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História 2 Pieces - CAPÍTULO - VI - Cilada


Escrita por: chrisamur

Capítulo 6 - CAPÍTULO - VI - Cilada


Fanfic / Fanfiction 2 Pieces - CAPÍTULO - VI - Cilada

Antes não tivéssemos atracado naquela ilha. Não havia sinal de tormenta enquanto nós estávamos em alto-mar, mas no segundo dia ancorados, o vento começou a mudar.

Quando voltamos da prática de espada, e subimos abordo, um vento frio soprou, e pudemos ver as nuvens que enegreciam o céu no horizonte da ilha se aproximar. Percebemos também que a tripulação exploradora retornava da mesma direção a qual a tempestade vinha. Os demais acharam estranho aquele retorno prematuro, e nas minhas contas, cinco haviam saído e ao longe, contei seis retornando.

Em meio aos demais, havia um homem alto envolto em uma capa negra. Das alhetas do navio, ficamos aguardando a aproximação dos demais. A cinquenta metros do navio, eu ouvi o homem que com eles caminhava gritar apontando a arma em minha direção em minha direção.

- Assassina!

Aquele timbre de voz encorpada, cheia de ódio e maldade. Eu conhecia aquela voz, e de alguma forma, escutá-la me instigou de forma alarmante a matar quem ali gritava e apontava uma espingarda na minha direção. Era como se ele fosse algo peçonhento que representasse perigo extremo a todos que ali estavam, inclusive a mim.

Mate-o. Mate-o agora! Gritava algo dentro de mim em urgência. Estava inquieta. Meu coração acelerado tomado pela adrenalina apenas por ter escutado aquela voz, parecia querer sair do peito. Meu sangue ferveu deixando turva a minha razão. Quando dei por mim, pulava das alhetas à areia da praia sacando as katanas e partindo para cima daquele homem com uma velocidade e sede de matar alucinante. Era como se não fosse mais eu. 

Em meio ao meu ataque, escutei um som estridente como o de um trovão, e logo em seguida, escutei o zunido da bala da espingarda passar ao meu lado.

Não me acertou. Azar o dele.

Cruzei as lâminas visando o pescoço daquele maldito atirador, e então, escutei o som de aço quando se choca com aço. O espadachim se pusera entre mim e meu alvo.

- SAIA! - gritei sem conseguir me conter.

Em meio a minha ira, eu forcei minhas espadas para cima dele e tentei o empurrar para que ele desbloqueasse o meu caminho, mas ele era bom, sua base era boa e ele se moveu apenas alguns centímetros e aquilo me irritou enormemente.

- Saia do caminho! – Explodi. Não pude conter a fúria por causa daquela intervenção, e pude ver a expressão de estranheza no olhar dele quanto a minha reação. Foi como se ele tentasse reconhecer quem a frente dele estava.

- Assassina! – Gritou novamente o homem que eles haviam trazido consigo.

Ele foi detido por Franky, o corpulento carpinteiro do navio que facilmente o imobilizou em um mata leão e uma torção de braço que o fez largar a espingarda.

- Calma, companheiro, ninguém vai acabar com ninguém aqui do nada – Alertara o carpinteiro com seu jeito “descolado”.

- Explique-se espadachim, quem é esse homem, pela sua reação você parece se lembrar dele - Perguntara o capitão.

- Pelo visto ele sabe quem você é - Dissera a navegadora.

- O que estão esperando seus cretinos! Acabem com aquele demônio! – Dissera o homem enfurecido.

Mesmo desarmado e contido, o atirador se debatia enquanto gritava para que me matassem. Ele não se conteve em nenhum instante, mesmo sobre a mira de Ussop, o atirador do navio que o ameaçava com uma espécie de, “estilingue”?

- Nem pense em fazer isso de novo – Dissera Ussop mantendo o homem na mira.

Realmente, aquela arma parecia... ameaçadora...

- Vocês não entendem - Pronunciou-se o estranho em meio a engasgos - estão protegendo a um monstro que ceifou a vida de mulheres, velhos e crianças indefesos. Matou toda a tripulação do cruzeiro e explodiu o navio.

De certa forma, eu me lembrava daquele desgraçado, e o odiava de todo o coração, só não conseguia me lembrar do porquê, e muito menos, me vinha em mente nada do que ele relatava ali. Não me recordava de ter tirado a vida de inocentes.

Diante de tudo aquilo, começava a me preparar para o pior, pois, a tripulação que outrora havia me acolhido, poderia se voltar contra mim, e para estes, eu não teria coragem de levantar um dedo sequer. O homem continuou a falar denegrindo minha imagem sem prova alguma:

- Uma guerra horrenda começara no reino de Malabila por causa desta criatura hedionda. Ela assassinou o rei, a rainha e seu herdeiro.  Agora haverá uma luta pelo trono e mais vidas se perderão nesse mar caótico de guerra. Tudo culpa sua! – lançou para mim os olhos ensandecidos.

Então, foi à vez do capitão se pronunciar:

- Vocês dois, fiquem calmos. Reencontros calorosos são bons, mas, estão passando dos limites, não? – repreendera o capitão com o sorriso de sempre.

- Parece que sua memória está intacta no que diz respeito a este homem. Você lembra quem ele é? – perguntara Franky, o carpinteiro.

- Não... – Era verdade, eu não me lembrava dele, não totalmente.

Com um solavanco da espada, o espadachim me empurrou para trás, quando percebeu minha postura oscilar em meio a dúvida que em minha mente pairou a respeito daquele homem que dizia me conhecer, e se manteve parado a minha frente, porém, preparado, caso eu quisesse investir contra o desconhecido novamente.

- Mentirosa! – Esbravejara o homem tentando sair do mata leão.

- Conhecemos este aqui na mata. Além dele existem outras pessoas também, todas dizem ser sobreviventes de um naufrágio de dois meses e meio atrás, o mesmo tempo em que te resgatamos do mar. A história que ele nos contou foi algo bem... Preocupante. – Dissera Ussop.

- Matem-na, o que estão esperando? – Vociferava o homem. – Ela matou a todos sem piedade, homens, mulheres, velhos e até mesmo crianças, é um demônio. Matou a todos e afundou o navio. Deveriam tê-la deixado morrer! Você nega maldita? Nega o que fez?

- Não acha sua história um pouco sem nexo meu bom homem? - Perguntara a historiadora se aproximando, e com perspicácia concluiu:

- Caso ela tenha realmente feito tudo isso, porque ela decidiria afundar junto com o navio?

Os demais não pareceram atentar quanto àquela parte da história até a historiadora falar. O homem retido rangeu os dentes e sibilou:

- Faz parte da organização dela, não deixar pedra sobre pedra, são kamikazes! Tiram a própria vida se necessário!

Robin rebateu mais uma vez:

- Conheço organizações assim, eu mesma fiz parte de várias, e em todas elas, o ato de tirar a própria vida ao falhar em uma missão ou quando a mesma requer que provas ou testemunhas sejam anuladas é um fato, mas, o ato de ficar à deriva, sofrendo e definhando... Eu não me recordo de nenhuma organização que dissemine tal conduta dentre seus membros.

De súbito, elas vieram à minha mente. Algumas lembranças de imagens horríveis.

Em minha mente, a imagem de um mar de corpos se formou corpos derrubados pela lamina de minhas katanas, das quais o sangue ainda escorria fresco. Todavia, havia apenas homens de armaduras e armas brancas e de fogo dentre os mortos.

- Ela deve ter se acidentado, está aí, sem memória. Como alguém sem memória vai se lembrar sobre regras e organizações criminais? – dissera o acusador com convicção.

- Exato. Nossa convidada não se lembra, nem do nome, e nós não sabemos quem você é, até tudo ficar esclarecido, ela ficará sobre nossa proteção – Dissera o capitão dos piratas.

- Você é uma assassina que serve ao submundo, você é a Hidra... - Vocês são todos cúmplices, criminosos por proteger esta mulher. Vão todos pagar! – continuava a proliferar seu ódio.

Em meio a toda aquela situação, meu corpo enrijeceu e minhas mãos gelaram ao sentir o aroma de tabaco atrás de mim.  Dentre todos, eu não queria que Ele escutasse a tudo aquilo. Deveria estar se lamentando por ter ajudado a uma suposta criminosa. Deveria estar despontado. Não tive coragem de olhar para trás e de encará-lo.

Ouvia seus passos abafados na areia se aproximarem, e então, este passou por mim empurrando de lado o espadachim e a minha frente de costas se postou, de guarda totalmente baixa para mim. Então, para o homem que me acusara, dissera:

- Você é cego ou o quê? Por um acaso olhou a bandeira de nosso navio, seu maldito?

Os olhos do homem se dirigiram ao alto e em certo ponto pararam, para depois, se arregalarem quase sendo tomados pelo pânico ao visualizar a bandeira pirata hasteada no mastro principal do navio.

- P-piratas... – sussurrou aterrorizado perdendo parte de sua compostura.

- É isso mesmo – Sorriu o cozinheiro. – Acha que criminosos tem medo de serem chamados de criminosos?

- Você ouviu o pessoal – Dissera Franky, o carpinteiro. - Ninguém aqui vai entregar ninguém.  Como combinado, nós vamos ajudar vocês para que retornem a seus lares, consertando o barco que usaram para escapar do naufrágio, amanhã mesmo estarão zarpando.

- Que perda de memória que nada, vejam os olhos dela desejando acabar comigo, porque de mim ela se lembra? Não percebem? – Então, lançou os olhos raivosos em minha direção e provocou: - Você sabe o que houve, não sabe? Todos aqueles corpos...

- Não sei nada sobre você, mas sinto que é um lixo que deve ser jogado fora o quanto antes e se você sabe quem eu sou, me diga, como me chamo?

- Sua maldita, acha que isso mudará algo? – Explodiu enfurecido. – Você vai pagar pelo que fez ao meu rosto, sua vaca desmemoriada!

- Como me chamo!? – Explodi, e senti uma pontada forte na cabeça segurando o grito de dor, que ressoara como a um gemido.

Larguei as katanas e apertei minha cabeça com as mãos como se eu pudesse refrear as imagens que surgiam em minha mente. Foi como se uma torneira fosse aberta e lembranças começaram a jorrar. Passavam por minha mente rapidamente e eram intensas. Sentia como se minha cabeça estivesse prestes a rachar.

 A minha frente, via imagens que não sabia discernir da realidade ou ilusão. Via o bando do chapéu de palha ser atacado e capturados um por um, envoltos a uma rede escura que parecia se comprimir à medida que forçavam para tentar escapar dela.

 Lembro-me daquele maldito homem se aproximar de mim com um sorriso vil e vitorioso. Estava ganhando tempo com o papo furado dele, para que seus comparsas terminassem de nos cercar.

- Deveria ter se deixado levar pelo mar. – Dissera o homem com um riso macabro abafado. - Entre o inferno de ficar à deriva, e o de ser nossa prisioneira, vai ter preferido ter morrido no mar. Você vai pedir para morrer, eu mesmo garantirei isso, vai pagar pelo que fez ao meu rosto.

- Draken, todos foram capturados. O que fazemos agora?

- Leve-os para as masmorras da arena. Que as apostas comecem.

Minha visão ficava turva a cada passo que este se aproximava. Depois, veio à escuridão.



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