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História 14 Dias - Haja Dorflex


Escrita por: Palavrasaovida

Capítulo 28 - Haja Dorflex


Achei uma brechinha e consegui escrever mais um!! ♥

 

  Ana

- Porra Mike, que droga! - Digo, alto demais, e chamo atenção das mesas mais próximas de nós. 

- O que? - Ele fala baixo, pra abafar o grito que dei e me olha confuso.

- Que merda foi essa? - Continuo falando alto, mas meus ouvidos parecem abafar tudo - Tu não me deixou nem olhar pra Vitória e já me agarrou? 

Não explico mais nada e levanto pra procurar Vitória. Guto aponta pra porta indicando por onde ela foi. 

Quando chego perto da porta de vidro, vejo os cachos de costas, esperando alguma coisa. Antes que eu possa me aproximar mais, um garçom me impede de continuar:

- Desculpa senhorita, mas a senhora ainda não efetuou o pagamento das suas bebidas - ele fala educadamente, mas eu não:

- Os meninos ali vão pagar! - Aponto.

- Então precisamos ir lá pra eles confirmarem - O garçom continua impedindo meu caminho. E quando olho outra vez pros cachos, eles já estão dentro do táxi. Só vejo os olhos castanho-esverdeados-avermelhados me encarando até o carro sumir de vista.

É como se eu fosse atropelada por um trem, e meu corpo inteiro parece desabar. O garçom até olha pra trás pra ver o que eu tanto olho. Mas, é claro, ele não vê nada. Porque minha namorada foi embora, achando que eu escolhi abraçar outra pessoa ao invés dela.

Me vejo sendo levada pra mesa. Sento na cadeira que era de Vitória. Os meninos todos me encaram esperando minhas explicações, e quando abro a boca, é direcionado ao garçom e não à eles:

- Mais uma cerveja, por favor. - Ele anota num aparelho e sai. Mike senta do meu lado e minha vontade é gritar 'SAI DAQUI', Mas ainda me resta um pouco de sanidade, ele nem sabia de nada.

- Ana, que que foi que eu fiz de errado? - Ele pergunta, realmente curioso e preocupado.

- Mike, eu e Vitória estamos juntas - Decido ser sincera. Enrolar não vai adiantar nada. E, no final das contas, quando eu terminasse de explicar ele iria entender. - O que eu mais queria depois da ligação do Felipe era abraçar a Vitória, mas você foi mais rápido.

- Nossa, Ana - A expressão dele volta a se parecer com a que vi mais cedo, depois de sairmos do escritório - Eu não sabia, juro. Se soubesse nunca faria isso.

- Eu sei - E sei mesmo. Não tinha como ele saber.

- É que eu precisava daquilo - ele continua explicando. Mas a visão de Vitória me olhando dentro do carro volta, e aperta meu coração. E volto a ficar com raiva.

- E por que comigo, se você tem 3 amigos pra abraçar? - digo, ríspida demais. Mas não me importo, porque a cerveja chega, e dou minha atenção somente a ela.

E depois que termino peço mais uma, e outra e....

Os meninos parecem não ligar pro meu momento fossa amorosa e alcoólica. Eles não dizem nada, graças a Deus. E fico vagueando em Vitória. Pra onde será que ela foi? Será que vai ser pior se eu não for atrás? Mas, se eu for atrás, por onde começar a procurar?

Em meio a tantas perguntas sem respostas, prefiro continuar me afogando na cerveja.

Vitória

Sei que eu deveria simplesmente conversar com Ana e resolver essa situação. Mas eu não consegui ver ela abraçando um cara que não falava à meses, do que a mim, que sou sua namorada. 

- Qual endereço? - O taxista pergunta e nem eu mesma sei pra onde ir. Decido ir pra casa mesmo e minha voz ditando o endereço sai embargada, e acho que ele percebe e fica o trajeto todo quieto. E liga a rádio pra quebrar o silêncio mórbido.

Começo a ouvir a voz que eu mais quero ouvir e ao mesmo tempo, menos quero.

Tu é trevo de quatro folhas
É manhã de Domingo atoa, conversa rara e boa...


Meus olhos começam a arder. E as permito escorrer. Porque eu amo tanto a dona dessa voz, mas ultimamente parece que não temos paz. Ou ela tá se acidentando ou saindo em enquetes ou se agarrando com alguém ou sendo impedida por um garçom de correr atrás de mim.

Eu só quero o leve da vida pra te levar.

Quando eu tô com ela fica tudo leve, mas parece que acontece de tudo pra pesar nossa leveza.

Quando avisto nosso prédio e o carro freia, separo o dinheiro e entrego ao motorista, que surpreendente decide falar:

- Mocinha, tudo se resolve, viu? Tenha uma boa noite. E pode ficar - ele diz apontando pros 25 reais do percurso - Um vinho geralmente custa isso. Bebe e esquece.

Sorrio pra ele e saio do carro. Quando o carro vai embora, entro no mercadinho do outro lado da rua e uso os 25 pra comprar um vinho, obedecendo ao taxista.

Subo pro 12 e entro. Vou pro meu quarto e tranco a porta, porque sei que mais tarde ela vai chegar, e nesse momento, preciso ficar sozinha. Eu.

E o vinho.

Ana

- Chega Ana - Guto diz, depois que me vê procurando o garçom outra vez. Mas minha miopia misturada com o álcool não me permite enxergar nem um palmo à minha frente. - Você precisa ir pra casa.

Dessa vez, ele chama o garçom mas pede a conta. Ele paga tudo e não me deixa pegar a carteira. Com a ajuda dele, sou levada até a van. Mike não falou uma única palavra depois que contei sobre eu e Vitória. E foi melhor assim. Pelo menos ele não vai mais atrapalhar a gente.

- Você tem que conversar com a Vitória, Ana. - Rennan, que não falou quase nada a noite inteira, parece ser o mais racional nesse momento. - Explica que não foi culpa sua. Entende o lado dela. Ela faz bem pra você, dá pra ver, então resolve isso.

Assinto com a cabeça. E só esse chacoalhão já dói minha cabeça. Preciso parar de descontar as coisas no álcool, se não vou ficar com cirrose. 

No caminho, Tião liga o rádio e começa a tocar Dia especial do Tiago. Minha música com a Vi. Daquele dia que acordamos em Araguaína e nenhuma das duas conseguia tirar o olho da outra. Daquele dia no terraço, embalando nosso beijo, antes de sermos presas. Nossa vida tem sido um turbilhão de acontecimentos. Mas eu amo tanto essa mulher, que acontecimento nenhum vai tirar ela de mim. Isso se ela ainda me querer, porque depois de hoje, só Deus sabe.

Insisto que estou bem, mas Guto me leva até o elevador e aperta o 12. Enquanto a porta fecha, digo um Obrigada e ele fala alguma coisa que a porta não me deixa entender.

Vitória

Desisto de colocar o vinho na taça, e tomo no gargalo mesmo. Não acredito que tô enchendo a cara por ciúmes da minha namorada. Cena de filme clichê. Dou mais uma golada, mas nem uma gota aparece. Olho assustada pra garrafa e vejo que sequei os 400 ml de vinho. Preciso para com isso ou meu fígado vai definhar.

O quarto inteiro começa a girar, e parece que estou ouvindo coisas, quando ouço um barulho de campainha.

Puta merda. Esqueci de deixar a porta da sala destrancada pra Ana entrar. Levanto cambaleante e destranco meu quarto. Olho pelo olho mágico e daqui já consigo saber que ela bebeu mais que eu. 

Ana

Chego na porta e lembro que a chave está com Vitória. Rezo pra todos deuses pra que ela tenha vindo pra casa, se não, vou passar mais uma noite trancada pra fora. Ouço o barulho de chave destrancado a porta e sorrio aliviada. 

Quando a porta abre, o cheiro de vinho que exala de Vitória me faz ver que a tática dela de afogar as mágoas é a mesma que a minha. 

Espero ela sair correndo e se trancar no quarto. Ou me dar um tapa. Mas, por incrível que pareça a vejo sorrindo.

- Se acender um fósforo aqui a gente explode - ela brinca e eu rio alto. A piada misturada com o álcool no meu sangue me faz chorar de rir.

- Mano a gente tá bêbada pra caralho - Digo, enrolada, e ela dá a gargalhada que eu mais amo ouvir. 

Vitória

Minha raiva por mais cedo some depois que Ana começa a fazer graça. Sei que quando o efeito do álcool passar, vou me sentir mal de novo. Mas me deixo aproveitar esse momento e me jogo no tapete. Ana ri, sei lá do que, e também se deita. 

- Haja Dorflex pra nossa ressaca amanhã - ela fala com os olhos fechados.

- Amanhã tem show Ana! A gente vai tá de ressaca no show. - O jeito que ela me olha confirma o que eu pensava: ela não lembrava do show.

- Tamo fudida então. 

Rimos, não sei do que. E passamos as próximas horas meio cochilando no tapete, meio resmungando de tontura, meio rindo de tudo.  



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