História || Toy || -- (Imagine Suga/Min Yoongi) - Seven--O lixo que sou. --P.O.V (S/n)

(Leiam as notas do autor e as notas finais) 

                           P.O.V (S/n)

                    Coréia do Sul/Daegu 

           06/03/16--09:20AM--Sexta-feira

  O que as pessoas normais fazem quando descobrem que estão com uma grave doença? Procuram ajuda? Choram? Tentam fazer o possível pra se curar? Talvez nenhuma das opções é o que me definem. Tentar suicídio é a melhor resposta. Nesse meu tempo de vida, que muitas pessoas ainda consideram “começo de tudo”, eu só quero me destruir aos poucos. Já até começaram a aparecer hematomas, cada dia passo mal, e eu não tenho ninguém, ninguém que tenha a incrível coragem de me acolher. Só de pensar que a qualquer momento eu posso ver minha mãe, me sinto na vontade.

  Eu não fui pra aula desde de terça-feira, só vim hoje porque como não estudo com Sun Hee não sei o que está acontecendo por lá, ninguém tinha percebido minha ausência... Ninguém nunca percebe... Jungkook não responde minhas mensagens e eu estou totalmente perdida no meio mundo com a escola. Agora estou em pé no refeitório ao lado de algumas meninas esperando Park Jimin, elas estavam fofocando, falando mal de pessoas, estavam falando tão alto que dava para qualquer pessoa que passasse por ali, ouvir e fofocar pra outras pessoas, e não, eu não me interessava, eu odiava tudo neste mundo, isso tudo... Brincando de ser amigos ou amantes como os idiotas que são, conversas tão vazias que podem ser respondidas sempre com “ah, é?”, e não, eu não tinha interesse, na verdade essas vozes me davam nojo. Sun Hee prometeu me ajudar a resolver meus problemas, mas é diferente, minha mãe não está comigo, meu pai pouco se importa junto com aquelas duas estranhas que estão na minha casa, família? Não tenho. Mesmo que eu tenha a Sun, não é o suficiente, não é o sentimento de está protegida. Sun é apenas uma metáfora, não é o que eu esperava.

  Falando de uma tal maneira, eu acho que estou sendo dura demais em relação as pessoas, talvez se eu me aproximasse mais, eu criaria outra visão sobre essas pessoas, pessoas como Min Yoongi, eu tinha uma impressão ruim de Jungkook, e Park Jimin, mas eles são realmente diferente. Eu estou confusa, com tudo isso, meus dias estão se acabando e entrando mais em decomposição. Eu deveria aproveitar, minha consciência está pesada, meus sentimentos são consequências dos atos das pessoas e isso é errado. Talvez eu ainda esteja esperando alguém entrar na minha vida e me mostrar que nem todo mundo é filha da puta, e vou continuar esperando se eu não deixar. Me chame de tudo, menos de fraca, tenho que suportar tudo isso calada. Ninguém me conhece, eles apenas vêem o que eu quero que eles vejam. Aprofundada nos meus pensamentos, Jimin brota do nada na minha frente.

 —Que pensativa hein?-falou rindo e ficando do meu lado. —O que houve?

 —Eu quero saber o porquê do Jungkook não responder minhas mensagens...-disse colocando minhas mãos para trás.

 —A última vez que eu falei com ele, ele disse que estava muito ocupado, agora ele também não responde as minhas...-falou se apoiando na parede.

 —Hm... Se você conseguir falar com ele me avisa, diga que eu necessito urgentemente falar com ele...-falei virando a cara.

 —O que aconteceu? Você pode sempre contar comigo, por favor, conte pra mim, prometo não contar pra ninguém!-falou dando aquele sorriso fofo.

 —Acho melhor não, sei lá, pode ser ruim e tals...-falei sorrindo sem mostrar os dentes mas totalmente acabada por dentro.

 —Oh (S/n), eu estou aqui pra substituir o Jungkook durante esse tempo, pode confiar em mim!-falou ainda com aquele sorriso.

 —É... Bom, como eu posso te dizer...-falei olhando para o teto pensando numa maneira de explicar o que eu tinha, e como não mostrar pra ele que eu não estava nada bem. —Assim... Eu tenho leucemia Jimin, mas por favor não conta pra ninguém, e deixa que eu conto pro Jungkook!-falei mais rápido que foguete.

 —COMO ASSIM?!?-disse assustado. —Me diz essa história direito (S/n)!-falou colocando suas duas mãos nos meus ombros.

 —Você não ouviu não?-olhei pra ele frustrada. —Eu... Tenho... Leucemia!-falei dando uma enorme pausa no meio das palavras. —Eu tenho uma doença Jimin, pronto!-disse segurando meus olhos que já estavam se cobrindo com lágrimas.

 —Não, não, não, eu não tô acreditando!-falou tirando suas mãos e colocando na cabeça.

 —Então, não acredite!-falei enxugando meus olhos. —Depois falo com você, tchau!-corri desesperadamente dali em um estalo de dedos, odeio me suprimir as pessoas como se eu fosse fraca.

 Me dirigi ainda correndo até minha sala, subi as escadas o mais rápido possível, abrindo e fechando a porta da sala em um piscar de olhos e após me virar me dou de cara com Min Yoongi, me olhando, ele agora está sentando longe de mim, acho que alguma professora trocou ele de lugar, agora ele não senta mais atrás de mim. Não tinha ninguém na sala, apenas ele, afinal estávamos na hora do recreio.

 —Ai, você me assustou!-falei colocando a mão no peito e indo para minha cadeira, onde sentei e abri minha bolsa para pegar o meu celular, tinha uma mensagem que era de Sun dizendo pra eu espera-la, no portão. Nós começamos a trocar mensagens, e meu celular que não estava no silencioso, ficou apitando "plug, plug" a todo momento.

 —A conversa tá boa ai?-olhei para Yoongi, quem claramente fez o comentário, acenando um "sim" com a cabeça. —Quem é?

 —Te interessa?!-falei olhando para o celular.

 —Você é realmente linda dando seus coices de cavalo!-falou com aquela risada e eu o olhei, ele já estava pem pé do meu lado com as mãos enfiadas no bolso, o olhei cortando sua cabeça com o meu olhar. Como eu disse antes, eu não sou acostumada a receber esse tipo de elogio, elogios me fazem lembrar de quando eu era uma criancinha indefesa, e isso me fez reagir diferente a esse elogio, não pensei duas vezes e dei outra patada.

 —Sai Yoongi, vaza!-falei me levantando rapidamente e o empurrando de leve.

 —Não fala assim comigo!-falou pegando com força no meu braço e olhando no fundo dos meus olhos, como se estivesse lendo minha mente, vendo tudo que eu estava sentindo, aquele olhar estava me corroendo.

 —Você está passando dos limites Min Yoongi, vai lá com seu papai e me deixa em paz!-disse sacudindo meu braço.

 —Você está me provocando! E eu odeio isso!-falou me soltando e debochando.

 —Foda-se você!-falei me sentando novamente, sentindo um cansaço enorme.

 —Para de falar assim comigo caralho!-falou indo pra cadeira dele e eu não o respondi, apenas peguei meu celular de volta e vi a mensagem de Sun "Vou te tirar dessa bad, hoje tem festa na casa do meu amigo e nós vamos juntas!", mesmo eu não estando com nem uma vontade, me sinto na obrigação de viver essa vida de merda por alguns dias, talvez esquecer um pouco que eu tenho uma doença. De repente ouço novamente a voz de Yoongi. —O trabalho de física está perto e até agora não demos nenhum passo!

 —Desde quando você se importa com trabalhos Min Yoongi?-falei revirando os olhos.

 —Desde quando te conheci!-falou e eu olhei com cara de "só pode está brincando com minha cara né".

 —Yoongi, você me conhece desde o ano passado, então xiu!-falei focando minha mente novamente para o celular, e colocando os fones.

 O sinal tocou e rapidamente vi aquele monte de adolescentes invadindo a sala em poucos segundos, guardei meu celular e encostei minha costa e joguei minha cabeça pra trás, agora iria começar tudo de novo, ou não, já que é sexta feira, o último dia da semana e sei lá. Olhei pra Yoongi, ele ainda estava de fone e bem foda-se pra aquele bando de pirralhos se jogando um no outro na maior baderna. Revirei os olhos e a professora já estava na sala, a velha rabugenta estava cada vez pior, ela apenas sentou na cadeira, mesmo vendo aquela bagunça, que inútil a existência dela naquela sala. Abaixei minha cabeça, e fechei meus olhos, comecei a imaginar uma vida perfeita, sem nada ruim, eu acho que eu preciso ocupar minha mente com outra coisa, foi quando ouvir o grito da professora "(S/N)!", eu logo levantei minha cabeça, com um baita susto, que chegou a dar dor de cabeça.

 —AISH! O-o q-que eu fiz?-olhei espantada.

 —PRESTA ATENÇÃO NA CHAMADA MOCINHA!-me olhou de baixo para cima como se eu estivesse cometendo um crime, e voltou a olhar a chamada. —Já não basta faltar quase duas semanas ainda tenho que aturar você dormindo nas aulas! 

 —Eu não tava dormindo!-falei resmungando com minha incrível capacidade que não pode ser usada mandando um belo "ah vai tomar no cu".

 —Ah não, então me conte o porquê de você faltar todos esses dias?-talvez eu falei alto demais. Nesse momento agora todos estão com as cabeças viradas como o do exorcismo de Emily Rose, inclusive Min Yoongi.

 —Porque eu quis!-respondi com maior coragem que eu busquei do fundo do poço. Esperado o que iria acontecer comigo a partir daquele momento, pois por ser uma escola de tempo integral particular não pode faltar a todo momento.

 —Perfeita resposta senhorita (S/n)! Agora todos estão de prova quando eu contar isso para seus pais! Não é mesmo turma?-falou a velha me fazendo ficar extremamente com raiva.

 —Pai! Eu só tenho um pai! E você não deveria se meter na minha vida, se eu faltei, foi por algum motivo que não te diz a respeito, muito menos a meu pai!-falei abaixando minha cabeça e ela não deu mais nem uma palavra, mas poucos minutos depois pude ouvir risadinhas de algumas patricinhas, me deixando com mais raiva.

 Levantei minha cabeça novamente e vi a velha escrevendo no quadro, e a maioria nem ai, alguns fofocando, outros mexendo no celular escondidos, outros dormindo e assim vai, ver aquela situação, nem me importei em fazer o que os outros não estavam fazendo até porque não ligo muito pros meus estudos ainda mais com aquela professora. Eu comecei a olhar em volta e peguei o Yoongi olhando pra mim, e quando ele percebeu se desfez os olhos para a professora, passei a mão na cara e novamente o olhei de novo e de novamente ele estava olhando pra mim, só que dessa vez não se importou em virar a cara, apenas continou a me encarar, como se estivesse pensando em cada coisa que poderia acontecer com a gente, é... Por que eu estou pensando nisso? Aaaaaah eu estou ficando louca! Comecei a olhar para ele também, o encarando de baixo pra cima como a maldita professora e ele o mesmo, e então ficamos nessa, encarando um ao outro e ele de boas enquanto eu estava completamente vermelha, me sentindo um pimentão, porque... As pessoas não costumam me encarar e eu creio que Yoongi não é esse tipo de pessoa que repara nas coisas...

                              --16:00PM--

 Mas um dia... O sino tocou, a professora se arrumou e no momento em que ela saiu daquela sala, a galera começou a sair na disparada, eu apenas observava ainda sentada, em como todos eram diferentes de mim, é normal se sentir tão estranha assim? Peguei meus cadernos e os coloquei na bolsa com nem um pingo de disposição pra andar até o portão da escola, e depois até o portão da minha casa, me sentindo acabada mesmo não tendo feito quase nada o dia inteiro. Me levantei com a bolsa e sai, quando já não tinha mais ninguém, nem mesmo Min Yoongi, caminhei até o portão onde avistei Sun Hee, conversando com Kim Namjoon, uma coisa bem incomum de se ver. Me aproximei deles e peguei no cotovelo dela.

 —Olá. -falei sorrindo sem mostrar os dentes.

 —Oi (S/n)!! Ah, esse é Kim Namjoon, é na festa dele que a gente vai...-falou segurando com uma mão nele e ele olhou para mim e sorriu.

 —Eu conheço ele... Quem não conhece né?-falei puxando de leve a blusa de Sun, como se estivesse pedindo pra ir embora, ela me olhou com um olhar de: "miga, se acalma favor" e eu revirei os olhos, logo após essa cena ilustre ouço os risos fracos de Namjoon.

 —Ninguém é obrigado a ir na minha festa (S/n), se você não quiser, não posso fazer nada, você não sabe o que estaria perdendo!-riu passando a mão no cabelo.

 —Não é que eu não queira ir, só que demoro demais para me arrumar, Sun falou que ia me ajudar e é isso que eu tô cobrando!-disse mais uma vez, mentindo. —Vamos, Sun?

 —Tá, tá. -revirou os olhos e eu a puxei em direção a saída, quase a fazendo cair. —Man, se eu tivesse caido cê ia levar porrada!-disse se soltando de mim...

 Andamos até minha casa, eu calada, e ela falando pra deus e o mundo como anda as coisas na escola, ter que aturar gente falando no meu ouvido é realmente horrível, mas como é Sun, eu tenho minhas exceções. 

 Quando finalmente chegamos, não tinha ninguém na casa, nem Kyung Ji Soo, abri a porta e subimos as escadas bem rápido indo em direção ao meu quarto, que não é meu quarto mas vai ser pra sempre meu quarto. Entramos e Sun já foi abrindo o guarda-roupa todo a procura de roupa adequada pra mim enquanto fui tomar banho aff. Tomei banho quente e sai dali o mais rápido possível, pois o meu medo era que alguém chegasse e estragasse com tudo, até porque meu pai nem imagina que eu vou pra uma festa, mas eu tô bem foda-se, só acho que ele não tem direito de opinar na minha vida. 

 —Nossa man, foi difícil mas achei! Pega esse!-jogou um vestido na cama.

 —Isso é da Kyung Ji Soo!-falei sentando na cama ainda de toalha.

 —Porra, você não tem nada de bom não?-falou pegando o vestido e colocando novamente no guarda-roupa.

 —Ah, man pra que tanta frescura? Só pega uma blusa de manga cumprida e uma calça sei lá...-falei debochando totalmente sem paciência.

 —É, mas quando a gente foi sair com o Jungkook você se arrumou todinha né? Você quer ir na minha casa? Posso te emprestar uma roupas e tals... -falou o que acabou me irritando.

 —Sun, eu não estou com nem um pouco de vontade, e disposição então se você colaborar comigo, as coisas irão ser bem de boas, sem nenhuma vítima de espancamento! E sim, isso é uma ameaça! Eu só vou vestir esse vestido da Kyung que tá tudo bem, pronto!-falei já pegando o vestido, partes íntimas e indo pro banheiro.

 —Ai grossa! Credo!-falou rindo.

 Vesti aquela maldita roupa que não é nem minha, bufando como um touro, por está perdendo meu tempo com coisas desnecessárias como festas... Eu acho que essa é a primeira festa que eu vou, assim, que seja de adolescentes, só pra curtir... Tá certo que eu não devia tá julgando sem ao menos saber se isso vai interferir no meu humor, mas eu sou assim, não posso fazer nada... Pensando nisso, quem estará lá? Será que as meninas que andavam comigo irão? Faz um tempo que a gente não anda juntas desde aquele dia que eu falei um monte de merda pra elas e resolvi virar gótica das trevas e não acreditar mais em ninguém, pois é, eu novamente não tenho culpa, pois eu tava bêbada. Eu também tenho um certo medo de Park Jimin ter espalhado meu novo segredinho, se tem uma coisa que eu odeio é ter segredinho, as vezes as pessoas usam o segredinho em chantagem, e isso é uma das coisas que eu mais odeio no mundo, é tipo falsidade. Sai do banheiro e me dei de cara com Sun.

 —Sim? Foi cagar de novo? Refazer o vestido? Aff que demora hein, tô te esperando já, vou te maquiar lá em casa!-falou descendo as escadas e eu revirei os olhos.

 Peguei meu tênis que estava na beira da porta, desci as escadas, quando olho para a saída vejo Sun me olhando com um olhar de "fala sério né".

 —Que foi?-debochei.

 —Eu não estou acreditando que você vai de tênis!-falou cruzando os braços.

 —Caralho Sun Hee! É só uma festa porra!-falei saindo da casa e ela me olhou completamente furiosa.

 —Tá lindo do jeito que você vai!-falou irônica.

 —Problema meu!-falei. —Você vai na sua casa?

 —Claro, até parece que eu vou de farda pra festa né? -disse me puxando pra casa dela que aliás é perto da minha, corremos até a mesma.

 Chegando lá, ela foi abrindo as portas e indo direto para o banheiro, sentei do sofá esperando a de ela sair. Estava quase desistindo quando finalmente ela apareceu. Levantei rápido e bufei.

 —Caralho, depois fala de mim né?-falei.

 —Vem logo!-me puxou até o quarto dela. Foi então pegando várias roupas, vários potes de maquiagem, sapatos, chapinha e ect... Aquilo parecia um salão de beleza e shopping misturado, ela passou horas só pra me maquiar e se maquiar e a minha maquiagem nem foi tão pesada porque eu não quis, mas a dela... Sun sempre foi assim, pra qualquer canto, tudo extravagante, como se ela quisesse chegar em qualquer lugar e arrasar os corações, e não foi diferente dessa vez, vestido extravagante, maquiagem extravagante, ela estava totalmente arrumada como se fosse casar. 

 —Já acabou?-falei já caindo naquela cama pra não levantar.

 —Aish... Já, vamos!-falou ainda se olhando no espelho até eu a puxar ela e saímos daquela casa finalmente ao ponte de ir pra festa.

                                --19:00PM--

 —Como a gente vai?-falei cruzando os braços.

 —É... Desculpa (S/n), o Tae vai buscar a gente...-falou me puxando  de repente um carro preto para na calçada e eu vejo um sorriso enorme se abri no rosto de Sun, novamente ela vai ser trouxa, tá explicado o porquê de tanto se arrumar, reviro os olhos. —Olha, chegou!-pega na minha mão me levando até o carro, entra e eu entro atrás.

 Quando olho para o lado, me dou de cara com Kim Seokjin, bem estranho ele estar no mesmo carro que Kim Taehyung e também ir pra uma festa, já que Seokjin faz o típico menininho certinho que não anda com pessoinhas como Taehyung. Ele me olha como se estivesse tentando me reconhecer, como se nunca tivesse me visto, sendo que eu vejo ele quase todos os dias, nesse momento percebo que não faço nenhuma importância naquela escola que tem mais de mil alunos, viro a cara e bufo, sem dá ao menos, uma palavra pra Taehyung e Seokjin, depois de um tempo, ouço ele falar, sabia que uma hora ele ia falar, por ser educado demais.

 —Olá, (S/n)?-falou tentando olhar na minha cara.

 —Tudo bem? (S/n)?-completou Taehyung e Sun riu.

 —Ela não está bem, porque tá parecendo criança birrenta que tá sendo obrigada a ir pra igreja!-continuou rindo só que agora acompanhada dos dois.

 —Não precisa ficar assim (S/n), eu também não gosto muito de festas, mas essa com certeza vai ser legal, eu prometo!-falou dando um sorriso, e eu apenas concordei com a cabeça retribuindo o sorriso.

 O resto da viagem continuou assim, com um silêncio constrangedor preste a acabar pelo barulho da festa que mesmo no começo, já está bem agitada, sim chegamos a essa porcaria de festa. Taehyung estaciona e todos descem do carro, ando pela calçada ao lado de Sun, olhando cada detalhe por fora daquela casa, e já avisto alguns bebendo tentando chegar nas meninas. Vou passando pelos corredores que ainda tinha poucas gente, formos até a sala e eu sentei no sofá, de frente pra TV, enquanto Sun, conversava com algumas meninas. Eu estava com a mão na cabeça me perguntando o porquê de eu estar aqui, e o porquê de Kim Namjoon querer dar uma festa se não é nem aniversário dele, me levantei e fui até Sun, tentar se envolver um pouco, cheguei perto dela e foi quando uma das que estavam conversando com ela me viu, Park Hye, fiquei um pouco supresa, essa menina andava comigo e Sun, mas quando se tornou mais "popular" se desfez.

 —Oi amiga!! Quanto tempo!! Huum é bem estranho te ver por aqui, você não é muito de festas né?-falou me puxando, Sun apenas observava.

 —E-eu... Eu só tô aqui pra tentar me divertir mesmo...-falei tentando me afastar mas fui obrigada a abraça-la.

 —Então (S/n), pretende beijar muito?? E os namoradinhos??-disse me fazendo querer estourar a cara dela, mas eu apenas fiquei olhando pra ela com cara de "que?". —Oh desculpa eu esqueci que você não namora meninos... E as namoradinhas??-essa foi com certeza a pior frase que eu já ouvi na vida.

 —Cala a boca que você não sabe de nada, para de se mater na minha vida e vai procurar fazer alguma coisa de útil, ou dar seu cu ali na esquina!-falei bufando de raiva saindo dali até a cozinha, onde tinha várias bebidas.

 Comecei a ver quais bebidas tinha ali, eu sei que não sou forte pra bebidas, mas eu preciso esquecer isso se não eu vou dar um soco na cara dela, é quando alguém toca no meu ombro, viro para trás e é Sun.

 —O que foi isso?-falou me olhando espantada.

 —Eu não tô bem Sun, você viu como ela queria me provocar? Caralho eu nunca fiz nada pra ela...-falei ainda bufando.

 —Ouvir dizer que ela gosta do filho do diretor...-falou pegando uma vodka. —Quer uma?

 —Min Yoongi?-falei confusa. —Quero.

 —Que eu saiba o diretor só tem um filho né (S/n)?-falou sarcástica. —E... Parece que ele gosta de você...-disse colocando uma vodka na minha frente.

 —De mim? DE MIM?!!?-soltei uma risada enorme. —Até parece, a gente nem conversa direito... E como ela sabe disso?? Essa história tá muito mal contada...-tentei abrir a bebida.

 —Bom, isso eu não sei...-abriu a bebida. —Agora eu vou ali, conversar com alguém... -falou já se afastando.

 —Nossa que belo nada eu sou né?-falei e ela me deixou no vácuo, agora sim eu me senti sozinha. 

 Voltei pro sofá com a vodka que eu ainda não tinha conseguido abrir e aquilo já estava me deixando furiosa, "abri desgraça, idiota, idiota, idiota" comecei a falar sozinha, me sentindo um lixo por não saber nem beber.

 —Quer uma ajuda?-ouvi alguém falar então olhei pra frente, era um garoto... Que eu não sei porquê, mas eu tenho impressão que já vi ele em algum lugar.

 —Ah, sim sim!-dei a garrafa pra ele e ele riu...

 —Você costuma falar sozinha?-falou abrindo em um piscar de olhos e me dando.

 —Ás vezes...-falei pegando a bebida. —Você estuda lá na escola?

 —Ah não, eu sou amigo de Kim Namjoon...-falou rindo. —Eu acho que conheço você...-sentou do meu lado. —Como é seu nome?

 —Ah, é (S/n)... E o seu?-falei dando o primeiro gole na vodka.

 —O meu é Park Jae...-falou, quando ouvi aquele nome, me veio logo a cabeça, no menino que me fez desacreditar no amor tão cedo, no menino que me fez sofrer, pode parecer coisa boba, mas no menino que eu realmente amei. Nessa hora eu me afastei dele, sem ao menos saber se era ele mesmo. —O que foi, Kami?

 —Você é? V-você...-comecei a me desesperar, "Kami" o apelido que ele me deu, era ele, a pessoa que eu mais odeio no mundo, foi quando dei meia volta e sai dali correndo até o quintal, onde já estava todo mundo agitado, tinha gente dançando, outros pulando na piscina, outros bebendo pra caralho e outros se pegando, e nessa pequena observação, acho no meio de todos aqueles adolescentes, Min Yoongi, e adivinha? Ele estava de novo, olhando pra mim. 

 Eu cansei dessa festinha, eu só tô levando bomba até agora, é como se o mundo dissesse: "Sai, você não é daqui!" Decido que vou me soltar a partir de agora, cansei de me prender. Dei mais dois goles na bebida, e fui até uma cadeira perto de uns arbustos. Dei mais um gole, apareceu uma menina que eu não conhecia.

 —OIII MOÇA! Vamos dançar? Tá na hora né?-falou me puxando para o meio das pessoas. Dei mais três goles, comecei a dançar, eu decidi que não vou ter vergonha, então dancei, dancei como as pessoas loucas no banheiro.

 Dei mais um gole, ouvi as pessoas gritando e quando olhei Jung Hoseok, estava dançando até o chão, e quando me vi, já estava dançando junto com ele e minha vodka estava na mão da menina desconhecida.

 —Nossa você dança pra caralho!-falou Hoseok, e depois não o vi mais e eu já estava com a vodka de novo mas ainda dançando na pista.

 Dei mais dois goles já estava sem um sapato, quando vi ele estava na piscina todo encharcado então decidi entrar na casa atrás de Sun. Dei mais três goles e senti alguém pegar na minha mão e me pôr contra a parede era Kim Taehyung.

 —Não sabia que você era tão gostosa assim (S/n)!-falou e eu não liguei muito pra esse comentário sórdido.

 —Cadê Sun?-falei o empurrando de leve.

 —O negócio agora é nós dois!-falou mordendo o lábio inferior.

 —Para Taehyung! A Sun gosta de você, eu não iria trair ela!-falei saindo das mãos dele.

 —Você não sabe o que tá perdendo (S/n)!-falou andando pra fora.

 Dei mais um gole me vi de frente com Kim Seokjin, ele estava comigo e mais uma menina, espera, eu tava beijando o Seokjin? Como assim?

 —Agora você!-falou ele, depois de beijar a outra, pegando no meu rosto me beijando, PORRA EU BEIJEI O SEOKJIN, rapidamente empurrei ele, correndo dali até o quintal.

 Dei mais três goles e então eu estava nos braços de alguém, sem a bebida, levantei minha cabeça e era Min Yoongi, ah não mano, não me diz que eu transei com ele cara. Olhei em volta estávamos num carro, eu estava toda descabelada e só com um sapato, olhei para Yoongi confusa.

 —N-não me diz que...-fui interrompida.

 —Sim, você perdeu a cabeça, você quer que eu te leve pra casa?-falou.

 —Na verdade eu ia perguntar se a gente transou. -falei colocando as minhas mãos na cara, eu não acredito man.

 —Não, eu até queria, mas não dessa forma, muito menos a força...-falou e eu arregalei os olhos.

 —O que eu fiz meu deus?-falei ainda não acreditando e ele ligou o carro.

 —Bom, você pegou três caras, ou três caras pegaram você, você passou a noite inteira bebendo, você dançou pra caralho igual doida, você brigou com uma menina que tirou seu sapato...-foi interrompido por mim.

 —Tá, tá, tá!-falei ainda não acreditando. —E Sun?

 —Parece que ela viu o Taehyung beijando uma menina, e fez briga depois foi embora pra casa chorando. -falou.

 —E que horas são? E o que eu tô fazendo no SEU carro?-falei tirando o outro sapato enquanto ele dirigia.

 —São 4:45, e bom, eu tava vendo tudo que você tava fazendo, no meio dessas coisas eu até tentei parar você mas não, sabe o que você falou "Sai Yoongi, me deixa em paz, você só me atrapalha" é pois é! Mas quando um homem passou a mão na sua bunda eu não aguentei e te puxei, ai entramos no carro e você começou a chorar dizendo que sua vida é uma merda e que você não tinha mais ninguém pra confiar e disse que ia me contar um segredo mas acabou dormindo antes de me contar...-falou e eu olhei no retrovisor enquanto ele ainda dirigia.

 —Que horas isso?-perguntei.

 —4:00. -respondeu.

 —Eu não acredito que eu fiz tudo isso!-falei encolhendo minhas pernas.

 —Ainda mais que você tá de vestido!-falou e eu rapidamente abaixei minhas pernas.

 —Ai man, eu sabia que não era uma boa ideia ir pra essa festa! E a puta da Sun ainda me deixou sozinha, eu poderia ser estuprada sabia?-falei apontando pra ele enquanto ele ainda dirigia.

 —Sabia, eu sei que foi mancada dela, assim como sua, festas assim não são apropriadas pra você!-falou rindo 

 —Ah tá hahahaha, tô rindo muito do seu comentário!-falei irônica. —Até parece que se você tivesse bebido igual eu você não iria fazer a mesma coisa.

 —Pegar o Jin nem a pau!-riu alto. —Eu odeio aquele Zé mané, não sei como você quis pegar ele.

 —EU TAVA BÊBADA CARALHO!-gritei com ele.

 —CALMA PORRA!-gritou comigo.

 —Calma o caralho!-falei virando a cara.

 —Então se fode porra!-falou e eu olhei pra ele. —Brincadeirinha cute.

 —Cute?-falei.

 —É cute!-falou rindo.

 —Mas por que 'Cute'?-falei olhando diretamente pra ele.

 —Ué porque você é fofa!-falou rindo.

 —Ah tá suga!-falei debochando.

 —Suga?-falou

 —É suga!-falei séria.

 —Mas por que 'Suga'?-falou rindo.

  —Ué porque você está me dando um apelido contraditório, então o seu é Suga porque de doce você não tem nada!-falei não resistindo e rindo também.

 —Suga! Amei!-falou rindo e eu sem querer ri também, foi quando chegamos na minha casa.

 —Mas, e de quem é esse carro? Você tem carro?-falei já abrindo a porta.

 —Bom, é do meu pai, na verdade eu não devia nem estar aqui com esse carro, mas talvez você seja um caso extremo...-falou desligando o motor e fazendo um silêncio tirando todo o clima de risos.

 —Eh... Então...-coloquei a mão na cabeça. —Obrigada por se importar...

 —Eu... Só quero que você saiba que eu vou sempre estar aqui pra ajudar você...-falou dando um sorriso bobo.

 —E desculpa pela minha ignorância...-disse saindo.

 —Normal, talvez sua ignorância ultrapassou a minha... Eu não consigo ser eu quando estou com você...-disse antes de eu fechar a porta me fazendo o olhar pela janela, e sim, isso foi quase uma declaração, fiquei espantada, totalmente sem palavras, me senti estranha, pois isso me lembra muito as declarações horríveis de Park Jae que me machucaram muito.

 —Ah... Então tchau... Aliás, você sabe onde anda o outro lado do meu sapato?-falei rindo.

 —Já era seu sapato Cute! Agora vai, antes que alguém apareça...-falou rindo e ligando novamente o motor.

 Andei até minha casa de costa vendo ele sair aos poucos, só de saber que as coisas só estão pra piorar me senti acabada, com absolutamente nada em mãos, me pergunto cadê minha chave, puta que me pariu, o que eu vou fazer? Como vou entrar aqui? Agora estou totalmente fudida man, sem pensar duas vezes corri até a rua para ver se Yoongi ainda estava por lá, então vejo ele quase dobrando a esquina, assim começo a gritar e claramente, correr atrás do mesmo, quando dobrei a esquina vi o carro parado, então, ele mora aqui? Na rua do lado? Por isso que onde eu tava ele tava também... Ri sozinha com meu pensamento e ao mesmo tempo me desfazendo dele. Grito mais uma vez 'Yoongi' e vejo ele saindo do carro, corri até ele.

 —O que foi Cute?? O que foi??-falou confuso me segurando enquanto eu segurava nele por ter corrido demais, estava mais cansada que o normal, prestes a cair ali e não levantar.

 —Eu...-respirei. —Eu...-respirei mais. 

 —Fala logo caralho!-falou aparentando está preocupado.

 —E-eu e-esqueci...-respirei fundo mais uma vez. —M-minha chave!

 —Calma, respira, vem!-disse segurando nos meus braços e me puxando para a casa dele.

 Ele foi me guiando até a porta da sua casa e a abriu, entrei logo sentando sem permissão no sofá da sala. Ele entrou nos corredores e eu me perdi ali, sem fazer nada, então deitei. Só sentar não tira meu cansaço, eu deitei e...

                   07/03/16--09:20AM--Sábado

 Eu num terraço, com cordas enrolada no meu corpo, e então, Kyung Ji Soo, meu pai e minha madrasta me empurram dali me fazendo acordar desesperada desse sonho idiota que eu tive, quando olhei para os lados vi Min Yoongi sentado, eu estava com minhas pernas no colo dele, e com uma camisa que parecia ser dele, e com calcinha, não acredito que ele tirou minha roupa!! E ele estava dormindo, isso mesmo, dormindo sentado. Tomei um susto e percebi que não estava na minha casa, estava na casa de Yoongi e toda acabada, me aproximei de Yoongi e o cutuquei.

 —Yoongi, Yoongi, acorda!-falei várias vezes o chamando mas ele não acordava, de jeito nenhum.

 Me levantei e fui andar pela casa dele, uma casa grande e espaçosa, entrei na cozinha, não tinha ninguém, nenhuma louça, nada, subi as escadas e vi várias portas, abri uma e era uma suíte, com certeza dos pais dele, mas não estavam nenhum dos dois, entrei no outro quarto, não tinha nada, apenas uma cama, poderia ser o dele, abri o outro e tinha várias coisas que um quarto necessita, estava todo bagunçado, então aquele era o quarto dele, mas se esse é o quarto dele, de quem é o outro? Abri a última porta e era o banheiro, entrei no mesmo e vi uma coleção de escovas, acho que não faria falta uma. Fiz minha higiene e me senti grudenta, suja e etc... Mas claro que eu não ia tomar banho na casa de um desconhecido, joguei a escova, desci as escadas novamente, e ele ainda estava dormindo, seu celular estava numa mesinha, peguei a mesma e eram 10:00, caralho, se eu ir pra casa agora, me fudi completamente.

 —YOONGI ACORDA DESGRAÇA!-gritei empurrando ele e ele finalmente acordou.

 —PUTA QUE PARIU ME DEIXA DORMI PORRA!-gritou passando a mão no olho e eu ri, com essa reação, mas rapidamente tirei essa expressão.

 —Cadê meu vestido caralho?-disse cruzando os braços furiosa.

 —Mano eu ainda nem acordei!-falou levantando com os olhos fechados.

 —Foda-se meu irmão! Você nem dormiu, você só deu um cochilo!-falei seguindo ele até o banheiro.

 —Só cochilei porque você não deixa eu dormir!-falou batendo a porta na minha cara.

 Desci as escadas e vi meu vestido que na verdade não é meu, na cadeira, peguei ele e subi novamente.

 —Suga eu tô com fomeee!-debochei na porta e ele a abriu.

 —Problema seu!-falou saindo e entrando no seu quarto, e eu o segui. —Você vai ficar me seguindo mesmo?

 —Eu quero ir pra casa!!-falei manhosa.

 —Vai, quem tá com tuas pernas?-falou grosseiramente grosso. 

 —Ah é? Okay!-falei saindo daquele quarto e também daquela casa.

 Andei pelas ruas onde não tinha quase ninguém, descalça, com o vestido na mão e a mesma roupa, toda descabelada, eu não sei o que eu tava, eu estava totalmente fora de mim desde ontem, fui até a porta da minha casa, e bati na porta várias vezes, escondi o vestido atrás de mim e esperei... Até Kyung Ji Soo atender, ela abriu e me olhou de baixo pra cima, como se soubesse tudo que aconteceu. 

 —O que você faz aqui?-falou fechando um pouco a porta.

 —Talvez porque essa seja minha casa!-falei empurrando a porta, entrando.

 —Você está fudida!-falou fechando a porta e sentando no sofá enquanto eu fui pro quarto sem dar importância.

 Entrei no quarto, peguei umas roupas e deixei o vestido na minha cama, mas antes que eu pudesse entrar no banheiro Kyung entra, e ver a situação do seu vestido na minha cama, ela pega lentamente abrindo a boca, não sei pra que tudo isso, só tinha uns rasgados e um pouco sujo.

 —Eu... Não... Acredito!-falou mostrando pra mim.

 —Só tá com uns rasgado e um pouco sujo...-falei virando para ir pro banheiro.

 —NÃO! Está sujo de bebida! Você estava bebendo?-falou muito furiosa e antes que eu respondesse ela saiu dali e eu nem me propus a ir atrás dela.

  Sentei na minha cama. Caralho, o que ela vai fazer? Grr aaaaaah! Me joguei na cama e coloquei a mão na cabeça. De repente ouço o barulho da porta abrindo novamente, me levantei rápido e vi meu pai, ele estava puto, com certeza... Ele ia me colocar de castigo.

 —Bonito, dona (S/n)!-falou ficando na minha frente mas um pouco distante. —Você pode me dizer onde passou a noite?-falou e foi quando senti uma dor de cabeça forte, sintomas da leucemia. 

 —Eu... Eu... Fui pra casa de uma amiga...-falei colocando a mão na cabeça.

 —E você bebeu com essa amiga?-falou levantando uma sobrancelha.

 —Ah appa! Você sabe que eu bebo e agora vem com essas frescuras!-falei revoltada. —Eu não acredito que você vai me colocar de castigo por causa que eu usei uma vez o vestidinho na sua filha querida!

 —Quem disse que é só por causa disso? A diretora me ligou, perguntando o porquê das suas faltas e agora isso! Sabe, eu nem me importo com o que você apronta, contanto que não me afete, nem afete sua omma ou Kyung!-falou me deixando mais com raiva.

 —ELA NÃO É MINHA MÃE!-gritei ficando em pé!

 —É SIM! E QUER SABER MAIS? Eu não vou só te colocar de castigo!-falou, foi quando ele tirou de trás um cinturão, o cinturão com fivela que eu não vejo desde os meus 12 anos, o cinturão que me fazia tão mal, ah não, isso de novo não!

 Mas foi tarde demais, ele mandou eu ficar de costas, claro que eu não quis, mas ele me puxou, me obrigando a ficar de costas,  eu não tive escolhas, e ele deu a primeira, bem forte, e com vontade, me aguento, deu a segunda pior, eu aguento, deu a terceira agora com a fivela, e então... Eu não aguento, comecei a chorar, mas sem gritar ou algo escandaloso, aquilo doía mais na minha alma do que na minha pele, cada vez que ele dava com o cinturão, eu sentia vontade de morrer, eu estou agora totalmente sem saída...

 —Agora vai tomar banho!-falou como se eu fosse uma criança, eu estava com muito, muito ódio, ele apenas saiu, me deixando lá, deitada com as pernas encolhidas chorando, toda marcada, como se nada tivesse acontecido.

 Eu estou acabada.

 Sai dali pegando a toalha correndo até o banheiro. Isso não era motivo pra ele ter feito isso comigo. Liguei o chuveiro me encolhi embaixo do mesmo, e enquanto as gotas caiam sobre meu corpo, minhas lágrimas faziam o mesmo, só que sobre meu coração... Eu estava totalmente destruída, sozinha, perdida, e com muita, muita raiva, será que ele não entende que eu não sou mais criança, mas preciso de cuidados? Eu estou morrendo... Me levantei e me olhei no espelho, as pessoas dizem que, se cortar alivia a dor, mas será que alivia mesmo? Abri o armário e vi o pacote de barbeador que meu pai tem, apenas um, não faria mal.  Com a minha raiva, quebrei aquele barbeador, vendo as duas gilete cai no chão, juntei as mesmas e coloquei na beira da pia. Me olhei novamente no espelho, é normal olhar pra si mesmo e nunca gostar do que vê? Me pus novamente a chorar, por que eu estou chorando? Enxugo as lágrimas, eu estou cansada de chorar. Sinto um cansaço enorme e olho meus hematomas, por que não acabar com tudo? Pego uma gilete e olho meu braço, coloco ela sobre meu braço, minha mente quer, mas meu braço diz que não, vai, não vou, sim eu vou, mas vou morrer, não é só um risco, ai é isso que eu quero, não, é isso que tá acontecendo comigo, odeio me contrariar, passo a gilete de leve e não sai sangue, mas arde, por que que não tá saindo sangue? Passo mais uma vez, só que mais forte... E sai pouco sangue... Por que pouco? Passo mais uma vez e agora sim, do jeito que eu queria, vejo o sangue escorrendo sobre meu braço, eu nunca tinha feito isso antes, eu ainda não sei o que eu tô fazendo aqui. Coloquei meu braço sobre a água e me deixei levar, tomei meu banho e olhei novamente meu braço. Estou cercada de pessoas que não dão a mínima pra mim, eu acho que a realidade é meu pior pesadelo, esse corte no meu braço, não chego nem perto nos que estão no meu coração.

 Sai daquele banheiro, vesti um pijama e olhei no celular, eram 15:00, acho que passei bastante tempo no banheiro, eu apenas deitei na cama, e olhei para o teto, lembrando de que um dia, ainda vou ver minha mãe. E no lixo que sou. Dormi.