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História 2 - A Casa Vermelha - O garoto da janela


Escrita por: Samuel_Super_

Notas do Autor


Oi galera!
Vou avisando logo que essa fanfic está relacionada com a última que fiz (O Outro Lado da Ilha) em alguns trechos!
Espero que gostem do terror! "A Casa Vermelha" vai te oferecer muito disso...

Capítulo 1 - O garoto da janela


Fanfic / Fanfiction 2 - A Casa Vermelha - O garoto da janela

 

Passamos na frente de um enorme arco.

Estávamos na estrada em direção à Winsconsin, Green Bay, uma área onde, segundo minha mãe, era linda, com árvores enormes e muita neve. Eu não gostava de nenhum desses itens. O barulho da cidade e o ronronar de gatos de ruas na minha janela me acalmava. Até mesmo as provações que passava no colégio me acolhiam.

Então BUM! Tudo muda de uma hora pra outra e meu pai é transferido para o outro lado do país. Assim tivemos que nos mudar para uma casa horrenda, com paredes pintadas de vermelho e um quintal sujo. Assim como uma pequena cabana no interior da floresta em Green Bay.

            - Porque não vivemos na cidade? É perto da escola e de tudo! – resmunguei. – Não concordo com o fato de morar dentro do mato!

Minha mãe apenas balançara a cabeça.

            - Vai ser bom, Sally! – ela disse. – Talvez o barulho das árvores e a calmaria da floresta nos façam bem!

Não disse nada.

Morávamos no Alabama, perto do Golfo do México. Eu amava aquele lugar: o sol quente escaldando meu rosto e o bronzeado que pegava. Assim como o boy moreno do Lucca... Mas eu devia me ausentar disso e pensar em criar a uma nova vida, me adaptar a um novo lugar...

Paramos várias vezes durante a viagem até avistarmos a placa Green Bay, 17 no meio da estrada. Rapidamente entramos em um caminho de terra ao redor de árvores derrapando em movimentos perigosos. Eu estava já querendo vomitar, mas minha irmã sempre estava nem aí para as coisas.

Eu nunca fui assim. Uma garota tímida, sem amigos verdadeiros e que se sentava sozinha na mesa do canto do refeitório. A garota que não se enturmava; que não falava nem nada. Ao decorrer da minha vida, criei uma tese para isso: às vezes não é bom se apegar às pessoas, elas podem te fazer mal e te deixar depois...

            - Chegamos! – informou mamãe com batidas aleatórias no banco.

Meus pais beijaram rapidamente e saíram do carro. Eu fiquei lá dentro. Papai levantou a calça e reparou que eu não estava querendo sair. Sua expressão mudou para tranquilidade e andou até minha janela.

            - Não vai sair querida?

Fiz que não.

            - Okay... – ele abanou a mão. – Onde é que tem as rãs aqui, amor, para eu pegar?

            - Tá, tá! Vou sair! – gritei.

Saí do carro rapidamente e peguei minha mala no porta-malas. Virei-me e analisei a grande construção vermelha de modo vitoriano com janelas de vidro e paredes de madeira. Uma área que seria um jardim fora abandonada e transformada em lama. Água saía de encanamentos antigos, assim como objetos e coisas bastante nojentas... Senti um arrepio pelas minhas pernas.

Olhei a casa toda até o topo e então algo chamou minha atenção numa das janelas do segundo andar: um garoto loiro e com pele clara me olhava fixamente. Ele levantou a mão e, em um piscar de olhos, não havia ninguém ali. Ignorei aquilo. Deveria ser o cansaço da viagem.

Puxei minha mala pela entrada de pedra e subi as escadas iniciais da residência.

            - Como vamos morar em um muquifu desse? – resmungou Lacy, minha irmã. Ela tocou em um balanço caído. – Quem quebrou isso? Um urso perneta acasalando?

Ri um pouco e me virei para a varanda. Dois grandes balcões estavam virados ao contrário do meu lado, uma rede carcomida estava parada envelhecidamente e uma cadeira de balanço velha aos pedaços no centro. À minha esquerda, um pequeno lago estava parado silencioso e uma vasta área, que seria plantações, há muito tempo não era usada. Atrás da casa estava o quintal que seria uma estufa.

A casa era rodeada de passagens largas com colunas de madeira apodrecidas.

            - Como vamos morar nessa merda? – perguntei com um tom aborrecido. – Tá, é grande e tal, mas eu não vou tocar naquelas madeiras cheias de cupins!

Bati o pé e Lacy me acompanhou. Papai suspirou.

            - Queridas, - ele começou. – nos mudamos repentinamente. Vamos sair daqui após alguns dias! Levem isso como férias ou um tempo para pensar sobre a vida... – ele olhou nervoso para a casa – Eu acho.

 

O interior da casa era pior.

Uma grande sala estava totalmente desocupada, a não ser por um jarro de flores transparente numa mesinha acabada. A sala tinha um degrau que levava à cozinha e um corredor ao lado que leva à escada do segundo andar. No térreo, ao lado da sala, estavam os quartos: cômodos amplos e vazios.

            - Não acredito! – resmunguei batendo o pé. – Aqui não pega internet...

Lacy respirou fundo.

            - Agora está explicado o motivo do Monstro do Lago Nesse não usar o Facebook!

            - Ah, meninas!- falou mamãe estressada. – É melhor, né? Um tempo no meio da natureza... E são apenas alguns dias.

Olhei de soslaio para o papai que via nosso desconforto. Ele bateu uma mão na outra e as esfregou.

            - Okay, que tal escolher os quartos?

 

Peguei o quarto do térreo. Ele não era muito grande, mas também não era muito pequeno. Eu gostava disso: sempre fui uma pessoa que gostava de equilíbrio. Pus as minhas malas encostadas na parede e olhei para o lado de fora onde, há alguns minutos atrás, um caminhão parara com nossos móveis. Em questão de uma hora, nossos pertences estavam dentro de todos os cômodos já aprontados.

Abri meu guarda-roupa e fui arrumando as minhas coisas. Após isso, fui decorando meu quarto com alguns objetos que trouxe de minha casa antiga: uns quadros antigos, um narguilé (que escondi embaixo da cama) e alguns ursinhos que ficaram presos na minha infância através de paredes e estantes.

Eram 15h da tarde quando eu saí para refrescar a memória. Foi uma tremenda mudança e muita coisa para um dia só, acho que a mamãe compreendeu quando eu praticamente fugi daquele lugar. Passei pela varanda e sentei-me no chão do pequeno lago cheio de mosquitos e fiquei lá pensando da vida.

 

Alabama, 2014

Cheguei à lanchonete modesta da Rua 27 e avistei entre o vapor dos expressos o cara que eu amava. Ele tinha marcado a muito tempo de me ver na cidade, esperou apenas os pais irem à compra semanal para arranjar um jeitinho de me ver. O cabelo preto rente como um policial, os olhos negros, o jeito sério que ele tinha, seus braços morenos e musculosos...

Mas não foi por isso que me apaixonei por Lou. O jeito que ele me tratava e a sua personalidade me agradava, e então com apenas 15 anos me apaixonei por um cara dois anos mais velho que eu perdidamente. Lou vinha de uma ilha no Caribe nomeada de Marphob e nos últimos dias não o via, pois algo acontecera de errado lá. Então matei a saudade no encontro.

Lou estava sentado numa cadeira alta em frente à outra vazia no apoio. Sua barba estava por fazer e ele usava calça jeans com uma blusa de manga longa azul escura. Seu olhar se mantinha na porta e, quando eu entrei, ele se transformou em uma mistura de amor e tristeza.

            - Oi! – saudei abraçando-o. Notei algo de diferente no seu abraço: a falta de carinho. – Aconteceu algo de errado?

Ele não me respondeu. Fez um gesto para me sentar. Acomodei-me na cadeira alta e pus minha bolsa em cima da mesa. Um café expresso tomou conta de meus lábios enquanto ele me olhava.

            - Como você tá? – ele perguntou.

            - Tô bem!

Pigarreou.

            - O que há de errado, Lou? – indaguei preocupada.

Seus olhos pesaram sobre mim.

            - Marquei esse encontro pra dizer que não podemos ficar mais juntos.

Encostei-me na cadeira completamente e meu olhar ficou perdido, como de uma bêbada em pleno domingo à noite. E era domingo à noite.

            - Como assim? – olhei pra ele. – Você só pode estar brincando!

Ele negou sério.

            - Não é por causa de você, Sally. Tem coisas acontecendo onde moro e estou envolvido nisso... E não quero te envolver. – ele revelou.

            - Coisas como...?

Ele olhou para os lados.

            - Não conte pra ninguém, okay? – ele pediu e eu assenti. – Tem assassinatos acontecendo na ilha em que moro e muitos moradores já morreram. Parece ser um serial killer. A polícia da capital ainda não sabe, nem a imprensa. Eu e meus amigos estamos investigando esses casos, mas nada demais foi achado.

Eu acreditava nele. Sabia muito bem quando alguém estava mentindo. Quando ele terminou de falar eu abaixei a cabeça.

            - Você disse que me amava, lembra? – perguntei.

Ele ficou mudo.

            - Somos humanos, Sally. E às vezes fazemos promessas que não podemos cumprir. Assim como palavras que nunca deviam ter sido ditas...

Continuamos a conversar ainda. Falamos sobre o que sentíamos e até sobre os assassinatos. Apesar da recente perda de um relacionamento e de um cara legal, eu ainda sentia algo por ele. Lá no fundo um coração cheio de esperança batia ao meu favor...

 

 

            - Oi...

Uma voz soou atrás de mim e um rosto lindo surgiu na minha frente. Assustei-me. Levantei da grama limosa da forma mais educada que pude e limpei a blusa para olhar o condutor da voz grossa que perpetuou no ar.

Na minha frente o cara mais gato que tinha visto na minha vida toda sorria prestativo. Ele usava um short super curto meio apertado, uma camiseta esfarrapada e um chapéu estilo cowboy branco em cima do cabelo castanho médio. Os olhos eram castanhos avermelhados e seus músculos eram super (super) definidos. Suspirei.

            - Oi...

Ele notou meu desconforto.

            - Se quiser eu volto em outra hora! – ele disse.

            - Não, não... – neguei e apertei sua mão. – Sou Sally Teneword, acabei de mudar pra cá!

Ele assentiu e sorriu amistosamente.

            - Eu percebi. Sou o garoto que mora na casa ao lado da sua... – ele fez uma cara pensativa – Na verdade minha casa é um pouco mais dentro da floresta seguindo uma trilha. Mas me chamo Chad Jacobs.

Ele sorriu de novo. Revidei em um sorriso maior.

            - É bom ter amigos por perto... – olhei para ele de soslaio – Desculpa te chamar de amigo assim do nada...

            - Não, não! Somos amigos! – ele riu junto comigo e me olhou atentamente.

Seu rosto era lindo, assim como suas expressões rústicas. E seu olhar era avassalador. O jeito como ele falava também era incrível.

            - Então... Vou dar uma festa amanhã à noite. Disseram-me que uma menina nova tinha chegado e vim te convidar! – Chad disse.

            - Ah, obrigada! Precisa levar algo?

Ele negou. Agradeci de novo à ele e nos abraçamos. Ele envolvia seus braços por todo o meu corpo que chega me sentir segura em seus braços... Parei de pensar naquelas coisas. Ouvir a voz de Lou na minha cabeça: “Não podemos ficar mais juntos.”

            - Certo então. – disse.

Ele saiu do meu campo de visão ao entrar por uma pequena trilha na floresta. Olhei para a minha nova casa: talvez ali não fosse tão ruim. Um pequeno movimento chamou minha atenção na janela à esquerda da residência. Avistei o mesmo garoto que tinha visto quando cheguei lá. Seus cabelos loiros grandes chamaram minha atenção. Depois vi que era um cara bonito... 

Olhei para a varanda esperando que alguém o visse. Mas ninguém estava lá. Nem mesmo o cara loiro que vi na janela do sótão.

Apenas uma cortina branca flutuando...



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