História 어디야 | yoonseok - :

Hoseok não sabia o que fazer e falar. A atitude do senhor Min havia sido estranha, e ele não sabia o motivo de um policial ter ido até lá só para vê-lo.

A cozinha havia entrado em um silêncio desconfortável, fazendo com que Hoseok passasse a brincar com o anel que havia em seu dedo. Ele ainda sentia o olhar do policial sobre si, os olhos que passavam por seu corpo como se estivesse o julgando. Uma tosse feminina foi ouvida e Hoseok desviou seu olhar para a sogra, que mostrou que seu ato fora proposital, com o intuito de fazer com que aquele silêncio acabasse.

– Ah sim – o senhor Min murmurou balançando a cabeça. – Hoseok o policial precisa fazer algumas perguntas, já que você foi o último a ver Yoongi.

Hoseok claramente não queria responder nenhuma pergunta, queria se manter em silêncio e ignorar qualquer coisa. Porém, sabendo que responder perguntas podia ajudar, afirmou com a cabeça e se levantou, seguindo o policial até o lado de fora da casa.

Já na varanda, o policial tirou do interior de seu uniforme um caderninho e uma caneta, logo passando a encarar Hoseok. Mais uma vez ele se sentiu desconfortável, querendo voltar para dentro ou apenas ir para casa. Ele devolveu o olhar para o policial, a sobrancelha arqueada, mostrando que ele estava ficando impaciente com a demora para as perguntas.

– Bem, a vítima mostrou algum comportamento estranho durante o dia?

Hoseok tentou se lembrar se Yoongi havia agido estranho, porém pelo que sua memória havia mostrado, Yoongi havia agido normalmente. Eles não tinham discutido, ou indo contra a opinião do outro, apenas tinham passado o dia todo na cama, rindo e fazendo coisas que Hoseok não queria contar. Balançou a cabeça em negativa, o policial anotou algo e logo fez outra pergunta.

– Ele se mostrou confortável durante o dia?

As perguntas eram tolas, mas Hoseok colocou mais uma vez em sua mente que era necessário as perguntas tolas, já que até a mais inútil podia ajudar.

– Sim, até andou nu pela casa - Hoseok deu de ombros, se lembrando de quando Yoongi havia se levantado da cama, sem se preocupar em andar pela casa vazia com o corpo completamente exposto. Havia seguido o namorado até a cozinha, onde o prendeu contra a parede e falou que ia dar uma coisa melhor para ele beber.

O policial fez uma careta fraca, que não passou despercebido por Hoseok. Se fosse para agir dessa maneira por que ele estava ali? Hoseok controlou o desejo de querer revirar os olhos, e apenas mudou o peso corporal para a outra perna. As perguntas continuaram, Hoseok respondendo com apenas "sim" ou "não", às vezes falando respostas com mais de três palavras. Vinte perguntas se passaram e Hoseok estava liberado, voltou para dentro acompanhado do policial que conversou com os pais de Yoongi enquanto Hoseok estava na sala tentando ligar para o namorado.

As ligações ainda caíam na caixa postal, Yoongi simplesmente não atendia. Hoseok perguntou a si mesmo o motivo de Yoongi não atender, quando ele sempre atendia as ligações ou retornava. Ele não havia feito nada de errado antes de Yoongi sair, e não havia dito nada de errado na hora em que o mais velho passou pela porta. Hoseok suspirou, vasculhando sua mente novamente em busca de qualquer coisa que pudesse explicar aquilo.

πππ

Hoseok olhou para Yoongi mais uma vez, os lábios entre abertos, as bochechas vermelhas e o rosto brilhando por causa do suor. Estavam deitados na cama, Yoongi com o corpo em cima do de Hoseok, brincando com a cintura do mais novo. Hoseok sabia que Yoongi se sentia cansado – porque ele também estava se sentindo –, mas não sabia porquê ele ainda não tinha se entregado ao sono, quando sabia que Hoseok não se importaria em ver o namorado dormir.

– Eu...

Ele ouviu a voz de Yoongi e quando o olhou viu que ele sorriu. Yoongi ergueu os olhos, encontrando seu olhar com o de Hoseok. O moreno passou seus dedos longos pelo rosto do outro, fazendo com que ele fechasse os olhos novamente, ainda com um sorriso fraco em seus lábios.

Hoseok se mexeu, se deitando em uma posição confortável e puxando Yoongi para mais perto. O mais velho parecia tão frágil naquele momento, que Hoseok sentiu medo de o apertar e fazer com que ele acabasse se partindo em milhares de pedaços.

– Eu amo você – Hoseok sussurrou no ouvido do namorado, fazendo com que ele se virasse e olhasse no fundo dos olhos de Hoseok. O moreno sorriu sem mostrar os dentes, a mão fazendo carinho atrás da orelha de Yoongi.

– Eu também amo você – respondeu logo colando os lábios e subindo em cima do outro. Hoseok aprofundar o beijo, agarrando a cintura do outro e soltando um gemido baixo quando a mão de Yoongi se moveu para seu íntimo.

πππ

– Está tudo bem?

A voz do senhor Min surgiu, fazendo com que Hoseok desse um pulo surpreso. Havia se perdido na lembrança dos últimos minutos com Yoongi, antes dele chamar Hoseok para um banho e se despedir do namorado, falando que já era hora de ir ver a avó.

– Só estava pensando.

O senhor Min sorriu fraco, pousando sua mão no ombro do genro. Hoseok não falou mais nada, apenas manteve seu olhar no fundo do quintal. Os dois se manteram ali, em silêncio e observando o nada. Hoseok quis perguntar como o senhor Min havia feito com que o policial aparecesse, uma vez que eles só se colocavam em trabalho na busca depois de vinte e quatro horas de desaparecimento.

Hoseok mordeu o lábio inferior.

– Acho que vou ir, minha mãe deve estar preocupada.

– Claro, qualquer coisa a gente liga.

Hoseok sorriu, em forma de agradecimento. Após se despedir de seus sogros, saiu da casa e passou a andar em passos lentos até a sua, onde ele sabia que ia se afundar nos cobertores e se manter em posição fetal enquanto chorava. Se perguntou se sua mãe já havia voltado do hospital, rezando para que sim, não aguentaria ficar sozinho dentro de casa.

Quando chegou, deu de cara com a mulher deixando a bolsa em cima do sofá e retirando o casaco. Ela olhou para trás quando a porta foi fechada, e fez uma expressão confusa.

– Estava na casa do Yoongi – respondeu tirando o tênis e se sentando no sofá.

– Por que veio mais cedo hoje? Sempre que passa a noite lá volta somente na hora do almoço.

– Eu passei a noite em casa mesmo – ele abaixou o olhar, passando a brincar com a barra da sua camiseta. – Eu estava lá porque a senhora Min me chamou... Yoongi desapareceu.

A mãe de Jung arregalou os olhos e se sentou ao lado do filho que tinha os olhos cheios de lágrimas. Ela o abraçou, permitindo que ele chorasse em seu colo enquanto fazia carinhos nos cabelos escuros.

– Será que ele volta? – perguntou entre lágrimas.

– Claro querido, você sabe que ele não aguenta ficar longe de você.

Era verdade. O máximo de tempo em que os dois haviam passado longe era um fim de semana em que Hoseok teve de viajar de última hora por causa da morte de seu tio, e quando voltou Yoongi era tipo chiclete no cabelo, não desgrudava. Hoseok não reclamava desses momentos em que Yoongi estava tão carente que só queria Hoseok para si e mais nada, ele gostava, ter Yoongi disposto ali somente para ele, ignorando tudo ao redor era incrível. Ele amava tanto Yoongi que podia matar qualquer pessoa que fizesse mal para ele, apenas para ver seu garoto são e salvo, longe do perigo e completamente seguro. Porém, Hoseok não conseguiu manter Yoongi longe do perigo e agora ele estava desaparecido.

Ele ficou no colo de sua mãe sentindo o cheiro de hospital e pensando em Yoongi por um longo tempo, sentindo as mãos femininas passarem pelo seu cabelo, e murmurar alguma música calma baixinho. Hoseok acabou caindo no sono, finalmente conseguindo dormir depois de tanta confusão.

πππ

– Ah sim... Claro... Pode deixar... Não, eu não vou...

Hoseok acordou ouvindo a voz de sua mãe. Estava na sala, deitado no sofá. Ele tinha consciência de que tinha dormido, e se sentia mais disposto. Se sentou, logo indo até a cozinha onde viu sua mãe com o celular no ouvido enquanto pegava coisas para preparar a janta. Ela notou Hoseok e sorriu fraco, ele retribuiu e fez sinal que ia tomar banho. Ele assentiu, logo se apoiando na bancada.

– Quando isso?... De madrugada?... Não, sem problemas, segredo, sim.

Hoseok se perguntou com quem a mãe conversava e sobre o quê. Mesmo curioso, resistiu a tentação de perguntar para a mulher sobre o que era, indo até o banheiro e se enfiando embaixo do chuveiro que jogava água quente em seus músculos doloridos por causa da posição que dormiu.

Foi um banho rápido, sentia fome e não queria se manter sozinho. Sentia falta de sua mãe, ela estava trabalhando mais na última semana – pelo que ela tinha dito, havia um paciente em estado grave sobre sua supervisão e isso fazia com que ela tivesse de ficar mais tempo trabalhando – e eles mal tinham tempo para conversar como antigamente.

Vestiu seu pijama – que consistia em uma camiseta velha e um calção de moletom –, indo até a cozinha enquanto via se tinha alguma coisa em seu celular. Não havia mensagens não lidas e ligações perdidas, ele estava do mesmo jeito que Hoseok deixara mais cedo. Suspirou, bloqueando o aparelho e o jogando em cima do sofá.

– Eu fiz aquele negócio de batata com kimchi que você gosta–  a mulher disse ao ver o filho entrando na cozinha. Ele assentiu, se sentando em frente à mulher.

– Com quem você estava falando?

A curiosidade falou mais alto e ele teve de perguntar. Viu que sua mãe ficou tensa, ela abriu a boca algumas vezes como se procurasse palavras perdidas. Ela mordeu o lábio inferior, servindo Hoseok.

– Com uma amiga minha.

– Sobre o quê?

Ela ficou tensa novamente, os ombros rígidos e uma expressão assustada nos olhos. Hoseok sabia que havia acontecido alga coisa só pelo olhar dela, desde a morte de seu pai – dois anos antes – ele aprendeu o que cada ação de sua mãe significava, e sabia que aquele olhar significava coisa ruim.

– É sobre o filho dela, ele está doente.

Hoseok não acreditou, mas deixou o assunto morrer ali mesmo. Comeram em silêncio, somente o som dos talheres e do copo com suco sendo batido contra o vídeo da mesa a cada vez que o colocava ali. Quando terminou, esperou sua mãe terminar também e se ofereceu para lavar a louça, recebendo um sorriso da mais velha.

Ela o deixou sozinho na cozinha quando o telefone começou a tocar, ela estava na sala e pela casa estar em completo silêncio, ele pode ouvir um pouco da conversa. A voz de sua mãe, mesmo estando baixa, era audível e Hoseok conseguia compreender as palavras ditas, logo percebendo que o assunto se parecia muito com o da ligação que ele ouviu antes de ir tomar banho.

– Não, eu não contei e nem sei se devo, ele está muito conturbado – ouviu a mulher suspirar e imaginou que ela passava a mão nos fios negros enquanto andava de um lado para o outro. – Você acha?... Eu não sei, o que você pensa sobre isso?... Certo, vamos manter em silêncio por enquanto, amanhã eu passo aí para te ajudar, ok?... Não se preocupe, vai dar tudo certo.

Hoseok quase deixou um prato cair, e isso fez com que ele voltasse a prestar atenção no que fazia. Mais uma vez quis saber com quem sua mãe conversava, que era esse garoto que ela tanto dizia e o quê ela não podia contar. Ansiava saber sobre qual assunto a conversa se tratava, e aonde a mãe iria no dia seguinte. Suspirou, terminando a louça e secando suas mãos em um pano que havia em cima da mesa.

Ele foi até a sala, vendo a mais velha sentada enquanto mudava de canal na televisão. Quis perguntar quem era e se ele podia ir junto no dia seguinte, mas não perguntou, apenas se sentou ao lado da mãe e pegou seu celular. Mais uma vez não tinha mensagens, e ele estranhou. Jimin devia ter mandado alguma mensagem, pelo menos para saber como Hoseok estava ou só para fazer com que o mais velho pudesse se distrair de tudo aquilo que estava acontecendo. Hoseok se sentiu mal ao ver que nenhum de seus amigos haviam mandado mensagem para ele.

Mordeu o lábio inferior, abrindo o chat de Yoongi que era o segundo da lista e abrindo o teclado. Se Yoongi não atendia as ligações, teria de ler as mensagens – isso se ele estivesse com seu celular; somente naquele momento Hoseok pensou na hipótese de que Yoongi podia ter perdido o celular, aliás ele era crack nisso.

Hoseok: Oi amor.

Hoseok: Aonde você está?

Hoseok: Estou preocupado. Você saiu daqui de casa ontem e não apareceu mais em nenhum lugar. Se você estiver vendo essas mensagens, por favor, de um jeito de responder, eu não estou mais aguentando isso.

Hoseok: Quero que saiba que eu te amo com todas as minhas forças. Você sabe que eu te amo, mas eu faço questão de repetir isso. Saiba que aonde você estiver eu vou estar te protegendo, mesmo de longe. Se cuide, amor. Se conseguir, me liga, ok? Eu te amo.

– O que está fazendo?

Sua mãe pergunta e ele dá de ombros fechando o chat.

– Mandando mensagens pro Yoon, ele pode estar com o celular.

Ela moveu a cabeça em afirmativa enquanto olhava para baixo. Hoseok percebeu que ela podia chorar a qualquer momento, por isso se arrumou no sofá e a abraçou. Ele não sabia o motivo dela querer chorar, talvez estivesse se lembrando do pai dele. Ele fechou os olhos, afagando os cabelos da mais velha e rezando para que ela não estivesse se lembrando de quando a polícia bateu na porta da casa em que moravam.

πππ

Hoseok deitou sua cabeça no colo do namorado, sentia sono e dor. Havia batido com sua perna enquanto dançava, resultando em um roxo e uma dor que o remédio ainda não tinha sido capaz de apagar. Yoongi começou a fazer carinho no cabelo de Hoseok, sabendo que o mesmo iria dormir dali a pouco e que teria de o levar até seu quarto, mas ele não se importava.

A mãe de Hoseok estava na sala junto do casal, eles assistiam a um filme aleatório do Homem de Ferro que estava passando naquele momento. A mulher havia dito que ambos já podiam ir se deitar – era nítido o cansaço até mesmo em Yoongi, que havia passado o dia inteiro andando pela cidade em busca de um presente para o aniversário de Hoseok que seria na outra semana –, porém eles negaram, falando que iriam ficar com ela ali até o senhor Jung chegar.

Ele era professor em uma universidade, e seu turno se baseava nas aulas noturnas. Sempre chegava às 22 horas, porém ele havia ligado avisando que chegaria um pouco mais tarde, pois estaria terminando de corrigir provas e não queria fazer trabalho em casa. Foi completamente compreendido, isso já havia acontecido tantas vezes que Hoseok já estava acostumado, sabia que o pai odiava ter de trabalhar em casa.

Era quase uma hora da manhã quando a campainha tocou. Hoseok, que havia dormido, acordou em um pulo, fazendo Yoongi se assustar e agarrar a cintura do namorado, com medo dele cair. A mãe de Hoseok se levantou, perguntando ao garoto se o pai dele havia esquecido a chave, ele respondeu que não sabia. Se sentou, coçando os olhos e olhando para Yoongi que sorriu fraco, depositando um selinho em seus lábios.

– Boa noite, a senhora é a esposa de Jung Jungyeon?

Uma voz estranha e masculina surgiu. Hoseok se levantou, indo atrás da mãe que afirmou. Havia dois policiais ali, um homem e uma mulher. Quando ela notou Hoseok atrás da mais velha, desviou o olhar, como se sentisse dor ou algo do tipo. Hoseok percebeu que não vinha coisa boa quando ambos policiais tiraram seus chapéus – ele não sabia o nome daquilo –, e o homem olhou para baixo antes de encarar a mulher na sua frente.

As palavras que saíram de seus lábios fizeram que ela desse passos para trás, Hoseok a segurou para que ela não caísse e Yoongi se ajuntou aos dois, puxando a mulher para o sofá e indo pegar um copo de água para ela. Ela chorava tanto que chegava a soluçar. Hoseok olhou para os policiais novamente, sentindo seus olhos arderem.

– Vocês sabem quem foi?

– Algumas câmeras captaram o momento, então vamos buscar pelo rapaz.

Hoseok se segurou na porta, fechando os olhos e sentindo uma raiva o consumir. Ele não conseguia entender como aquilo tudo podia ter acontecido. Seu pai só estava voltando para casa, quando idiotas apareceram e atiraram nele. Hoseok não sabia se fora um assalto, mas sabia que seu pai havia morrido por causa de um tiro no crânio e um no peito.

Hoseok sabia que aquilo estava estranho de mais. Ninguém acertaria um cara que só estava voltando para casa em lugares fatais sem motivo nenhum – ou acertaria, Hoseok não era capaz de entender a mente humana –, teria de ter um bom motivo para tudo aquilo. Ele sabia que seu pai não se metia com nada que fosse perigoso, ele conhecia seu pai tão bem que sabia que o mais velho não era daquelas coisas, pois dizia que aquilo era estúpido, se aliar a delinquentes, colocando sua própria vida em risco. Ou talvez ele estivesse errado, fora um assalto e para se safar da cadeia o idiota resolveu matar seu pai. Hoseok suspirou, querendo pegar aquela porta e acertar na cabeça do infeliz que havia matado seu pai.

Ele sentiu os braços finos de Yoongi o abraçar, ouviu sua voz falando com os policiais e logo a viatura indo embora. Ele não sabia o que Yoongi havia feito, apenas se deixou afundar no corpo do namorado e chorar. Aquela havia sido a pior noite de sua vida.

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– Filho, acorde.

Hoseok sentiu as mãos de sua mãe enquanto ela o tocava para ele acordar. Abriu os olhos, havia dormido no sofá pela segunda vez. Ele olhou com um par de olhos sonolentos para a mais velha.

– O que é?

Não foi rude, apenas preguiçoso e curioso.

– Tenho notícias do Yoongi.