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História 2012 - Ao pé do vulcão


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 66 - Ao pé do vulcão



No capítulo anterior, Licurgo procurou ajudar Carmen com suas visões. A turma descobriu, para seu desespero, que o bairro do Limoeiro tinha sido destruído.

Licurgo tentava sintonizar o rádio procurando por várias estações até encontrar a certa. A transmissão não era exatamente boa porque seu primo era um radioamador e seu equipamento não era dos melhores. Ainda assim ele pode entender cada palavra apesar da diferença de idioma. Carmen não precisava entender nada porque podia ver tudo ao vivo.

- Um bando de pássaros está voando, um monte deles! Estão fugindo pra bem longe! Tem dois homens ali. Um tá com um troço enorme nas costas com duas coisas compridas em cima...
- É a estação móvel dele...
- Outro parece falar alguma coisa com ele que eu não entendo e tem uma menina ali perto também! Ai meu santo! Eles vão morrer!

Na hora ele lembrou-se de Jackson e seus filhos. O que diabos aquele homem estava fazendo ali? Carmen continuou.

- Ai, o que é isso? A terra tá inchando? Parece que tá dando uma bolha no chão... O outro homem foi embora com a menina, mas o esquisitão ficou e continua falando sozinho! Eu não entendo nada do que ele tá falando!

Pelo rádio, o louco pode ouvir o seu primo pela última vez.


- Isto marca o último dia dos Estados Únicos da America! – ele começou falando como se fosse um lunático. – E até amanhã, de toda a humanidade, pois seremos derretidos numa nuvem gigante de poeira!
- Esse meu primo é louco mesmo!
- O chão continua inchando, professor! Ele não vai sair dali não?
- Receio que não...

Ele continuou ouvindo a transmissão.

- Eu estou vendo a terra desmoronar diante dos meus olhos! A enorme nuvem de cinzas desse super vulcão vai primeiro destruir Las Vegas, e depois St. Luis, e depois Chicago...

Carmen deu um gritinho.

- Ai, tá saindo fogo da terra por todo lado! Vai queimar tudo!
- E por fim, Washington, a capital, terá o apagar de suas luzes!

Os olhos dela se arregalaram e ela olhava para um ponto indefinido com o olhar vidrado. Uma enorme bola de fogo surgiu bem na sua frente, algo tão intenso, quente e brilhante que quase a cegou. O estrondo ecoava pelos ares e a vibração atingia seu corpo até seus ossos.

- Quanto fogo... está indo até o céu! Parece um estouro de bomba atômica, só que bem amarelo e brilhante! É enorme, nunca vi nada igual! – ela falou num misto de horror e deslumbramento. Era ao mesmo tempo lindo e fatal. Fumaça e fogo voava para todos os lados.

- Ai, eu estou arrepiado, pessoal! – Charlie falou com a voz emocionada e Carmen repetiu.
- Nossa, até fiquei arrepiada, é... é...

Por um instante Licurgo chegou a sentir inveja da moça, que podia ver tudo em primeira mão sem sofrer nem uma queimadura. De repente, Carmen sentiu como se seu corpo estivesse sendo jogado para trás por causa da onda de choque provocada pela explosão que varreu as arvores e tudo o que tinha em seu caminho.

- O coitado até caiu no chão! Droga, ele devia fugir!

Mas Charlie não fugiu. Ele levantou-se rapidamente do chão e continuou falando para quem ainda continuava ouvindo.

- Eu queria que você estivessem vendo o que eu estou vendo! Eu queria que pudessem estar aqui comigo!
- Esse meu primo...
- Hahaha, minha nossa! Hahaha! Manda ver! E não se esqueçam: ouviram primeiro com o charlieeee!
- Nãoooo! Uma pedra enorme de fogo vai acertar ele! Acertou! Ai, coitado!
 
A transmissão acabou ali e Licurgo pediu para ficar sozinho por um tempo para que ninguém o visse chorando por causa do seu primo louco. Os jovens respeitaram seu silêncio e saíram dali rapidamente.

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D. Morte olhava o espetáculo do vulcão que explodia e engolia tudo ao seu redor. Aquele maluco tinha razão, era tão bonito! Algo assim valia mesmo a pena ser visto e apreciado, por isso ela resolveu parar um pouco para presenciar aquela maravilha da natureza.

- Sim, é muito lindo. E se eu não estiver errada, aquela pirralha deve ter visto também. É... Foi bom dividir isso com alguém. Hora de voltar ao trabalho!

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Na hora do almoço, eles até ficaram felizes por Raquel regular comida porque ninguém ali estava com muita fome. Não diante de tantas tragédias acontecendo pelo globo. Carmen ainda estava meio grogue por causa do medicamento e por isso não sofria tanto com suas visões, mas ainda assim ela via muita coisa.

- Você consegue ver nosso bairro? – Cebola perguntou e ela tentou se concentrar.
- Não. Eu não consigo controlar isso, as imagens vem e vão. Mas pelo que eu vi antes, tá destruído sim... que coisa triste!

Magali escondeu o rosto com as mãos e começou a chorar, sendo consolada por Mônica.

- Ah, Cascão, você não quer dar uma volta? O clima aqui tá tão ruim! – Cascuda pediu tentando levar o namorado para dar um passeio por uma campina ali perto e quem sabe eles não poderiam fazer algo mais.
- Não, valeu! Eu tô muito deprê pra essas coisas. Vamos ficar lá com a galera.

Ela não gostou muito da idéia porque há dias não conversava com os amigos do Cascão e tentou fazê-lo mudar de idéia.

- Aqui, e se a gente for até perto do lago? É muito bonito lá e você pode tirar uma soneca!
- Perto daquele monte de água? Tá doida?
- Ai, Cascão, deixa de ser bobo! Não é pra nadar no lago, é só pra gente ficar lá perto!
- E eu lá fico perto de água? Nem vem! Alem do mais eu quero ficar com o pessoal.

Ao ver que a garota hesitava, ele perguntou.

- Ué, qual é o problema? Por que você não quer ficar com eles? Ah, peraí! Ô Cascuda, por acaso você pediu desculpa pra eles pelo que falou outro dia?
- Er... com toda essas coisas acontecendo, eu não tive chance e...

O rapaz se zangou.

- Isso não é desculpa, caramba! A gente precisa ficar unido, tá sacando? Não dá pra ficar brigado desse jeito! Anda, vamos pra lá e você faz as pazes com eles. Não vai custar nada!

Ela puxou bruscamente a mão que ele segurava e falou.

- Desde quando você manda em mim? Olha, eu vou pedir desculpa sim mas vai ser quando EU quiser, não quando você quiser!
- Peraí, eu não tô mandando, tô pedindo! Puxa, eles são nossos amigos, a gente tá enfrentando uma tremenda barra com tudo isso e você vai ficar de picuinha com eles?
- Humpt! Se quer saber, tá todo mundo reclamando de barriga cheia! Aqui estamos seguros e esses terremotos não vão nos atingir, então por que ficar nessa depressão toda!

Cascão se indignou.

- Por que tem milhões de pessoas morrendo pelo mundo, caramba! Isso não faz diferença pra você?
- Claro que faz, só que eu não posso fazer nada pra salvar ninguém! Isso não depende de mim, tá legal! Então se eu não posso fazer nada, por que vou ficar aqui me torturando?

Ele ficou decepcionado pela frieza da namorada. Mesmo sabendo que ela tinha certa dose de razão, pois não dava mesmo para fazer nada pelas pessoas que estavam morrendo, ele não entendia como ela podia ficar tão tranqüila diante do que acontecia no resto do mundo.

- Cascuda, na boa... você vai ou não fazer as pazes com o pessoal?
- Quer saber? Não vou fazer as pazes com ninguém, tá legal? Eu não falei mentira nenhuma, eles é que foram muito fracos e não te ajudaram no momento certo! E agora fica todo mundo aí chorando pelos cantos por algo que não tem conserto! Eu não vou ficar me humilhando pra ninguém!

Por um instante, ele não reconheceu a própria namorada e falou muito zangado.

- Quer saber de uma coisa? Você tá uma tremenda chata, ouviu? Acho que não é só o mundo que tá acabando não, nosso namoro também tá indo pras cucuia!

Ela procurou amenizar o tom e falou conciliatória.

- Cascãozinho, o que é isso?
- Cascãozinho o escambáu! Eu não quero ter uma bruxa maligna sem coração como namorada, valeu? É melhor a gente terminar por aqui porque isso não tá mais dando certo!

Por um instante Cascuda não acreditou no que tinha acabado de ouvir.

- V-você... você tá me dando o fora? Foi isso o que eu ouvi? Tá terminando comigo?
- Será que eu vou ter que desenhar? Sim, eu tô terminando! Do jeito que dá, não dá pra continuar mais. No dia em que seu coração amolecer um pouco e você fizer as pazes com meus amigos, procura pra gente conversar. Até lá, não vem me encher o saco porque eu não tô legal!
- Espera, você não pode fazer isso comigo! – ela gritou puxando-o pelo braço.
- Ih, me larga!
- Seu... seu cachorro, safado, sem vergonha! Isso, vai lá! vai babar ovo pros seus amigos, seu nojento filho de uma...

Ele saiu correndo dali, deixando-a esbravejando sozinha. “Credo, ela me beijava com aquela boca?” ele pensou chocado com os palavrões que sua ex-namorada estava falando. Tudo estava realmente desmoronando.

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Mônica tinha deixado Magali no quarto da família dela para que ela pudesse descansar um pouco. Cebola estava consolando Cascão que tinha acabado de terminar seu namoro e Mônica conversava com Marina e Dorinha.

- Minha nossa, ele tá mesmo te chantageando? Que horror! – Marina falou mal acreditando que DC fosse capaz de tal coisa.
- Tá sim, já pensou? E agora, o que eu faço?

Dorinha pensou um pouco, tentando analisar a situação, e viu que a coisa era mesmo complicada.

- Acho que é melhor eu falar a verdade pro Cebola. Eu não vou ceder as chantagens do DC, então é melhor o Cebola ouvir da minha boca do que da boca dele...

Marina concordou.

- Acho que é o melhor, viu... o Cebola vai ficar magoado, mas se você explicar direitinho, pode ser que ele acabe entendendo...

Mônica começou a chorar.

- Entender nada, Marina! Ele vai terminar tudo comigo!
- Ué, mas ele não beijou a Penha?
- Humpt! Você sabe como os homens são! Eles podem pisar na bola um milhão de vezes que tá tudo bem, mas se a gente pisa uma vez só eles não perdoam de jeito nenhum!

Dorinha falou.

- Numa coisa você tá certa, Mônica. O Cebola já pisou na bola com você um sem número de vezes e em todas você perdoou. Se ele não for capaz de te perdoar por um único erro, então o sentimento dele não é tão forte quanto você pensa.

Apesar de concordar com a amiga, Mônica sabia que as coisas não eram tão simples assim. Depois de lutar tanto para que os dois ficassem juntos, seria justo ter tudo terminado daquela forma por causa de um deslize que ela cometeu?

(Marina) – Ah, Mônica, peraí! Você não pode ficar se torturando desse jeito, foi o DC quem te beijou, não foi?
- É, mas acontece que eu deixei! Ai, se arrependimento matasse eu tava morta há muito tempo! Eu devia era ter dado um socão na cara dele, isso sim!
(Dorinha) – Agora já era, Mônica. O jeito é tentar remediar.
- Então hoje mesmo eu vou falar com o Cebola. Se eu demorar demais, o DC vai acabar contando tudo do jeito dele e pode piorar tudo mais ainda!

Dorinha pensou um pouco e disse.

- Espera, não conta nada pra ele ainda. Eu vou tentar fazer alguma coisa.
- O quê? – as outras duas perguntaram ao mesmo tempo.
- Acho que tá na hora do DC acordar pra realidade. Ele precisa aprender a respeitar sua decisão.



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