História 12:30 a.m. - Capítulo Único

Suspirou, observando o céu alaranjado do pôr do sol refletido no riacho. O barulho da água costumava a acalmar quando sentia-se solitária. Porém, aquela escuridão que começava a formar-se lentamente não poderia ser dissipada tão facilmente.

Seu olhar perdido vagava tentando encontrar algo que a trouxesse de volta, mas nada lhe chamava atenção suficiente. O frio que sentia internamente aumentava enquanto o céu parecia estar tão baixo, pronto para desabar a qualquer momento. Seu sorriso e olhos brilhantes pareciam inalcançáveis, estava tornando-se tão fria e distante que a assustava.

Um calafrio percorreu pelo seu corpo quando novamente lembranças de seu passado a assombraram. Havia presenciado a verdadeira crueldade, foi traída e enganada tantas vezes que a fazia duvidar de que poderia continuar acreditando de que existe o bem nas pessoas.

A única coisa que conseguia sentir era algo a consumindo lentamente. Sentia-se sufocada em meio a escuridão que se formava em sua volta. Agarrou firmemente seu braço, tentando fazer seu corpo parar de tremer. Não conseguia livrar-se daquele sentimento, como poderia depois de tudo o que sofrera? Conseguiria esquecer-se e seguir em frente?

- Você, de todas as pessoas, pode. - Assustou-se ao escutá-lo tão próximo.

Estava tão perdida em seus devaneios que nem ao menos ouvira Jellal se aproximando. Levantou quando o mesmo parou de costas para ela.

- Já que conhece bem as forças e fraquezas da humanidade. Siga em frente... Sempre em frente em seu caminho de luz. - Um sorriso melancólico formou-se em seus lábios.

Erza foi pega de surpresa com as palavras de Jellal. Seus lábios se separaram, porém nada foi pronunciado.
Sabia que agora eles eram como os ponteiros de um relógio ás 12h30min. Assim como os ponteiros, ambos estavam de costas um para o outro, olhando para lugares diferentes. Ela sempre olharia em direção da luz, enquanto Jellal seguia o caminho da escuridão.

Acreditava que algum dia seus caminhos se cruzariam novamente e, quando esse dia chegasse ela estaria o esperando. Brilhando o suficiente para que a escuridão de Jellal fosse dissipada.

E, por essa razão, ela continuaria em frente. Acreditando que os ponteiros do relógio quebrado algum dia se moveriam novamente.