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História 2 Pieces - CAPÍTULO - V - Areias cortantes


Escrita por: chrisamur

Capítulo 5 - CAPÍTULO - V - Areias cortantes


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO - V - Areias cortantes

Saí do navio olhando para trás e esperava que quando tomasse aquela atitude de fato, desembarcando deste de uma vez, na próxima ilha habitada, eu não fizesse mas aquilo, não olhasse mais para trás. enquanto caminhava ainda olhando para trás, minha visão deslocou-se até a proa.

Havia evitado aquela parte do navio por uma razão, o que era hilário era que em minha vida, tudo o que eu queria evitar, acabava por acontecer. Teria sido da mesma forma quando memória eu tinha? Talvez por isso ele, meu anjo negro, não tivesse olhos para mim, pois eu era um ser quebrado.

A decisão da espadachim de sair da embarcação fora perfeita naquela manhã. A praia estava linda, completamente ensolarada. O vento era refrescante. Todo o ambiente era convidativo para um mergulho, mas esta, apenas se aproximou um pouco mais da marola das ondas, para que pudesse caminhar molhando os pés. De certa forma, aquilo a remeteu a infância.

Então, sorriu saudosa por algum motivo que desconhecia. Seria ela filha de pescador? Riu de sua tolice. Como um espadachim seria filho ou filha de pescadores? E logo, este pensamento a deixou séria, e ponderou:

Por que não?

Havia parado para ver as ondas do mar e se sentou em uma rocha. “Mar” era algo corriqueiro em seu cotidiano, mas as ondas, não eram. Elas eram lindas e olha-las e escutar o som destas rompendo, a relaxava. Quando deu por si, tempo demais havia passado e já era entardecer. Não teve medo que a abandonassem porque segundo informações, quando atracavam em busca de mantimentos, levavam cerca de um ou dois dias para zarparem.

Começou a refazer seus passos pela costa rumo ao navio. Enquanto caminhava apreciando o pôr do sol, quase caiu em uma vala formada na areia.

A paisagem a sua frente lhe causou espanto, pois era como se houvesse acontecido um pequeno maremoto que revolveu a areia daquele jeito até a base da entrada para a floresta da ilha, onde um relativo amontoado de árvores tombadas, formava uma enorme clareira.

A paisagem se modificara de forma alarmante somente naquele trecho, e enquanto buscava explicação para o que ali havia ocorrido, ela o avistou praticando sobre o que restara de uma areia plana à beira do mar.

Suas espadas não cortavam a areia, nem ao menos chegavam a triscar nela, mas algo dava continuidade ao trajeto de suas lâminas e aquilo revolvia de forma brutal tudo o que pela frente estava.

Aos seus olhos, aquele homem era o demônio, e ao que parecia, a sua presença havia chamado sua atenção. Ele deveria ter saído em expedição, não deveria estar ali. Amaldiçoou a própria sorte.

Ele parou o que estava fazendo e por sobre o ombro a observou. O pôr do sol a sua frente em seu tom vermelho e laranja o emoldurava de tal forma, que ele realmente se pareceu com a pintura de um demônio.

Possuía duas katanas, uma em cada mão e uma terceira presa entre... Seus dentes...?

- Decidiu “tentar” se lembrar?  - Perguntou o espadachim.

Era admirável como ele conseguia se comunicar segurando a terceira katana na boca. As palavras dele de certa forma fizeram o sangue dela ferver. “Por que não”?  Pensou levando sua mão instintivamente a sua cintura onde estavam suas duas katanas.

 Notou um sorriso de canto se formar na face daquele homem. Ele realmente estava ansioso por  “ajudar” a relembrar seu passado.

Não sabia o que acontecia, mas a cada passo que dava em sua direção uma sensação familiar lhe vinha a mente. Sentiu um arrepio a tomar. Na verdade, não foi bem um arrepio, foi... Adrenalina. Só então, percebeu que ela queria aquele embate tanto quanto ele.

Quando o viu ao longe, visualizou todos os possíveis movimentos que ele supostamente faria, tendo em vista que pela ansiedade que seu corpo reverberava, ele fosse o primeiro a atacar. Era uma sensação gritante que vinha de dentro dela.

Era estranho o ver carregar as três espadas e supôs que a terceira, presa em sua boca tivesse a ação de último ataque e que os principais, eram desferidos por seus braços.

Ele era ambidestro e aquilo poderia ser um enorme problema. Todavia, ela também usava mais que uma katana, então, até ali, estavam quites. Observando suas refeições, percebeu que ele usava mais à direita do que a outra mão, então, ele ficava bem mais à vontade com seu lado destro que canhoto. Porém, digamos que houvesse um ataque simultâneo com ambos os lados, ainda assim, a katana presa a sua boca seria a última a atingir o alvo por uma diferença de segundos, tanto pela posição que ele a carregava, tanto quanto pelos ângulos de ataque que aquela posição lhe concedia, ângulos estes, bem limitados.

Ela parou de súbito, surpresa com todos aqueles pensamentos de defesas e contra ataques que jorravam em sua mente como uma torneira aberta. Ela realmente era espadachim.

Seus pensamentos haviam feito com que ela desacelerasse seus passos quase à beira de parar, o que talvez, tivesse feito ele entender o súbito descompassar de seus passos como a uma possível desistência, e sem perder tempo disse:

- Parece que você é um pouco tímida, deixe-me tomar a iniciativa.

O combate teve início, e como previsto, ele fora o primeiro a atacar. Foi quase insano todos os ataques e defesas de ambos os lados. Ele era rápido, e por muitas vezes ela sentiu que ele havia aparado as pontas de seu cabelo. Ele “treinava” sério até demais, mas ela gostou.

Não conseguiu fazer muito além de girar o corpo, esquivando das investidas dele. Fez isso umas três vezes consecutivas até perceber que ele ficara mais lento. Passou a enxergar os movimentos dele, e na quarta vez, ela se defendera e contra-atacou. Daquela vez, fora ele quem esquivara.

O escutou sorrir feliz entre os dentes e aquilo a irritou. era como se ele debochasse dela. Não conseguiu se conter, e então, disparou:

- Acha que não consigo o acompanhar, por isso diminuiu sua velocidade?

- Ninguém aqui diminuiu nada, foi você quem aumentou – sorriu satisfeito. - Gostei...

O vi arrumar a badana negra que ficara folgada, e por algum motivo, achei aquele gesto ameaçador. Ao que parecia, nosso treino seria levado mais a sério.

Nosso “treino” poderia não ter o ar de uma prática comum aos olhos de quem poderia observar do lado de fora, mas para quem estava dentro, estava divertido demais. Sentia-me viva e feliz, e acho que podia falar o mesmo do espadachim que a cada golpe dado ou esquivado sorria e disparava uma palavra de incentivo.

- Você também não é nada mal – disse rebatendo seus incentivos em um proposital tom irônico.

Ele riu.

Nossas investidas, esquivas e contra ataques eram harmoniosos apesar de ferozes. Sentia que aos poucos ele me dava um corte de cabelo à medida que me esquivava com dificuldade de seus ataques cada vez mais rápidos.

Eu forcei o que não deveria ser forçado tentando o alcançar, e quando dei por mim, estava de joelhos no chão, trêmula e com falta de ar. Meu corpo todo doía e quando ergui a cabeça, vi a lâmina da espada dele pairar sobre ela, encerrando o ligeiro “treino”.

- Seu corpo ainda não se recuperou, tsc... – estalou a língua nos dentes transparecendo sua decepção.

Com um balançar pesado da minha espada, afastei a dele de sobre a minha cabeça.

- Parece que não. Mas ao menos eu lhe devo um agradecimento – ele me olhou curioso erguendo uma sobrancelha e eu sorri de seu jeito dizendo:

- Parece que as katanas são realmente minhas, e eu, sou sim, espadachim. Infelizmente, foi tudo do que eu me recordei, mas agradeço novamente sua ajuda. Vocês não têm obrigação nenhuma para comigo, e ainda assim, se predispuseram a cuidar de uma desconhecida. Eu não sei se um dia poderei agradecer tal favor.

Juntando as forças que me restavam eu me reergui um tanto que cambaleante, e senti a mão dele segurar meu braço me amparando. Dentre todos, o que mais se parecia com um pirata, era aquele homem, desde seu jeito, forma de agir e pensar, até então.

Não esperava aquele gesto dele de me ajudar a me equilibrar, e me pareceu que muito menos ele, esperou ter aquele tipo de iniciativa, pois, quão súbito ele me apoiou, da mesma forma se afastara, embainhando suas katanas sem me olhar, em uma forma de constrangimento que sua feição não transparecia, mas podia ser sentida no ar.

Não sabia o motivo pelo qual eles içaram aquela bandeira pirata com um chapéu de palha, pois esse estilo de vida não condizia com o de ninguém daquela tripulação.

O espadachim havia se virado ficando de frente a ela novamente, e quando estava a ponto de me dizer algo, ouvi um grito histérico atrás de nós, exacerbado de preocupação, e eu, logo reconheci aquela voz infantil, porém, de palavras ferinas.

- Seus espadachins imbecis, o que acham que estão fazendo?!

Apontou para o espadachim e vociferou:

- Zoro! Você deveria ser o primeiro a não compactuar com desafios, o corpo dela sofreu graves danos devido à desidratação e....

- Ela está bem Chopper, não exagere. Só está um pouco fora de forma.

Senti que ele havia disparado aquela farpa de forma proposital, “fora de forma...”, o que era verdade, então, apenas sorri de canto, e quando estava prestes a lhe rebater as palavras, o vi, para meu espanto, se distanciar de mim com muita velocidade, assim como vi um vulto logo atrás dele em seu encalço.

Ao longe, por mais uma vez, avistei cozinheiro e espadachim ajustando contas, por discordarem da forma de agir e pensar um do outro, discussão que sempre formava o mesmo quadro hilário.

Enquanto lutavam e discutiam como um cômico casal de velhos ranzinzas, o Dr. Chopper escutava o funcionamento dos meus pulmões e coração com o estetoscópio, assim como também, avaliava minha pressão.

Realmente, eles eram qualquer coisa, menos piratas...



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