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História 14 Dias - As três palavras


Escrita por: Palavrasaovida

Notas do Autor


Volteii! Obrigada por esperarem ♥

Capítulo 25 - As três palavras


  Ana

- A conta de água vai vir uma fortuna - Vitória diz, abraçada a mim na queda quente do chuveiro.

- A Cantareira já deve ter secado.

- To toda enrugada - ela estica os dedos. - parece que tenho 80 anos. 

Rimos, e decidimos sair do banho antes que a caixa d'água do prédio seque. 

- Meu Deus, não tô enxergando nada - Vitória diz, com os braços esticados, porque o banheiro virou uma nuvem de vapor. 
Ela se aproxima de onde deveria estar o espelho, que agora é puro embaçado, e se debruça na pia, pra escrever alguma coisa no vidro. A visão dela assim, sem roupa, arranca um sorriso meu. A abraço por trás e a observo escrever.

'Não desgruda de mim, não'.

- Nem que você queira - Digo, enquanto ela se vira de frente pra mim, com um sorrisinho bobo.

Vitória

Nunca disse as três palavras pra Ninha. Disse 'eu amo tu', mas é diferente. E mesmo que ela saiba, faço questão de dizer. Porque é a mais pura verdade. É a minha realidade. E provei pra mim e pra ela que, não importa quantas vezes forem necessárias, vou me apaixonar por ela em todas. Então, depois de nos olharmos por não sei quanto tempo, digo com a maior certeza que já tive:

- Eu te amo, Ana.

- Eu que te amo, Vitória.

Antes que nossos lábios se encontrem novamente, ela continua a falar:

- Vi, eu sei que aqui não é o melhor lugar pra te perguntar isso. Não tamo vestidas a caráter, na verdade não estamos nem vestidas. E provavelmente eu nem precisava te perguntar isso. Mas, Vitória Fernandes Falcão, namora comigo?

Impossível não sorrir com a cara de piedade que ela fez, como se não soubesse a resposta.

- Naclara, eu já namoro tu faz tempo - Digo, a fazendo rir. E rio junto, porque acabei de ser pedida em namoro dentro de um banheiro embaçado, peladas. Com certeza é mesma essência da menina que jantou comigo num hospital.

A campainha toca, outra vez nos tirando dos nossos melhores momentos. Ana, com a sua habilidade de ver o lado bom em tudo, já dispara:

- Pelo menos dessa vez foi depois, né - ela diz, e lembro de ontem, a decepção que tivemos quando Felipe chegou.

Ana

- JÁ VAI!! - Gritamos e saímos correndo cada uma pro seu quarto, se secando e colocando qualquer roupa que visse pela frente.

Vitória, obviamente, sai do quarto dela primeiro que eu e abre a porta. E não escuto uma voz, escuto é uma multidão de vozes. Reconheço algumas, Júlia, Felipe e Tiago.

Vou pra sala e imagino ser as pessoas que Felipe conseguiu para o processo. 
Júlia e Manu, que imagino ser as únicas que realmente tem certeza sobre eu e Vitória, nos levam pra um canto e começam a rir, com uma cara muito esquisita.

- Quié? - Vitória pergunta, também percebendo a cara delas.

- Parece que atrapalhamos alguma coisa né? - Manu diz com uma sobrancelha arqueada.

- Como assim? - Tento disfarçar.

- Aaah me economiza, Ana Clara - dessa vez Júlia diz. - a casa inteira tá embaçada e quente por causa de algum chuveiro que ficou um bom tempo ligado.

- E o corredor todo molhado, Júlia? - Manu diz rindo - Parece que alguém teve que sair correndo pra colocar a roupa.

- E às pressas né, Manuzita? - Júlia continua, olhando eu e Vitória dos pés à cabeça - Porque olha como elas estão.

Olho pra baixo e vejo minha camisa do avesso. Olho pra Vitória com uma blusa de pijama. Nos olhamos e não conseguimos não rir.

- Mas o pior não é isso, né querida Júlia? - Manu continua com a sessão constrangimento - O pior é que elas esqueceram de pentear os cabelos.

Puta merda. Passo a mão no cabelo e o sinto todo bagunçado. Penteio com os dedos mesmo e Vitória não se preocupa muito, porque os cachos disfarçam um pouco.

- E olha só que interessante - Júlia diz, pegando minha mão e a de Vitória - As duas com as mãos enrugadas e os cabelos molhados.

- Virou FBI, é?... Será que os outros perceberam? - Vitória pergunta pra Júlia, um pouco envergonhada, mas rindo convencida.

- Acho que não.

(...)

Vitória


Felipe corta as conversas que tomaram conta da sala, e dispara a falar:

- Pessoal, todo mundo já sabe por que estamos aqui. O objetivo dessa 'reunião' é esclarecer o que é um processo conjunto, e como e onde vamos fazê-lo.

Ele explica detalhadamente como funciona esse processo. Imagino que ele deve ter lido muito sobre isso nessa madrugada. 
Entrega pra cada um suas respectivas enquetes, com as mentiras destacadas, e todos estão segurando vários papéis. Tiago, que está perto de mim, me vê tentando ler que papéis são esses, e explica:

- São as provas de que as enquetes são falsas.

Eu e Ana não temos nenhuma prova que as enquetes são falsas. Tiago parece novamente ler meus pensamentos:

- O Felipe já fez a de vocês.

A reunião dura cerca de 30 minutos. Todas as dúvidas são respondidas, e Felipe conclui que hoje mesmo, junto com o advogado que contratou, vão abrir processo. O Advogado, Luíz, diz que é melhor apenas os dois levarem todos os papéis e suas respectivas provas, e que se for preciso, ligará pra cada um de nós. Todos concordamos.
Nos despedimos do pessoal, novamente ficamos a sós. Ana senta no sofá e sua expressão é preocupada.

- Tá tudo bem? - Pergunto, me sentando de frente pra ela.

- Tá. Só fico pensando se vai funcionar.

- Eu acho que vai, Ninha. E se não funcionar, a gente pensa em outra coisa. Nada vai atrapalhar a gente. - Afirmo, puxando seu rosto pro meu colo.

Ela brinca com meus cachos ainda úmidos. 

- Cê tem o leve da vida, né? - Não entendo muito, mas pego a referência de Trevo. Ela se apressa a explicar - Fica tudo tão mais fácil com você. Parece que nem existe problema no teu mundo.

- Existe. Mas olha a sorte que eu tenho. Faço o que eu amo, com quem eu amo. Problema nenhum me preocupa se eu tiver essas duas coisas comigo. 

Ana

Presto atenção nela, pra aprender a ser assim também. 

- Meu pedaço de sonho - continuo a referência de Trevo, que não foi escrita pra ela, mas que, incrivelmente, combina mais que tudo. Fica tudo tão leve com ela comigo. O tempo se arrasta devagar e ao mesmo tempo nem vejo passar. 

- Minha namorada - ela fala sorrindo brancamente. 

Fechamos os olhos e adormecemos, ainda cansadas pela noite anterior, e com as energias esgotadas depois do banho. 

Minha mente vagueia na esperança de que tudo dê certo. Mas, pensando bem, tudo já está dando certo, contanto que eu tenha esses cachos desmaiados de sono, junto de mim. Contanto que possamos continuar enchendo o mundo com o que nascemos pra fazer.  



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