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História 2 Pieces - CAPÍTULO - III - Entendimento


Escrita por: chrisamur

Capítulo 3 - CAPÍTULO - III - Entendimento


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO - III - Entendimento

O acompanhei até a cozinha do navio. Era um lugar espaçoso, talvez, o maior de toda a embarcação. Era muito arrumado e limpo. As panelas, as facas e demais utensílios que poderia usar para cozinhar estavam todos bem organizados, preparados para serem manuseados. Então, diante dos meus olhos, ele começou com maestria a fazer o que era mais que notório, ser sua paixão. Começou a cozinhar, e com admiração o observei.

Não demorou muito para que alguns membros da tripulação sentissem o fabuloso aroma de sua comida, e logo, chegassem à cozinha mesmo naquela hora da noite.

Ao que parecia, ele não gostava de cozinhar com plateia. Era engraçado, ele mal acabava de preparar algo, e logo, a comida era engolida pelos observadores. Às vezes, ele abria espaço para si a base de pontapés, literalmente, expulsando a todos de perto do fogão.

Preparava a comida com eximia maestria de um chefe. Era rápido e seus pratos eram ornamentados tal como os pratos de um restaurante luxuoso. Era pura arte. Observava a tudo boquiaberta e notei que meu admirar silencioso soou como a um elogio a ele o envaidecendo.

Todas as refeições noturnas que se seguiram depois daquele dia eram daquele jeito. Todos reunidos em torno da mesa. Muito barulho. Brigas, risadas, discussões, histórias sobre acontecimentos passados e marcantes dos quais eles agora riam, mas que eu entendia terem sido quase mortais para toda tripulação eram contadas por todos.

Já havia percebido há algum tempo que estava dentro de um navio pirata. A primeira coisa que havia percebido ao sair no deck foi a bandeira preta com a típica caveira ilustrada, porém, com um adereço inusitado.

Sobre o crânio da caveira ilustrada na típica bandeira negra, havia um chapéu de palha. O interessante é que esse tipo de bandeira geralmente deixaria qualquer pessoa inquieta e aflita, mas não a mim, me senti à vontade com aquelas pessoas que de longe, assemelhavam-se com piratas. Será que eu era uma pirata tal qual aquelas pessoas?

Foi a primeira vez que vi a todos daquele jeito, reunidos. Eu tentei, mas não consegui os ver como piratas. Tinha uma ideia do que seriam piratas, e de forma alguma, aquela visão me remetia a um grupo como tal.

Pelo que vi e ouvi, todos ali, eram pessoas reunidas em uma aventura em busca de seus sonhos. Os invejei por terem um sonho. Invejei aquela energia boa e harmonia que pareceram ter um com o outro. Não me recordava de ter tido aquilo. Era bom ficar ao lado deles.

Fui apresentada a todos eles. Frank, o carpinteiro. Ussop, o atirador contador de histórias. Robin, a arqueóloga. Zoro, o espadachim do estilo santoryu do qual eu mantinha uma certa distância por questão de segurança. Alguns eu já conhecia, como Luffy, o capitão. Sanji, o cozinheiro e ela, a quem ele dava uma atenção toda especial, Nami, a navegadora.

Desde que consegui me locomover sozinha, percebi quão próximos ele e a navegadora eram. Pelo que observei, a princípio, achei que os dois fossem um casal, mas pela relutância dela quanto a proximidade dele em algumas situações, percebi que o interesse não era mútuo.  A ela, ele reservava uma atenção toda especial a qual ela parecia se incomodar na maioria das vezes, e em outras, rudemente apenas o ignorava, e eu sei, sei que não tenho nada a ver com isso, mas, o tratamento dela para com ele me irritava.

Ela não era nem um pouco gentil, só sorria para ele quando algum favor queria pedir, e mesmo assim, o sorriso ou abraço dela parecia o derreter, e faziam com que ele a obedecesse tal como um cachorro obedece a seu dono.

Era irritante ver aquilo. Mais revoltante ainda era vê-lo cego diante de tudo aquilo, e caso ele enxergasse os reais motivos dela, porque ele não fazia nada a respeito? Apenas se deixava levar e ser usado por aquela criatura dissimulada e manipuladora.

Apesar de tudo, ele estava sempre pronto para agradá-la com mimos feitos com suas habilidades culinárias. Mimos estes, que esta recebia como sendo uma coisa corriqueira. Mal elogiava o esforço deste. Seria compreensível se ela fosse alheia aos sentimentos dele, mas percebi que ela não era. Ela sabia.

Era mais do que visível a diferença no tratar dele para com a historiadora, e o tratar para com a navegadora. Ela sabia disso, e o incitava para tê-lo sempre no controle. Era revoltante ver a forma como ela o controlava e a forma como ele se desvalorizava.

Vê-lo se maltratar daquele jeito me aborrecia. Porque ele fazia aquilo? Será que não via a falta de interesse dela para com ele? Gostava tanto dela assim? Ele não merecia aquilo, merecia alguém que o reconhecesse e o valorizasse.

Ela nem ao menos se interessava por saber algo sobre ele. Acho que nem sabia que este tinha quatro sorrisos:

 Um sorriso desafiador...

 Um, quando ele está em paz...

Outro, em que enquanto cozinha, ele transparece e revive os dias de um menino sonhador...

Fora esses que havia percebido, existia aquele do qual eu mais gostava. Ele era espontâneo e vívido, como se tudo valesse apena por apenas viver aqueles momentos cotidianos. Nesses momentos, sua essência aflorava e de seus lábios brotava o sorriso mais acolhedor de todos.

 Era o seu sorriso alegre e satisfeito de estar ao lado de verdadeiros amigos, compartilhando de seus sonhos e vida. Até mesmo ao lado dela...

Meus questionamentos e revolta quanto a uma história que não me dizia respeito, alertaram minha razão, que explodiu dentro de mim como uma bomba alarmante e destrutiva me deixando sem chão.

Ela é a primeira que percebe. Ela é a primeira que analisa e entende, e as vezes, é a primeira a ser ignorada. Eu havia a ignorado até aquele momento.

Pobre razão, sempre emudecida pelo som ensurdecedor emitido pela emoção, que a cega, ensurdece e a esmaga em uma onda insana carregada de paixão.

Sorri de minha própria tolice. Era tão imbecil se apaixonar pelo seu salvador. Era apenas isso que este representava. Um salvador. Meu anjo salvador. Repeti isto para mim mesma por inúmeras vezes, mas já era tarde demais.

É tarde demais quando o coração adormecido, desperta e palpita em um ritmo alucinante sem mais avisos. Torna-se tão pesaroso não escolher o que a princípio te faz bem.

Então, não há dúvidas. Você sente o gosto da felicidade e quer mais. E inconscientemente eu havia procurado. Procurado por ele. Sempre.

O simples fato de vê-lo me deixava feliz. Escutar sua voz ao longe sabendo que dali a alguns segundos eu o veria, acelerava meu coração e minha expressão atenuava-se.

 E quando estava perto dele, não conseguia desmanchar o sorriso que em meus lábios se formava. Amava o cheiro de tabaco que ele carregava consigo.

Deveria ter percebido antes de que não se tratava apenas de gratidão. Era tão óbvio. Poderia ter feito algo para evitar. Não podia? E ainda posso. É claro que sim...

Meu Deus... Era tarde demais...



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