Jimin estava na cozinha da cafeteria após ter fechado o estabelecimento e, como programado no cronograma que possuía para evitar ficar sem mercadorias, estava terminando de preparar as geléias artesanais que usava em bolos e pratos que servia.
De longe sua favorita, tanto no processo de produção, quanto no consumo, era a de morango: deveria lavar os pequenos frutos que comprava orgânicos, picá-los em tamanhos medianos para mesmo com o calor eles mantivessem a polpa que era característica do doce artesanal e adicionar açúcar de maneira adequada e ao levar ao fogo colocar um pedaço de casca de limão para aromatizar. Enquanto tudo aquilo fervia, como esperado, a cozinha era agraciada com um cheiro doce adorável.
E no processo de limpar tudo, armazenar em vidros e guardar na geladeira ficou se perguntando o porquê de Jungkook querer ir ao cinema com a híbrida que frequentava a estabelecimento e não consigo, afinal, o convite havia sido feito e o filme ficaria a critério dele. Jungkook não tinha cara de quem gostava de comédias românticas, mas mesmo assim havia posto sua melhor roupa, passado perfume, penteado o cabelo e as orelhas negras macias que possuía. Era um híbrido de coelho afinal aquilo lhe era característico.
E tudo isso para sair com a menina bonita e que se assemelhava muito a IU, a cantora favorita e tipo ideal do maknae.
Suspirou frustrado, não sabia mais o que fazer para aproximá-lo de si, não que se odiassem, mas nunca realmente conviviam como amigos.
Quando assistiam algum filme no apartamento em que moravam, que Jungkook insistia a não chamar de casa e sim dizer que pertencia a Jimin, o mais novo nunca sentava no sofá de dois lugares com o mais velho, nunca dividia o cobertor, sempre puxava a pequena e desconfortável poltrona de vime da varanda e sentava-se lá de um modo tão rijo que não parecia realmente curtir o momento.
E na hora em que preparavam alguma refeição era Jimin quem fazia tudo sozinho o híbrido só vinha na hora de comer, mas mesmo assim lavava a louça e limpava a cozinha sem reclamar. Aliás, nunca se queixava de ajudar em afazeres domésticos ou de trabalhar no café.
Todos esses momentos evasivos e outros momentos em que o mais velho corria atrás dele o deixava frustrado, pois por mais que tentasse, menos contato o menino parecia querer consigo.
Foi de cortar o coração quando, ao sair para jogar o lixo fora, viu Jungkook gargalhando de forma natural e recíproca com a menina um pouco antes de se despedirem, e ao entrar no café para falar com Jimin que já poderiam ir embora tudo o que o loiro recebeu foi o “oi” sem graça de sempre e a carranca tediosa que rotineiramente enfeitava o rosto bonito.
<3
“ÓTIMO” Pensou o híbrido, um homem de quase dois metros de altura caído no chão era tudo do que precisava naquele dia, não podia ficar pior, arrastou o corpo do jovem para dentro do apartamento e percebeu que, sim! Teria, e ficou, bem pior: aquele lixão em que adentrou perturbou suas narinas felinas sensíveis. Vai se fuder Hoseok! foi o que pensei, já que, quem dera a ideia do emprego havia sido o moreno.
Com muito esforço colocou o rapaz no sofá e sentou-se no divã que havia ali perto e ficou encarando o ambiente murmurando para si mesmo que não iria limpar, não iria, aquela não era sua função! Fala sério! Não era uma faxineira, era a porra de um acompanhante ou algo do tipo.
Não conseguiu ficar cinco minutos sentado naquele lugar, pois ao ver uma barata passando no corredor se indignou e julgou o garoto ali desmaiado “Porco!” e pouco ligou para o fato de que iria mexer em coisas que não pertenciam a si e ao menos eram de um conhecido íntimo, afinal ele não dava a mínima. Precisava ficar num ambiente limpo para suas ideias fluírem, nas horas em que não estivesse com aquele traste jogado no sofá, com certeza escreveria ou pensaria numa boa batida para a MixTape nova do amigo e mandaria para ele e Joon analisarem tudo.
Suspirou resignado, nem ao menos havia falado com o menino e já se sentia furioso. Sibilou bem alto quando viu o estado em que se encontrava a pia da cozinha e o chão da mesma.
Caminhou por todo o apartamento e a cada cômodo sua raiva crescia, mais rápida do que cabelo de idol coreano: no quarto tinham roupas espalhadas por todos os cantos e todas pareciam sujas, o banheiro era até aceitável, a lavanderia era impecável e os produtos de limpeza possuíam uma camada de poeira por cima das embalagens. Pelo menos ele tinha produtos de limpeza, não compraria nada com seu dinheiro para aquele ser desconhecido, afinal sempre arrumava uma maneira de deixarem para os outros as contas.
Deixou seus pensamentos de lado para enfim iniciar o trabalho.
Sua cabeça doía a seus olhos negavam a vontade que tinha de abri-los e o cheiro que rondava suas narinas lhe era completamente estranho. Cheiro de eucalipto? De desinfetante? Sim, era definitivamente cheiro de desinfetante. E podia ouvir ao fundo um som sussurrado, focou-se nisso:
- Hoseok, escuta o que o Suga está falando! O Suga limpou o apartamento e o Suga está bravo. - silêncio - O Suga colocou ele deitado no sofá, o Suga não gostou dele.
A voz repetia Suga toda vez que se referia a, bem, si próprio. Ele ficava repetindo como um mantra e isso deixou o Kim intrigado, aquele ser com pose intimidadora havia limpado seu apartamento e agora discutia no telefone com alguém chamado Hoseok.
- O Suga não se importa de pagar a multa, aqui o Suga não fica! - a voz era birrenta e grave, masculina deixando Taehyung arrepiado. E enfim ele se ligou, após sua pequena viagem onde o híbrido falava coisas indecentes com aquela voz em seu ouvido, que: primeiro ele precisava de sexo, pois estava na seca a muito tempo e segundo o híbrido não podia deixá-lo na mão naquele momento.
Levantou-se abruptamente do sofá e correu em direção a voz que falava, aparentemente, ao telefone.
- Nãooo! - gritou - Você não pode ir embora!
- Hoseok, o Suga tem que desligar o doido acordou - ele parecia um gato arisco: a cauda estava de pé e balançada eriçada de um lado para o outro, suas orelhas apontavam para diversas direções muito agitadas e seus caninos proeminentes e aparentemente afiados ficaram amostra ao que ele , seus olhos negros pequenos brilhavam em raiva. (N\A: Sibilar é aquele “fuzzz” que os gatos fazem e funciona como o rosnado para os cães, mas (na minha opinião) é mais assustador).
- Por favor, não vai embora! Eu juro que não sou um doido, só meu apartamento que é meio confuso e nem está mais confuso, você arrumou tudinho - falou se dando conta de quanto estava organizado o ambiente em que morava, tudo estava cheiroso, limpo e habitável.
- O Suga viu suas lâminas, Suga conhece gente do seu tipo, vai furar o gatinho - sibilou. Merda de bisturis! Merda de agulhas e porta agulhas! Merda de hobbie de suturar pele sintética nas horas vagas!
- Olha, gatinho - que primeira conversa estranha, definitivamente, não era isso o que tinha planejado - Eu estudo medicina e treino prática em casa, só isso. Eu não vou furar o Suga.
- O Suga não confia em gente que não limpa, Hoseok e Suga limpam - Taehyung queria chorar da sua desgraça, mas a vontade de rir e apertar as bochechas do híbrido em sua frente conseguiam ser maiores. Apesar da imagem assustadora, ele era fofo.
- Eu gosto de limpar, eu só estudo demais, por isso não tenho tempo de limpar. - Disse um tanto quanto calmo, já que a situação em que o gatinho se encontrava, mesmo sendo fofa, ainda sim o deixava com certo medo, afinal o menino tinha dentes afiados demais para querer sentir eles algum dia. E seu corpo se esticava a estufava para parecer maior, assim como um gato faria ao se sentir ameaçado.
E assim o assunto simplesmente “morreu”, um Suga parado e desconfiado com suas orelhas se mexendo para os lados sem parar e um Taehyung sentindo um cheiro ótimo e tão esquecido por si, chamado: Limpeza.
- Ei, você vai ficar parado aí olhando para o Suga, parecendo um poste de luz de dois metros,ou vai falar algo, ou pelo menos agradecer o Suga da limpeza que fez? - Disse um Suga bravo, de braços cruzados e encarando o rapaz que era consideravelmente mais alto que si mesmo estando esticado, isso o irritava.
- E-Eu - Tae se sentia envergonhado, onde estava sua educação? Perdida em meio ao seu desespero, provavelmente - Quer café? - apontou a Dolce Gusto que aparentava estar ainda mais vermelha após ser limpa.
- Americano? - Suga arqueou uma das sobrancelhas finas e as enrugou em seguida.
- Americano.
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