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História 2 Pieces - CAPÍTULO -XXI- O passado emerge


Escrita por: chrisamur

Capítulo 21 - CAPÍTULO -XXI- O passado emerge


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO -XXI- O passado emerge

Havia um cheiro de lavanda no ar, misturado com loção de barbear e tabaco que lhe era reconfortante. Sentiu seu corpo aconchegado e aquecido em um abraço carinhoso que transbordava o sentimento de proteção. Já havia sonhado com aquilo antes.

Era seu sonho bom, mas aquele, fora o melhor. Tudo parecia ser tão real. Ela fora puxada e aninhada acolhedoramente sobre o peito dele. Em seus sonhos, ela sabia muito bem quem estava ali com ela, a ninando e velando seu descanso. Sabia bem de quem se tratava.

Naquele sonho, seu anjo havia a segurado carinhosamente e a abraçado de uma forma como se os braços dele tivessem sido feitos perfeitamente para ela.

 Desejou se agarrar desesperadamente aquele momento, rezando para que o despertar nunca chegasse. Então, voltou a adormecer profundamente, aconchegando-se ainda mais.

Ele sentiu que abraçava alguém com uma pele tão macia quanto seda e era abraçado de volta de uma forma acolhedora. Ao que parecia, estava tendo um sonho daqueles como de costume e não conseguiu deter um sorriso que se formou.

Cabelos perfumados com o aroma de camomila roçaram por sua face indo de seu nariz até seu queixo, e toda aquela sensação remetia a um sentimento de tranquilidade que há tempos não sentia.

Então, percebeu que não era o tipo de “sonho” que costumava ter com algumas “damas”. Aquele sonho era diferente. O sentimento que sentia era diferente. Estava em paz. O aroma daqueles cabelos não lhe era estranho e lhe instigava o sentimento de proteção.

 Abriu os olhos para ver quem com ele estava, e sua respiração cessara, surpreendido, quando a viu em seus braços. E então, percebera que nada daquilo era abstrato. Era real.

Seu coração disparou em uma mescla de surpresa, espanto e algo a mais que não soube como classificar. Embaraço, talvez, por toda aquela situação enigmática, pois, em um momento estava em meio a uma das mais terríveis tempestades em alto mar que já enfrentara, no outro, fora lançado ao mar, e agora, estava em uma cama quentinha e macia, com travesseiros e lençóis macios e perfumados com lavanda, tendo a ela, envolta em seus braços.

Moveu o corpo dela sutilmente para o lado tentando não a observar enquanto a cobria com o lençol, mas não pode conter seus olhos traiçoeiros.

No corpo dela haviam várias marcas, umas certamente mais antigas que as outras. A maioria delas parecia-se com cortes de laminas outras, as mais recentes, eram marcas de chicotadas. As chicotadas que covardemente recebeu enquanto tentava os ajudar.

Ao terminar de cobri-la, observou por um tempo o rosto adormecido dela, e um sorriso débil que nem percebera se formar se fez em seus lábios. E quando percebeu, não conseguia mais evitá-lo.

Com cuidado, retirou alguns fios de cabelo que caiam com desvelo sobre a face dela, e um sentimento forte tomou seu peito fazendo seu coração acelerar.

Quis sentir o aroma de camomila dos cabelos dela por mais uma vez e como que por instinto, deslizou a ponta do nariz pelos cabelos dela até onde alcançou, inspirando toda aquela fragrância que naquela manhã havia lhe proporcionado o mais maravilhoso despertar que teve em anos.

Viu o corpo dela se mexer e estremeceu. Os olhos dele se arregalaram e a respiração parou por uns segundos em alerta, pois, com certeza ela estaria acordando, e o vendo ali, com ela, naquela situação, certamente se aborreceria, e mais uma tempestade se formaria. Todavia, ela não acordou, apenas rolou para o lado suspirando como se sentisse reconfortada.

Tratou de se erguer para evitar demais problemas com ela. Ao seu lado avistou uma poltrona marrom na qual vira a roupa de ambos dobrada uma por cima da outra. Estavam limpas e passadas.

Vestiu suas calças e do bolso desta, puxara uma carteira de cigarro que não era a dela, mas outra, colocada no lugar da antiga que com certeza teria se estragado com a agua do mar. Agradeceu a quem quer que fosse o anjo daquela boa ação, pois, definitivamente precisava de um trago.

Encostou o ombro da parede enquanto acendia seu vício calmante.

 Após o primeiro trago, se pois a observa-la de onde estava. E lembrou-se de algumas coisas pelas quais essa já passara

Os olhos dele percorreram da nuca dela, passando pelos ombros a analisando até a parte exposta do quadril onde o lençol caíra displicente a revelando ali. Ela estava mais magra. Sua lembrança viajou tolamente para o dia em que discutiram por comida.

Ela não se alimentou por três dias inteiros devido a toda aquela teimosia estupida que o fez perder a cabeça a ponto de quase a agredir verbalmente. Ela havia deixado implícito que não gostava do que ele cozinhava e de certa forma, aquelas palavras o magoaram e como um menino, ele fora ríspido com ela, e se odiou por aquilo nos dias que se seguiram.

Nunca havia perdido a calma com mulher alguma. Ela conseguira aquela façanha. Ele sorriu enquanto a observava.

Ela se mexera novamente. Daquela vez, com certeza iria acordar. Não havia outra escolha, teria que encarar o que estava por vir, como sua desconfiança por estar os dois dividindo o mesmo quarto.

 A espadachim emitiu um gemido preguiçoso e espreguiçou seu corpo em um despertar quase despreocupado, até que sentiu uma fisgada em suas costas e resmungou de forma rabugenta enquanto massageava o lugar dolorido.

Presenciar aquilo não permitiu o cozinheiro conter o riso. Assustada ao escutar que havia mais alguém com ela, sentou-se na cama em um sobre salto e observou atônita o cozinheiro a sua frente.

- O que faz em minha cabine?

- Não é sua cabine. Não estamos mais no Sunny.

Ela parou por um instante e percebeu que era verdade. Estavam em um quarto diferente, apesar de ter as paredes feitas de madeira corrida.

- Onde estamos?

- Não faço a menor ideia – Respondera enquanto sentava-se despreocupadamente no sofá rústico do quarto e deixava a fumaça de seu cigarro serpentear no ar.

- O que acontec... – Antes que prosseguisse, lembrou-se de tudo. O que acontecera durante a tempestade. E se calou. Não queria que ele soubesse que ela havia o ajudado.

 - Acho que alguém nos resgatou. É um milagre termos sobrevivido àquela tormenta.

- É... – Queria perguntar como ele estava, mas um “Q” de infantilidade a tomou naquele momento e agiu como se não se importasse. Então, o ouviu perguntar:

- Como se sente?

Foi como se tivesse recebido um tapa em seu orgulho, e hesitante, respondera:

- Bem...

- Pelo visto ambos estão bem – uma voz ressoou vindo da soleira da porta e fez ambos dentro do quarto olharem para lá.

Viram um rapaz em terno parado na soleira da porta os observando com um ar pouco amistoso. Segurava em mãos um cigarro.

- Você deve ser o nosso salvador – Dissera Sanji o reverenciando de uma forma formal em agradecimento.

- Não. Eu sou aquele a quem vocês devem dar algumas respostas.

É claro que poderia ser apenas uma má impressão devido aos olhos dele aparentarem não ter emoção alguma assim como sua face ou sua voz seca e fria, mas o cozinheiro não havia gostado nenhum pouco daquele cara. Salvador ou não, algo nele o incomodou profundamente.

Em contra partida, os olhos da espadachim arregalaram-se ao o ver ali. Ele era exatamente igual a quem ela vira em seus fragmentos de memória, e então, um nome lhe veio em mente, e sem que percebesse, está o pronunciara em viva voz:

- Nicolas?!...

Os olhos do homem outrora inexpressivos, esboçaram um certo espanto quando escutou aquela mulher chamar por seu nome.

- Como sabe o meu...

Sem que percebesse, ele dera dois passos em direção onde ela estava, e então, sussurrou:

- Não pode ser.... – O cigarro que tinha em mãos caíra ao chão e o ar de sua face agora retinha a estupefação. – Kristy?!

- Eu me lembro de você... – Balbuciara perplexa enquanto ele se aproximava dela.

- Achei que nunca mais a veria.... Achei realmente que havia a perdido para o mar.... É você mesmo, não é? Kristy....

A proximidade dele a deixou nitidamente nervosa e pouco à vontade. Estava perto demais. Havia o visto em suas memórias e nelas, ele lhe pareceu ser alguém com quem ela se importava, só não achava que era ele quem se importasse tanto assim com ela.

A proximidade dele para com ela pareceu incomodar alguém a mais no recinto que presenciava a tudo.

- Oi, oi... O que está acontecendo aqui? Não existe mais apresentações entre desconhecidos? – Interferira Sanji, nitidamente nada satisfeito.

- O único desconhecido aqui é você. Se não se importar, eu tenho muito o que conversar com ela. Um café da manhã foi preparado e o aguarda no andar inferior – Dissera sem sequer se virar para o olhar. Sua atenção era toda para ela.

- Desculpe amigo, mas não vou a lugar nenhum...

Um silêncio constrangedor se formara no quarto e o cozinheiro percebeu a atmosfera “romântica” que o encontro da espadachim com aquele cara, gradativamente se transformava.

Ao que parecia, os dois ali ignoravam totalmente a presença dele. Fora um tanto que constrangedor vê-los se encarando daquele jeito. Ele com certeza fazia parte do passado da espadachim e era nítido os sentimentos de um para com o outro.

A princípio, hesitou em deixá-los a sós, temeroso por ela, mas ela não era uma mulher qualquer, ela com certeza era alguém que saberia se defender, além do que, com todo aquele clima rolando naquele quarto, sentiu-se sobrando.

Deu-se por vencido quando de súbito o viu a abraçar. No começo fora algo inesperado, até mesmo para ela que ficara sem reação diante daquela atitude súbita, mas então, foi como se algo respondesse dentro dela e sem que percebesse, retribuiu aquele abraço mesclado de saudade e carinho.

Estalando a língua nos dentes, o cozinheiro decidiu carregar sua teimosia para fora do quarto. Ele se dirigiu para onde seu anfitrião havia dito que um bom café da manhã o aguardava.

Não sabia quanto aquele abraço durara, mas queria ficar daquele jeito para sempre. Era como se os braços dele tivessem sido feitos sobre medida para ela.

 Era reconfortante ter aquela pessoa perto dela. Ela estava certa. O seu coração lhe dizia que ela estava certa. Ele representava sim, alguém muito importante para ela.

- Kristy.... Nunca mais vou perde-la de vista. Está ouvindo? Não importa quão teimosa você seja e quão furiosa fique. Não vou sair do seu lado.... Não me peça mais para fazer isso....

Alguma decisão que ela tomara no passado claramente o fizera sofrer, seu coração pesou, e tudo o que pode dizer fora:

- Desculpe.... Nicolas... me desculpe....

Sanji havia se dirigido até o andar lhe indicado, e lá, achou uma mesa posta para um café farto. Seja lá quem preparara a mesa, não soube como arrumá-la. Tudo estava fora do lugar. Pegou um pãozinho recheado e o mordeu sem muita cerimônia, e logo, torcera o nariz. Achou a massa muito pesada. Tirou seu paletó e sentou-se à mesa decidido a tomar apenas um café com leite e torradas. Esperou que trouxessem algo para beber e a demora o irritava.

Um mal humor súbito havia o tomado....

Não costumava fumar enquanto sentado a uma mesa, não fazia parte de sua etiqueta, mas aquela mesa não merecia a sua consideração. Ascendera um cigarro e esperara pelo café, suco ou alguma água para beber, sentia a boca mais seca que o deserto.

Então, seus pensamentos voltaram aos acontecimentos de minutos atrás no quarto onde ao lado da espadachim havia acordado. Algo o aborrecia enormemente. Roçou a barbicha com o dedão enquanto segurava seu cigarro entre o dedo indicador e médio.

- Não gostei daquele cara.... – Balbuciou em meio ao enfezamento, deixando um pensamento escapar.



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