História 10 rosas para Lu Han - Décima rosa

Décima rosa

SeHun corria apressado nos corredores do hospital, com a respiração falha e os olhos marejados.

Havia recebido uma ligação enquanto comprava a décima rosa de Lu Han.

“O senhor Lu Han cometeu suicídio essa manhã, lamentamos.”

SeHun queria que isso fosse mentira, que quando entrasse no quarto, Lu Han estivesse esperando por ele comendo gelatina.

“- Então você veio, de novo. –  Lu Han fala, comendo a gelatina que a enfermeira tinha trazido minutos antes. Seus braços doíam pelos cortes recentes. Realmente tinham sido fundos dessa vez, mas ele ignorava a dor. Lu Han não saberia dizer se isso era sorte ou azar seu.

- Eu disse que iria vir. – SeHun fala, dando de ombros e com a segunda rosa na mão.”

Que estivesse fingindo que estava dormindo, mas na verdade, estava apenas esperando a próxima rosa.

“- Trouxe a minha rosa? – Lu Han pergunta de repente, ainda de olhos fechados e assustando SeHun.

- Cristo, você não estava dormindo?! – SeHun pergunta ainda assustado, seu coração estava à mil.

- Eu não sou Cristo e não, estava apenas com os olhos fechados. – Lu Han responde calmo, abrindo os olhos e fitando SeHun. – Minha rosa?

- Aqui. – SeHun mostra a rosa, vendo o olhar admirado de Lu Han.”

Que mesmo triste, falasse com ele.

“- SeHun, por que eu ainda estou vivo? – Lu Han sussurra, quase inaudível. Não entendia porque a vida não lhe deixava ir. Só queria... descansar.

- Porque você precisa estar vivo.”

Que sentisse falta de SeHun e perguntasse por ele.

“- Você sabe aonde está o SeHun? – Lu Han pergunta para a enfermeira, que lhe olha curiosa.

- O menino do programa voluntário?

- Esse mesmo. – confirma.

- Não, eu ainda não vi ele. – ela responde, deixando Lu Han triste.”

Que Lu Han estivesse debaixo da cama, se escondendo.

“- Yah, Lu Han! Você não pode simplesmente sumir assim! – SeHun briga com o quarto vazio, colocado a rosa no vaso, junto com as outras. – Eu vou levar todas as suas rosas comigo, seu chinês besta!

- Vai não. – o coreano se assusta e olha ao redor, procurando a voz de Lu Han. – Olhe para baixo, Hunnie. – SeHun ouve um risinho e olha para baixo, encontrando Lu Han debaixo da cama, apenas com a cabeça de fora e sorrindo para si.

- Como você foi parar aí? – SeHun pergunta, se abaixando e olhando para Lu Han que ria.”

Que estivesse querendo brincar com as crianças.

“- As crianças vivem aqui? – Lu Han pergunta, era a primeira vez que saia do seu quarto.

- Sim, o hospital deixa elas brincarem a tarde inteira aqui. Também dão os brinquedos. – SeHun comenta, vendo a curiosidade de Lu Han ao observar as crianças pularem corda. – Quer pular também?

- Eu? – Lu Han gagueja.”

Que, por mais horrível que seja, estivesse apenas passando por uma crise.

“- Ontem de madrugada ele teve uma crise. – a enfermeira ao perceber o crescente desespero de SeHun, se apressa em esclarecer. – Não, ele não tentou se matar. Apenas teve uma crise, gritando por desculpas e dizendo que deveria morrer logo, assim tudo voltaria ao normal. – suspira.

- Entendi. – SeHun lentamente chega até a cama de Lu Han, colocando a oitava rosa no vaso, junto com as outras. Vendo que a enfermeira já tinha deixado o quarto, SeHun faz uma leve carícia com a ponta dos dedos no rosto de Lu Han. – Não me assuste assim.”

Que estivesse escrevendo sobre si.

“ – Você sabia que o psicólogo me deu papéis e caneta?

- Mesmo? – SeHun pergunta entrando na onda de Lu Han. Se ele não queria falar, não era o coreano que iria insistir no assunto.

- Sim, ele disse que me faria bem. Eu preciso escrever meus pensamentos, meus sentimentos, coisas que acontecem comigo. – o chinês explica, apontando para as folhas e a caneta que haviam perto das rosas. – Ele disse para mim escrever sobre você e para você.

- Escrever para mim? – o coreano estava surpreso. Não esperava por isso, nem um pouco.

- Sim, coisas que eu não consigo falar, ele me disse para escrevê-las para você.”

Mas SeHun sabia que nada disso seria mais possível, e ele não conseguia encarar essa realidade. Não conseguia, não queria acreditar, mesmo sabendo.

Ao chegar no quarto, vê Lu Han deitado na maca, com vários enfermeiros ao seu redor. SeHun acharia que Lu Han estava dormindo, se não fosse pela pele completamente pálida, o pescoço roxo, a corda no chão e a janela aberta.

- Nós sentimos muito. – uma das enfermeiras vem em socorro de SeHun, vendo como o menino estava abalado.

- Eu... – SeHun sussurra perdido. Não sabia o que falar, o que pensar, muito menos o que fazer.

- Nós... achamos uma coisa. Você é SeHun, certo? O menino do programa voluntário. – ela pergunta, puxando um papel de dentro do bolso e atraindo a atenção de SeHun. – Ele escreveu isso, e está escrito que é para você.

SeHun pega o papel nas mãos da mulher, indo para o corredor. Não conseguia encarar o corpo de Lu Han, não conseguia. SeHun senta no chão, sentindo os olhos marejarem novamente, mas começando a ler a carta que Lu Han havia deixado.

“Eu espero que você tenha trazido minha décima rosa, SeHun!

Eu sei que você deve estar chorando, e talvez até se culpando pelo o que deve ter acabado de acontecer, mas não fique assim. Isso já estava planejado, me desculpe. Eu não queria que você sofresse por mim, mas quando eu vi, eu já estava sofrendo por você.

Por um lado, eu não queria fazer isso, não queria deixar você. Mas por outro, eu queria tanto! Era, finalmente, a minha paz. E eu estava esperando isso por muito tempo, muito tempo.

Eu planejei a minha morte, desde o início, mas quando você apareceu, os planos mudaram um pouco.

Eu apenas tinha escolhido o quarto de número dez porque era o meu número favorito, mas quando eu percebi que tinha uma janela alta, foi melhor ainda. Eu apenas podia me jogar da janela, certo? Mas você chegou, com uma rosa.

Então eu continuei com o plano, mas coloquei você no meio disso. Eu lamento muito, eu não queria, mas foi preciso. Você veio me trazendo uma das coisas que eu mais amo nesse mundo, e acabou se tornando uma das que eu mais amei também.

Eu decidi que esperaria você trazer a décima rosa para me suicidar, porque um dos meus sonhos, era ter um buquê com dez rosas no meu enterro. Não me leve à mal, SeHun, mas você serviu perfeitamente para mim. Não pense que eu lhe usei apenas para isso, eu realmente gostei de você.

Quando fomos guardar os brinquedos, eu peguei a corda das crianças e escondi embaixo da minha cama. Não se culpe por isso, eu pegaria alguma coisa para me matar de qualquer jeito. E foi esse um dos motivos para pedir uma cortina mais grossa. Eu precisava de um apoio para amarrar a corda e não cair no jardim, e uma cortina grossa precisa de um apoio grande e forte, não? Aguentaria o meu peso.

Me desculpe por tudo isso. Desde o início, eu visei a minha paz, a minha vontade, e lamento ter colocado você nessa tristeza toda.

Eu espero que você consiga me perdoar algum dia, Hunnie. E que em uma próxima vida, nós nos encontremos e sejamos felizes juntos.

Viva por mim.

Com amor, Lu Han.

PS: Eu te amo, você é a pessoa que eu mais confiei e amei, acredite.”

SeHun chorava, sem se importar com todas as pessoas que lhe encaravam. Na sua opinião, Lu Han era egoísta, mas não iria culpá-lo. Amava-o demais, e nunca iria esquecê-lo.

Apenas iria fazer a vontade de Lu Han, que era desde o início, arranjar suas dez rosas para seu enterro.