História 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você - Página Dois

2° SEUS SUSPENSÓRIOS
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Com o tempo, Winston adotou o hábito de usar suspensórios.
Sim, suspensórios.
A única pessoa que eu conhecia que usava suspensórios depois de Winston era o velho tio Lou.
Observei Winston se ajeitar em frente ao espelho sentada na beirada da cama, com as mãos apoiadas no edredom florido que havíamos ganhado de sua mãe.
Soltei um suspiro.
Amava Winston, mas com o tempo ele se tornou estranho... Winston tem 25 anos, mas uma mente de 63 anos.

- Como estou? - Perguntou-me, dando aquela clássica voltinha e me encarando.
Velho...

- Está ótimo. - Tentei sorrir.
Não me leve a mal, mas quando se namorada alguém com o emocional frágil, você é obrigado a mentir em certas ocasiões.

- Hoje é a minha entrevista de emprego. Estou bastante animado. - Comentou, voltando a se analisar em frente ao espelho.

O Winston que conheci na faculdade era largado. Perdia a maioria de suas coisas e não se preocupava. Hoje, se Winston perdesse um botão, era motivo para surtar.
Winston havia se tornado previsível.
Era o mesmo ritual em todas as entrevistas de emprego que conseguia. Sim, por que Winston nunca conseguia o emprego. Talvez fosse seu cabelo ridiculamente arrumado, ou até mesmo seu perfume enjoativo.

- Me deseje boa sorte, docinho. - Beijou meus lábios.
Docinho.
Era esse o melhor apelido que Winston havia conseguido para mim.
Poderia ser amorzinho, florzinha, bebê, neném e outros milhares, mais não! Tinha que ser docinho!
Uma vez, minha irmã veio me visitar e ao ouvir Winston me chamando de docinho, ela disse:

- Fiquei com diabete só de ouvir.

Naquele momento eu quis que abrisse um buraco no chão e que me engolisse.

Eu nunca mais visitei minha família sem ouvir um "docinho".

Senti meu celular vibrar no bolso da calça e o tirei, era Cece, minha irmã.

- Oi, Cece! - Falei assim que atendi.

- Oi! Tá sabendo da novidade? - Novidades nunca era algo muito bom quando envolvia a minha família. A última novidade de que fiquei sabendo foi quando o marido de Cece caiu do telhado e atingiu meu avô.

- Não. Qual é a novidade? - Pergunte fingindo interesse.
Pelo os suspiros e o gritinho que Cece soltou só outro lado da linha, era algo bom.

- Nicolas voltou! - Senti todo o meu corpo paralisar.
Nicolas, o meu amor de infância estava de volta.
Ai. Meu. Deus.

- O que?!

- Isso mesmo! A Sra. Larsson contou a nossa mãe que seu maravilhoso filho voltou a cerca de dois dias, e inclusive perguntou por você! - Contou soltando mais um gritinho.

- Espera! Mais é a Griselda? - Griselda era a namorada italiana de Nick.
A mulher era uma Top Model muito conhecida, e não minto quando digo que até Winston babou quando a viu.

- Ele deu chute no traseiro magro dela! É a sua chance! - Sim. Era a minha chance, e provavelmente a única que teria, mas qual é! Não posso fazer isso com Winston.

- Dê um jeito de vir para cá, ou eu mesma irei te buscar! - E desligou.
Joguei o celular na cama e olho para Chan, meu lindo gatinho.

- O que eu faço agora, Chan?

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