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História - Vórtex - Consequências


Escrita por: garethbaxoll

Capítulo 1 - Consequências


 

— KERN ERWIN? — perguntei e apertei os olhos, encarando o nada, na tentativa de lembrar sobre algo que me ajudaria a estabelecer qualquer relação com aquele nome, mas nada, simplesmente NADA, me veio à mente, nem mesmo qualquer variação de um dejávu. E isso me deixou apreensivo.

Engoli em seco e este ato fez com que minha cabeça latejasse, obrigando-me a levar a mão até a cabeça, por simples instinto. Neste momento, percebi que não era somente a minha mão que se encontrava enfaixada, minha cabeça também estava. E descobrir tanto, imaginar milhares de coisas, em tão pouco tempo, não me fez sentir melhor do que já estava.

Pelo canto do olho, tive um vislumbre de Thomas dirigindo sua atenção a mim, por mais que fingisse tomar notas das informações dos diversos aparelhos que me monitoravam. Pelo pouco que consegui captar, sem precisar virar a cabeça, sua feição apresentava um leve tom de temor, como se tivesse medo de como eu reagiria ao saber de tudo aquilo, ou quando a ficha realmente caísse. Entretanto, não reagi de nenhuma forma que imaginei ser esperada. Apenas suspirei fundo, o que me fez gemer de dor, devido às agulhadas que senti nas costelas.

Thomas Reckwoold era o médico responsável por meu quadro clínico. E, conforme a conversa que tivemos há alguns minutos, mais aproximadamente uns 15, após um tremendo esforço de sua parte em fazer a enfermeira chefe sair do quarto, devido à emoção desvairada da parte dela por me ver finalmente acordado, uma vez que jurava que eu ficaria em coma vegetativo pelo resto da vida, ele me explicou tudo o que estava ao seu alcance, e também o máximo que podia, sem me assustar (o que não foi o caso).

A gravidade e urgência ao qual me internaram no CTI, o tempo que fiquei em coma (8 meses) e as possíveis sequelas que eu poderia ter dali em frente ficaram no topo dos meus pensamentos apenas por alguns minutos, o tempo suficiente para que eu pudesse digerir. Entretanto, as informações que vieram em seguida, como a ausência de pessoas para saber a respeito da minha situação e a identidade encontrada comigo, cujo nome não me remetia a nenhum tipo de lembrança, me deixaram intrigado. Como ninguém havia procurado sobre mim? E por que eu não conseguia lembrar de nada sobre a minha vida? Nem mesmo o meu próprio nome?

Thomas mostrou-se bastante curioso, fazendo perguntas diversas. Entre elas, estavam a cidade onde eu havia nascido e os nomes de meus pais, que, por incrível que pareça, não constava no documento. Porém, conforme ele percebia a sinceridade em minha expressão quando dizia que não lembrava, chegou à conclusão que o trauma em meu cérebro tinha sido mais grave que previa e, assim, agendou uma bateria de exames, apenas para se certificar de que nada mais grave havia acontecido.

— Kern? — perguntou Thomas, me fazendo voltar do devaneio direto para aquele quarto branco de hospital. Virei o rosto e o percebi ao lado da maca, encarando-me fundo nos olhos; sua expressão agora se mostrava mais tranquila e calorosa. — É extremamente normal casos de perda de memória em acidentes da magnitude do seu. Não se preocupe com isso. Aos poucos as memórias vão voltando, você vai ver — disse ele sorrindo, como se quisesse me acalmar.

Acenei com a cabeça e mordi o lábio em seguida, na tentativa de disfarçar o nervosismo. Mas logo cedi.

— Estou preocupado sim, mas não é com isso — digo, respirando bem fundo e devagar.

— Se não é com a memória, com o que seria? — perguntou, arqueando as sobrancelhas e sentando-se no espaço vago da lateral da maca.

— Com o seu comentário — comecei, mas não quis continuar.

— Qual deles? — ele quis saber.

— O comentário que você fez em estar pagando minhas despesas aqui do hospital — falei e abaixei a cabeça, focando o lençol, totalmente envergonhado. — Eu não tenho nenhuma ideia de como irei te devolver — dei de ombros e suspirei.

Ouvi uma risada baixa e rápida e, em seguida, senti uma mão em meu ombro e a outra em meu braço, o que me fez levantar o rosto e encará-lo.

—É totalmente desnecessário pensar nisso, Kern. Ao menos, agora — disse ele, apertando meu ombro. — Concentre-se em melhorar logo, em sair deste hospital. O depois fica como diz a palavra, depois — ele acenou com a cabeça, deu uma piscadela e levantou. — Vou pedir para que Angela prepare um banho para ti, certo? — ele se virou para a porta e caminhou. Antes de sair, parou e se virou, como se estivesse prestes a dizer algo, mas, talvez por pensar melhor, desistiu e seguiu, deixando-me sozinho ali. 



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