Acordei de bruços ao chão e me contorci em dor sentindo minhas costas arderem como se estivessem em chamas. Haviam jogado água salgada em meus ferimentos, e antes que eu pudesse me recuperar, senti alguém pegar meu tornozelo e começar a me arrastar para fora da cela para em seguida, me arremessar para o meio de um espaço cuja forte luminosidade machucara minha visão a ofuscando.
Mais uma vez, ouvi os gritos e vozes agitadas beirando a euforia e o fanatismo, conduzidas pelo nosso captor e narrador do evento de apostas. Assim como também, escutava o grito irado pelo que comigo faziam daqueles que um dia me abrigaram.
- Seu verme! O que quer com ela?
Reconheci a voz de Franky, o carpinteiro.
- Escolha um de nós, seu covarde! - Esbravejara a voz de Sanji, o cozinheiro.
- Espadachim, não faça o que te dizem, fique no chão, não precisa se machucar ainda mais - Dissera Ussop, o atirador.
- Espadachim! – Gritara Chopper em meio ao choro de angústia.
-... ... ... – Sem palavras ficara Zoro, o espadachim, observando a tudo embebido em sua própria ira para com aqueles a quem covardemente faziam-na de brinquedo.
Pelo que o narrador do evento dizia, enquanto apoiava o pé por sobre o rosto dela o pressionando contra o chão, havia se passado quase doze horas desde a última aposta, ao que parecia, já era noite novamente.
Aquela gente vinha de longe apenas para participar daqueles jogos desumanos. Apostavam em vidas que eram torturadas e mortas diante de seus olhos apenas por mera diversão.
O narrador inflava a multidão com as apostas. A visão da espadachim estava turva, e ela sentia seu corpo febril. Os cortes em suas costas deveriam estar infeccionados.
Sentiu uma mão nada gentil a erguer pelo braço como se não se importasse se o quebraria ali mesmo ou não, e ao pé do seu ouvido, quem a erguera dissera:
- Pronta para o próximo desafio? Aposto que deste você não passa.
Riu satisfeito um riso cheio de maldade.
- Você não tem que fazer nada. Fique no chão, espadachim! – gritou o capitão da tripulação a qual ela queria salvar, mas ainda não sabia como.
- Seu maldito! Bastardo! Se quer lutar terei prazer em lutar com você! – Esbravejou o carpinteiro, que apesar de corpulento, pareceu ser bastante emotivo.
E mais uma vez, o narrador do evento falou baixo apenas para ela:
- Não os escute, caso contrário, eu mato a todos agora mesmo. Você vai lutar comigo e eu, vou moldar sua cara assim como fez com a minha.
O próximo desafio seria uma luta entre ela e o narrador. Apesar de suas condições, de certa forma, aquilo a animou. Ela teria a chance de retribuir o favor de horas atrás. Todavia, sua alegria fora anuviada ao escutar os termos da luta.
As regras em relação à luta, que partiram de um covarde como aquele homem, não poderiam ter sido diferentes. Ela lutaria com grilhões presos nas mãos e aparentemente, sem arma alguma. Enquanto ele, teria em punhos uma katana. Ao menos não colocariam grilhões em seus tornozelos também.
De dentro da cela, todos observavam o desenrolar daquela luta covarde com o ódio cada vez mais fluindo em suas veias e corações.
- Eu... não uso minhas katanas para lutar por fins vingativos, mas, quando eu sair dessa jaula, vou abrir uma exceção – dissera entre os dentes Zoro, o espadachim.
- O que ele tem contra ela afinal? – perguntara Franky, o carpinteiro.
- Ao que parece, em uma luta, ela mutilou a cara dele. Coisa que não vou fazer muito diferente assim que sair daqui – dissera Sanji, o cozinheiro.
- E se ela for o que ele realmente alega que ela é? E se ela fez tudo o que ele disse que ela fez? Não estamos encrencados aqui por causa dela? – Questionara Ussop.
- Ela não é isso – Dissera o capitão decidido.
- Como pode ter tanta certeza Luffy? – Continuara Ussop.
O cozinheiro se colocou à frente da resposta de seu comandante.
- Ussop, você mais do que ninguém, deveria saber quando alguém mente a respeito de algo, e basta você olhar em volta para ver com que tipo de pessoas esse Draken lida. Se há alguém aqui com falha de caráter, com certeza não é a nossa convidada – Dissera Sanji tendo o suporte de Zoro.
Finalmente haviam concordado em algo...
-À direita! – O grito de Chopper horrorizado direcionado a espadachim, ao perceber que está estava alheia ao ataque de seu oponente que descia sobre ela sem piedade, chamara a atenção de todos para a luta que se desenrolava na arena.
O grito infantil da pequena rena a alertou, permitindo que ela se esquivasse do ataque ardiloso enquanto retirava a terra que seu oponente havia jogado em seus olhos.
- Atrás de você! – gritara Ussop e Franky desta vez.
Aquilo não era nada bom. Estava com as mãos atadas e agora não podia enxergar direito porque seu adversário havia jogado terra em seus olhos.
- Isso não é uma luta, é um massacre e uma grande piada. Covarde! – Gritara Sanji.
- Ele a teme – Dissera Zoro chamando a atenção de todos.
- O que quer dizer? – Questionara Ussop.
Zoro continuou:
- Lutar com ela nas condições nas quais ela se encontra daria vantagem a qualquer um que temesse o adversário a ser enfrentado. Seria uma luta fácil, e, no entanto, ela ainda está de pé para a ira dele e isso o faz se sentir acuado. Olhe os olhos dele.
Notaram a expressão insatisfeita nos olhos do homem mascarado que implacavelmente perseguia a espadachim pela arena. Seus olhos enchiam-se de frustração a cada esquiva e defesa desta que usava os grilhões em seu pulso em ofensiva e defensiva contra os golpes de espada dele.
- É verdade. Mesmo com tudo para estar em seu favor, ele ainda não a domina, e isto, o frustra – Dissera Sanji.
- Ele atua como se demorasse a matá-la com o intuito de proporcionar mais entretenimento aos seus convidados. Maldito... – dissera Franky.
- Se ao menos ela tivesse uma katana... – Lamentou o espadachim.
- Você está no comando, espadachim! – Gritou Luffy.
- É, ele tem medo de você, espadachim! – Gritou Chopper.
- Você consegue virar o jogo garota! – Gritara Ussop.
De certa forma a torcida deles a encorajou e enfureceu ainda mais seu adversário que a atacou dez vezes seguidas em uma sequência rápida e forte com a lâmina de sua espada.
Ela defendeu-se com o grilhão de sua mão esquerda que sofreu com os danos anteriores. Ela defendia-se apenas com aquele lado de forma proposital, enfraquecendo o elo que ligava corrente e grilhão.
Após a última sequência de ataque, o elo da corrente se quebrara e aquela visão aterrorizou seu oponente, sentimento o qual podia ser visto estampado em seus olhos. Em desespero, ele ergueu a espada que foi detida no descer do golpe.
Os olhos dela brilharam friamente fitando os dele já tomados pelo pânico. Ele sentiu que o fim se aproximava. Ela acabaria com ele em um piscar de olhos. Sentiu a espada ser tomada de suas mãos de uma forma inexplicável.
Ela era um demônio...
Ainda olhando nos olhos dela, sentiu a lâmina da espada começar a perfurar seu peito, e em desespero, ele barganhou:
- Se me matar, seus amigos morrem junto.
- Se eu não o matar, vamos morrer de qualquer jeito – dissera empurrando um pouco mais a lamina.
- Mais uma aposta...! – Dissera em meio a um grunhido de dor.
- Sem mais apostas...
- Eles vão matar a todos assim que me virem morto. Mas, se aceitar minha proposta, haverá uma chance para eles.
- O que quer? – Perguntou impaciente.
- A única coisa que terá que fazer, é cruzar a sala e segurar na grade em que eles estão, assim que tocar na grade, eles serão libertos.
- O que me garante que um verme covarde como você irá cumprir o que diz?
- Eu garanto... – Dissera uma voz em meio à multidão que ao ouvi-la, se calava.
- Ca-capitão...? – Sibilou Draken olhando para o alto.
- Nos piratas honramos a competição entre piratas, mas os termos devem ser aceitos pelo seu capitão, da mesma forma. Caso você falhe, mataremos seu capitão e ficaremos com seus Nakamas e navio. Se ganhar, estarão livres – Olhou para a cela na qual Luffy estava e vociferou:
- Que o capitão desta mulher se pronuncie.
- Aceito seus termos – dissera Luffy de sua cela sem hesitar.
A espadachim o observou surpresa com a confiança que ele demonstrara para com ela, e sentiu nos ombros, o peso da responsabilidade que a ela fora remetida. Retirou a ponta da espada fincada no peito de Draken e tomou sua posição de combate.
- O embate será com os punhos, sem armas... – dissera o que pareceu ser o líder de fato, de todo aquele evento.
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