que não estragasse facilmente. Miojo iria servir. Você pegou alguns pacotes com as escritas "Lámen" seguida de vários caracteres em coreano e voltou a analisar as demais prateleiras.
  Você iria ignorar, afinal não precisava daquilo, mas não tem como alguém recusar um potinho de chocolate ao leite como aquele. Não seria a mesma coisa que Nutela, você sabia, mas era melhor que nada. Ainda rezava pelo dia em que a Coréia fosse adotar doces brasileiros à sua culinária refinada de Kimchi e Tteokbokki.
  - Não acha melhor comer algo mais saudável?
  Você engoliu em seco. Por quê alguém falaria justamente com você? Ainda mais naquele dia em que você esperava passar por despercebida por todos os seres humanos que a rondavam e voltar para a casa como um ratinho voltando para a toca. Você olhou para o dono da voz e estremeceu.
  Ele tinha máscara de rosto e boné preto, vestia casaco esportivo e calças de moletom azul com listra branca nas laterais.
  Estava prestes a sair correndo de novo quando o sujeito puxou a máscara de rosto para baixo do queixo, fazendo-a respirar fundo.
   - Ah, Yoongi... - você suspirou de alívio.
  - Quem mais seria? - perguntou com a voz arrastada, como se estivesse permanentemente entediado. - Você estava esperando uma visita particular no supermercado? Porque eu não acho que aqui seja um bom ponto de encontro.
  - Realmente. - Você respondeu, ainda entre suspiros de alívio. - Aliás, obrigada pela última vez.
  - Já ouvi seu agradecimento antes. Repetições me deixam com sono. - ele respirou profundamente e segurou um pacote de lasanha congelada, colocando-a sobre sua cesta. - Tome.
  - O quê? Por quê isso?
  - Tenho experiência com comida instantânea já que não sei cozinhar e muito menos tenho tempo para essas frescuras. Esse chocolate em potinho que você pegou? Tem gosto de sabonete de cacau.
  Você olhou para a embalagem e a colocou no lugar, gravando mentalmente que não deveria pegá-la quando fosse ao supermercado. Yoongi a observou durante toda a ação de abandonar o pote e concordou com um gesto de cabeça e sinal de positivo com as mãos.
  - Muito bem - ele disse. - Estou indo.
  - Mas já?
  - Por quê? Tenho hora para sair?
  - Não, é que foi muito repentino. Que tal irmos comer carne na loja aqui na frente.
  - Nunca é tarde para comida. - ele concordou voltando-se para você. - Vamos para o caixa.
  Você riu.
  Ele era realmente estranho. Estranho de um jeito legal... Se é que isso existia.
  - Sim. - você disse, mas, nessa hora, seu celular começou a tocar. Você fez um gesto para que Yoongi esperasse. - Alô?
  - Você é a responsável pelo garoto da Ala B-57 do Hospital de Seul?
  Você engoliu em seco.
  - Sim.
  - Seu irmão... Lamentamos informar, mas não temos outra opção...
  - O quê? O quê está acontecendo?
  - Se o pagamento não for feito com antecedência, desta vez, teremos que remover seu irmão.
      - O QUÊ?
  - Senhorita, me perdoe, mas há uma superlotação de pacientes e...
    Você desligou.
  Não estava bem o suficiente para ouvir qualquer um no momento. Não tinha percebido, mas sua cesta caiu no chão com sua surpresa ao saber que seu irmão seria enxotado.
  Yoongi ergueu a mão em sua direção.
  - Você está bem...?
  Quando os dedos dele enconstaram em seu ombro, você desmoronou. Literalmente. Tinha simplesmente desistido de tentar formular uma sentença lógica e se agachou no chão, envolvendo os joelhos com os braços.
  Ele era tão novo, sequer tinha tido o primeiro beijo, não tinha chegado ao inferno do Ensino Médio, não tinha começado a aprender a cuidar de casa... Tão novo... Como alguém podia ser tão cruel com alguém tão jovem?
  - Omo! V-você está chorando? Droga, eu tenho cara de consolador?
  E você chorou ainda mais.
  Você queria se desculpar por estar chorando tão evidentemente, fazendo-o passar vergonha no meio do supermercado. Sinceramente, ele poderia simplesmente ter se retirado e fingido que não a conhecia. Mas ele continuou caminhando de um lado para o outro murmurando sobre não saber lidar com pessoas emotivas e como os seres humanos irritavam mesmo inconscientemente.
  Então ele parou e ficou a encarando enquanto ficava remoendo seus pensamentos sobre o hospital e a injustiça que estavam prestes a fazer.
  Yoongi se agachou ao seu lado.
  - Ainda está disposta à pagar a carne?

Yoongi comeu mais um pedaço de carne da mini churrasqueira da loja e a observou sem dizer uma palavra.
  Ele tinha se oferecido para pagar suas compras contanto que você pagasse pela comida, e ele tinha feito bom proveito de sua oferta. Você estava sentada do outro lado da mesa, agachada sobre as pernas com o sujeo* parado entre seus dedos.
  - Não vai comer? - indagou Yoongi entre uma mordida e outra. - Digo, é você quem está pagando. Deveria comer.
  Você olhou para a carne.
  A carne a olhou de volta.
 Mesmo naquela depressão emocional extrema, você não conseguia recusar um maldito prato de carne.
  - Sim - Você murmurou com a voz rouca. - Vou comer bem.
  Então você deu uma colherada no arroz em uma caneca, levando-a em direção à boca com um pedaço de carne.
  E voltou a chorar.
  - Aish, sinceramente! - Yoongi chiou balançando a começa como se realmente sentisse dor. Ele se debruçou na mesa e apontou o sujeo em sua direção. - Olha aqui: Eu não sei como lidar com pessoas chorando. E pior, elas sempre ficam irritadas comigo depois falando coisas do tipo "Seu sem coração" ou "Maldito insensível", então não se sinta ofendida caso eu aja como se você não estivesse aqui, ok?
  Você fungou.
  - D-Desculpe é só...
  Ele revirou os olhos.
  - Lá vem.
  - ...Vão remover meu irmão do hospital...
  - Espera. Você tem um irmão? E ele estando hospital?
  Você respirou fundo e resumiu a história do acidente para Yoongi, que continuou comendo enquanto a encarava como se assistisse à algum dorama. Ele segurou o suco com canudinho e bebericou a bebida da mesma forma que uma criança interessada numa fofoca faria.
  - É isso. - você disse. - O médico provavelmente vai ligar pro Jimin e Hoseok pra avisar do ocorrido, aquele desalmado.
   - Jimin? Hoseok? Quem são?
   - São meus amigos.
  - E você colocou seus amigos na lista de contatos do hospital onde seu irmão mais novo está internado?
  - Por quê não? Estamos juntos desde pequenos, eles sempre cuidaram de mim, eu confio neles.
  Yoongi deu de ombros.
  - Faça o que quiser. Eu não tenho nada há ver com a sua vida mesmo.
  Ele voltou a comer e apontou o sujeo para a carne.
  - Coma. Se não eu como. E não vou aceitar comentários tristonhos.
  - Eu estou comendo! - você disse.
  - Se estivesse, ainda não teria carne no fogo.
  Você pegou dois pedaços com apenas uma espetada e os comeu rapidamente, mastigando-os. Yoongi deu uma bufada, algo que deveria ser um sorriso mas saiu meio deturpado, algo entre um riso, um gasnado e um suspiro.
  - Está fazendo bem. - ele comentou.
  - Sim. - Você concordou.
  Ele sorriu discretamente - apenas um pequeno vislumbre - e voltou a comer. Você o observou degustando a carne, colocando-a inteira na boca e mastigando como um hamster desesperado por comida. Então ele pegou outro pedaço de carne e o jogou na boca mesmo sem ter terminado o pedaço anterior.
  Você respirou fundo.
  Não iria chorar de novo.
  - Obrigada. - você disse.
  - O quê?
  - Eu disse obrigada.
  - Obrigada pelo quê?
  Você sorriu e abaixou a cabeça.
  Ah.
  Então ele não sabia que a estava motivando. Ele não sabia que a companhia dele era realmente calorosa.
  - Quer saber, Min Suga?
  Ele arregalou os olhos, surpreso por você chamá-lo pelo mesmo apelido que Jungkook o chamava.
  - Você tem razão. Os humanos fazem coisas inconscientemente.
  - Uhm.
  - Mas nem todas elas são ruins.
  Ele parou de comer e a encarou sobre o talher tradicional coreano. Quando baixou o olhar, fez um muxoxo estalado.
  - Diga o que quiser. Não são minhas palavras.
  Você sorriu.
  Irônico como alguém tão antisocial como Yoongi pudesse fazê-la sorrir tão facilmente.
  - Sim.

Depois de um tempo, vocês saíram da loja. Yoongi se despediu e, embora você tenha deixado claro que gostaria de conversar mais, ele se foi apressado dizendo que tinha batido sua quota de tempo útil de interação com outros humanos.
  Seu celular vibrou.
  Estava preparada para visualizar uma das mensagens inesperadas do número desconhecido, como de hábito, mas, ao invés disso, foi o número de Kim Seokjin.
 
  JIN: Como você está?
  EU: Bem.
  EU: Obrigada por devolver o celular.
  JIN: Ah, claro.
  JIN: Eu preciso falar com você por um minuto. Está livre agora?
  EU: Tenho apenas que deixar as compras em casa. Se importa de esperar?
  JIN: Claro que não!
  JIN: Que tal no parque perto do shopping?

  Você olhou para o cenário ao seu redor. Comparar a rua perto da sua casa, cheia de pessoas, supermercado, lojinhas de conveniência e loteria com um parque próximo ao shopping no centro de Seul era grande demais até mesmo para você. Apesar disso, tinha cogitado chamá-lo para encontrá-la em alguma lanchonete por perto já que seria mais fácil de chegar em casa.
  Ah, o que você estava pensando? Ele era seu chefe, não seu amiguinho da escola - Embora você quisesse muito que isso acontecesse.
 
  EU: Tudo bem.

Você passou em casa e deixou as compras jogadas ao lado da porta no interior da casa antes de trancar a porta. No caminho para o parque, seu celular vibrou com o toque de celular da Samsung soando.
  - Alô?
  - DONGSAENG-NIM!
  Você afastou o celular dos ouvidos enquanto Hoseok gritava e o retornou para perto da orelha quando sua voz cessou.
  - Oi, oppa. - você disse, sorrindo para si mesma. - O que foi?
  - Eu soube.
  Pelo tom de voz dele, você também sabia.
  - Ah... Bem, não há muito que se possa fazer. Acho que esse mês eu fico sem luz em casa, então.
  - Dongsaeng...
  - Não se preocupe, Hobi. Eu passei por isso várias vezes quando era criança e não sabia como pagar as contas. Me preocupo mais com meu irmão.
  Você atravessou a rua, ouvindo de leve o suspiro de Hoseok do outro lado da linha telefônica. Provavelmente ele procurava o que dizer.
  - Você não tem que se preocupar com tudo sozinha, sabe?
  Você concordou.
  - Sim.
  - Onde você está?
  - Indo encontrar com meu chefe.
  Hoseok hesitou.
  - Essa é uma daquelas cenas de dorama que a mocinha vai pedir dinheiro pro chefe, ele pede um favor em troca e ambos ficam numa relação estranha de amor e ódio até alguém ceder?
  - Hobi...
  - Uhm?
  - Você tem visto muita televisão. Vamos manerar um pouco, ok?
  - Ah, certo.
  - Aliás, foi ele quem me chamou.
  - Entendi. Bem, espero que tenha um bom trabalho hoje. Parece que vai chover...
  - Obrigado, Hobi.
  - Trabalhe bem.
  - Vou trabalhar.
  Hoseok riu.
  - Eu sei. Até mais.
  - Até. - você desligou ainda com um sorriso no rosto.
  Hoseok era um de seus dois melhores amigos. Era óbvio que ele também era uma das únicas pessoas capazes de fazê-la sorrir.
  Sem querer, você esbarrou em alguém pelo caminho.
  - Omo! Me perdoe, eu nã... - sua voz falhou.
  Ele usava máscara de rosto, estava com os cabelos claros à mostra, o casaco enorme parecendo engolir seu corpo e as pernas finas cobertas por jeans pretos. Apesar do rosto parcialmente coberto, você reconhecia aquele olhar.
  - Olá, estudante - cumprimentou Nanjoon. - Há quanto tempo.
  Você perdeu a fala.
  Sinceramente, não havia assunto algum à ser abordado naquele momento... Ou em qualquer momento que envolvesse você e Nanjoon. Você se preparou para correr, mas logo lembrou de que Jin estaria vindo e você chiou de indignação.
  Namjoon sorriu.
  - Está esperando por Seokjin?
  Você se surpreendeu.
  - Como sabe?
  Ele tirou a mão direita do bolso do casaco e seus olhos se espremeram em um sorriso familiar. Ele tinha o celular do amigo em sua posse.
  - Não... Você não fez isso...
  Namjoon riu.
  - Há certas coisas que se aprendem com os mais novos como Taehyung que não se devem jogar fora, apesar de ser um truque com algumas ineficiências.
  - Jin vai te matar.
  - Não vai, não. Aliás, foi ele quem me sugeriu chamar você aqui usando-o como isca.
  Você engoliu em seco.
  - Mentira. Por quê ele faria isso?
  - Porque somos amigos. - ele disse. - Como você e aquele sujeitinho que fica a esperando na frente da escola antes das aulas.
  Você riu.
  É óbvio que ele estava falando de Hoseok, afinal, Nanjoon seguia o mesmo caminho que você ao tomar o ônibus e, obviamente, observá-la entrando na escola.
  - Entendo. - você disse, finalmente.
  Quando voltou a olhá-lo nos olhos, enrubesceu. Nanjoon a encarava fixamente, tão determinado quanto um lutador.
  - Por quê?
  - Huh?
  - Por quê você correu quando me viu? - ele indagou. - Você... Estava fugindo de mim?
  Você engoliu em seco.
  - Quase isso.
  - Estava com medo de mim?
  Você fez um gemido que pairava entre um "sim", um "não" e um "talvez".
  Namjoon suspirou.
  - Está com raiva de mim?
  - O quê? - você indagou, tomada por descrença. - Como eu poderia?
  Nanjoon arregalou os olhos. Provavelmente estava surpreso com a sua declaração. Você não sabia ao certo o por quê já que nunca poderia se irritar com seu cantor predileto...
  ... E uma pessoa tão boa.
  - Eu pensei...
  - Eu... - você o interrompeu. - Eu não poderia ficar com raiva de você. Mesmo se eu quisesse.
  - Mas você saiu correndo...!
  - Claro que eu sai correndo! - você exclamou de volta. - Eu não lembrava do que tinha dito de você à... Bem, você. E eu estava envergonhada de ter dito algo ruim, além disso, eu sequer suspeitei de quem você era... Agora me sinto burra já que parece mais óbvio.
  Você afundou o rosto nas mãos fechadas em concha. Não sabia o por quê de ter dito tudo aquilo à Nanjoon sem hesitar, como se fosse fácil, como se palavras fossem água e você fosse uma fonte.
  Então você sentiu as mãos largas de Nanjoon envolvendo as suas, retirando-as da frente de seu rosto e fazendo-a olhar fixamente ao chão.
  - Olhe para mim.
  Você negou com a cabeça e fechou os lábios fortemente. Meu Deus, você estava tão... Desconcertada.
  - Por favor - ele disse com a voz mais grave. - Por favor, olhe para mim.
  E você o fez. Lentamente erguendo os olhos em direção à ele. Você engoliu em seco. Ele abaixou sutilmente a máscara de rosto, o suficiente para que apenas seus lábios fossem revelados.
  E ele sorriu.
  Era estranho ver seu sorriso por completo considerando que, por todo o tempo desde que se conheceram, ele esteve limitado pela máscara de rosto. Seus olhos eram quem revelavam o sorriso, mas vê-lo era ainda mais... Como se diz...
  Droga, não havia palavra certa para descrever.
  - Obrigado - ele disse. - Por não se afastar.
  Ele se inclinou e seus lábios colaram suavemente à sua testa. Você suspirou. Misteriosamente, ele parecia mais bonito naquele dia em particular. Parecia mais confiante. Você sorriu e lhe devolveu o beijo, porém na bochecha.
  Ele devolveu o gesto e se afastou, erguendo a máscara e baixando o boné sobre os olhos.
  - Depois de amanhã - ele disse. - Eu a verei no ônibus novamente?
  Você franziu o cenho. Estava prestes a perguntar "Por quê não amanhã?" mas logo de deu conta de que amanhã seria domingo afinal.
  - Ah, sim. Sim, você verá.
  Ele sorriu ainda mais alegre, fazendo os olhos diminuírem até tomarem a forma de meras linhas de expressão. Nanjoon suspirou seu nome, fazendo-a estremecer, e se foi, despedindo-se com um aceno exagerado antes de sumir na multidão.
  Seu celular começou a vibrar e a tocar com o ringtone da Samsung. Você estremeceu.
  - Alô?
O médico a cumprimentou do outro lado da linha e você engoliu em seco. Teria acontecido algo de errado?
  - Seu irmão...
  - Eu vou pagar! - você disse rapidamente. - Eu vou pagar pela transferência, não precis...
  - Senhorita - ele a interrompeu. - Esse é o problema. A transferência do seu irmão já foi paga.

- Seu irmão foi transferido para nossa filial aqui em Seul, alguns quarteirões ao lado da escola próxima à cafeteria. Conhece?
  Você concordou. Era lá que você estudava.
  Estava no hospital, frente à frente com o Doutor, observando o vai e vem dos pacientes com o coração agitado. Alguém tinha pago a transferência. Alguém que sabia disso. E só haviam três pessoas assim.
  A não ser que certa pessoa fosse mais talentosa em descobrir informações do que você imaginava.
  - Quem pagou... Deixou algum recado ou identificação?
  O médico franziu o cenho.
  - Você não sabe? - Você negou e ele prosseguiu: - Bem, quando eu cheguei a transferência já havia sido paga. Foi informado de que o indivíduo pagou extras para que a transferência fosse para um lugar nas proximidades e com transporte gratuito para o responsável pelo paciente durante todo o processo de recuperação do jovem.
  Você deixou a mandíbula cair e respirou fundo. Quem poderia fazer algo tão exagerado? As únicas pessoas não batiam com as três da primeira suspeita.
  O que estava acontecendo?
  - Tem certeza que não há sequer uma suspeita ou vestígios de quem senão benfeitor? - você insistiu.
  O médico sorriu e apoiou a mão em seu ombro.
  - Eu realmente não sei quem é e não há qualquer informação sobre essa pessoa, mas você deve estar profundamente agradecida agora.
  - Estou. Estou tão agradecida que mal consigo respirar.
  O médico riu e se despediu, indo atender o próximo cliente. A partir deste dia, você não precisaria mais ir à este hospital, mas à outro muito mais próximo. Poderia ir à pé da escola ao hospital assim como poderia ir com o transporte da filial a partir de sua casa. Tudo soava como um sonho. Como um programa televisivo e você fosse a personagem principal.
  Mas, de certa forma, tudo também parecia a famosa calmaria antes da tempestade.
  Você estava feliz.
  Estava agradecida.
  Era o melhor dia desde sempre.
  Mas, então, por quê estava tão apreensiva?


Jungkook colocou o casaco fino sobre o pijama com o qual tinha dormido e segurou a bandeja na cozinha. Tinha cozinhado para Yoongi como costumava fazer quando mais jovem e esperava, sendo Yoongi um rapaz um tanto solitário, que ele aceitasse. Tinha percebido após ter visitado o vizinho com sua companheira de turma que seu hyung precisava de um pouco de... Motivação... Motivação para se abrir mais com as pessoas.
  Ele equilibrou a bandeja e saiu de casa, sendo recebido por olhares das vizinhas do outro lado da rua, como sempre, apoiadas nas janelas e sempre dispostas a acenar. Jungkook se encolheu e passou correndo pelo caminho, descendo as escadas ao subsolo, até a casa de Yoongi.
  Ele bateu na porta.
  - Oh, hyung! - ele gritou. - Yoongi-hyungnim! É o Jungkook!
  Ele suspirou e empurrou a porta.
  Estava aberta.
  Jungkook olhou ao redor. Que estranho. Yoongi era sempre tão conservador sobre deixar a porta destrancada, afinal, apesar de ser um lugar quase impossível de se encontrar de tão discreto, Yoongi não gostava sequer de imaginar desconhecidos se aproximando de sua moradia.
  Ele entrou.
  - Hyung? - ele chamou fechando a porta atrás de si. - Hyung, onde você está?
  Ele olhou a sala. A cozinha. Passou um por um entre os cômodos até chegar no quarto.
  - Hyung, você está b...
  Ele perdeu a fala.
  Suga não estava em casa, mas o computador estava ligado e as partituras de piano jogadas pela cama, caindo sobre o piso. Jungkook suspirou. Ele devia ter saído e deixou a porta destrancada. Nada demais.
  O maknae se agachou e se dispôs a colher todas as folhas. Yoongi não gostava de ter as partituras arrumadas porque, como ele mesmo dizia, era uma organização desorganizada da qual ele tinha conhecimento da localização de todas as partituras mas... Bem, Jungkook não era um bom ouvinte.
  Enquanto arrumava o quarto, uma das partituras - uma de Mozart, mas especificamente - escorreu de suas mãos e foi parar de baixo da mesa do computador. Jungkook deu a volta na mesa e se agachou para pegar a folha, então se levantando e, sem querer, olhando para a tela do aparelho, brilhando em azul.
  PAGAMENTO EFETUADO.
  Jungkook franziu as sobrancelhas. Sabia que Yoongi não saía muito de casa, portanto, o computador era um de seus únicos contatos com o mundo exterior. O que teria ele comprado desta vez?
  Jungkook se debruçou sobre a mesa para ler a página.
  HOSPITAL DE SEUL E SUAS FILIAIS
  E então um mapa, um comprovante de pagamento, uma lista de termos e condições... Yoongi tinha algum parente doente? Jungkook continuou procurando.
  Notificação.
  ELA ESTÁ INDO PARA A CAFETERIA.
  Jungkook clicou na notificação com o mouse. Yoongi estava perseguindo alguma garota? Quem seria? Ele quase não saía de casa... A página que abriu foi uma estranha. Uma página cinza como uma espécie de google chrome para hackers. E então várias imagens, todas de vários pontos da cidade e até mesmo de locais públicos. Uma sala de aula, um pátio, o interior de uma lanchonete, um restaurante...
  - Meu Deus...
  Jungkook se levantou e caminhou tão afobado que esbarrou na bandeja sobre o chão.
  E então a porta se abre.
  Yoongi se apoiou da lateral da porta e suspirou, a expressão parcialmente cansada, os olhos cheios de olheiras.
  - Olha quem o gato encontrou em seu esconderijo.


  Você estava novamente na cafeteria onde costumava trabalhar. Estava sentada ao lado de Jimin e Hoseok, sendo observada novamente pelas clientes que iam até o estabelecimento apenas pelos rapazes. Tinha sentido falta daquilo, daquele cheiro constante de café, da companhia de Jimin, dos olhares invejosos e, principalmente, do café grátis. Alguns passavam por perto de você apontando e insinuando o comercial de carros.
  Você abaixou a cabeça.
  - Sabe - disse Jimin - Acho que você deveria começar a andar por aí com máscara facial, óculos escuros e boné como aquelas celebridades que acham que estão sendo discretas quando, na verdade, estão anunciando que são celebridades?
  Você não segurou o riso.
  Agora você se sentia mais estúpida ainda.
  Hoseok estalou a língua num gesto de desaprovação.
  - Seja como for - ele disse. - Ela é uma estudante ainda e vai agir como tal... Não é?
  Você concordou, mas Jimin desfez das palavras de Hoseok como se fossem besteira.
  - Repita isso quando for famoso... JHope.
  Hoseok enrubesceu.
  - O que foi? Você não contou para ela?
  - O quê? - você indagou, voltando seu olhar para Hoseok. - Tem algo à me contar?
  Hoseok afogou o rosto nos ombros, encolhendo-se como uma tartaruga envergonhada ao enrubescer. Jimin riu e apoiou o braço nos ombros do amigo.
  - O Hobi aqui passou na audição de verão Da faculdade.
  Você arregalou os olhos e se voltou para Hoseok com um sorriso enorme no rosto, rezando para que o dia não piorasse subitamente. Estava tudo tão perfeito...
  - Seokie! - você exclamou batendo na mesa por estar longe o suficiente para não conseguir abraçá-lo. - Meu Deus, por quê você não me contou? Parabéns, oppa!
  - O Jimin também passou. - Hoseok delatou.
  Você encarou Jimin com os olhos desacreditados, não por esperar que ele não fosse passar, óbvio, mas pelo garoto não ter falado isso primeiro. Ainda mais ele, tendo tanto amor próprio.
  - Park Jimin!
  - Oi.
  - Como raios você não me contou? Por quê vocês estão tão encabulados hoje?
  Eles se entreolharam e sorriram. Você não resistiu e acabou sorrindo também. Os sorrisos daqueles garotos eram o tipo de expressão facial que poderia mover o mundo caso quisessem, mas isso não acontecia porque eles eram modestos demais para algo tão exagerado.
  - Nós - começou Hoseok. - Não acreditamos na hora.
  Jimin concordou.
  - O Hobi chorou o tempo todo.
  - Chorei não.
  - Chorou sim.
  - Você chorou mais.
  Jimim enrubesceu.
  - O-O quê? Você tem problema?
  Você os assistiu debaterem como se fossem crianças tendo uma briguinha por um brinquedo esquecido.
  Eles estão rindo tanto.
  Estavam tão bem...
  E então você começou a chorar.
  - Ai meu... Tá vendo o que você fez, seu cavalo?
  - Não fui eu, foi você!
  - Por quê está chorando? - Jiminz indagou.
  Você respirou fundo.
  Foi algo tão súbito, um calafrio, um medo que se passou pela sua mente e alcançou seu peito. Você tinha imaginado em pensar algo como aquilo muitas vezes desde quando conheceu aqueles dois, mas nunca imaginou que fosse doer tanto.
  - Eu... - você começou. - Digo, quantos anos vocês têm agora?
  - Por q...
  - Eu estou do lado de vocês dois por dez anos ou mais e eu sempre achei que um dia fôssemos nos separar como naqueles filmes de drama em que os melhores amigos sempre se afastam por motivos da vida mas aí... Aí vocês ficaram. E ficaram tanto que agora, com Hoseok prestes a se tornar artista e você, Jimin, à ponto de estar em todas as televisões da Coréia...
  Você não aguentou e acabou desmoronando, apoiando os cotovelos na mesa e respirando rapidamente, desesperamente, como que com falta de ar.
  Jimin suspirou e Hobi se aconchegou na cadeira para ficar mais perto de você e envolvê-la num abraço que poderia fazê-la cuspir seu pulmão pela boca.
  - Nós não vamos nos separar - disse ele. - Prometo.
  - Eu também. - repetiu Jimin descansando mais levemente na cadeira em que se encontrava. - Sabe, esse tipo de preocupação é compreensível quando se é criança e dependemos dos pais para sabermos o nosso lugar na terra, mas agora somos adultos e podemos arranjar mil jeitos de nos encontrarmos mesmo sem que você queira.
  Você riu.
  Jimin tinha razão. Era só um medo bobo. O máximo que poderia acontecer era que eles mudassem um pouco seu jeito e a forma de pensar, mas nunca iriam deixá-la.
  - Vá - disse Hoseok. - Vai limpar esse rosto. Quero que você volte aqui com um sorriso bonito igual ao de antes, ok?
  Você concordou, fungando com um sorriso encabulado no rosto enquanto se levantava e se dirigia ao banheiro feminino com a bolsa dependurada nos ombros.
  Uma garota que retocava a maquiagem a cumprimentou com a cabeça antes de sair e você começou a lavar o rosto, mas o vermelho ao redor dos olhos continuava muito evidente. Você respirou fundo e recolheu o papel para limpar o rosto, impulsionando-o contra a face úmida.
  E então o som da porta se abrindo.
  Você tirou o papel do rosto, mas, antes que pudesse jogá-lo fora, uma mão envolveu seu pescoço, fazendo-a olhar para longe do espelho. Você tentou gritar mas o desconhecido tapava-lhe a boca rudemente, até mesmo tentou morder o sujeito mas ele precionava um tecido contra seus lábios e nariz. Você estendeu os braços para trás, tentando ao menos alcançar o rosto do desconhecido e saber quem era.
  Mas aí você já estava apagada.
  E o escuro era tudo o que você podia ver.

*Sujeo - "Pauzinhos", talher coreano.


Notas Finais


Bang!


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