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História Entre dois mundos (Reedição) - Amnésia


Escrita por: DKAraujo

Capítulo 24 - Amnésia


Fanfic / Fanfiction Entre dois mundos (Reedição) - Amnésia

Alguém chorava ao longe.

Pela visão ainda embaçada, Anthony reconhecia aquela voz chorando. Sua mãe.

— Você está vivo, meu filho! Vivo! — Ela estava aos prantos, em um canto do quarto, as mãos no rosto.

Felicidade era o sentimento que prevalecia. Mesmo sobre a nevoa em sua mente.

Anthony conseguiu mover a própria cabeça, mesmo que ao fazer isso uma pontada de dor foi enviada por todo seu corpo.

Uma enfermeira também estava no quarto, os olhos brilhando com lágrimas e um largo sorriso no rosto.

O que tinha acontecido? Onde ele estava?

Anthony não reconheceu o lugar, não sabia o porquê tinha uma percepção tão forte de felicidade, de orgulho e de gloria.

Sua mãe não se aproximou. Por um motivo ela não o fez, mas as lágrimas que escorriam pelos olhos dela o deixaram emocionado também.

Ele se surpreendeu quando se deu conta que seu rosto também estava molhado.

 

Inicialmente Alana se irritou com Ivy por tê-la obrigado a tomar banho, para só então as duas irem para o hospital, mas quando a água gelada caiu sobre seu corpo o sentimento de gratidão prevaleceu.

Precisava estar bem arrumada para ver Anthony.

Sabia que era bobo pensar na aparência para finalmente vê-lo acordado depois de tanto tempo, porém não conseguia parar de imaginar como ele reagiria ao vê-la.

Só pensar em vê-lo lhe causava palpitações.

— Eu estou tão feliz! — Alana não pôde evitar revelar para Íris, quando a ninfa apareceu no quarto de Ivy.

Íris assentiu levemente, antes de apontar para a cama de Ivy, onde um vestido estava posto.

Mesmo diante da euforia, Alana percebeu que aquele era o vestido azul que Ivy estava usando no dia em que se conheceram. As duas serem quase da mesma altura faria com que ele caísse perfeitamente em seu corpo.

Enquanto se vestia, se deu conta que precisaria agradecer a Ivy.

Ela estava fazendo tanto, mesmo nada daquilo sendo sua obrigação. Por algum motivo, mesmo por trás de todo o mal humor, Ivy continuava a ajudando.

Era estranho, mas depois de tudo, considerava Ivy sua amiga.

— Por que está se produzindo tanto? — Íris questionou, sentando-se de pernas cruzadas na cama de Ivy.

A ninfa observou com os olhos estreitos Alana procurar uma maquiagem para dar cor ao rosto pálido, depois de escovar o cabelo.

— O que aconteceu lá que você não nos disse?

Alana mordeu o lábio inferior, nervosamente.

Deveria contar ou não?

— Fale logo, Alana. — Apesar de firme, o tom de Íris também estava carregado de curiosidade.

Alana engoliu em seco, virando-se para a ninfa.

A imagem da noite anterior, quando alguém na aparência dela se aproximou e a afogou, surgiu.

Mas quem tinha feito ela não era a Íris verdadeira. Não era aquela sentada à sua frente, com preocupação estampada no rosto. Aquela era sua amiga e podia confiar nela.

— Anthony me beijou. — Íris sequer piscou, apesar de parte da preocupação ter se dissipado da sua expressão. — Não parece surpresa.

— Não estou. — Foram as únicas palavras que a ninfa disse.

Alana estreitou os olhos.

Aquela era sua amiga, mesmo que o rosto dela não expressasse emoção nenhuma. A platinada odiava quando Íris ficava misteriosa e não era possível saber o que ela estava pensando.

Mas isso não importava agora.

A única coisa que importava era ver Anthony e se certificar que ele estava realmente bem.

Quando Alana se virou para passar um batom rosado que achou na penteadeira de Ivy, Íris sumiu a deixando sozinha no quarto.

Sem querer gastar energia imaginando o que a ninfa estava pensando, Alana se considerou pronta e saiu à procura de Ivy.

A encontrou sentada no sofá da sala, que não parecia a mesma da noite anterior, pois estava cheio de móveis e sem todas aquelas pessoas bebendo e dançando.

Ivy, que não parecia ter tomado banho, apenas ergueu o olhar de forma entretida quando a platinada se aproximou.

— Cadê os outros? — Alana teve que questionar.

— Foram embora. — Ivy respondeu simplesmente, levantando-se.

Pela expressão no rosto dela estava claro que os tinha mandado embora.

— Ivy, eu preciso agradecer por tudo que voc... — As palavras de Alana foram cortadas quando uma buzina soou do lado de fora.

— Vamos, nossa carona chegou. — Ivy, ignorou o inicio dos agradecimentos da outra e andou em direção a porta.

Por quê está fazendo tudo isso? Por que acabou com sua festa para me ajudar? Por que está me acompanhando quando deveria estar comemorando com Ethan?

As perguntas morreram na língua de Alana quando ela se obrigou a seguir a outra.

A platinada não se surpreendeu ao ver que a carona era Ethan.

 

Anthony não se lembrava de sua mente já ter estado tão silenciosa.

Mesmo quando o efeito dos sedativos passou e ele se sentia totalmente acordado, não conseguia se apegar a qualquer pensamento.

Era demais pensar que estava em coma. Principalmente quando a última coisa que se lembrava era de ter sido arremessado da própria mente.

Por muito tempo ele focou apenas no barulho do aparelho que controlava os batimentos de seu coração, no som do remédio pingando no soro de seu braço, na movimentação do entra e sai das enfermeiras, no choro silencioso da sua mãe e na própria respiração.

Mesmo ainda respirando com dificuldade, focava na sensação do ar entrando e saindo de seu nariz.

Morto. Ele poderia estar morto.

Pensar nisso lhe dava uma sensação oca no próprio peito.

A vida era tão frágil, mas por um milagre tinha conseguido viver.

— Estou com fome. — Anthony murmurou, se incomodando com o silencio dentro da própria cabeça.

Se sentia tão vazio quando um vampiro dissecado depois de séculos sem beber uma gota de sangue.

— Você não pode comer agora, meu amor. — Sua mãe respondeu, com pesar. — Você se lembra de algo sobre o tempo que ficou desacordado? Sonho com alguma coisa? Viu alguma coisa?

Anthony a encarou.

Sua mãe sempre tinha sido uma mulher pequena, mas agora parecia ainda mais por causa da magreza que tomava conta de seu corpo. O rosto dela parecia esquelético e sua aparência deixava claro que tinha passado muito tempo ao lado do filho.

Apesar disso, os olhos cansados dela brilhavam com um misto de emoções.

Se lembrando da pergunta dela, Anthony fechou os olhos e tentou se obrigar a lembrar.

Não tinha nada. Nada além de uma escuridão extensa e intensa entre o momento em que caiu no chão e o que abriu os olhos naquele hospital.

O vazio em seu interior aumentou, quase tão intensamente quanto a escuridão que nublava sua mente.

Uma dor latejando atingiu sua cabeça, o fazendo abrir os olhos bruscamente.

Tentar se forçar a se lembrar de algo era doloroso.

— Não lembro de nada além de escuridão. — Ele se obrigou a dizer, sentindo a garganta arranhar. Não era uma escuridão bem-vinda. — Já que não posso comer, posso beber algo?

A mulher se sobressaltou na poltrona que estava sentada.

— Vou perguntar a uma das enfermeiras! — Exclamou, levantando-se, antes de sair.

Anthony suspirou, olhando para os próprios dedos sobre a cama. Até o movimento deles parecia diferente.

O silencio tomou conta da mente dele novamente. Ele era bem-vindo. Não pensar em nada era melhor que pensar em tudo. Não sentir nada era melhor do que se agarrar a um daqueles sentimentos que o partiria.

O silencio foi interrompido quando a porta do quarto branco se abriu bruscamente.

Anthony observou intrigado a garota loira correr pelo quarto e se jogar contra ele aos prantos.

Ele arfou de dor quando os braços dela o envolveram. Os soluços altos que escapavam dela, fizeram com que as palavras incoerentes que ela falava não fossem compreendidas.

Mas o que era aquilo?

Sendo encharcado por lágrimas Anthony encarou a porta em busca de ajuda e uma garota de estatura tão baixa quanto a loira surgiu ali. Um reconhecimento distante se acendeu no moreno quando ele encarou a garota de cabelos cor de rosa de postura arrogante.

— Anthony, eu não acredito que acordou! — A pequena loira pequena exclamou entre os soluços. — Eu estava tão preocupada!

— Tudo bem. — Anthony se obrigou a murmurar diante da confusão em sua mente. — Por que está fazendo isso?

Alana. Ele se lembrou dela quando a mesma o soltou e o encarou com os olhos bicolores arregalados e horrorizados.

Eles estudavam juntos, mas nunca foram próximos, o que não explicava aquela reação exagerada.

— O quê? — Ela disse, erguendo uma das mãos para secar o rosto enxarcado.— Perguntei porque está fazendo isso. — Anthony não conseguiu afastar o tom grosseiro da voz.

Imaginava que as pessoas estivessem preocupadas, mas preferiria ter essa reação de um dos amigos e não de praticamente uma desconhecida.

Alana deu mais um passo para trás, o rosto com uma expressão ilegível.

— Sei que estudamos juntos, mas porque está chorando tanto e agindo como se fossemos melhores amigos? — Ele teve que questionar, se movendo de forma tensa na cama.

Seu corpo ainda doía. Precisava descansar e não receber visitar como aquela.

Tinha acabado de acordar, precisava descansar.

— Você não lembra de mim? — A voz de Alana foi mal um sussurro.

Anthony abaixou a cabeça e estreitou os olhos.

A expressão no rosto da platinada lhe dava a impressão que ela desmaiaria ou vomitaria a qualquer momento. Lágrimas não paravam de descer naquele rosto pálido.

— É claro que eu me lembro. — O moreno combateu ao impulso de revirar os olhos. — Nós estudamos juntos, mas nunca fomos próximos. O que torna estranho sua reação.

Ou talvez não fosse estranho. Talvez aquela garota fosse apaixonada por ele, apesar das suas provocações.

Antes que ele pudesse perguntar isso, Alana se virou para a garota da porta, a mão no peito como se estivesse com dificuldade de respirar.

— Eu não acredito. — As palavras da platinada saíram abafadas, conforme ela andava em direção a outra. — Ele não se lembra de nada. Não se lembra do que aconteceu.

Do que ele não se lembrava?

Anthony teria perdido parte da memória e não tinha se dado conta?

Será que em algum momento tinha sido amigo de Alana e não conseguia se lembrar disso?

Não. Nada disso tinha acontecido. Ele não forçaria a própria mente para não sentir mais dor.

Alana sempre fora estranha e aquela era apenas uma das suas esquisitices.

— Ficará tudo bem. — A garota de cabelos cor de rosa, descruzou os próprios braços e se aproximou de Alana de forma protetora. — Fique calma, isso já era de se esperar.

Anthony piscou, incapaz de se mover ou dizer qualquer coisa para acabar com aquilo. Incapaz também de entender o porque Alana estava surtando daquela forma.

A atenção dele se desviou delas, quando uma pequena mesa com flores ao lado da cama começou a tremer levemente.

O que estava acontecendo? Um terremoto?

— Ethan! — A garota de cabelos cor de rosa exclamou, parecendo ainda mais preocupada.

Como se tivesse sido convocado, um garoto alto e de cabelos escuros apareceu na porta do quarto.

— O que houve, Ivy? — O jovem, Ethan, questionou, mas os olhos estavam em Anthony.

Anthony sentiu-se tonto ao encarar aquele estranho.

Estava delirando. Anthony se deu conta. Sua mente ainda não tinha acordado completamente e lhe estava causando delírios.

— Precisamos tira-la daqui. — As palavras de Ivy foram o suficiente para Ethan se inclinar sobre Alana.

Ele ergueu a platinada nos braços, com a facilidade de pegar uma boneca de porcelana, então deu as costas e saiu sem nenhum outro olhar na direção de Anthony.

Mas Ivy, como Ethan tinha chamado a garota de cabelos cor de rosa, continuou ali por alguns segundos, o olhar em direção a Anthony. Repreensão e curiosidade brilhavam naqueles olhos cinza, então em um piscar de olhos ela também se foi.

Apenas quando estava sozinho novamente, Anthony se deu conta que o tremor na mesa tinha passado. E mesmo minutos depois, quando sua mãe retornou para a sala com um copo de água, o moreno continuou encarando a porta por onde as três pessoas mais estranhas do mundo, tinha saído.

Que porra tinha acontecido ali?

 

— Por que diabos vocês não ligaram para mim?!

Morgana se encolheu diante do olhar acusatório de Tessa.

Curvada no balcão da cozinha da amiga, ao lado de Jamie, Morgana não conseguiu afastar a sensação de culpa que lhe corroeu.

Deveria ter ligado para Tessa, ou simplesmente mandado uma mensagem para contar o que tinha acontecido com Alana, mas sequer pensou nisso durante toda a madrugada que passou ao lado da amiga.

— Não acham que como amiga de vocês eu deveria ficar sabendo disso antes? — Tessa continuou, a voz soando estrangulada, como se tivesse tentando conter a própria irritação.

— Desculpe, Tessa. Não queríamos preocupa-la. — Morgana se arrependeu dessas palavras no instante em que as pronunciou.

Mágoa brilhou nos olhos de Tessa, atingindo a outra como um tapa.

Jamie e ela mereciam isso depois de não contarem para Tessa algo tão importante. Se Morgana também fosse excluída de algo assim, teria a mesma reação, mas sem tanto alto controle.

— Não queriam me preocupar?! — Tessa gesticulou para si mesma e seu movimento foi cheio de fúria. — Não pode estar falando sério!

— O que está acontecendo? — Pelo que se lembrava, aquela foi a primeira vez que Morgana ficou feliz por Freddie interromper uma das conversas deles.

Freddie entrou na cozinha, observando os três com cautela, enquanto parecia decidir se aproximar de Tessa, que estava com a postura rígida e olhos queimando, ou não.

O olhar dela foi na direção do namorado.

— Você sabia o que aconteceria com Alana? — A pergunta foi cheia de acusação.

Freddie piscou, petrificado, antes de lançar um olhar repreensível na direção de Morgana e Jamie.

Estava os repreendendo por irritar Tessa.

— O que aconteceu com Alana? — Ele perguntou por fim, focando os olhos na namorada mais uma vez.

— Você que deveria me falar, afinal é vidente.

Freddie se moveu com pura cautela, diante da acusação raivosa de Tessa.

Tessa tinha razão em estar daquela forma, Morgana lembrou a si mesma.

Jamie pareceu pensar o mesmo, pois explicou para Freddie o que tinha acontecido na noite anterior e quando terminou, Freddie parecia tão contrariado quanto Tessa.

— Por que vocês não nos avisaram que Alana estava com problemas? — Ele questionou, finalmente se aproximando totalmente de Tessa.

Quando estavam lado a lado pareciam combinar ainda mais, mesmo quando os olhos de ambos faiscavam de raiva.

— Nós não sabíamos o que fazer. Foi Ivy quem a ajudou. — Morgana tentou argumentar, mesmo sabendo que seria em vão.

O celular de Jamie apitou com o recebimento de uma mensagem e a morena virou-se para ele, o observando timidamente.

Não tinha tido a chance de terminar a conversar que começaram no carro, por causa de tudo o que estava acontecendo, mas pelo menos o clima estranho entre os dois tinha acabado por causa da preocupação mutua com Alana.

Tessa fez o som como se fosse começar a repreendê-los novamente, mas Jamie ergueu o celular com um pigarreio.

— Desculpe, pessoal, mas Ivy falou que nós deveríamos ir para a casa de Alana.

 

Alana tentou agradecer a Ivy, mas não encontrou palavras.

Depois que Ivy a acalmou no banco detrás do carro que Ethan dirigia, qualquer palavra sumiu.

Mas agradeceria depois, agradeceria por ela tê-la acompanhado, por tê-la acalmado e explicado para Myrcela que a irmã mais nova tinha apenas passado por um susto e por isso o rosto estava inchado de chorar.

Depois de deixa-la no quarto, Ivy tinha finalmente ido para casa.

Alana se manteve sentada por horas, encarando a parede branca do quarto e mesmo quando Íris apareceu ao seu lado. A ninfa segurou em sua mão, até uma batida na porta assustar as duas.

— Fiz sopa, venha comer. — Myrcela disse do outro lado.

A loira raramente usava o tom de irmã mais velha, mas naquele momento o tinha feito, deixando claro que havia algo de errado.

— Vá. Ela está preocupada. — Íris disse depois de perceber que a platinada não iria se mover.

Como que em piloto automático Alana se levantou, mas não para descer e sim para tomar banho.

Minutos depois ela entrou na cozinha, enrolada em um roupão, descalça e com os cabelos molhados e presos em um coque no alto da cabeça. Sabia que a própria aparência não estava boa.

— Pode deixar que eu sirvo para você. — Myrcela disse, levantando-se da cadeira ao redor da mesa que estava sentada.

Alana assentiu uma vez, também se sentando ali e avistou a irmã colocando o prato de sopa em frente a ela.

— Ainda bem que nossa mãe não está aqui, ela teria ficado preocupada em vê-la chegando daquela forma. — Myrcela se sentou do outro lado da mesa, falando suavemente.

— Se ela se importasse de verdade estaria aqui e não passaria tanto tempo viajando. — As palavras saíram antes que Alana pudesse contê-las.

Myrcela não estava esperando ouvir aquilo, pois soltou um gemido exasperado que Alana ignorou, enquanto dava algumas colheradas na sopa.

Seu estomago roncou em agradecimento, porém ela não conseguiu comer mais que meio prato. Quando terminou, colocou a colher de lado e bebeu um pouco de suco, antes de fazer menção de se levantar.

— O que está acontecendo, Alana? — A mão de Myrcela pousou sobre a dela, a mantendo parada. — Você sabe que pode me contar tudo, não é?

— Não é nada. — Alana respondeu com um murmúrio sem emoção.

— Alana, nós somos irmãs. Sempre fomos próximas e falamos a verdade uma para a outra. — Myrcela parecia prestes a se debulhar em lágrimas. — Algo está errado, mas não sei o que é. Então me conte, fale comigo. É sobre os seus dons? Está se sentindo sobrecarregada novamente?

Não adiantaria. Alana não contaria a sua irmã. Myrcela não entenderia por mais que tentasse, então não adiantaria.

Felizmente Alana foi poupada de responder, pois a campainha tocou.

Alana puxou a mão e se levantou rapidamente, a cadeira indo para trás com um barulho.

— Vou ver quem é. — A platinada disse e saiu sem dar a chance de Myrcela falar qualquer outra coisa.

Parado do outro lado estava Jamie, com as mãos nos bolsos da calça que usava, o cabelo bagunçado e as bochechas coradas graças ao frio da noite que fazia do lado de fora.

Uma brisa entrou pela porta, fazendo-a estremecer levemente.

— Oi, Jamie. — O cumprimentou sem qualquer empolgação.

— Olá, Alana. — Jamie sussurrou com um meio sorriso.

— Quer entrar? — Alana questionou apenas por educação.

Tudo o que queria era ficar sozinha, mas pela expressão dele ficava claro que ele não iria embora naquele momento.

— Sim. Tenho uma surpresa para você.

Jamie se afastou da porta, dando espaço para alguém passar. Tessa e Morgana surgiram, com sorrisos dóceis e várias sacolas nas mãos.

— Trouxemos sorvete e filmes antigos para assistirmos. — O sorriso de Tessa se alargou ainda mais, conforme ela andava até a amiga.

— Vamos ficar o tempo que for necessário. — As sacolas nas mãos de Morgana fizeram barulho quando ela as ergueu para abraçar a amiga.

Ver as duas ali, foi como se uma barreira no coração de Alana se derretesse.

Saber que os amigos dele estavam ali por ela, para apoia-la e ajuda-la, fez com que as lágrimas voltassem para seus olhos.

— Obrigada por isso. — Alana agradeceu quando as duas a abraçaram fortemente, de olhos fechados.

Alana, Morgana e Tessa suspiraram como se fossem um só e quando a platinada abriu os olhos viu Jamie parado ali, as encarando com os olhos transmitindo afeto e amor.

 

— Vai sair?

Alana forçou um sorriso no rosto ao se virar e ver Myrcela entrar na sala. A loira tinha saído para correr e isso estava claro graças ao suor nas roupas de exercício dela.

— Sim. — Alana assentiu uma vez. — Vou ao hospital.

— Hospital? — Myrcela questionou parando no meio da sala, confusa. — O que vai fazer no hospital?

— Visitar um amigo. — Alana se virou, a mão indo para a maçaneta, mas antes de vira-la, ela se virou novamente para a irmã. — Me desculpe se estou afastando você. Algumas coisas estão acontecendo... Coisas que achei que se acertariam estão saindo do controle, mas não se preocupe, tudo ficará bem.

— Está tudo bem. — Myrcela assentiu e pareceu relaxar um pouco ao ouvir tais coisas. — Quando quiser falar comigo, estarei aqui. Eu também sou sua amiga, não tenho os mesmos dons que você, mas sou sua amiga.

Alana assentiu, finalmente saindo de casa.

Myrcela e ela ainda teriam que conversar, mas não naquele momento.

Alana tinha outra coisa para fazer.

Não sabia se era o certo, algo no mais profundo de seu interior falava para não ir, para ficar em casa com as amigas que tinham passado a noite ali, mas não foi isso que ela fez.

Alana continuou seu caminho, pois queria ter certeza.

Precisava ter certeza que Anthony não lembrava de tudo o que tinha acontecido entre os dois quando estava em coma. Queria ter certeza de que ele não se lembrava de estar apaixonado por ela, do beijo que os dois trocaram antes de acordar. certeza de que a ligação dos dois tinha sido quebrada no momento em que o mesmo abriu os olhos e respirou o ar depois de tanto tempo.

Ter certeza daquilo iria ser doloroso, mas a platinada precisava ter certeza.



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