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História 2012 - O amor não é egoísta


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 68 - O amor não é egoísta



No capítulo anterior, todos viram chocados e angustiados o desmoronamento do Cristo Redentor e acompanharam pela televisão o impacto da tragédia pelo mundo. Enquanto isso, Cascuda colocou em ação seu plano para separar Quim e Magali.

Era noite na Itália, milhares de fiéis estavam em volta da Capela Sistina. Ela flutuava sobre a grande cúpula da Capela, observando os fiéis que rezavam segurando velas e apelando para a ajuda divina. Dentro da igreja, todo o clero estava reunido em suas orações e através das paredes ela podia ver o medo estampado no rosto de cada um deles diante de algo que não podiam controlar e entender.

Pessoas de todas as idades, profissões e tipos estavam reunidas com um único propósito. De onde estava, ela pode contemplar toda aquela paisagem familiar sentindo grande tristeza. Se tivesse um coração, com certeza estaria em pedaços ao lembrar de quando esteve ali para levar o último Papa.

Foi um dos trabalhos mais difíceis, porque naquele dia o medo, incompreensão e hostilidade das pessoas ficaram mais evidentes. Mas ela não tinha visto isso na pessoa que tinha ido buscar, o que foi um consolo. Ele aceitou ir tranquilamente, como quem cumpriu toda sua missão no mundo e por isso podia partir sem nenhum arrependimento.

E diante de toda aquela serenidade, ela tinha chorado. Mas quando pode entender a mensagem daquele homem, ela pode encontrar sua paz.

Agora, alguns anos depois, ela estava naquele mesmo lugar, diante da mesma paisagem que o tinha encantado durante sua partida e sabia que tudo estava prestes a ser destruído. Era isso que lhe causava tristeza.

- E tudo se acaba num sopro... – ela falou baixo, tocando o topo da cúpula com a ponta da sua foice.

Do lado de dentro, alguns bispos pareceram ter ouvido o som de um estalo e um pouco de areia caindo do teto. O estalo foi ficando cada vez mais forte até eles verem rachaduras surgindo na pintura de “A Criação de Adão”, que tinha sido feita por Michelangelo em 1511. Uma grande rachadura surgiu no espaço entre os dedos de Deus e Adão e a pintura começou a desmoronar, juntamente com o teto.

Do lado de fora, as pessoas ouviram o grande estrondo e viram as luzes da capela se apagando. As pessoas em seu interior gritavam apavoradas e as do exterior correram o máximo possível quando viram a capela inteira tombando em sua direção. O caos foi total, correria, pessoas caindo no chão e sendo pisoteadas, muitos gritos e quando a cúpula da capela desmoronou, foi atropelando centenas de pessoas de uma única vez por causa do seu grande tamanho. Uma grande capela, com mais de cinco séculos de idade, foi derrubada em poucos minutos.





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- Ei, Magali... eu te trouxe um suco e um pão bem gostoso! – Cascuda falou entrando no quarto da amiga. Carlito agradeceu.
- Obrigado por estar ajudando nossa filha! Eu não sei o que tá acontecendo, ela ficou deprimida demais e nem levanta da cama!

Os dois tentaram acordar Magali para fazê-la comer alguma coisa. A moça resmungou, irritada.

- Não quero comer nada, me deixem!
- Você vai comer sim, mocinha! – sua mãe falou em tom enérgico enquanto seu pai a fazia se sentar na cama. – Não pode ficar passando fome, onde já se viu? Come pelo menos um pouco. A Cascuda teve trabalho de te trazer comida, então você não vai fazer nenhuma desfeita.

Magali esfregou os olhos, resmungou, chorou um pouco e acabou comendo contra a vontade.

- Não esquece de beber o suco, amiga! Tem muita vitamina pra te ajudar a ficar forte!

Lili ajudou a filha a tomar o suco e não sossegou até vê-la tomar tudo. Cascuda pegou o prato e o copo e saiu do quarto dando um sorriso perverso. Depois daquela refeição, Magali ia capotar durante a tarde inteira. Dessa forma, Quim ia achar que ela tinha se tornado uma preguiçosa imprestável e com isso Raquel teria mais chances.

Quando soube que Licurgo estava dando tranqüilizantes para Carmen, ela resolveu dar uma olhada no quarto do louco para ver se encontrava alguma cartela. Para sua sorte, ele tinha levado um pequeno estoque de um remédio tranqüilizante que ela conhecia e roubou uma caixa imaginando que ele não ia dar falta.

Desde então ela misturava meio comprimido nos sucos de dava para Magali, só o suficiente para deixá-la apática e desanimada. Normalmente Magali costumava ficar mal humorada quando estava com sono. E de certa forma, o remédio parecia mexer com a cabeça dela, deixando-a muito irritadiça e até agressiva em alguns momentos. Aquilo ia ser uma combinação perfeita. Era só questão de tempo até Quim acabar se desanimando com ela e partindo para outra. Aquele namoro estava com os dias contados.

- E aí, como tá a “princesinha”? – Raquel perguntou pegando as vasilhas de volta.
- Humpt! Tá lá na preguiça de sempre. Não quis levantar nem pra comer! E o Quim?
- Hoje o seu Quinzão vai ajudar na janta e parece que ele gosta muito de mim!
- Isso é bom! Sem falar que ele não gosta da Magali, então você tem que aproveitar! Conquistando o sogro, você conquista o rapaz também.
- Ai, tomara! Hoje ele me pediu pra ensinar a usar aquelas ervas que tem na horta!
- É isso aí, garota! Você tá com a faca e o queijo na mão, então aproveita!

Ela saiu da cozinha e resolveu passear um pouco, talvez tentar reaproximar do Cascão. Quando soube que ela tinha feito as pazes com Cebola, Mônica e Magali, a relação entre eles melhorou um pouco. Claro que ela não fez nada daquilo por arrependimento e sim porque precisava ficar mais próxima deles para colocar seu plano em ação. Ela pretendia derrubá-los com um lindo sorriso no rosto e eles nem iam saber o que lhes atingiu.

“Ah, olha só o DC de olho na Mônica! É isso mesmo, fica aí babando seu trouxa!” quanto mais o DC ficasse em volta da Mônica, mais o Cebola ia ter motivos para brigar.

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“É isso aí! Se ela não vier falar comigo ainda hoje, eu conto tudo pro Cebola! Se ela não quer ficar comigo, com ele também não fica!” DC pensou olhando Mônica trabalhando carregando algumas pedras. Mesmo sabendo que corria grande risco de ser triturado, nada mais importava.

- Parece que você gosta muito de observar a Mônica, né?
- Iai! – o rapaz deu um pulo com a chegada repentina de Dorinha.
- Hahaha! Você tava distraído mesmo, viu? Aqui, o dia tá bem bonito hoje, por que não vamos dar uma volta na campina?
- Ué, como você sabe que o dia tá bonito? – ele perguntou desconfiado.
- E não tá?
- Er...

Ela o segurou pelo braço e o puxou.

- Então não se fala mais nisso. Vamos passear.

Ele tentou protestar um pouco e levou uma bengalada na canela.

- Ei! Essa doeu!
- Então pára de reclamar. Você vai gostar do passeio.

De longe, Cascuda observava os dois meio desconfiada. Pelo que ela sabia, Dorinha e DC nunca foram próximos.

“Aposto que tem gato nessa tumba, ah, se tem!”

Dorinha caminhava tateando o chão com sua bengala e DC a levava de má vontade. Como o sol estava um pouco alto, eles foram para a sombra de uma árvore e ela começou.

- Eu reparei que você anda olhando a Mônica muito ultimamente. Mais do que o normal.
- Caramba! Como você sabe disso? – ele perguntou arregalando os olhos.
- Digamos que eu percebo as coisas.
- ???
- Como não tenho o sentido da visão, precisei apurar muito bem os outros e... bem... também acabei desenvolvendo outros que vão além dos cinco sentidos básicos.
- Que doido! Mas fala aí, por que você tá preocupada de eu ficar olhando pra Mônica?
 
Cascuda chegou por trás e ficou a uma distância segura deles, deitada atrás de uns arbustos. Se chegasse perto demais, Dorinha poderia acabar percebendo sua presença. Como o local era silencioso, ela pode ouvir muito bem o que eles falavam.

- Você gosta da Mônica? – ela perguntou.
- Que pergunta! É claro que eu gosto dela! Pra caramba!
- Mas gosta mesmo? De verdade? A ponto de fazer qualquer coisa por ela?
- Claro! Eu faria qualquer coisa pela Mônica sem pensar duas vezes.

Ela tirou os óculos escuros e o encarou, deixando-o um tanto intimidado.

- Qualquer coisa?
- Qualquer coisa! – ele falou com convicção.
- Até deixá-la que ela seja feliz com outra pessoa?
- ... – o queixo dele caiu e ele não conseguiu responder nada.
- Você seria capaz de deixar a Mônica viver a vida dela e ser feliz mesmo que isso signifique ela ficar com outra pessoa?
- Ah, qualé! Por que você tá perguntando isso? Peraí... tô sacando tudo! A Mônica andou falando alguma coisa pra você, não andou? Na boa, Dorinha, isso é entre eu e ela.
- Não, DC. Isso não é entre você e ela porque vocês nem namoram para começo de conversa. Ela namora o Cebola, o ama e é feliz com ele.
- Bah, eu não vou ficar aqui ouvindo essas coisas não, fui!
- Fica quieto aí! – ela falou com tanta energia que o rapaz acabou ficando mesmo. – DC, por acaso a Mônica expressou o desejo de terminar o Cebola e ficar com você?
- Er... não...
- Então por que você não a deixa em paz e vai cuidar da sua vida?
- Por que eu gosto dela, caramba! Não é justo ela ficar agarrada com aquele careca e não me dar nenhuma chance!
- É preciso entender que cada um é dono da própria vida e toma suas decisões. Você não pode forçar uma pessoa a te amar e nem querer puni-la por não corresponder aos seus sentimentos.

Ele fechou a cara e chutou uma pedra para extravasar a frustração. Dorinha continuou.

- A Mônica ama o Cebola e é feliz com ele. Se você contar pro Cebola o que aconteceu entre vocês, vai acabar com o namoro deles e deixá-la muito magoada. Você quer magoá-la?

Cascuda apurou os ouvidos. Então aconteceu alguma coisa entre a Mônica e o DC? Muito bom saber aquilo!

- Eu... não... mas se o Ceboludo terminar, ela pode namorar comigo e eu vou compensar tudo, é sério!
- Não é assim que funciona, DC. Um coração partido e magoado não se conserta com tanta facilidade. Sem falar que ela jamais irá te perdoar por ter acabado com o namoro dela. Aliás, ela vai te odiar pelo resto da vida. É isso que você quer?
- Glup! – ele ainda não tinha pensado naquela possibilidade. Mesmo sabendo que poderia apanhar por acabar com o namoro da Mônica, ele não imaginava que ela iria até odiá-lo.
- Sim, ela vai te odiar pra sempre e você nunca terá a menor chance com ela de novo.
- Sei lá, eu acabei com o namoro dela uma vez e ela não me odeia.
- Talvez porque ela não veja dessa forma, só que dessa vez será diferente porque você a chantageou. E qual direito você tem de interferir na vida dela?
- Esse cara não é o melhor pra ela, não mesmo!
- Como você sabe? Como você pode dizer o que é ou não bom pra alguém? Cada pessoa sabe onde o calo aperta, DC. Você não pode querer decidir sobre a vida delas. Somente pessoas controladoras e autoritárias fazem isso, coisa que você não é. Aliás, você sempre teve horror de pessoas assim e agora pode estar se tornando aquilo que tanto odeia.
- Eu não! Vira essa boca pra lá, eu não gosto de ficar prendendo as pessoas, cada um vive sua vida!
- Inclusive a Mônica?

Ele chutou a árvore irritado por aquela garota ter sempre uma resposta na ponta da língua. Estava impossível rebater os argumentos dela.

- Mas eu amo a Mônica e quero uma chance com ela!
- Se for pra você ter uma chance com ela, o destino vai se encarregar disso. Mas tem que ser da forma digna e honesta, não desse jeito tão mesquinho e sem honra.

Outro chute foi dado na árvore. E não é que ela tinha razão? Onde estava sua honra e dignidade?

- E se eu nunca tiver outra chance na vida? Às vezes a gente tem que dar uma ajuda ao destino.
- Só que fazendo do jeito certo, sem magoar as pessoas e sem passar por cima dos sentimentos delas.
- Argh! Você é impossível mesmo!
- Sim, eu sou. Olha, o que tiver de ser será. Se for para você ficar com a Mônica, as coisas vão se resolver com o tempo e vocês ficarão juntos. Do contrário, é melhor que cada um siga o seu caminho.
- Mas eu quero tanto ficar com ela! Não quero desistir desse jeito, não sem lutar! Qualquer um no meu lugar faria isso, não faria?

Dorinha deu um sorriso maroto e falou de forma provocativa.

- E você é qualquer um por acaso? Estranho, pensei que fosse o Do Contra, aquele que sempre faz o contrário do que as pessoas comuns fazem! Então no fim das contas você é igual as outras pessoas... que pena, pensei que fosse diferente.

Ele deu um salto e falou indignado.

- Ô, peraí! Você tá me ofendendo, tá legal? Eu não sou igual a todo mundo não!
- Mas agindo desse jeito e chantageando a Mônica, você está se igualando a um grande número de pessoas que fazem a mesma coisa. Pior, você está se igualando a pessoas sem caráter.
- Ai, puta merda! – aquela garota tinha tocado exatamente no seu ponto fraco: o desejo quase obsessivo de ser diferente. Contra aquilo ele não tinha como lutar.
- Pessoas comuns e ordinárias são egoístas com o amor. Todo mundo acha que possui a pessoa amada, que é dona da vida dela. Poucos, muito poucos, são capazes de deixar a pessoa livre pra seguir o seu caminho. O resto aprisiona, chantageia e até fere em nome do amor que dizem sentir. E então?
- Então o que?
- De qual grupo você quer fazer parte? Da grande maioria cega e mesquinha que não sabe amar, ou da minoria que sabe amar de verdade?

Mais dois chutes foram desferidos na árvore. Ele esbravejou, xingou alguns palavrões, resmungou bastante e por fim acabou concordando. Não, ele não queria ser igual a maioria ordinária. Ele não era nenhum Maria vai com as outras.

- Tá bom, você venceu. Eu vou deixar a Mônica em paz.
- E não vai contar nada pro Cebola sobre o que aconteceu entre vocês?
- Não, eu não vou. Deixa pra lá, ela pode seguir a vida dela. Mas ó, eu vou ficar de olho, heim! Se o careca ceboludo vacilar ou pisar na bola, eu venho e cráu!
- Está certo, só se o Cebola vacilar. Antes disso não. Agora vamos que os mosquitos estão atacando. Ai! Esse deve ter sido enorme! – ela falou dando um tapa no próprio braço onde um mosquito estava se banqueteando.

Os dois saíram dali conversando e nem perceberam Cascuda escondida ali perto.

“Ora vejam só! Parece que a Mônica não é tão santinha quanto parece. Então ela andou transando com o DC? Hahaha! O Cebola tem que saber disso de qualquer jeito!” ela saiu dali planejando como ia fazer o Cebola saber da traição da Mônica. Como não sabia o que tinha acontecido de verdade, que fora apenas um beijo, ela deduziu que eles tinham feito algo mais e pretendia usar aquilo para destruir o namoro da Mônica. Tudo estava caminhando perfeitamente!
 



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