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História 15% de Bateria - No Último Banco


Escrita por: Rich_chard

Capítulo 1 - No Último Banco


As vezes as coisas não são nem um pouco parecidas como eu imagino, na verdade quase sempre, desilusões, mágoas entre outras coisas negativas sempre foram bem presentes na minha vida. As vezes penso em desanimar de tudo. Sabe quando chega no ponto que você não sabe mais o que fazer? NÃO sabe para onde ir, ou o porque de tanta coisa ruim acontecer, resumindo, não sabe porra nenhuma, ficar existindo e não vivendo.
Acho que deve ser o quinto semáforo seguido que o ônibus pega fechado, esse horário das dezoito horas é um inferno, e já passei quase todas a músicas do celular em busca de alguma que não seja tão triste e nem tão alegre, uma que combine com esses meus pensamentos e com a chuva forte que está caindo lá fora. E, como de costume estou sentada no último banco do lado esquerdo com meus fones brancos. Olho para os pingos que caem e escorrem no vidro, tiro a franja teimosa da frente do olho, queria poder ver o céu mas os prédios são tão altos que fica difícil ver alguma coisa além de janelas e letreiros.
Apesar de ser uma tarde chuvosa e com temperaturas baixas, dentro do ônibus faz muito calor, ônibus lotado, gente cansada, suada, se desequilibrando e esbarrando nos outros a cada lombada ou freiada mais brusca. E é em meio desse caos urbano que eu tiro um tempo pra pensar um pouco na vida, com a cabeça encostada no vidro, olhando pra tudo mas com pensamento bem distante. O meus pensamentos, com codinome AMOR, tem cabelo longo, castanho, um sorriso lindo e um pouco mais do que 1,70 de altura, é uma pessoa incrível, motivo de muitas alegrias e algumas tristezas também. Estamos juntos fazem um pouco mais de dois anos, começou de repente, uma atração física entre dois conhecidos de colégio que resultou em um beijo, e que aos poucos foram ficando mais frequentes, e resultou em mais um casal. Após três meses ele me pediu em namoro e depois de mais três meses recebi um lindo anel prata com nossos nomes na parte interna. Em alguns momentos achei que não iria dar certo nos dois, ainda tenho minhas dúvidas, estamos passando por um período meio ruim, algumas brigas na sua maioria por motivos tão bestas, mas apesar do pesares estamos juntos. As vezes me pego pensando, vem um receio, um medo, de estarmos felizes e sorridentes num dia e no outro estarmos cada um seguindo um caminho isolado do outro.
Nesse momento estou quase na metade do trajeto, com celular beirando os 15 últimos por centos de bateria. A cada minuto que passa parece que ônibus anda menos, coisas que só quem mora em uma cidade grande pode entender, é um desprazer que não desejo a ninguém. Parece que quanto maior a sua vontade de chegar em casa mais demorado fica, mais um semáforo fica vermelho ou então mais passageiros resolvem subir no ônibus  ( que na minha opinião não cabe mais nenhuma pessoa).  E o final de tarde começa a dar lugar as estrelas e a uma lua cheia linda que vai surgindo aos poucos por de trás dos arranha céus. O chegar da noite somado ao trânsito dos infernos resultam numa agonia louca de falar com o mozão, mas fico entre dois dilemas, ligar os dados móveis e a bateria sobreviver mais alguns minutos, 20 no máximo,  ou então esperar, manter os dados desligados por um tempo indeterminado, continuar ouvindo minha playlist aleatória de músicas e esperar chegar em casa junto ao meu carregador e sinal Wi-Fi.
Enquanto penso em que decisão difícil tomar, um milagre acontece e o ônibus alcança incríveis 40 km/hr. Um fio de esperança de tempos melhores e semáforos abertos surge dentro de mim. Alguns quilômetros depois, quando a felicidade de chegar mais cedo em casa começava a surgir, sinto o ônibus desacelerar e parar, olho adiante e percebo o trânsito parado, e minha cara de cu volta e a esperança de chegar mais cedo morre de novo. Percebo que ligar os dados móveis pode não ser algo tão ruim, passei o dia todo num escritório trabalhando e a única mensagem que trocamos foi um bom dia, nós dois trabalhamos nos mesmos horários, porém, em lugares diferentes, e a essa hora ambos já devíamos estar cada um em sua casa,  com seu celular trocando mensagens do tipo: Oi, como foi seu dia? Tudo bem? Senti saudades... tipo de coisa normal de se falar mas que quando não são faladas fazem diferença.
Como já disse, não estamos em um bom momento, tivemos um discussão feia à dois dias atrás e ontem não nos falamos muito, bem menos do que o normal, e hoje um bom dia foi o nosso único diálogo. Ontem uma das ultimas mensagens que recebi foram:

Eu sei que a gente não ta num momento muito bom, mas essas brigas vão parar, as coisas vão ser diferentes, só preciso de um tempo pra pensar se devo ou não fazer o que estou pensando. Preciso dormir e vc tbm, amanhã dia começa cedo pra nos dois, boa noite. Bj                                                                                                                                                                   00:15

Óbvio que quis pergunta o que seria essa coisa que ele queria fazer de tão diferente que ia mudar as coisas, mas a palavra separação era a única coisa que vinha na minha cabeça e naquele ponto, depois da briga do dia anterior das discussões antes dela, meu nível de putisse e estresse já estava muito elevado e a ultima coisa que eu queria, era querer parecer frágil e triste com essa mensagem. Respondi com um Ok, boa noite. Custei, mas depois de horas pensando e com músicas que só me ajudavam a  pensar mais nele me fazendo lacrimejar,  o sono bateu na minha porta e consegui dormi.
Parece que esse ônibus anda 10 metros e volta 20, daqui a pouco eu e essa árvore do outro lado da avenida começaremos a conversar, já faz mais de 10 minutos que estou aqui olhando pra ela. Já  vai dar quase 19:30 e eu estou com uns 70% do caminho concluído e míseros 13% restantes de bateria. Sou obrigada a tirar minha jaqueta, para conseguir me manter abaixo dos 37°. E a essa altura do campeonato ele já deve ter chegado em casa, ele vai de moto, não me busca também por ser longe e por causa do meu medo de motos. Deve ter me mandado mensagem, e minha preocupação sobre a decisão misteriosa que ele tomou só me deixa mais aflita. Isso me perturbou o dia inteiro. Não consigo mais conter minha ansiedade e o medo e ligo meus dados móveis, vem a mensagem descontando meu saldo de crédito mas a internet que é bom, nada, e para o desespero geral fico sem área, sem saber o que ele disse e sem poder responder caso tenha mandado alguma coisa. Uma raiva toma conta, mas paro conta ate dez, vinte, cinquenta, mil, respiro fundo, dou uma ultima olhada naquela magnífica arvore que fora minha parceira de olhares e que agora estava ficando para trás.
Agoniada, com fome, sem bateria, com raiva da internet e sem nenhuma paciência sobrando, tiro o fone de ouvido, enrolo de qualquer jeito e jogo na bolsa ( sim estou ciente que vou me arrepender de ter feito isso, e vou perder minutos valiosos de minha vida depois tentando desenrolar, mas paciência e delicadeza são duas coisas que eu não tenho neste momento). Fecho o zíper e acidentalmente abro a galeria de fotos do celular, e de cara aparece uma foto nossa tirada semana passada no shopping, felizes, abraçados segurando um belo x-burguer acompanhado de batata frita crocante e refrigerante gelado. Tínhamos acabado de sair do cinema quando tiramos aquela foto, uns beijos rolaram antes de começar filme, e fico pensando, como é que as coisas mudaram de uma semana pra outra? Aqueles sorrisos das fotos, os beijos,  abraços registrados em foto no espelho só me faziam lembrar mais da tristeza e do momento delicado que estamos passando.
A gente se conheceu na escola, estudamos juntos desde o primeiro ano do ensino médio, nunca nos falamos muito, pra mim ele era só mais um cara da sala, tímido porem sabia ser  engraçado e que jogava bem futebol. No segundo ano começamos a se falar mais, parecia um complô dos professores que sempre acabavam escolhendo os grupos de trabalhos e coisas assim, e acabavamos quase sempre no mesmo grupo. Lembro das nossas primeiras conversas por mensagens, eram conversas do tipo: Vc já fez o trabalho?... Era pra hoje?... O que e vou ter que falar?... Não tinham nada de românticas,  nem parecia que algum dia a gente namoraria, ele tinha a crush dele, que por acaso era uma das minhas amiga, e que no começo do nosso relacionamento, foi o motivo da maioria das nossas brigas. Ciúmes é uma coisa que sempre tive mas nunca consegui saber controlar, nos primeiros meses que a gente já estava ficando sério, meus ciúmes, as vezes até sem motivos reais, quase nos separaram.
                                                                       



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