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História Juntos até o fim - We keep this love in a photograph


Escrita por: RafaMC

Notas do Autor


Oi!

Hoje eu só tenho a agradecer pelos 100 favoritos, juro que eu nem sei o que dizer. Fiquei tão feliz quando vi esse número, é tão bom saber que tem pessoas realmente gostando da minha história. A escrita é algo muito importante para mim, eu sei que ainda não é perfeito, compreendo que há erros, mas estou sempre buscando entregar o meu melhorar. É isso muito obrigada pelos favoritos e comentários por acompanharem essa história, quero que vocês gostem disso aqui, enfim é isso com você o capítulo 20!!

Capítulo 21 - We keep this love in a photograph


Uma, duas, três, quatro batidas. Por ali ele já estranhou, Maria Ísis jamais demorava mais do que três batidas. A menina sempre vinha correndo ao seu encontro com um sorriso inocente no rosto. 

 

— My sweet child! — dessa vez foi diferente, Ísis não o recebeu contente como das outras vezes, pelo contrário ela tinha um olhar emburrado — Que foi dessa vez, Ísis? 

 

— Você ainda pergunta, Zé?! — ela cruzou os braços, eles estava de pé na sala — Você disse que ia vir aqui em casa assim que chegasse de Petrópolis e não veio. 

 

— Maria Ísis, escuta aqui. Eu estava resolvendo problemas de família, eu não tive tempo de vir — o modo de falar era um pouco impaciente, em algum momento a maturidade lhe faz perder o ânimo e paciência para picuinhas de relacionamentos juvenis. José Alfredo já tinha perdido a sua fazia anos, ele tinha problemas maiores 

 

— Eu sei Zé, sei que você tava com sua família. Mas poxa, eu fiquei preocupada! — não era sobre a família, ele tinha a família dele e ela sabia disso. Está bem, ela não poderia admitir em voz alta, mas pelo menos em seu íntimo ela admitia era um pouco sim sobre a família, sobre o tempo em que José Alfredo passava com eles, pensado neles, falando sobre eles e mesmo quando estava com ela a família dele se tornava o tópico principal. 

 

— My sweet child, você ficou preocupada, foi?! — ele a abraçou. O apelido e o jeito de falar a incomodou. 

 

— Para Zé, não me trate com uma criança! — ela tentou se desvencilhar dos braços dele.

 

— Não to te tratando como criança — ele claramente estava e o motivo era porque ele não queria perder a paciência. Ela arqueou a sobrancelha e fez bico — Então vamos fazer o seguinte, Ísis — ele engoliu a própria saliva, já estava perdendo a paciência com aquela picuinha — se arrumar que a gente vai almoçar fora, você tá precisando espairecer e eu também.

 

— Na sua casa? — ela mordeu os lábios, a possibilidade de ter que enfrentar os Medeiros naquele momento não lhe agradava. 

 

— Não, não tem ninguém em casa agora. Vai ser em outro lugar — Sua cabeça estava prestes a explodir em dor de cabeça se ele continuasse ali por mais alguns segundos. Por pura sorte Maria Ísis sorriu e aceitou a oferta. 

...

José Alfredo estava dirigindo dessa vez, as duas mão firmes no volante e concentrado. Ela não disse nada, não perguntou a onde iriam ou no que ele estava pensando. 

 

— Achei que fosse-mos  comer em outro lugar — Ísis comentou surpresa e um tanto incomodada, ela reconheceu a entrada da garagem do prédio do Comendador. 

 

— Nós vamos, mas antes eu preciso pegar algo lá em cima — ele estacionou, saiu do carro e ela percebeu que não tinha outra escolha a não ser segui-ló. 

 

Ela tentou segurar a mão dele, mas José Alfredo soltou a mão da garota bruscamente. 

 

— Desculpa! — ela recolheu as mãos. Ele não disse nada, enrolou o bigode e apertou com mais força o botão do elevador. 

 

Ísis havia esquecido, eles não podiam andar de mãos dadas, eles não podiam ser vistos como um casal. Havia muitas câmeras ocultas, paredes com olhos e ouvidos e um escândalo agora era um risco que José Alfredo não queria correr. 

...

Eles entraram no apartamento, José Alfredo logo correu para mais adentro mal fechando a porta deixando a sozinha na sala. 

 

O local tinha uma iluminação ambiente mais amarelada poderia até ser aconchegante e provavelmente seria esse o objetivo da luz, deixar aconchegante para as pessoas que moravam na casa, mas ela não era uma dessas pessoas. 

 

O ar condicionado estava a uma temperatura um pouco mais baixa, enquanto o dia lá fora era bastante ensolarado e quente, a casa estava mais escura e fria. 

 

E ela sabia exatamente o motivo de toda aquele ambientação, a Imperatriz gostava dessa maneira em muitas das suas conversas com José Alfredo, o homem acabava citando ou lembrando de cada mania da esposa, a aversão a claridade e gosto por locais mais frios. 

 

As janelas estavam fechadas, cortinas impediam que a luz entrasse, mas mesmo assim ainda era possível enxergar cada detalhe em cada canto daquele enorme cômodo. 

 

As fotos de família nas estantes, vários momentos importantes ali expostos. O nascimento de cada criança ali bem marcado nas fotografias. De formaturas a casamentos, ela viu José Alfredo e Maria Marta juntos sorrindo em uma praia, Marta estava vestida de noiva e Zé sorria para a esposa. 

 

E bem atrás da foto tinha uma outra, Marta sentada em uma cadeira com um belo vestido rosa pastel, a barriga marcada pelo tecido.

 

A combinação daquela ambientação e das fotos só fazia com que a presença de Marta se fortalecesse. Ísis mordeu os lábios, ela queria aquilo, uma barriga avantajada para poder exibir, filhos e netos, uma família para chamar de sua, uma casa que carregasse sua presença mesmo quando estivesse ausente. 

 

— Zé, posso ir no banheiro? — era melhor ela sair daquela sala, todas aquelas fotos, os sorrisos só estavam servindo para assombrar-lá. Ela mal escutou uma resposta de fundo dele e subiu para a suíte master.  

 

A porta entreaberta do quarto de Marta chamava atenção. O pensamento de entrar surgiu na sua cabeça, mas tão rápido como surgiu também desapareceu. Ela entrou correndo no quarto de José Alfredo e fechando a porta logo atrás, fugindo da onipresença de Marta. 

...

A Imperatriz estava na biblioteca da casa, fazia algumas horas que seus filhos tinha ido para a empresa e ela não via José Alfredo desde daquela conversar que tiveram na sala de reunião na noite anterior. 

 

Pedro e Clara foram embora com ela, logo após cada um conversar separadamente com o pai, os dois disseram que tudo ocorreu bem, ela não acreditou porque as suas duas crianças permanecerem caladas durante todo o trajeto, mas ela resolveu não questionar, Marta já tinha seus próprios problemas e um deles envolvia o pulso esquerdo que estava latejando em dor. 

 

Ela girou o pulso e tomou alguns comprimidos na tentativa de minimizar a dor, ela ficou em casa para se manter longe do trabalho e conseguir descansar um pouco antes da reunião na parte da tarde, mas ela sabia que nada iria fazer a dor parar, aquilo era crônico ela precisava de um médico que lhe desse anti-inflamatórios. 

 

Mas só a ideia de ter que ir até uma clínica ou a um hospital já lhe deixava um pouco ansiosa. Ela fechou os olhos e respirou mais fundo, só o pensamento a apavorava então definitivamente ela não estaria indo a um hospital por hoje. 

 

A casa estava tão silenciosa que foi possível ouvir a porta de um cômodo bater com força. Ela conhecia perfeitamente a planta daquela casa pra saber qual cômodo tinha sido aberto: o quarto do Comendador. 

 

E ele deveria está um pouco alterado pelo modo como bateu a porta, não custava nada ela ir até lá só para causar uma pequena intriga, pelo menos iria divertir o dia tedioso que ela estava tendo. 

...

A primeira coisa que reparou foi a cama, sorrindo Ísis se sentou nela lembrando da última noite que esteve ali com Zé, antes da festa da Império, antes da falsa morte, antes de tudo. 

 

— Zé! — O sorriso de Marta se apagou, por um segundo ela cogitou que tudo aquilo não passava de uma ilusão de mal gosto provocado pelo cérebro como uma resposta contra a quantidade de calmantes e analgésico ingeridos por ela na última hora. 

 

Aquela cabeleira ruiva sentada na cama de José Alfredo, na cama dela. Porque sim mesmo que eles não estivessem mais juntos e prestes a colocar um ponto final na história deles, aquela cama ainda era dela. 

 

Ela era Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque a única mulher com o direito de estar naquela cama, de entrar naquele quarto, e ela já não toleraria aquele tipo de afronta novamente, não depois de tudo o que fez por aquele homem. 

 

— Marta! — A voz dele surgiu na sua costas. Marta virou bruscamente se afastando do corpo do Comendador. 

 

— O que essa vagabunda tá fazendo aqui na minha casa? — ele tentou se aproximar dando um passo na direção dela, mas Marta se afastou. As pastas que estavam nas mãos dele foram deixadas em cima de um móvel qualquer. 

 

— Ísis, saí! — A garota ainda estava sentada na cama. 

 

— Zé, eu posso ficar! 

 

— Sai, agora! — ele não gritou, pelo contrário sua voz saiu em um tom bem rouco e autoritário, aquilo não era um pedido era uma ordem, José Alfredo precisava esclarecer coisas com a esposa. Ele falava com Ísis, mas seus olhos estavam focados em Marta. 

 

José Alfredo sabia que se a garota permanecesse por mais alguns minutos no quarto era muito provável que sairia morta de lá, o Comendador conhecia a esposa que tinha, sabia os limites de Marta. A mulher não toleraria que ele levasse outra para a cama na casa deles novamente. Não depois da conversa que tiveram na casa de Petrópolis. Marta andava mais intensa ultimamente, com mudanças bruscas de emoções. 

 

A menina obedeceu, era ridículo constatar o nível de submissão de Ísis, chegava a ser nojento o fato dela não se impor. 

 

— Você pretendia o que, José Alfredo? — agora ela deu um passo pra frente — Transar com sua piranha particular aqui na nossa casa, por trás das minhas costas e depois fingir que nada tinha acontecido? 

 

— Não Marta, não era isso. Você entendeu errado! 

 

— Eu entendi errado?! — ela gritou, a indignação presente em suas expressões e voz — Melhore suas desculpas José Alfredo, me fazer duvidar das minhas faculdades mentais não vai funcionar. 

 

— Não estou fazendo você duvidar de nada mulher, shit, presta atenção — ele ficou exaltado. Aquela situação toda não era pra ter acontecido.

 

— Abaixa esse tom pra falar comigo — ela levantou mais a cabeça, dar a sensação de ser maior era algo que a própria natureza julgava promissor em causar medo — Eu não sou qualquer uma, não sou essas aí que você tá acostumado a encontrar no subúrbio. 

 

— Marta me deixe te explicar — Um passo para trás. Ele abaixou a cabeça, tentou soar o mais brando o possível, mas a veia que explodia na sua testa denunciava a raiva. 

 

— Explicar o que, José Alfredo? — ela arqueou a sobrancelha — Que você é um egocêntrico, egoísta e covarde? Porque disso eu já sei a tempos! 

 

— Covarde não, Marta! — ele explodiu em um grito. Egocêntrico sim ele admitia que era, egoísta talvez em certas partes, mas covarde não, definitivamente ele não era um covarde. 

 

— Covarde sim, e muito em breve falido também. Você não pense que vou deixar essas traições passarem batido, José Alfredo. Fique sabendo que vou arrancar cada centavo por cada traição, humilhação e gritaria que você me faz passar — Foi ela quem chegou perto, quase cuspiu de nojo na cara dele, mas a etiqueta não permitiu. 

 

— Marta, espera! — ele pegou o pulso dela. 

 

— Me solta — ela gritou afastando o braço — Adultério é crime José Alfredo e você vai pagar por isso.

 

Era raro ela ter a última palavra em uma briga,  mas quais argumentos ele tinha diante da palavra adultério. Segui-la pela casa não era uma opção, eles não iriam chegar a nenhuma conclusão estando tão exaltados e ainda tinha o risco dele falar besteira o que pioraria a situação e ela continuaria com a razão. 

...

Ela bateu a porta com força se amaldiçoando logo em seguida, o pulso latejou em dor e ela caiu sentada sobre a poltrona.

 

— Merda, seu filho da mãe! — Além de conseguir humilhar-la ainda mais trazendo uma piranha pra dentro de casa, a fez machucar o braço que já não estava tão bom. 

 

Os conflitos de sentimentos batendo forte em seu peito. Ela teve que respirar fundo para tentar conter os monstros e fantasmas que tentava a destruir de dentro pra fora. 

 

— José Alfredo seu filho da... — ela apertou os lábios, se concentrando em fazer as lágrimas parem de rolar — Pare de chorar por ele, pare! — Marta sussurrava para se mesma, ela apertou o pulso machucado na tentativa de sentir outra coisa, qualquer outra coisa, no lugar da dor que as ações de José Alfredo Medeiros provocavam em seu coração, em sua vida. 

 

Ela tinha culpa pelo fim do casamento, ele poderia sim a culpá-la, mas ela não era a única a tomar atitudes erradas, ela no mínimo pensava nas consequências. Já o desgraçado do marido dela agia sem pensar na família e muito menos nela. Ele era culpado, José Alfredo era no mínimo 50% culpado pelo fim deles. 

... 

O clima pra jantar ou qualquer coisa já havia acabado, eles haviam voltado pro apartamento de Ísis.

 

Já fazia uns 15 minutos que José Alfredo andava de um lado pro outro pelo apartamento. Entre resmungos e chutes nos ares. 

 

Ele prometeu não levar mais Ísis a casa deles, não era para Marta ter-lá visto ali, não era pra Marta estar ali naquele momento, ela deveria estar na Império. 

 

Era claro que ela poderia estar ali, aquela casa era deles, era dela. Ele construiu aquele lar para ela, para a família deles. Ele prometeu que não levaria Maria Ísis mais lá e como em tantas outras promessas, nessa ele também havia faltado com a palavra. 

 

E agora ela provavelmente estava em casa julgando que foi proposital que ele tinha realmente a intenção de humilhar-lá. O divórcio que ele tanto queria evitar se tornando uma ideia cadê vez mais fixa na mente da esposa. 

 

— Zé, fica calmo! Senta aqui comigo! — Ísis estava sentada no sofá, ela tentava de longe acalmar o homem de preto. 

 

Ficar calmo? Não tinha a menor condição para ele ficar calmo, o seu Império por um triz, seu casamento por um triz, ameaças vindo de diferentes direções. 

 

— Você não entendeu, Maria Ísis! — as pupilas dele estavam dilatadas, punhos fechados erguidos até uma veia saltava na testa em claro sinal de raiva — Não era pra Marta ter te visto ali, não era pra você está ali, shit! 

 

Raiva de quem? De Ísis, aquela pobre criança não sabia onde estava se metendo. Ele estava com raiva de se mesmo, raiva de ter deixado o casamento chegar até aquele ponto. 

 

Por fim ele suspirou e sentou ao lado da menina, ela o abraçou e ele não retribui. 

 

Mais uma vez aqueles olhos verdes atormentavam seus pensamentos e acompanhado deles o nome: Fabrício Melgaço. 

 

Ele tinha certas certezas que seu inimigo não era ela, mas a dúvida permanecia. Ela ainda andava misteriosa demais, as rápidas mudanças de emoções era demasiadamente confuso para ele. 

 

Se fosse ela, então era muito provável que Marta daria um grande passo agora que estava ferida. Ou não, ela apenas ficaria quieta para confundi-ló ainda mais. 

...

— Elas são lindas — Cristina segurava uma delicada preda rosa. 

 

— É uma safira cor de rosa — pretensiosa Clara informou. Cristina não ligou para o deboche da meia-irmã, continuou prestando atenção na pedra. 

 

— Elas vão para o desenho da Maria Clara — Patrício estava posicionado atrás de Clara. Conhecedor de joias ele falava admirado sobre o assunto. 

 

— Vão pra o seu desenho — ela dedilhou o portfólio com os desenhos de Clara — E da onde elas vieram? 

 

— Bom Cristina, você é a Gerente Financeira aqui. Você quem deveria saber, não eu que sou a Designer — Clara balançou os ombros como quem não se importasse. 

 

— Você não se importa mesmo em saber de onde essas pedras vieram? — em um passado bem recente elas já tinha tido uma conversa semelhante, ela questionou Clara e depois fez o mesmo com o pai, José Alfredo lhe deu uma resposta rígida e precisa “As coisas eram como eram, e continuariam sendo assim” 

 

— Olha, meus irmãos já me disseram que elas vem dos projetos na Suíça — projetos na Suíça é claro, ela se lembra de José Pedro rindo e lhe explicando o significados de “projetos na Suíça”, contrabando de joias preciosas — mas o que realmente me importa é que todas as vezes que peço por mais, sempre à mais. 

 

— Mas Maria Clara essas joias podem ter vindo de garimpos clandestinos, tem... — 

 

— O que está acontecendo aqui? Você não deveria estar revisando seu portfólio, Maria Clara!? — a voz de Maria Marta interrompeu a fala de Cristina. 

 

— Deveria. Mas a Cris tá aqui fazendo perguntas inconvenientes — ela viu Clara revirar os olhos. 

 

— Mais perguntas por que, Cristina? — Marta arqueou a sobrancelha e deu alguns passos intimidadores em direção a enteada — já não é o suficiente toda a informação extra que o José Alfredo te dar? — ela se referia a falsa morte do pai, o relacionamento com os irmão se tornou mais estreito do que era antes depois do segredo que José Alfredo lhe pediu para esconder. 

 

— Só estava querendo saber mais sobre a origem das pedras, Dona Marta — ela foi firme. Marta era uma mulher forte e que causa medo e admiração ao mesmo tempo, mas ela era Cristina Medeiros não era uma pessoa fácil de dobrar. 

 

— Maria Clara não precisa se preocupar em saber de onde vem as pedras. Ela é uma artista. 

 

— E Senhora também não se preocupa? — O que ela realmente gostaria de perguntar implícito na frase “A Senhora também não se importa?”

 

— Não Cristina, não me importo — Marta sabia ler nas entrelinhas. 

 

— Porque é uma artistas também! — Marta também era uma designer, a pasta semelhante à de Clara que ela segurava era um símbolo. 

 

— Exatamente! Você e José Pedro são os gerentes, cabe a vocês o papel de se preocupar com contas — Contas, tudo e todos não passavam de números para os Medeiros. Quanto de dinheiro eles ganhavam ou perdiam, cada ação milimetricamente calculada em prol de finanças - Agora vamos meninas, temos uma reunião. 

...

Marta abriu a porta, os olhares dos presentes se dirigiram a ela, as meninas passaram na frente e sentaram-se em seus lugares. Por mais raro que fosse o Comendador já estava sentado na cabeceira da mesa de reunião. Por um minuto seus olhares se cruzaram, o tempo pareceu andar mais devagar, aqueles olhos pretos fixos nela diziam mais do que palavras. 

 

E ela sabia ler, a tempos ela tinha aprendido a decifrar os olhares dele, quando ele não sabia algo e precisava de explicação, quando ele estava com problemas e precisava de ajuda, mas o orgulho provavelmente o impediria de pedir. E agora aquele olhar pedia por uma conversar em particular e ela lhe lançou outro olhar em resposta recusando o pedido. 

 

Ele abaixou o cabeça o mínimo que seja acatando a decisão dela. A garganta dele roçou e ela escutou a voz de Cristina emergir na sala. A reunião tinha sido iniciada. 

 

— Esse mês a gente passa com um bom saldo, mesmo com os gastos da festa da Império — Cristina iniciou. 

 

— E mês que vem com o casamento da Clara, eu calculei um teto e aí a gente também consegue passar com um ótimo saldo — José Pedro conclui. 

 

— Não precisa ter teto pro casamento da minha filha. 

 

— Mas pai, se não tivermos um teto...

 

— Paizinho — Maria Clara segurou o braço do pai chamando a atenção pra se, na tentativa de evitar uma briga entre o pai e o irmão mais velho — Eu e José Pedro já conversamos. Ele me propôs a quantia máxima e eu aceitei, está tudo bem! 

 

— Tem certeza, Maria Clara? 

 

— É claro que ela tem certeza, Zé — Marta interviu na situação — Desde quando Maria Clara não tem certeza de algo? 

 

— Ela é minha filha Marta, quero o melhor para ela. 

 

— Ela é nossa filha, e eu também quero o melhor para ela — por trás das armações dos óculos os dois se encararam, uma discussão no silêncio, só olhos falavam. 

 

— Bom eu acho que o valor é o suficiente para fazer a festa do ano como os Imperadores querem que seja — Cláudio já era experiente em se tratando de lidar com as situações caóticas que os Medeiros se metiam — vai ser um lindo casamento, Maria Clara — ele sorriu para a futura nora que sorriu de volta para ele. 

 

— Cláudio se for necessário pode aumentar a quantia o quanto quiser — José Alfredo ainda era um pouco resistente a ideia de ter um teto para o casamento de Clara. 

 

— Cinco porcento, da pra aumentar 5% se for necessário — José Pedro interviu. 

 

— Sim, se for necessário eu aviso a sua irmã. Bom eu estou de saída, tenho certeza que vocês tem outras questões para serem discutidas. 

 

— Eu te levo até a porta, Cláudio! — Maria Clara levantou e foi junto com o sogro. 

 

— Próximo tópico! — José Alfredo foi rápido em dar continuidade a reunião. 

 

— Peraí coroa, não vai esperar a Clara voltar? — Lucas se manifestou. 

 

— Não vai ser necessário João Lucas, sua irmã já sabe do que se trata — ele notou os olhares de Marta e Pedro se cruzarem. 

 

— E a gente pode saber o que é também, pai? — José Pedro lhe encarou, algo no menino sempre saía como um desafio aos olhos do pai. 

 

José Alfredo tirou duas pastas e colocou sobre a mesa, uma escrito DOUTOR JOSÉ PEDRO MEDEIROS e a seguinte DOUTORA CRISTINA MEDEIROS em letras garrafais. 

 

Os dois mencionados não hesitaram em pegar suas pastas. 

 

— E antes que me pergunte isso aí são os próximos serviços que quero que vocês façam. 

 

Cristina e Pedro folhearam a pasta, o plano de trabalho trocado, os prazos alterados. José Alfredo estava trocando os papéis dos filhos na empresa, assim como Clara tinha sugerido a ele para ser feito. 

 

— Mas isso aqui é um absurdo, está tudo completamente trocado — José Pedro reclamou, erguendo as mãos e jogando a pasta sobre a mesa. 

 

— Não acha que é um risco trocar nossas funções, pai — Cristina foi um pouco mais profissional, geralmente os Medeiros tinha o poder de fazer o sangue dela ferver, mas dessa vez, o que era raro, ela se conteve. 

 

— Não pelo contrário minha filha essa foi uma excelente ideia — o pai era explosivo e impulsivo, fazê-lo mudar de opinião sobre qualquer assunto era praticamente uma questão impossível. José Alfredo Medeiro era a verdadeira definição de teimosia. 

 

— Eu acho ótimo. Vai ser bom as crianças sairem da zona de conforto — Marta relaxou na cadeira, ela tinha aquela pose de Imperatriz segura de se — Excelente jeito de analisar as possibilidades de sucessão — a prepotência no final da fala, o nariz em pé como se fosse melhor que todos, uma pessoa invencível.

 

Marta sorriu para a enteada, uma espécie de desafio,ela sabia que Cristina era incapaz de lidar com o sarcasmo sem ser explosiva igual ao pai, a garota não iria sorrir de volta, não era dissimulada o suficiente para isso. 

...

— Pai o Senhor tem um minuto? — Cristina estava de pé no batente da porta da sala do Comendador. 

 

— Tenho — ele largou a caneta — Entre! — A garota entrou e sentou-se na cadeira em frente a mesa do pai — Se é sobre as pastas trocada e você quer pedir pra mudar, saiba já de uma vez que eu não vou trocar. 

 

— Não, eu já entendi sua decisão e eu não sou de recusar trabalho. O Senhor me designou esse e eu vou fazer — José Alfredo sorriu, a expressão de indignação no olhar de Cristina era divertida aos seus olhos pela semelhança de temperamento que os dois compartilhavam, a moça era como ele não tinha medo do batente, não recusava desafio e não levava desaforo pra casa. 

 

— Se não é sobre isso. Então me diga o que veio fazer aqui? 

 

— Eu quero saber se para o Senhor... — ela parou, eles já tinha conversado sobre ela poder chamá-lo de pai, porque agora era hora dela pedir um conselho para o pai e não para o Comendador — Se para você, esse Império compensou? Compensou, pai? — o olhar de Cristina era incisivo, José Alfredo semicerrou o olhar tentando analisar ou até mesmo captar o que Cristina realmente queria saber com aquela pergunta, ele suspirou. 

 

— Olha Cristina, se eu pudesse fazer um pacto com o diabo e ele me jurasse que eu passaria por tudo, tudo mesmo, mas no final chegaria onde cheguei e pudesse viver isso pra sempre, eu faria! 

 

— E se o diabo não pedisse o seu Império e se ele pedisse algo mais valioso, se pedisse a família? — O corpo do homem de preto ficou rígido sobre a cadeira, o assento que deveria ser sempre extremamente confortável começou a incomodar. 

 

— Então não, Cristina! Jamais entregaria a família — Ele foi preciso e conciso em sua fala.

... 

— Mãe, espera aí — José Pedro correu afoito atrás da mãe. Marta mal havia acabado de entrar em sua sala e filho já estava atrás dela — Que que foi aquilo em? 

 

— Aquilo? — Marta franziu a testa — Aquilo o que José Pedro? 

 

— A Senhora concordando em trocar as minhas pastas com a Cristina. 

 

— Meu filho, você queria que eu dissesse o que? Que você ta tão acomodado em fazer o mesmo trabalho repetidas vezes e não da conta do recado?! — Marta debochou — Você é um fraco meu filho? Não da conta de fazer o trabalho da bastardinha? 

 

José Pedro mordeu os lábios e enfiou as mãos no bolso da calça. 

 

— Pense um pouco antes de vim me cobrar explicações, José Pedro! 

 

— Eu claro que eu consigo mãe, vai ser até mais fácil não ter que lidar com jogo sujo, mas é que... — ele parou, tinha muito a ser dito mas poucas palavras podiam expressar o verdadeiro sentimento — E que mãe, eu to fazendo tanto, tudo o que eu posso pela Senhora e às vezes eu acho que você tá contra mim. 

 

— Contra você? — Marta girou nos calcanhares, arregalou os olhos e por pouco não gritou incrédula com as palavras do filho, era um desaforo o que ele dizia — José Pedro quando foi que eu te dei esse tipo de impressão?! 

 

— Sei lá mãe — ele tirou as mãos do bolso — Esquece o que eu disse, eu to mal com essas coisas de brigar por guarda e aí eu fico achando que tem o mundo contra mim. Me da colo, mãe! — ele abraçou a mãe, Marta não recuo, ela jamais negaria colo a um filho, contudo as palavras de José Pedro correram por seus pensamentos. Agora ela podia dizer com certeza que José Pedro lhe escondia algo — Desculpa por falar besteira! Desculpa, mãe! 

 

— Opa, opa! É hora do abraço em família e ninguém me avisou — Lucas e Clara entraram na sala de Marta.

 

O caçula não hesitou em entrar no abraço da mãe e do irmão. Maria Clara segui os irmãos, foram segundo de silêncio em que os três aproveitaram o carinho e colo de Marta. Até Clara romper o silêncio. 

 

— Então o papai trocou a sua pasta com a Cris? — Maria Clara sorriu pretensiosa. 

 

— Como é que você sabia que o pai ia trocar as pasta? — José Pedro perguntou, Clara arqueou a sobrancelha e sorriu debochada. 

 

— Não é óbvio seu besta — Marta deu um peteleco na cabeça do mais velho — Maria Clara deu a ideia. 

 

— Óbvio que essa uma ideia da Clara, essas coisas absurdas ou vem da mamãe ou é da Clara, até eu sei disso seu besta — Lucas deu outro peteleco na cabeça de Zé Pedro, imitando a ação da mãe. José Pedro fechou a cara, ele iria revidar quando Marta interferiu.

 

— Vocês dois parem! — Seus filhos pareciam crianças brigando para ver quem tinha mais razão em alguma discussão boba — A ideia da irmã de vocês foi boa, e um jeito de iniciar o Triunvirato mais naturalmente. 

 

— Boa maninha! — Lucas enrugue as mãos no alto e Clara o recebeu com um sorriso e um high-five. 

 

— Não comemorem ainda — o rosto de Lucas e Clara ganharam expressões mais sérias — Cristina ainda não falhou e muito provável que ela não vá falhar, o que esperamos é que ela desista da presidência, não que ela apenas falhe em um trabalho — os filhos morderam os lábios, a sagacidade e ambição de Marta corriam pelas veias deles — Agora é você que tem que dar conta do trabalho dela, entendeu José Pedro? — o rapaz engoliu em seco e concordou apenas balançando a cabeça — Entendeu, mesmo? 

 

— Entendi, mãe! — dessa vez ele verbalizou — Eu dou conta sim. 


Notas Finais


Ent alguns detalhes importantes para o próximo capítulo estão espalhados, espero que vocês tenham entendido.

Aqui a Clara não entrega os irmãos e a mãe, X9 não tem vez aqui não viu gnt kkkkkkk

Pra todos que estão ansiosos pelos acertos entre a Marta e o Zé já já vai ter, mas antes eu preciso fazer esse cangaçeiro filho da puta sofrer, agr ele já tá começando a perceber que tá perdendo o amor da vida dele a troco de nada.

Espero que vocês tenham gostado, Bjs1


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