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História - leonard mccoy gets some - - único -


Escrita por: _littlethay

Notas do Autor


1. escrevendo spones porque essa é a alma de uma multishipper <3
2. não traduzi "bones" pra "magro" apenas por motivos
3. tenho problemas com capas de fic (preguiça), então me desculpem ~
4. mt amor por esses dois, então espero que gostem <3

Capítulo 1 - - único -


As ocasiões em que os tripulantes da Enterprise podiam sair para fazer o que lhes desse na telha eram poucas, mas quando surgiam para jogo, eram muito bem aproveitadas. O capitão estava animadíssimo para sair e beber, tamanha a adrenalina que vivenciou durante a última missão. Não só ele com 90% da tripulação, também no mesmo estado de euforia. É claro que aquele que vos fala não se incluía na porcentagem, esse estava só exausto, cansado, de saco cheio e todos os sinônimos de “em estado de miséria” que existem no dicionário. Leonard Mccoy não se atreveu a por os pés para fora da nave, só com a lembrança de todo o trabalho que teve com gente negligente (Jim Kirk) que ao invés de querer ser trabalhador comum na terra, não, queria sair pelo universo em busca de perigo – mas que direito ele tinha para falar, não é mesmo?

Além dele, também ficara para trás o comandante preferido da federação - se brincar da galáxia. Seus devaneios com certeza o atraíram, pois no caminho para a enfermaria deu de cara com o bendito. Mccoy não fingiu simpatia, uma vez que suas feições estampavam uma carranca permanente de quem comeu e não gostou. Spock – surpreendentemente - não mexeu um músculo, sempre com aquele olhar de peixe morto. Acenou com a cabeça para o comandante cordialmente, recebendo o mesmo gesto como resposta.

Mesmo parado sem falar nada o sujeito já lhe irritava. Ao raio que o parta, também! Só queria um pouco de paz, finalmente um instante mísero de silêncio naquele antro de oficiais hiperativos (é de você mesmo de quem ele está falando, Jim). Pela primeira vez em quase quatro anos, agradeceu aos céus pela natureza calada do outro.

- Doutor?

Você só pode estar de brincadeira.

- O que é, Spock?

- Gostaria de jogar uma partida de xadrez?

Vários segundos de silêncio se passaram, as reticências podiam ser apalpadas no ar sobre suas cabeças. Mccoy estava tendo um momento de impasse interno, porque 1. Spock o odeia. 2. Spock nunca convida ninguém para nada. 3. Spock o odeia. Então a que conclusão ele devia chegar?

- ....Eu suponho que...

- Não é uma ideia ruim, Spock, é só muito estranha.

- Estranha?

- Sim, você nunca me convidou para jogar xadrez.

- Pareceu um pensamento conveniente uma vez que estamos fora do turno de trabalho, e o capitão desceu.

Oh, claro. Jim não estava aqui para cuidar do duende de sangue verde, então sobrara pra mccoy fazer o serviço. Em todo o caso ele podia recusar, sim sim, era o que faria.

- Obviamente você não está dispost-

- Não! Vamos jogar!

No impulso, acabou aceitando jogar xadrez com o computador andante. Vai saber, talvez não seja tão ruim assim. O outro não falhava em desencadear as reações mais inesperadas de si, revoltante. Por Deus, o que fizera para merecer esse martírio. Seguindo o vulcano quarto adentro, não pôde deixar de reparar em sua postura impecável e suas mãos sempre posicionadas atrás das costas – lembrando até um pombo de peito estufado, cheio de si.

Logo em seguida, seus olhos voaram para a harpa (era harpa sim, sem discussão) posicionada na cabeceira da cama. Cada milímetro do quarto estava intocado, nenhuma só agulha fora do lugar. Chegou a irritante conclusão que o senso de ordem do vulcano era de dar inveja, se tinha uma coisa que ele prezava era ordem. Quando as situações permitiam, é claro.

Spock se sentou de um lado do tabuleiro, fazendo um gesto com a mão para que Mccoy se sentasse também. O silêncio, no entanto, podia ser cortado com o disparar de um phaser defeituoso. E assim começaram a jogar.

Demorou menos de 15 minutos para Spock derrota-lo. Oh, tinha esquecido completamente. Era um médico, não um vulcano que baseava toda sua existência em lógica. Olhou para o outro, e acredite, para olhos alheios podia parecer que Spock não tinha piscado um cílio que fosse, mas Mccoy sentiu o cheiro de satisfação de longe. Começaram a segunda partida, dessa vez tentou focar-se totalmente no jogo, mas ainda assim perdeu com um pouco mais de 15 minutos. Diabo! Estava começando a se incomodar com a situação, mesmo que fosse completamente compreensível o fato de estar perdendo para ele,  não conseguia não ficar furioso; se brincar estava até vermelho nas bochechas.   

E nessa dança foram quatro, cinco, seis partidas.

Ah, mas ele só podia ter feito de propósito. Tudo para sentar ali e lhe encarar com aquelas orelhas irritantes e aquele olhar de peixe morto que lhe tirava do sério. O porque de ter aceito a proposta de Spock estava além de seu conhecimento. Por que, meu deus?

- Algum problema, Doutor?

- Spock, você fez isso de propósito, não é?

- Eu falho em compreender o sentido-

- Se você sabia que eu não podia te derrotar no xadrez e mesmo assim me convidou, só posso ver um motivo: tirar uma com a minha cara.

- Eu não tive essa intenção.

-  Pode ir tirando essa máscara porque a mim não engana, claramente você tem a vontade humana de tirar uma com a cara dos outros, né, Spock?

- É desnecessário me insultar, doutor, eu já disse que-

- Você não me engana, Spock. Por que outro motivo você me convidaria pra jogar xadrez? Você nem gosta de mim!

- ...

O que era aquele silêncio? Ele não sabia lidar com essa situação, nem o olhar de sabe-tudo do vulcano estava à vista. Tudo o que Mccoy podia enxergar eram os olhos quase humanos do outro o fitando como quem quer invadir-lhe a alma. Era perturbador, e sentiu de repente como se sua pele estivesse cozinhando sob a pressão daquele olhar.

- Leonar-

Sem perceber, tinha se lançado para o outro lado da mesa como um foguete (um viva ás velhas referências) e tapado a boca de Spock com a mão. Com a sobrancelha arqueadíssima, ele permaneceu parado como uma estátua de mármore com um mccoy dependurado sobre si.

Estava delirando, só podia. Pensava ter ouvido seu primeiro nome ser pronunciado na voz grave do vulcano (se ele pensara ser monótona alguma vez na vida, estava começando a revisar), imagine a loucura. Nunca que Spock diria algo como aquilo, era mais fácil ele se fantasiar de bobo da corte e fazer palhaçadas para a tripulação na ponte do que chama-lo pelo nome. Bem, pensando melhor, talvez não.

Pior do que isso só se ele o chamasse de “Bones”.

Só o pensamento fez sua pele, que se há alguns minutos estivera cozinhando, agora tinha entrado em combustão instantânea. 

- Seja lá o que você ia falar, Spock, esqueça. – falou o moreno, com os olhos azuis arregalados.

Spock permaneceu imóvel, provavelmente se recusava a falar qualquer coisa enquanto a mão do moreno não descobrisse sua boca. Suspirando mentalmente, ele removeu-a, só então percebendo o estado de inexistência a que se resumira seu espaço pessoal; daquela distância podia contar quantos cílios Spock tinha, se quisesse. Com um súbito solavanco para trás, Mccoy se postou a alguns metros do outro, quase tropeçando por sobre a mesa no processo.

- Eu acredito que seja mais prudente você se retirar, doutor.

Agora ele o queria fora? Quem esse duende pensava que era?

Spock ficou ali, parado, olhando-o como o maldito vulcano que era, lhe incomodando até o último fio de cabelo. Com o passar do susto inicial, a curiosidade atingiu-o com uma flechada.

- Spock. – soltou, numa golfada de ar. – o que você queria me dizer?

Spock o encarou pelo que pareceram horas, até finalmente abrir a boca para falar.

- SR. SPOCK!

Alguém gritou do outro lado da porta, com a voz alarmada. Prontamente, Spock se dirigiu até ela e ordenou que se abrisse, revelando um Chekov de olhos esbugalhados.

- O que aconteceu, homem de deus? – Mccoy perguntou.

- É o Capitão. Ele bebeu demais. Fui procurar o senhor na enfermaria, mas não estava lá, então eu pensei na segunda melhor opção.

Spock (obviamente) arqueou a sobrancelha, esperando que o jovem oficial continuasse.

- Ele meio que desmaiou.

Aposte em Jim para lhe dar trabalho – se duvidar todos os cabelos brancos existentes na cabeça do médico foram causados pelo capitão. Com um suspiro e uma olhada de canto de olho para Spock, Mccoy fez um sinal para que Chekov o acompanhasse até o local onde o desvairado jazia desacordado.

Sua vontade era de deixa-lo lá, para ver se aprendia a lição de uma vez por todas. Uma pena que, inteligente como era, Mccoy já sabia ser perca de tempo tentar enfiar algum  juízo na cabeça do loiro.

A medida que se distanciava, entretanto, não pôde deixar de sentir o olhar impassível de Spock perfurando-lhe as costas.

-x-

 Simplesmente perfeito. Estar preso dentro de uma caverna em um planeta desconhecido com um duende de sangue verde que só sabia murmurar “fascinante” para qualquer coisa que parecesse perigosa e mortal era simplesmente perfeito. Mccoy estava muito velho para isso, nem sabia porque ainda se sujeitava. Olhou para o outro lado da toca escura, minimamente iluminada pela luz da lua azulada do planeta, onde o outro permanecia sentado em posição de lótus sem se mexer um milímetro. Em circunstâncias normais Mccoy não se incomodaria, era de conhecimento comum a meditação ser costume em seu planeta natal; o problema era que Spock estava com os olhos abertos. O médico estava lhe observando há bastante tempo e não vira o maldito piscar uma vez sequer.

A visão era perturbadora.

Ainda por cima, o moreno tinha a sensação de estar dentro de um cubo de gelo. O frio dentro da caverna era crescente.

- Spock, você está vivo aí?

O silêncio mórbido que se seguiu condizia com o olhar distante do outro encarando-o assustadoramente.  O moreno levantou-se de supetão, soltando pelas narinas um som agudo de descontentamento, arrastando os pés até a entrada da caverna. Nem dois segundos se passaram até ouvir a voz – quase irritada – de Spock.

- Doutor, o que está lhe incomodando?

- Eu quero saber quanto tempo mais até a Enterprise nos tirar daqui. – olhou para o outro por sobre o ombro, esfregando as mãos no uniforme azul em uma tentativa de aplacar o frio. – Além disso, você está me dando arrepios.

- Por que?

- Por Deus, Spock, você fica sentado aí me encarando com os olhos abertos opacos, como se sua alma tivesse escapado pelas orelhas e-

- O conceito de alma é extremamente sub-

Um grito interno de desgosto.

- Spock, eu não estou interessado no conceito subjetivo de alma.

Podia ser imaginação, mas teve a impressão de ver as narinas do vulcano se expandirem num rufar. Como se ele estivesse irritado com o moreno.

O pensamento o fez gargalhar.  

- Qual é a fonte da comicidade, doutor?

- Uai, Spock, ás vezes esqueço que você é metade humano.

- Eu estava meramente evitando me aprofundar na meditação mais do que o necessário, visto que não estamos em um ambiente totalmente seguro.

- Sei. – Mccoy se aproximou dele, sentando-se ao seu lado. – Quanto tempo até nos tirarem daqui?

- Fazem 20.8 minutos desde a última mensagem do capitão, você vai precisar ter mais paciência.

- Está congelando aqui. – Resmungou, se encolhendo.

Mccoy sempre considerou Spock um ser imprevisível, mas o que veio a seguir não passaria como possibilidade para ele nem em um milhão de anos. Sentiu os braços do vulcano se enroscarem ao seu redor.

- Spo-

- Estou dividindo calor corporal, doutor, você melhor do que ninguém devia saber que é apenas lógico. – cortou Spock. – Apesar de, por ser vulcano, conseguir regular minha temperatura corporal em alguma extensão, eu sei que o mesmo não vale para humanos.

O médico sinceramente estava tendo dificuldade em prestar atenção no monologo do comandante, visto que só conseguia focar na sensação do corpo do outro colado ao seu. Spock tinha razão, era apenas lógico, mas não conseguia ignorar o desconforto que sentia dentro do peito – por mais estranho que parecesse, não repudiava o contato.

Com lembrança distante da última vez que alguém o abraçara por tanto tempo o assombrando de repente, se remexeu desconfortavelmente ao lado de Spock. Sim, era isso, não sentia-se bem com o abraço por causa do vulcano, era simplesmente uma reação humana à falta de contato que ele vinha vivenciando por quase 4 anos na Enterprise. A vida no espaço podia ser bem solitária. Ao contrário do capitão, Mccoy estava muito velho para sair em noitadas atrás de alguma alma igualmente carente.

Espiou Spock pelo canto do olho e pegou-se devaneando sobre a sexualidade do vulcano. O único relacionamento amoroso em que vira o comandante envolvido foi com a tentente Uhura, mas já fazia bastante tempo. Não pôde deixar de questionar - ali com seus botões - se Spock também pendia para outro lado que não a heterossexualidade. Infelizmente, era médico, não adivinho. Nessa trilha de pensamento, acabou indo parar em um lugar perigoso onde a imaginação reinava. Como será que Spock se portava na cama?  

Pela visão periférica conseguia perceber o maxilar marcado de Spock, que voltara a fitar a parede da caverna como se quisesse fazer um furo na estrutura rochosa usando a força da mente. Era seguro dizer que vulcano nunca foi de se jogar fora, as mãos por si só eram bem excitantes: grandes e esguias; observá-lo trabalhar era sempre agradável. Olhou para um pouco abaixo de sua cintura, onde repousava a mão pálida.

Diabos, estava começando a querer pular em Spock ali mesmo. E não era para esganá-lo como de costume.

Como chegou a esse nível de carência, Mccoy estava tendo dificuldades em entender. Por predestinação ou não, lembrou-se da conversa que tiveram duas semanas atrás durante o jogo de xadrez  mais embaraçoso do qual já participou, quando Spock tentou pronunciar seu primeiro nome – naquela voz que geralmente o irritaria, mas que agora só lhe causava sensações estranhas.

Com uma coragem que ele nem sabia que tinha, soltou:

- O que você queria me dizer naquele dia do jogo de xadrez, Spock? – percebeu que seu hálito já se tornara visível no ar congelante do lugar. A lua azul brilhava cintilante pelas frestas das rochas negras que os rodeavam.

- Eu me recordo. No dia em que você se comportou como uma típica criança pela minha tentativa de lhe chamar pelo nome?

Confie em Spock para destruir qualquer grão de simpatia que o médico nutrira por si nos últimos trinta minutos. O que esperar de um computador andante, afinal. Furioso, Mccoy se afastou do Vulcano pronto para brigar.

- Pois fique sabendo que eu não quero você dizendo meu nome como se fossemos íntimos!

- Como médico, você devia agir profissionalmente, não como um adolescente sem controle das próprias reações.

- Olha quem fala! Você pode tentar me enganar com essa pose de Sr. impenetrável, mas  eu já te vi perder as estribeiras, e não é uma visão bonita. – estreitou os olhos. Sabia que estava provocando o vulcano além da conta. Apesar de não parecer, Spock podia parti-lo em dois se quisesse; e apesar de cansado, o médico ainda queria viver mais alguns anos.

Como quem lê mentes, Spock se levantou. Imediatamente, Mccoy se postou em posição de briga, os punhos cerrados frente ao corpo e as pernas separadas em “V”. Ele podia perder, mas não sem antes lutar.

 

Mas tudo o que se seguiu foi o comportamento estranho – mais do que normal - de Spock, que de repente se retraiu, olhando para fora da caverna com as orelhas em pé.

- Tem alguém se aproximando dessa caverna.

Isso foi o suficiente para ligar o modo alerta do moreno, que logo correu para o lado direito do outro afim de ficar frente a frente com a entrada do lugar.

No silêncio que se seguiu, o comunicador no bolso do comandante tocou.

- Spock? Você está aí?

- Afirmativo, Capitão.

- O teletransporte voltou a funcionar. Subindo vocês agora mesmo.

E não sem antes enxergar de relance as sombras das figuras as quais Spock mencionou, Mccoy sentiu suas moléculas se separando.

-x-

Três semanas após o ocorrido, Mccoy voltara a sua rotina de médico chefe atarefadíssimo. Estava de muito bom humor, já que as três últimas semanas foram de paz e sossego. Sem Enterprise pegando fogo, gente correndo de um lado para o outro, morte eminente e, principalmente, sem oficiais a beira da morte entrando pela porta da enfermaria.

Mesmo assim, o médico chefe ainda tinha lá suas obrigações como cientista a bordo da nave. No final das contas sempre sobrava para Spock e ele a missão de solucionar os mistérios envolvendo descobertas de antídotos, por exemplo. O Capitão mais uma vez se metera em problema, vítima da reação alérgica a uma substância encontrada no último planeta que visitaram. Pelo que pôde constatar, o capitão era o único afetado pela tal, mas até aí nenhuma surpresa. Jim tinha a facilidade assustadora para colecionar alergias.

Por sorte, a reação alérgica não tinha teor violento, apenas sintomas de uma gripe normal. Jim insistiu em trabalhar, e foi o que e fez; Mccoy podia ouvi-lo espirrando nos controles de comando de onde estava. Pense em um sujeito teimoso, resmungou internamente o moreno.

Do outro lado da sala estava Spock, com os olhos vidrados no microscópio. Mccoy não pôde deixar de observa-lo, principalmente as mãos, que só se mexiam para ajustar a lente do aparelho. A memória delas enroscadas ao redor de si voltaram como um flash, e para espantá-la, balançou a cabeça como um cachorro saído do banho. Assim que voltou o olhar para o Vulcano mais uma vez, deu de cara com os olhos sérios lhe encarando firmemente.

Projetou a cabeça para trás em puro reflexo, surpreso.

- Você está bem, doutor?

- Sim, Spock, estou bem.

Calmamente, Spock retirou as amostras do microscópio e as trouxe até si, discursando – tagarelando – sobre as propriedades do material, claramente vangloriando-se acerca das observações. Mccoy, quase automaticamente, armou sua melhor cara de deboche, erguendo o braço para receber a amostra nas mãos.

Seus dedos tocaram os do outro no processo, e pego de surpresa, não pôde deixar de perceber que as bochechas de Spock ficaram levemente esverdeadas. Sem entender, Mccoy postou a amostra no frasco e chamou a enfermeira Chapel, pedindo para que ela a administrar-se no capitão e ignorasse qualquer tentativa de se livrar do remédio que o loiro inventasse.

Quando virou-se para dispensar o comandante, viu que ele ainda olhava para a parede a sua direita, com as bochechas ainda um pouco verdes. Mas o que diabos tinha dado no duende dessa vez? Pensou em obriga-lo a se sentar e ser examinado, mas uma epifania lhe atingiu como um meteoro. Os dedos de um Vulcano eram extremamente sensíveis ao toque, sendo possível que através deles exista até uma conexão telepática. O toque de dedos tinha natureza íntima para a espécie.

Ele tinha beijado Spock em linguagem vulcana.

Sentiu as bochechas esquentarem.

- O que foi, Spock? Assim fica parecendo que você nunca beijou antes.

As pontas das orelhas do comandante se esverdearam em segundos, suas narinas se alargando e os punhos cerrando ao lado do corpo.

- Doutor, eu peço que não me provoque.

Mas Mccoy já estava com um sorriso estampado na face, os olhos azuis brilhando de satisfação.

- Uh, se eu não te conhecesse diria que você está enver-

Quando percebeu, estava encurralado pela figura agitada de Spock a centímetros de si.

- Você só falhou em recordar um fato, Dr. Eu sou metade humano. – falou, com o rosto  perto do seu, perto demais. Ele estudou a boca do médico com os olhos, deixando suas intenções claras. Essa era a hora de empurrá-lo e gritar com ele, jogar a prancheta na face presunçosa, mas Mccoy permaneceu parado dolorosamente consciente do corpo firme dele junto ao seu.

Quando a boca do outro se juntou a sua de repente, ele ainda foi pego de surpresa. Os braços se fecharam como vigas ao seu redor, e como resposta, o moreno subiu as mãos pelos braços do vulcano, suspirando alto demais ao sentir a língua quente dele se enroscar na sua. Por deus, tinha enlouquecido! Era tão bom ficar ali, não queria que os segundos passassem. As mãos – enlouquecedoras, sim – se insinuaram para sua bunda, apertando-a com vontade. Mccoy não pôde segurar o grunhido de prazer que escapou para dentro da boca alheia. As mãos desceram inquietas até suas coxas, e quando deu por si, estava sentado sobre a mesa. As mãos do médico, por outro lado, jaziam enroscadas nos cabelos milimetricamente cortados em formado de “V” da nuca de Spock, por vezes descendo até a gola do uniforme azul.

Seu corpo queimava como há muito tempo não fazia, entrando praticamente em combustão quando a mão grande de Spock pressionou sua virilha, mandando uma corrente de deleite por cada extensão de pele. O som do zíper se abrindo era quase surreal, tornando a sensação de sentir a mão quente de Spock o engolfando ainda mais prazerosa. Mccoy não conseguiu se conter e separou a boca do outro, afim de abri-la num “O” perfeito ao se pegar sob os efeitos de ter seu ponto  mais erógeno estimulado.

No automático, enquanto sentia-o beijar-lhe o pescoço, o moreno insinuou uma das mãos até braguilha da calça do outro. Não queria admitir nem dentro da própria mente, mas estava louco para senti-lo entre os dedos.

- Fique a vontade, Dr. – sussurrou Spock em seu ouvido.

O rosto do médico deve ter girado entre uns cem tons de vermelho no intervalo de dois segundos, quando a segunda epifania lhe atingiu: vulcanos eram malditos telepatas. Que traiçoeiro, Spock, que traiçoeiro – gritou alto internamente para que ele ouvisse.

Mais uma vez, os xingamentos se perderam embaralhados num mar de sensações quando voltou a sentir a mão dele pressionar-lhe a base do falo. Ainda se agarrando aos ombros do outro como se estes fossem sua única ligação com a sanidade, usou a mão livre para voltar à missão de tocar Spock, sentindo o falo rijo junto ao cheiro forte de seu sexo. Instantemente se sentiu mais excitado do que nunca – se brincasse teria gozado ali mesmo. Nem sabia como manejara não fazê-lo.

Spock lhe soltou de repente, juntando mais uma vez seus torsos. Por um momento ínfimo pensou em protestar, mas logo entendeu seu objetivo quando sentiu o maravilhoso roçar – num ritmo que estava lhe matando vagarosamente de prazer. Soltou outro grunhido, incapaz de se controlar, sendo presenteado em seguida pela respiração pesada do comandante ao pé de sua orelha. Iria implodir ali mesmo, teve certeza.

Mal realizou o ritmo acelerado que tinha se instalado entre os dois corpos, quando sua visão esbranquiçou com uma força extenuante; e parecia até que ele estava ali gozando pelo que pareciam eras. As mãos grandes de Spock permaneciam enterradas em suas ancas, como que grudadas, enquanto a ponta de sua orelha fazia cócegas na bochecha do homem mais satisfeito a bordo da Enterprise – ele mesmo, Leonard Mccoy.

-x-

- Você acha que vai funcionar? – murmurou Jim, deitado na cama em seus aposentos.

A enfermeira Chapel circulava por ali, deixando a bandeja com a injeção a ser administrada sobre a mesa de cabeceira.

- Fofocar não vai livrá-lo de cuidar da saúde, capitão.

- Eu sei que não, - pausa - mas você acha que funcionou? – continuou Jim, agitado.

- Eu não sei, mas acredito que as chances são boas. – sussurrou Chapel, mesmo que não fosse necessário uma vez que ninguém os ouviria de qualquer forma.

- Não aguentava mais os dois dançando ao redor um do outro. E quando Spock veio até mim confuso, sem entender dos sentimentos do coração. Foi tão fofo, tão Spock. – tagarelou o capitão, gesticulando com as mãos. – É claro que eu tinha que fazer algo, é meu dever como capitão. Então eu pedi para que Spock chamasse o Bones para um encontro – pausa para gargalhadas – e a ideia brilhante foi um jogo de xadrez, você imagina?

- Imagino – disse simplesmente a moça, com um sorriso divertido nos lábios.

- Depois disso Spock não quis mais saber dos meus conselhos, mas quem não me conhece que me compre, certo? Até parece que eu ia desistir. E não é como se eu não tivesse percebido o comportamento do Bones, sabe. Ele não me engana, somos amigos há anos. – continuou o loiro, com um fôlego infinito.

Enquanto isso, Chapel preparava a injeção com uma calma que faria inveja a Buda.

- É claro que não estava nos planos pegar uma alergia de verdade, eu acho que é só a minha sorte – risos nervosos – mas o destino nunca falha, certo?

Chapel já estava ao pé da cama, encarando-o de cima. Um espirro escapou e imediatamente foi amaldiçoado pelo loiro acamado.   

- Hm, você tem certeza que não quer ouvir o resto da história? – disse Jim, apreensivo.

- Sim, capitão, ao contrário do que pensa, o senhor não é a única pessoa observadora dessa nave.

E então Jim Kirk recebeu a recompensa por seu admirável altruísmo.

 

 

 

Fim.    

 


Notas Finais


porque eu super imagino o spock jogando a bola pro bones HAHAHA


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