História Little Bunny - 02.

Baekhyun.

– Oi, Baekhyun.

– Kai?

– Quem mais poderia ser? – O moreno sorriu. – Cheguei em uma má hora?

– Não, não.. – Sorri.

Era uma surpresa e tanto. Não esperava vê-lo depois de tanto tempo.

– Então, Byun, não vai me convidar para entrar?  – Perguntou. – Essa não é a educação que eu te dei.

– A, sim. – Ri. – Me desculpe, mamãe. – Mostrei a língua. – Entre, sinta-se a vontade e, por favor, não ligue para a escada de bombeiro que esqueceram no sofá. – Pisquei brincalhão.

– Pode deixar, estou acostumado a ver escadas de bombeiro. – Riu. – Vejo uma toda vez que acordo e me olho no espelho. – Deu de ombros. – Mas sou uma bem menor, é claro.

– Sim, sim. Sei disso.

Sorri e dei passagem para que entrasse no apartamento.

– Uau, Baekhyun. – Colocou a mão sobre os lábios. – Não sabia que a escada era tão grande assim. – Sorriu em direção ao alfa sentado.

– Mais uma e eu te bato, engraçadinho. – Alertou. – Fala de mim, mas é igual.

– Desde quando tenho dois metros de altura? Não me lembro disso não. – Pareceu pensativo. – A, é, nunca tive dois metros. – Sorriu. – Pelo menos eu passo na porta.

Olheipara SeHun, que não tinha uma expressão tão boa. 

– Kai.

– Oi?

– Para, cara. Ou ele vai acabar te matando. – Sorri. – Não seria uma má idéia, claro. Mas eu limpei a casa ontem, então.. não.

– Nossa, que engraçado. – Sorriu forçado. – ‘Tô’ morrendo de rir.

– Tá, tá. Vem, vamos sentar.

Fechei a porta e subi o degrau de madeira. Kai não demorou e fez o mesmo, mas com os sapatos nos pés.

– Ei. – Coloquei a mão sobre seu peito. – Tira. – Apontei para os tênis sujos. – Ou você vai limpar depois.

– Tá, mãe. – Desceu os degraus e os retirou. Também não escondia a expressão brava no rosto. – Feliz?

– Feliz. – Sorri.

O acompanhei até o sofá e me sentei. Logo o moreno fez o mesmo, mas um pouco longe de SeHun, que o encarava como se fosse devorá-lo. 

– Eu não mordo. – Olhou em direção ao Kai. – Fique tranquilo.

– Claro que morde, SeHun. Vai que ‘tu’ me passa uma doença. – Se afastou. – Prefiro me prevenir. – Sorriu. – Você não engana ninguém com essa cara de assassino.

Era engraçado de ver o jeito como se tratavam antigamente. Hoje continua engraçado, continua com a mesma energia. Sinto orgulho de uma amizade dessas.

– Você 'tá' pedindo. – SeHun levantou uma almofada.

– Ei. – Chamei a atenção de ambos. – Se querem brigar, façãm isso lá fora, seus idiotas. – Bufei. – E SeHun, abaixa essa almofada.

– Ele que começou. – Reclamou, devolvendo a almofada no sofá.

– Então, Kai, o que faz aqui? – Olhei na direção do moreno. – Não veio aqui atoa, não é?

– Não posso mais visitar meu amigo? Obrigado pela parte que me toca. – Fingiu estar decepcionado. – Também não venho mais.

– Que ótimo senso de humor, ha-ha. – Cruzei os braços. – Fala logo, caramba. – Reclamei.

Kai riu, mas seu riso durou pouco.

– É sobre o Chanyeol. – Começou, seu tom de voz estava baixo. – Sinto que devia te contar isso, mesmo que vocês não estejam mais juntos. – Sorriu fraco. – Você merece saber das coisas.

– O que é? Ele vai vir aqui? Vai embora? – Soltei. – Eu não ligo, Kai. Só solte de uma vez.

Na verdade, eu ligava sim. Muito.

Queria vê-lo, queria sentir aquele mesmo amor do passado, queria poder ouvir um pedido de desculpas e depois um "eu te amo"; seria pedir demais? 

– Você precisa ficar calmo, tá? – Avisou-me. – Nada de querer dar uma de louco.

– Eu estou calmo.

– Tá, eu sei, mas é que talvez você fique mal.

– Fala de uma vez!

– Ele.. ele vai.. caralho, Baekhyun. – Bufou.

– FALA, KAI, QUE 'PORRA'!

– ELE VAI SE CASAR. – Gritou. – Ele vai.. se casar.

Eu não entendo.

– Casar?

– Sim.

Eu realmente não entendo.

Por um breve momento, era como se nada fizesse sentido mais.

– Mas.. com quem? – Sorri fraco. – Impossível, não tem como. Faz pouco tempo, e.. não, Kai, não. Ele não vai jogar tudo fora, ele não vai fazer isso.

– Não sei o nome dela, Byun. – Me olhou. – Ele não conversa mais comigo, não faz mais nada. – Bufou. – Eu... cara, eu nem sei se ele está na cidade agora. Só sei que ele vai se casar, só isso. – Suspirou. – E que o casamento, pelo jeito, tem a ver com negócios.

Eu me sentia traído. É como se tudo o que aconteceu no passado, agora, não tivesse mais importância. Aconteceu, ficou no passado. Não importa quantos momentos bons tivemos, não importa quantos beijos cheios de amor trocamos, não importa se terminamos;

Ele vai se casar, nada mais importa.

– Ei, Baekhyun.

– Sim? – Pude sentir os rastros sendo formados pelas lágrimas.

– Vai ficar tudo bem. – Kai deu um de seus melhores sorrisos. Mas não funcionou. – Me desculpe por te fazer ouvir isso.

Isso é tão normal e repetitivo; você sofre e as pessoas insistem em dizer que vai ficar tudo bem. Mas, na realidade, nunca fica. Nunca.

– Por favor, Baekhyun, não chore mais. – Soltou SeHun, que logo se levantou e se sentou ao meu lado. – Vai ficar tudo bem, eu prometo. – Colocou sua destra sobre meus fios, começando a acariciá-los. – Você sabe que eu cumpro promessas. – Desceu o carinho até a bochecha, onde limpou uma lágrima.

Kai continuava observando; parecia perdido na própria mente.

– É tudo culpa minha, SeHun.. sempre é. – Continuei a chorar. – Talvez, se eu não fosse tão idiota, isso tudo não teria acontecido.

– Não, Baekhyun, não é sua culpa. Por favor, me escute bem. – Ele se separou de mim, segurando em meus ombros, fitando meus olhos que, possivelmente, estavam um pouco inchados. – Você é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci. E sabe o que mais? Tudo em você transmite alegria e felicidade. Você é especial.

Meus olhos se encheram de lágrimas novamente. Estava tão feliz com algumas simples palavras, mas estava tão quebrado ao mesmo tempo.

– Muito obrigado, Sehunnie. – O abracei. – Muito obrigado mesmo.

Seus braços me apertaram. Pude sentir se calor corporal natural; aconchegante.

– Sabe o que eu acho? –Sua voz saiu mais baixa.

– O que? – Perguntei baixinho.

Kai se aproximou, na tentativa de ouvir.

– Acho que você devia namorar. – Arregalei meus olhos. – Você precisa curtir sua vida, Baekkie, você ainda é tão jovem e.. bonito. – Sorriu. – Acho que vou ficar enciumado se isso acontecer. – Riu. – Mas você precisa esquecer ele, nem que eu precise ser seu namorado. – Pareceu determinado.

 –V-você? – Gaguejei. – Cara, não me mata do coração com essas brincadeirinhas. – Ri, um pouco constrangido.

– Baekhyun, olha, eu estou falando sério. – Suspirou, soltando meus braços. – Eu quero ficar mais perto de você, viver uma vida com você. – bufou. – Mas com aquele idiota no seu, me desculpe, mas não vai dar certo. – Me encarou. – E eu quero ver você, Byun Baekhyun, esquecer ele.

Fiquei encarando aquelas orbes escuras, me perdendo em tamanho brilho; jurava que via toda sua determinação. Ele abaixou sua cabeça, talvez constrangido. Não tardei em responder.

– Eu aceito a proposta. – Juntei minhas mãos, me encolhendo minimamente. – Eu aceito sua proposta, Sehunnie. – Sua cabeça voltou a ficar na mesma reta que a minha, mas seus olhos estavam diferentes. Seus olhos brilhavam. – Eu vou esquecer ele e viver minha vida, mas vai ter que ser presente e me ajudar. Promete que vai me ajudar?

– Prometo. – Afirmou, com um sorriso largo.

– Ai, ai. – Soltou Kai.

– Estragou o momento. – Resmungou SeHun. – O que foi dessa vez, poste anão?

– Não começa. –Bufou. – Eu estava pensando umas coisas. Uma delas é sobre o Baekhyun, sabe? Não acho certo ele arranjar um namorado. Não agora. – Deu de ombros. – Só acho. E, tipo, vai ser bem difícil esquecer.

– Por quê? – Perguntei curioso. – Por que não posso namorar?

– Porque, bom, e se.. a, nada, esquece. – Desviou o olhar. – Não é como se você realmente fosse esquecer.

– Kai. – O repreendi. 

– Ele pode querer voltar, Baekhyun. – Kai me encarou. – Tudo isso pode ser apenas um mal entendido. – Suspirou. – Aí o que poderia dar certo, no final, vai dar errado. – Se aproximou. – Vocês podem voltar, tudo pode voltar ao normal. Mas e se você tiver um namorado, uh? – Sorriu fraco. – Isso só vai foder.

– Casado? Não, casado ele não volta. – Afirmei. –E quem disse que eu quero voltar? Eu vou ficar bem.  

– Ele merece sofrer, isso sim. –SeHun resmungou. 

– Não começa. – Kai o encarou. – Baekhyun, talvez isso tudo não aconteça.

– Bom, pensando bem.. – SeHun começou a falar. – Bom, você quer juntá-los, certo? E se.. 

– E se..? – Olhei em direção ao SeHun. Kai fez o mesmo.

– E se ele não se casar? – Sorriu maldoso.