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História 2 Pieces - CAPÍTULO - XV - Provocações


Escrita por: chrisamur

Capítulo 15 - CAPÍTULO - XV - Provocações


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO - XV - Provocações

 Então, senti uma vibração estranha no ar, como intenções hostis, e logo, percebi o desenrolar de uma situação não muito interessante no deck inferior.

Em meio a toda aquela bebida, comida e ânimos alterados, alguns dos homens de Shanks, o ruivo, ficaram alegres por demais. Outros, se tornaram problemáticos e valentões, e logo, eram postos para dormir por seus próprios companheiros com um certeiro de direita no queixo. Alguns dos piratas do ruivo, pelo que percebi, haviam tomado a falsa coragem que a bebida dá e se excederam para o lado de nossa navegadora.

Como se ela não gostasse...

Adivinhem quem foi o cavaleiro que a resgatou dos piratas corpulentos e bêbados que a assediavam? Sim, fora ele, Sanji. Como se ela não pudesse se defender só. Preferiu bancar uma de vítima.

Fora rápida a forma com a qual ele se deslocara de onde estava para tirá-la de perto do pirata enamorado, corpulento e bêbado. Nem precisou o nocautear. Assim que o homem tentou o socar por sua intromissão, acertou apenas o ar, coisa que o fez se desequilibrar, caindo assim, de cara no assoalho e ao chão ficara inerte, apagado.

Como se não bastasse o primeiro ato no qual ela se vitimizara, nossa navegadora quis por mais uma vez, mostrar seus dotes teatrais. Daquela vez, ela fingira um desequilíbrio provindo da bebida, e mais uma vez, ele a salvou no ato. Depois dali, não obstante, aconteceu algo que me fez paralisar. Ela me olhou, em meio a todas as pessoas que em meio ao deck estavam entre mim e ela, ela conseguiu me visualizar.

O que aquele olhar significava? Ela me fitou por dois segundos apenas com um sorriso de canto, e quando voltou a atenção ao nosso cozinheiro, que ainda a mantinha muito próxima de si, riram daquela situação “inusitada”.

Olhando aquela cena, meu coração acelerou. Não sabia ao certo o porquê, afinal, de acordo com as minhas lembranças, havia uma pessoa similar a ele em algum lugar que fez e ainda fazia parte de minha vida, e por quem eu sentia e nutria realmente alguma coisa tal qual as lembranças me instigaram a achar, e ao que parecia, o sentimento era mútuo.

Não era pelo cozinheiro por quem nutria qualquer tipo de sentimento, era pelo homem em minhas lembranças que se assemelhava a ele.

Mesmo sabendo disso, porque meu coração então acelerou em uma mescla de sentimentos que unidos, pareceram querer explodi-lo devido ao que via?

A proximidade deles me incomodou, e as intenções que ela me mostrou em seu olhar de outrora, fez meu sangue aos poucos ferver.

Estava tudo tão perfeito momentos atrás. Sabe aquele tipo de felicidade que você quer que dure para sempre?  Era essa que eu sentia antes daquele ocorrido.

E sim, é verdade, toda vez que experimentamos tal felicidade, há sempre alguma coisa para interferir. E aquela cena, arrancou de mim brutalmente a minha alegria. A cena quando ela o beijara.

Aquilo me deixou paralisada. Havia ficado em choque. Tudo a minha volta emudeceu, exceto pelas batidas do meu coração. Passei a escutar nada além das batidas aceleradas de meu coração.

Ficou difícil lembrar a forma de respirar. Em meio ao beijo, ela olhou mais uma vez para mim da mesma forma de antes, sustentando o mesmo sorriso.

Não conseguia respirar...

Não podia ficar ali olhando aquilo, mas também não podia ir lá fazer nada, por mais vontade que tivesse de ir lá, eu me segurei, porque sabia que eu a mataria se me aproximasse. Levantei do caixote desviando o olhar do dela e tudo girou. Com pouco charme e leveza, apoiei minha mão sobre o barril e acabei o derrubando junto com a garrafa de saquê e o prato de aperitivo que ali estava.

O espadachim me lançara um olhar intrigado e me vi na urgência de sair de perto dele, para não o sujar com todo o saquê, rum e sashimis que do meu estômago parecia forçar caminho de volta pela boca.

  Com concentração, segui para longe dali, ou ao menos, tentei. Minhas pernas estavam bambas, talvez pelo rum. Era horrível, por mais que tentasse disfarçar, não conseguia dar três passos sem que me apoiasse em algo . Eu deveria estar ridícula.

Ar... Precisava de ar....

Quando subia as escadas que dava ao deck superior do timão, eu não imaginava que esta possuía tantos degraus assim. Era praticamente interminável, e logo em seu fim, perdi o equilíbrio com uma porcaria de uma topada.

Uma mão firme me segurou quando eu estava pateticamente indo de cara com os degraus da escada e quem quer que fosse ali, me puxou para perto de si, me mantendo rente ao seu peito o qual eu quase vomitara em cima.

- Opa. Pressinto perigo eminente. Venha por aqui – Disse pegando em meu pulso me conduzindo.

Não reconheci aquela voz... Mas a segui.

Acho que eu andava, ou algo similar, pois, sentia a brisa em meu rosto ao mesmo tempo que tudo rodopiava a minha volta e meu estômago embrulhava. Senti minha cabeça arquear e de imediato, coloquei para fora praticamente quase tudo o que eu havia bebido.

- Tsc... Senhorita... Isso é um desperdício de um bom rum – Dissera quem comigo estava, soltando em seguida um suspiro em lamento.

A voz soou terrivelmente entristecida diante de meu ato, e eu, fiquei derradeiramente envergonhada.

- Desculpe... – Dissera com pesar, para depois, arquear a cabeça novamente e colocar para fora o que não havia mais lá.

- Nunca vi um pirata com tão pouca resistência ao rum quanto a senhorita – O escutei dar um riso alegre.

Que bom que alguém ali se divertia...

- Parabéns... agora conhece...

 Tentei soar a mais sarcástica possível, fazendo um leve reverenciar de corte com a mão me virando para aquele que ao meu lado estava, e que pareceu se achar deveras conhecedor da arte de beber. Quando o vi, o reconheci de imediato.

Era ele, o pirata do qual haviam falado com tanta admiração e pavor, Shanks, o ruivo, o capitão do navio. Por alguma razão, foi fácil o reconhecer. Talvez, por este ser o único pirata ruivo do lugar. Infelizmente, não pude conter a outra levada de náusea antes de o cumprimentar, e logo, me virei para a alheta, e no mar lá embaixo, descontei toda frustração de meu estômago em relação ao álcool que havia consumido. Então, o ouvi dizer com um estalar de língua nos dentes se lamentando:

- É a primeira vez que causo esta reação em uma donzela.

- Já pensou em ser comediante? – Disparei sem pensar.

- Fraca no rum, porém forte e afiada na língua... – dissera ainda sustentando um sorriso de canto. – Desculpe se a ofendi, senhorita...?

- Ah, quanto a isso, eu ando tendo alguns problemas com minha memória...

Arqueara uma sobrancelha intrigado, e disparara:

- Bebeu tanto assim?

Sorri daquela provocação engraçadinha, mas mesmo assim agradeci sua ajuda:

- Obrigada por me direcionar as alhetas, detestaria sujar o convés de seu navio.

- Não há de que - Sorriu um riso enigmático.

 E de uma forma sombria me revelara algo perturbador.

- E eu, detestaria sujar o convés de meu navio com o sangue de um pau mandado da marinha.

O clima havia ficado tenso. Quando ergui a cabeça e olhei em volta, havia me distanciado muito do desenrolar da comemoração, e então, senti a mão dele segurar a minha nuca, direcionando minha cabeça ao mar revolto se chocando contra o casco do navio.

 Não só minha cabeça, mas como também meu corpo se inclinara de forma abrupta, e se não fosse por meu reflexo de me apoiar com minha única mão, acho que teria despencado lá embaixo.

- O que acha que está fazendo? – perguntei surpresa sentindo a sobriedade retornar a mim com a adrenalina que dentro de mim explodira com o susto que levara.

- Protegendo a um amigo – Disparara entre os dentes de forma pouco amistosa e tornou a me forçar alheta abaixo.

- Do que está falando?!

Segurei-me no colarinho de sua camisa e pude olhar em seus olhos a decisão de tirar a minha vida ali mesmo.

- De você e os seus ratos da marinha a um ano atrás, no mar de Thrully, e do incidente com meus tripulantes e o reino de Malabila. Tive baixa de quinze homens meus naquela noite. Você não imagina o prazer que terei quando eu acabar com você.

 Nós dois estávamos a sós na proa do navio. Eu não precisava de memória para saber que a marinha era inimiga número um de todos os piratas. E precisava apenas ter o mínimo de inteligência, para saber que ele se referia a mim.

Estávamos isolados na proa de seu navio, e o ruivo, parecia disposto a me esganar e me jogar no mar ali mesmo, mas ao que parecia, quis algumas respostas antes. Respostas estas, que eu não poderia lhe dar.

- Vejo que já conheceu a minha mais nova nakama.

Com meio corpo pendido para fora do navio, reconheci a voz de meu capitão. Shanks, no entanto, não abrandou em um centímetro a sua postura ameaçadora de me jogar para fora das alhetas, e ainda me segurando, retrucou de forma sarcástica.

- Nakama? Agora cede seu teto paro o inimigo, Monkey D’Luffy? – Dissera, me forçando um pouco mais para fora do navio. E senti o colarinho de sua camisa a qual me agarrei com todas as forças rasgar levemente.

- Não há problema algum com ela, além do de não conseguir se lembrar de seu passado. Além do que, você não fora o único a apostar alto Shanks – Dissera Luffy olhando para o braço perdido do ruivo.

– Não só em mim, mas ela também apostou alto com toda a minha tripulação. Ela é minha nakama, e assim como os demais, eu vou protegê-la.

- Vai pagar para ver? – Desdenhou o ruivo.

- Vou.

Suas palavras soaram firmes e decididas.

- Até que ela recupere a memória, e enquanto dormem, corte a garganta de todos? Não seja tolo Luffy! – Explodiu Shanks.

- Já está decidido.

- Pff... Você sempre foi um cabeça dura...

Luffy deu as costas ao velho amigo sem hesitar, o que de certa forma senti que o chocou. Por sobre os ombros, Luffy olhou para mim, e dissera:

- Espadachim, você não vem?

Em um ato rápido e explosivo, Shanks se meteu entre mim e Luffy, fincando sua espada no chão, entre mim e meu capitão:

- Não seja idiota em suas crendices tolas, o mundo no qual vivemos agora é preciso se ter cautela – Alertou.

Não vou dizer que aquele gesto violento e abrupto não havia me assustado, e por reflexo, minha mão foi à bainha de minha espada, e logo, o ruivo me lançou um olhar oblíquo por cima do ombro que me paralisou, era como se dissesse, “Parto você ao meio agora, se ousar sacar sua espada”. Engoli seco.

Era como se a minha frente estivesse o próprio diabo.

Apesar de tudo, o ruivo finalmente pareceu ceder e se afastar de mim. Então, voltou-se para meu capitão e disparou com os olhos em fúria.

- Idiota! - Sua voz alterada fez o som da festa no convés inferior diminuir até quase a extinção. – A quanto tempo esta mulher faz parte de sua tripulação, ahn?! – Gesticulou com a cabeça em um gesto de ira. – você pode estar sendo rastreado neste momento pelos amiguinhos marinheiros dela. É isso mesmo meu amigo, ela faz parte do mesmo grupo que matou seu irmão.

- Parece que você não está muito à vontade com a nossa presença. Nesse caso, acho que já estamos de partida – Dissera Luffy, afundando o chapéu de palha em seu rosto, como se estivesse pouco satisfeito com as palavras do ruivo e não conseguisse mais o encarar, e sem seu riso usual, ele me perguntou por mais uma vez:

- Espadachim... você não vem?

Por mais uma vez, ele acreditou em mim, sem pensar duas vezes. Quero dizer, como ele poderia ter tanta certeza de sua escolha? Mas daquela vez, eu não podia deixar passar.

Dei um passo em sua direção, ignorando Shanks por completo enquanto tentava achar formas em meio a palavras que pudessem fazê-lo raciocinar quanto ao que o ruivo dissera e que fazia total sentido, e então, disse:

- Você o conhece desde a infância Luffy, este homem não mentiria para você, e se eu for mesmo alguém da marinha, e se de alguma forma eles estiverem me rastreando?  E se ele estiver certo?

Então, Luffy se virou novamente e de costas, me dissera:

- Ele me conhece desde a infância, é verdade, e devo muito a ele.

 Seu olhar direcionou-se ao braço perdido de Shanks e pareceu se perder em lembranças não muito agradáveis. Shanks virou-se de lado apontando a espada para meu capitão, mas do que uma ameaça, aquele gesto pareceu para mim, uma tentativa de desviar a atenção deste de seu braço, e de memorias desnecessárias. Shanks logo disse:

- Ela estava lá quando quinze de meus homens tombaram. Que significado tem essa mulher para você? Você a chama de nakama, mas nem ao menos sabe quem ela é. Um capitão deve proteger sua tripulação Luffy, e você, está jogando a sua diretamente na boca do leão.

Luffy pareceu retornar a si e voltou sua atenção ao ruivo que o fitava impaciente por uma resposta.

 - Eu não sou mais aquele menino. Quanto a você, espadachim sem memória, resgatamos você de alto-mar, estava à beira da morte. Se você for realmente o que Shanks diz que você é, então, você estará melhor em nossa companhia, porque, nós nunca abandonamos um nakama, principalmente um que estava disposto a dar a própria vida para nos salvar, e pagou um preço alto por isso.

Em silêncio o ruivo o observava com um semblante pouco satisfeito.

De certa forma eu sabia que ele queria o proteger como alguma vez este deva ter feito no passado, mas agora, sabia que não deveria interferir com as decisões dele, afinal, não havia mais uma criança a sua frente, e sim, havia um capitão pirata com sua tripulação.

Era nítido em seu olhar que ele não estava sabendo lidar com aquilo. E que se segurava com todas as forças, para não tomar a atitude que achava ser a mais correta.

A festa havia encerrado, e a tensão tomara conta de ambas tripulações. Haveria luta, se assim seus capitães desejassem, e esse era o sentimento que pairava no ar. A camaradagem de outrora, havia cedido o lugar para a inimizade. Tudo por causa de minha maldita memória.

- Shanks, foi bom revê-lo – Dissera Luffy por fim.

Despedimo-nos todos naquela hora. Ao que parecia, o ruivo havia acatado as razões de Luffy apesar de não concordar, e respeitando isso, deixou com que eu vivesse e os seguisse.

Recolhemos algumas pratarias pertencentes ao nosso navio em meio a outra tripulação que nos observava em silêncio como se fossemos traidores dos piratas.

E da mesma forma, em silêncio, eles acenaram se despedindo de um amigo de outrora.



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