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História 2 Pieces - CAPÍTULO -XX- Águas profundas


Escrita por: chrisamur

Capítulo 20 - CAPÍTULO -XX- Águas profundas


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO -XX- Águas profundas

Depois de um tempo, havia me recolhido em minha cabine, para minutos depois, sentir tudo a minha volta balançar fortemente em um solavanco. Foi como se o navio tivesse sido atingido por algo. Sem mais avisos, senti outro solavanco seguido de mais outro que pareceu fazer algo de madeira se romper em um som estridente como o de um raio. Rezei para não ter sido o casco da embarcação.

Curiosa, saí para ver o que acontecia e meus olhos não acreditavam no que viam. Como era possível que em menos de dez minutos um céu tão azul e promissor para um velejar tranquilo se transformasse naquela coisa hedionda? 

Era incrível como o clima mudava naquela rota...

O navio Subia e descia ondas enormes, tão grandes quanto montanhas, e as mesmas os atacavam por todas as direções. O vento soprava em sintonia com a fúria das ondas gigantes.

Eu já havia visto aquilo...

Lembro que todos trabalhavam arduamente em meio a tempestade, tentando guiar o navio para fora dela. Os gritos de comando do capitão mal podiam ser ouvidos em meio ao estrondo das ondas e do barulho do vento. Uma onda enorme engoliu o convés do navio e me arrancou de minha cabine com porta e tudo, e eu, escorreguei voando de encontro as alhetas batendo minha costa violentamente contra elas.

Que sensação estranha e inquietante... Eu já havia vivido aquilo...

Outra onda gigante atacou o navio, explodindo nas alhetas atrás de mim, e sua força, estilhaçou parte delas e me arremessou em um deslizar sem rumo em meio ao convés.

Senti uma mão me agarrar pelo pé e me puxar, mas logo, outra onda explodira violentamente me arremessando para cima de quem tentara me ajudar, e meu corpo praticamente espremeu a pessoa contra a parede em uma pancada brusca, e mesmo assim, em meio a ventania e forte chuva que fazia, escutei uma voz gritante e preocupada me perguntar enquanto segurava a dor do choque:

 - Você está bem?!

A voz gritante em meio a tosses e engasgos denunciara meu salvador, era ele, o cozinheiro. Deveria estar atordoado pelo impacto de outrora, mas mesmo assim, me segurava com força enquanto passava em torno de minha cintura, uma corda que estava presa a um grilhão no chão.

 Enquanto este tentava me manter segura, outra onda se chocara contra o navio e algo veio voando em nossa direção, mas só percebi, quando já era tarde demais. Um barril se chocara contra as costas dele e o arremessara para o meio do deck. Notei seu corpo imóvel deslizar de um lado para o outro e meu coração sentiu a urgência da situação.

- Sanji! – Gritara aflita com o que via, e meu grito chamara a atenção do espadachim e do carpinteiro, que terminavam de recolher as velas quase estraçalhadas pelo vento.

- Sanji! Acorde seu cozinheiro inútil! – Gritou o espadachim enquanto o carpinteiro já se movimentava em direção ao meio do deck.

Minhas mãos tentavam se livrar da corda que ao redor de mim estava. Eu tinha que alcançá-lo. Uma onda enorme se chocou novamente contra o navio e jogou seu corpo inerte contra as alhetas estilhaçadas fazendo toda metade esquerda  de seu corpo ficar pendurada para o lado de fora do navio.

Franky havia caído também, mas a corda em sua cintura o manteve preso ao navio, porém, a mesma corda o impedia de se aproximar da distância que o cozinheiro havia sido arremessado.

Então, vi o que senti ser a onda do destino. Vi a sombra de uma onda imensa se erguer a bombordo, e sabia que assim que essa se chocasse contra nossa embarcação, ela o levaria das alhetas para o mar.

- Sanji, seu cozinheiro imprestável, acorde! – Carpinteiro e espadachim gritaram em uníssono, horrorizados por também poder pressentir o destino que aguardava seu companheiro.

Acontecera tudo rápido, mas os momentos que discorreram o que aconteceu, passaram em câmera lenta aos meus olhos. Havia me soltado da corda e me atirei na direção dele, mergulhando no convés deslizando por sobre o espelho d’água da madeira encharcada do deck e quando fiquei sobre ele, o abraçando a onda explodira no convés chicoteando violentamente minhas costas, e sua força fora tanto, que fez com que meu corpo e o corpo do cozinheiro, ambos fossemos arremessados ao mar.

Não conseguia enxergar nem um palmo a minha frente dentro daquelas águas escuras do mar noturno.  Não sei como aconteceu, mas eu havia conseguido pegar sua mão em meio àquela escuridão, e logo, fomo empurrados para baixo, para o fundo das águas por uma sequencia de ondas ininterruptas cujo objetivo parecia ser não nos deixar emergir.

Havíamos mergulhado nas águas escuras do mar, mas diferente de sua superfície, o fundo era bem mais calmo, apesar de ser mais escuro, todavia, tinha que voltar e encarar a realidade da tempestade na superfície e lutar para respirar em meio às ondas.

Ali no fundo, o mar estava mais calmo, era como se a tempestade acima e suas enormes ondas não existissem. Eu o puxei para perto de mim o máximo que pude, o sustentando contra meu corpo com um braço só.

Era terrivelmente difícil e desesperador tentar nadar para a superfície apenas com a ajuda dos pés. O braço que me restara segurava firme o corpo desacordado do cozinheiro contra o meu corpo. Esperava estar indo para a superfície e não nadando para mais fundo ainda.

A ilusão de que embaixo do mar, fora do alcance das ondas gigantescas estava mais calmo fora arrancada de mim quando uma forte corrente se abateu sobre nós, nos abraçando em uma pressão desumana. Foi como se algem tivessem puxado o ralo do oceano. estávamos sendo tragado e a pressão daquele puxar parecia estar arrancando aos poucos o restante do ar que havia em meus pulmões enquanto nos arrastava por debaixo d’água em meio a rodopios insanos e violentos.

Resistia para me manter acordada e sentia meus pulmões começarem a arder como se estivessem pegando fogo pela falta de ar. Sentiu seu corpo se bater contra algo rochoso e cortante no escuro das águas e tentou abraçar o corpo de Sanji o máximo que pode para tentar protegê-lo dos arrecifes pelos quais a corrente pareceu estar os arrastando.

Aquilo forte demais. Cada pancada contra as rochas expelia ainda mais o ar de meus pulmões. Então, houve um movimento involuntário que me forçou puxar o ar que não estava lá, e a água do mar, começou a inundá-los por mais que eu não desejasse. O braço que envolvia o corpo do cozinheiro começou a folgar, e senti o corpo dele começar a se afastar do meu.

Não tinha mais forças para mantê-lo perto de mim.             Como odiava minha fraqueza...

Resista. Dizia a mim mesma tentando o aproximar novamente de mim, e algo em meu corpo havia atendido meu comando, travei o corpo do cozinheiro contra o meu. Quando meus sentidos começaram a falhar.

 Fomos tragados por outra corrente que nos jogou para outra direção, e logo, foi como se tivéssemos sido arremessados para fora da água, o que fez meu peito puxar o ar de forma instintiva em meio a engasgos.

Caímos em terra firme uma queda nada agradável, apesar do chão ser arenoso e fofo. Permiti a mim mesma uns segundos para puxar o ar enquanto tossia para fora litros de água do mar de meus pulmões para logo de imediato, me arrastar até onde o corpo de Sanji havia rolado e me certificar de que ele estava bem.

Seus lábios estavam roxos e seu peito não se movia, então, espalme a mão que tinha sobre o peito dele e empurrei o peso de meu corpo contra o peito dele, iniciando assim a massagem torácica e respiração boca a boca.

Não sabia quanto tempo passara, mas já fazia um bom tempo desde que começara a massagem. Ele não respondia. Insisti na massagem por mais três vezes praticamente exausta com as lágrimas já me escorrendo pela face.

Por mais que naquele instante a adrenalina que percorria meu corpo, causada pelo medo de tê-lo perdido, me mantivesse alerta e a ajudasse a lutar contra o cansaço, eu já estava esgotada. Então, explodi em angustia e passei a esmurrar o peito dele três vezes em um surto de frustração e desespero.

- Acorde, não faça isso agora. Acorde! SANJIII!

Vi o corpo dele se contorcer e de sua boca fluir muita água do mar. Enquanto seu corpo expelia todo o líquido em meio a tosses e engasgos, observou os lábios dele ficarem mais rosados.

Ele viveria, mas ainda não podia abandona-lo e responder o pedido que meu corpo de forma carrasca empunha sobre mim, o de apagar e só acordar sabe-se lá quando. Tinha que resistir. Tinha que procurar um abrigo para os dois, pois o céu indicava que a noite se aproximava e com ela talvez viesse a tormenta que havia se abatido sobre nós em alto mar.

Retirei dele o paletó e fiz uma pequena bola com ele com a qual firmei sua costa assim que consegui o colocar de lado para que este mantivesse aquela posição.

Então, cavei um buraco raso onde deixei a cabeça deste levemente pendida de lado, para em caso deste vomitar, não se afogar ironicamente com o líquido que seu corpo tentava expelir.

Quando o endireitou, ela se ergueu decidida a buscar algum lugar de formação natural que servisse de abrigo ao menos para ele, pois forças para construir um grande que coubesse a ambos ela claramente não teria.

Caminhou um pouco percebendo o quão íngreme era a o local onde estavam. Era como se fosse um funil, e no meio dele havia um orifício cheio de água que jorrou mais uma vez, como se fosse um gêiser, mas não com água quente.

Aquele jorro resvalou muito perto de onde o cozinheiro estava, e a incomodou, talvez, quando retornasse, ele já não estivesse no mesmo local.

A corrente marítima vinda da tempestade os arremessou naquele lugar, se o deixasse lá, talvez ela o tomasse de volta. Estremeceu com aquele pensamento.

Desceu até onde ele estava, pegou seu paletó jogando em seus ombros e o arrastou para fora daquele funil em meio a tonturas e golfadas de água do mar que seu corpo ainda expelia. Aquele esforço fora desumano e a fizera cair por cima dele.

- Desculpe... – Dissera.

Não que ele pudesse escutar. Tentou se colocar de pé com seu braço direito, mas este tremia mais que vara verde, sentiu falta por mais uma vez de seu braço esquerdo, e novamente se debruçou sobre o corpo dele.

Escorregou para o lado para aliviar seu peso de sobre o peito dele e de costas para o chão ficou resistindo para não perder a consciência.

- Não consigo mais...

 Aquele seu dizer a irritou, e então, ela se virei e se ergueu cambaleante em um rompante de fúria para consigo mesma. Tinha que achar um abrigo para ele.

Observou a frente uma vegetação espessa, tal qual uma floresta, e viu um de seus arbustos sacodir. Por instinto, a mão procurara a bainha de uma espada que não estava lá.  Algo grande se aproximava. Posicionou-se entre a coisa e o cozinheiro.

A primeira vista, eu vi o que assustadoramente se parecia com um urso negro, mas então, percebeu este ser um homem quando este baixara o capuz de sua estranha vestimenta.

Suspiraria aliviada se tivesse certeza de que ele era de confiança, mas preferiu Continuar em sua posição protetora cambaleante nada intimidadora, até que ele se pronunciou depois de olhar para Sanji ao chão e para ela:

- Achei que a corrente marítima me daria dessa vez um suculento Altruzi-arlu, mas veja só o que ela me arremessa para fora.  Quem são vocês?

A primeira vista me pareceu ser alguém comum e confiável. Tal sensação me trouxera alívio, e esse alívio me tirou o resto de forças que tinha. Fui de joelhos ao chão e quando ia desabando, o homem me segurou, e com uma risada amistosa dissera:

- Você e ele tiveram uma viagem pouco confortável. Vai ficar tudo bem.



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