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História 2012 - A descoberta


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 13 - A descoberta



No capítulo anterior, Aninha recebeu uma mensagem estranha, a turma viu que os terremotos estavam aumentando de intensidade e na roça, Chico e sua mãe levaram um grande susto com um tremor de terra, coisa que eles nunca tinham presenciado antes.

- Ô D. Morte, saindo pra trabalhar nessa hora?
- Er... bem... não é exatamente um trabalho, sabe?

Lobi chegou mais perto, deu uma farejada e exclamou com um uivo.

- Isso aí é perfume? Ih, gente! A Mortinha passou perfume!
- Uia! Ela vai sair com o namorado! – Penadinho falou simulando beijinhos com a boca.

Se tivesse sangue circulando nas veias, ela teria ficado com o rosto vermelho.

- Bah, parem com isso, eu só vou buscar o Matusalém! A hora dele já chegou.

Zé Vampir caiu na risada.

- Todas as vezes você fala a mesma coisa e no fim aquele velho acaba te passando a perna. Hahaha!
- Grrrr! Tomem cuidado! Vocês não sabem que com a morte não se brinca?

Aquilo só fez com que as risadas aumentassem.

- Afe! Ninguém me leva mais a sério, ninguém me respeita, vê se pode? Querem saber? Fui!

Ela saiu dali ainda resmungando qualquer coisa e procurou se acalmar. De certa forma, ela tinha que admitir que seus amigos estavam certos. Todas as vezes que ela ia buscar o velho Matusalém, acabava voltando de mãos vazias porque aquele velho sempre dava um jeito de escapar. E nos últimos anos, ela decidiu deixá-lo viver por mais um tempo porque ele era boa companhia nos momentos de tédio.

Ele era engraçado, animado, cheio de energia e os dois saiam para se divertir e dançar, embora não acontecesse mais nada. Apesar dos comentários maldosos dos amigos, eles não eram namorados e ela não o enxergava de outra forma a não ser como uma boa companhia.

- Oi, Matusalém. – ela cumprimentou quando chegou a praça e o encontrou sentado no banco com sua bengala e usando uma roupa que parecia ser nova.
- Oi, gatinha! Pronta pra sacudir o esqueleto? Eu sei de um lugar muito bom pra gente dançar lambada!

Ela sentou-se do seu lado, com o rosto meio triste. Era meio difícil dar aquela notícia para ele.

- Sabe, Matusalém... a gente se divertiu muito nesse anos, foi bom e...

O rosto dele ficou sério.

- Só que chegou a minha hora e eu não vou poder mais te enrolar, não é?

Ela fez que sim com a cabeça.

- Não entendo... eu me sinto muito bem, em plena forma! Acho que daria pra viver até os 150 anos!
- Daria, mas algumas coisas estão mudando e acho que seria melhor te levar agora de forma mais suave.

O velho olhou para ela sem entender nada e ela explicou sobre a mudança que estava ocorrendo no planeta e as tragédias que estavam por vir. Não havia problema em lhe contar tudo. De qualquer forma, era a última noite daquele homem e ele ia levar o segredo para o túmulo. Além do mais, ela não estava sujeita a punições da mesma forma que o Ângelo. Ele ouviu tudo em silêncio, sacudindo a cabeça levemente.

- Entendo... agora eu entendo... e do jeito que você falou, acho que não vou querer ver isso não, cruzes! Não quero passar o resto da minha velhice num planeta devastado.
- É por isso que eu vim te buscar hoje.
- Está certo, você venceu gatinha. Dessa vez eu vou sem causar encrenca. Mas só depois de a gente dançar muita lambada!

D. Morte foi pega de surpresa e não conseguiu conter uma risada.

- Seu velho safado! Você não tem jeito mesmo!
- Ué! É minha última noite, certo? Eu tenho que aproveitar! E hoje eu quero você ruiva de olhos verdes!
- Humpt! Tá bom! Mas vou logo avisando que não quero saber de mão boba, ouviu? Da última vez você andou pegando onde não devia e por pouco eu não te dei uns cascudos!

Ela se transformou em uma bela mulher de cabelos ruivos e olhos verdes, conforme ele tinha pedido e os dois saíram para se divertir. Aquilo também ia fazer bem para ela, que estava mesmo precisando relaxar um pouco.

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Levou várias horas até que o satélite orbitasse acima do ponto onde ficava o vale Cho Ming e só assim Franja pôde ter acesso as imagens do local. Enquanto isso, ele tentou pesquisar sobre a grande obra que estavam fazendo naquele vale e tudo o que encontrou foram notícias sobre a construção de uma represa. Talvez fosse apenas isso, talvez não... Por via das dúvidas, ele resolveu tirar a prova e acabar com aquilo de vez.

- As imagens já estão chegando. Agora dá pra ver... Nossa! Isso é... é... – os olhos dele arregalaram e ele mal conseguia manter o ritmo da respiração.

Diferente dos satélites comuns da terra, o da nave Hoshi foi feito com alta tecnologia, que permitia imagens com qualidade superior. Isso, somado ao fato de o vale Cho Ming ficar a grande altitude, permitiu que as imagens vistas por Franja não deixassem a menor sombra de dúvidas.

- Fala sério! Isso aí não é represa nem aqui nem na China! O primo do louco estava certo o tempo inteiro!

A construção era monumental e pelo que ele pode ver, havia ali algo que se parecia com grandes barcos. Três deles pareciam completos e um ainda estava com a construção em andamento.

- Então essas são as naves que o primo do louco estava falando... Na verdade são barcos! Grandes barcos!

Ele salvou as imagens no seu computador antes que o satélite saísse de posição e deu um longo suspiro, apoiando a cabeça entre as duas mãos. Então aquilo era mesmo verdade? Por mais que ele tentasse negar, contra fatos não havia argumentos. Tudo apontava para aquele caminho e Franja sabia que estava na hora de falar com o resto da turma.

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Ela andava de um lado para outro, sentindo-se cada vez mais desesperada. A porta e as janelas estavam bem trancadas e seladas com magia de forma que não havia como ela sair dali.

Gritar e chorar não adiantava nada e ela já estava ficando rouca. “O que eu faço? Céus, preciso avisar o Nimbus! Que droga! Por que minha mãe tem que estragar tudo?” quando ela finalmente encontrou alguém especial, que lhe aceitava tal como ela era sem achá-la uma esquisita, eis que sua mãe resolve atrapalhar tudo.

Se aquilo que estava no pergaminho fosse mesmo acontecer, Ramona sabia que poderia não voltar a ver Nimbus nunca mais e aquilo a deixava maluca. Ele era o melhor namorado que uma moça como ela poderia querer. Atencioso, carinhoso, gentil e que gostava conversar com ela sobre assuntos interessantes. Eles tinham tanta coisa em comum que ambos ficavam encantados com tanta sintonia.

Quando Viviane permitia que ele fosse visitá-la, eles caminhavam no jardim e passavam bons momentos juntos. Ele adorava suas plantas e se interessava em ouvi-la discorrendo sobre as ervas especiais que ela cultivava em seu jardim. Ela nunca mais iria encontrar um namorado tão fofo quanto aquele em sua vida.

Havia uma foto dos dois juntos em seu criado e ela pegou enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto. Sem magia, ela não teria como abrir um portal para fugir e sua mãe tinha cortado todas as rotas de fuga. Nem mesmo um simples telefonema ela podia dar.

O barulho da porta se abrindo lhe chamou a atenção. Era Boris entrando seguido por um carrinho que andava sozinho trazendo comida.

- Eu não quero comer nada. – falou secamente.
- Passar fome não vai resolver o problema de ninguém.
- Comer também não e meu estomago está embrulhando.
- Sua mãe é difícil e complicada, mas só está fazendo isso porque se preocupa com você...
- Não interessa! Eu vou perder o Nimbus para sempre e não posso fazer nada porque ela não deixa! Boris, o que vai acontecer com ele?
- Er... eu não sei....
- Ele vai morrer, não vai? Eu não posso deixar! Por favor, o que eu faço?

Ela voltou a chorar novamente, fazendo o gato dar um longo suspiro e virar os olhos.

- Droga, acho que estou ficando mole... Está bem, não precisa chorar desse jeito. Se você prometer que vai se comportar e ficar quieta aqui, eu irei até o seu namorado pra avisá-lo do que irá acontecer.

Os olhos dela brilharam e ela parou de chorar.

- Sério? Vai fazer isso mesmo?
- Sim. Enquanto isso, fique aqui e não faça muito barulho. Finja que aceitou a situação e não questione mais sua mãe.
- Está bem. Por favor, avisa ele, tá? E diga que eu o amo muito e não pude ir porque...
- Tá, tá. Pode deixar que eu explico tudo. Hoje não dá porque tá ficando tarde e se eu sair sua mãe vai perceber, mas amanhã eu vou falar com ele. Agora tenta comer alguma coisa que é pra ela pensar que você já se conformou com a situação.

Saber que seu namorado ia ser avisado fez com que o apetite dela retornasse e Ramona comeu o seu jantar sentindo-se mais aliviada. Ela ainda não sabia como eles iam fazer para escapar, mas pelo menos podia ter alguma esperança.

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Era madrugada quando D. Morte levou Matusalém até a casa dele, onde era o local mais adequado para o seu desenlace.

- Adorei a noite, gatinha!
- Eu também. Agora chegou sua hora. Não dá mais para adiar.
- O quê? Sem nem ao menos uma bitoquinha?
- Nem pensar, seu velho safado! Agora trate de ficar quieto!

Antes que ela pudesse tocá-lo com sua foice, Matusalém agarrou-a pelo capuz e pousou um beijo rápido em seus lábios. D. Morte recuou furiosa e limpando a boca com a manga da sua mortalha enquanto o velho dava risadas com a cara que ela tinha feito.

- Grrrr! Eu devia enfiar a mão na sua cara, ouviu?
- Hahaha! Eu não podia morrer sem fazer isso! Espera só até o pessoal lá do outro lado saber! Agora eu posso morrer feliz da vida!

Quando tudo terminou, ela deu um jeito de conduzir o espírito dele ao local indicado e ainda teve que ouvir piadinhas e gracejos durante todo o trajeto.

- Vê se aparece pra me visitar!
- Aham... vai esperando, vai!

Ela ficou aliviada quando ele foi embora. Até que era divertido sair com ele, mas ela não gostava de se apegar a ninguém. As pessoas sempre iam embora e era assim que a vida funcionava. Nada era permanente.


Notas Finais


Não sei se vocês conhecem, mas o matusalém é um personagem que de vez em quando aparece nas historias da D. Morte. Ela sempre tenta buscá-lo e ele acaba escapando de um jeito ou de outro. Teve uma história onde ela se disfarçou em uma bonita mulher para enganá-lo, só que ela acabou se divertindo tanto que resolveu deixá-lo viver e só procurá-lo novamente quando quisesse “namorar”.


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