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História 2012 - Ataque frontal


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 73 - Ataque frontal



No capítulo anterior, as garotas descobriram que foi Cascuda quem tentou espalhar a fofoca da moncia através de Denise e resolveram ficar de olho nela.

O tempo passou e nada aconteceu. Contrariando todas as suas expectativas, Denise não tinha espalhado a fofoca como ela esperava. O que fazer? Por mais que vigiasse, ela também não viu nada de diferente entre a Mônica e o DC. Durante o dia cada um cuidava dos seus afazeres e eles só ficavam perto quando a turma inteira se reunia, nunca ficavam a sós. No dia em que ouviu a conversa entre os dois, Cascuda lamentou muito não ter podido gravar nada. A bateria do seu celular tinha acabado e não havia como recarregar.

“Porcaria, eu tenho que pensar em alguma coisa, qualquer coisa!” por mais que pensasse, a única maneira que ela encontrou de revelar aquilo para o Cebola era falando com ele pessoalmente, coisa que ela queria evitar a todo custo. O plano inicial era vê-los se desentendendo enquanto se fazia de amiga deles.

E se ele não acreditasse? E se ela acabasse saindo como mentirosa? Era preciso colocar tudo na balança e avaliar os riscos para não sair perdendo.

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Por um instante ela não reconheceu o rapaz. Titi estava com os cabelos desarrumados e a barba estava crescendo um pouco em seu rosto. Desde quando ele era desleixado daquele jeito? Pior era a prostração em que ele estava, mal conseguindo fazer as tarefas simples.

- Titi, toma vergonha nessa cara e vai trabalhar! – Carmen ralhou com ele indignada ao vê-lo sentado debaixo de uma árvore enquanto todos davam duro.

Os tempos estavam ficando difíceis porque cada vez mais refugiados chegavam à cidade e muitos iam para o abrigo. A comida estava ficando racionada, não havia eletricidade, faltavam remédios, produtos de limpeza, higiene e só não faltava água porque Licurgo tinha sido esperto em escolher bem um lugar com uma grande reserva.

- Bah, agora você vai me encher o saco também?
- Vou sim, seu preguiçoso! Um dia você vai ter que tirar essa bunda daí pra fazer alguma coisa!
- Fazer o quê? Tudo acabou, Aninha morreu e a vida tá uma droga!
- Ah, em dó! Você não vai ficar que nem a Magali, vai? Nem pense nisso, ela tá num estado de dar pena!
- E eu com isso?
- Aff, você é tosco demais, viu? Quer saber? Se você tá mesmo com saudade da Aninha, por que não vai trabalhar?
- Como é?
- Um dia ela tentou me ensinar como o trabalho é gratificante, só que na época eu não tinha entendido.
- Claro que não!
- Mas agora eu entendo. Se eu ficasse a toa que nem você, já teria me matado há muito tempo!
- Não ia fazer falta mesmo.

Como estava acostumada com as patadas da D. Morte, Carmen não se ofendeu. Aquele bobalhão não sabia o que falava.

- De qualquer forma, eu prefiro fazer alguma coisa de útil ao invés de ficar por aí sentindo pena de mim mesma.
- Cara, você não se toca de que eu perdi tudo?

Ela deu uma risada, deixando o rapaz furioso.

- Tá rindo do quê? Eu contei alguma piada por acaso?
- Você perdeu tudo? Você tá falando que perdeu tudo? Idiota!
- Como é?
- Eu perdi meus pais, meus tios, primos, toda a minha família, minha casa, minhas roupas de grife, sapatos, bolsas, jóias e até meus pôneis de brinquedo! A única pessoa da minha família que sobrou foi o Fabinho.
- Olha...
- Você ainda continua com seus pais, alguns parentes seus escaparam e você tem a cara de tacho de falar que perdeu tudo? Toma vergonha nessa cara!

Ele não respondeu nada, mas seu orgulho foi atingido em cheio. Carmen era uma patricinha mimada, rica e cheia de frescuras que tinha perdido praticamente tudo e mesmo assim superou e aprendeu a se adaptar a nova situação muito bem. Por que ele, logo ele, tinha que ficar atrás? Se ela podia, ele também podia.

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Ao ver Cascão saindo do quarto da Magali, Quim perguntou.

- E aí, como ela tá?
- Isso te importa?
- Qualé, não fala assim! Eu ainda me preocupo com ela!
- Claro que preocupa, tô vendo! Tanto que até deu um fora nela!
- Não me julga, tá legal? Eu também tô enfrentando a maior barra com a minha família, tá difícil demais! Ainda assim eu quero ajudar no que puder.
- Quim! – Raquel chamou com as mãos na cintura e cara feia. – A gente precisa separar os legumes!
- Já vou, peraí!
- Humpt! Eu não acredito que você trocou a Magali por essa garota!
- Por quê? A Raquel tem muitas qualidades, tá legal?
- É, tô vendo. Anda, vai lá antes que ela venha até aqui te arrastar pela gola da camisa. Eu cuido da Magali.

Ele saiu dali contrariado com a rudeza do amigo, embora entendesse as razões dele. Muitas vezes Quim se sentia um covarde por ter abandonado Magali naquele momento tão difícil, mas o que ele podia fazer? Para continuar com ela, ele teria que ficar contra seus pais e eles eram sua única família. Não, foi melhor assim. Raquel podia não ser o seu grande amor, mas pelo menos com ela ele tinha sossego e tudo era mais fácil.

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Cebola estava descansando sob a sombra enquanto tomava um pouco de água. De longe, Cascuda o observava se preparando para lhe dar a grande notícia. Ela tinha pensado muito bem, pesou os prós e contras, planejou tudo e chegou a conclusão de que o melhor era contar tudo para ele diretamente. Se Denise, que era a maior fofoqueira, não tinha contado para ninguém, então nenhuma outra garota da turma ia fazer isso. Talvez o medo da Mônica tenha falado mais alto e silenciado a boca da Denise.

“É isso aí, se quero uma coisa bem feita, eu mesma tenho que fazer!”

Após tomar coragem, ela chegou perto do Cebola.

- Oi... você tem um tempinho pra conversar?

Apesar de ter estranhado, ele fez sim com a cabeça imaginando que talvez ela quisesse sua ajuda para reatar com o Cascão.

- Sabe... eu fico sem jeito de falar isso...
- Tranqüilo... você quer que eu te ajude com o Cascão, não é?
- Er, não. Com ele eu me resolvo depois, melhor deixar tudo correr naturalmente.

O rapaz levantou uma sobrancelha e ficou curioso.

- É o que então?
- Sobre uma conversa que eu ouvi entre o DC e a Dorinha...
- Ué, e o que eu tenho com isso?
- Bem... é que eles falaram da Mônica, sabe?

Aquilo o interessou.

- Falaram o quê?

Ela hesitou, esfregando as mãos para aliviar a ansiedade e ele insistiu.

- Anda, diz aí o que eles falaram da Mônica?
- Eles falaram o seguinte...

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Ao ver o rapaz de cabelo espetado andando apressadamente e soltando fogo pelas ventas, Serafim ficou bastante preocupado. Quem ia imaginar que aquela garota seria capaz de dar a notícia ela mesma? Aquilo podia ter um desfecho muito ruim.

- Mônica! Eu preciso falar com você agora!

 Pela cara que ele estava fazendo, ela viu que o assunto era sério e deduziu que a bomba tinha estourado. Ainda assim ela teve a presença de espírito para manter sua pose de brava.

- Eu heim! Isso é jeito de falar comigo? Tá pensando que eu sou o quê?

Ele não se intimidou e chamou de novo.

- Larga isso aí e vamos conversar!
- Humpt! Desde quando você me dá ordens? Peça com educação ou vá plantar batatas! Eu sou sua namorada, não sua criada!

Como sabia o quanto ela podia ser teimosa e pirracenta, ele resolveu mudar o tom.

- Por favor, a gente precisa conversar!
- Tá bom, tomara que seja importante porque eu tenho muito trabalho pra fazer.

Eles foram até um local isolado e Cebola a segurou pelos ombros, olhando bem em seus olhos.

- Mônica, me responda com toda sinceridade: aconteceu alguma coisa entre você e o DC?
- Que “coisa”? Ficou doido?
- Só responda sim ou não. E olhando bem nos meus olhos!

Ela o olhou com aquela cara de que ia lhe dar uma tremenda surra e respondeu.

- Claro que não, que idéia! De onde você tirou isso?
- Isso não vem ao caso agora, acontece que... alguém... me falou sobre uma conversa que o DC teve com a Dorinha e o seu nome tava no meio.
- No meio como assim? Cebola, quem andou te falando essas coisas? Responde agora que eu vou quebrar o nariz de quem falou isso!
- Violência agora não, por favor! Isso é sério!
- Sim, é muito sério! Alguém andou fazendo fofoca com o meu nome e você tá acreditando! Caracoles, Cebola! Você vai acreditar mais numa fofoca do que em mim?

O rapaz ficou sem jeito, hesitante diante do olhar furioso dela. E se aquilo fosse mesmo mentira? Não, não podia ser. Cascuda nunca teve fama de fofoqueira e ela jamais iria se colocar naquela situação de risco sem saber o que estava falando. Alguma coisa pode mesmo ter acontecido e a Mônica não queria lhe falar a verdade.

- Mônica, fala a verdade por favor!
- Eu tô falando a verdade, cabeção! Eu lá tenho cara de quem tá mentindo? Olha bem pra mim e responde!
- Eu... agora eu não sei no que acreditar! Quer dizer... quem falou isso não tem fama de mentirosa...

Ela agarrou a gola da sua camisa e o sacudiu com força.

- Quem te disse isso? Fala agora!
- Eu não vou falar! Você pode me bater se quiser, eu não ligo. Mas não vou falar!
- Seu idiota cabeção! Vai estragar nosso namoro por causa de uma fofoca? Como você pode acreditar nessa pessoa e não em mim?
- Peraí, também não precisa exagerar! Quer dizer... não é que eu esteja acreditando totalmente, acontece que eu tô confuso! Eu te amo poxa! Não quero nem imaginar você com outro cara!
- E nem precisa, isso nunca aconteceu! Já você por outro lado...
- Ah, não! Vai jogar na minha cara o que aconteceu com a Penha? Eu fiz aquilo forçado, você não entende?
- Não faz diferença! Eu é que sei o quanto sofri porque você mentiu pra mim e me fez acreditar que tinha me trocado por outra! Sem falar que você vivia de nhem-nhem-nhem com a Irene, babava pelas outras garotas e um monte de outras coisas.
- Você é ciumenta demais, isso sim!
- EU? Você vem criar caso comigo por causa de uma fofoca e depois eu é que sou ciumenta?

Ele ficou sem saber o que responder.

- Olha aqui, Cebola, eu não estou gostando nem um pouco disso, ouviu? Estou muito magoada e ofendida com essa desconfiança.

Ao ver algumas lágrimas saindo dos olhos dela, ele tentou abraçá-la e foi repelido pela moça.

- Pô, desculpa... eu... eu tenho tanto medo de te perder que...
- Pois deveria aprender a confiar em mim. Você vive reclamando que eu não confio em você, mas tá fazendo a mesma coisa!
- Desculpa, eu prometo que vou confiar. Vem, me dá um beijo.
- Não vou dar coisa nenhuma e você trate de esclarecer esse troço direito. Não quero que fique essa dúvida entre nós.
- Deixa pra lá, eu acredito em você...
- Só que agora eu não acredito em você. Enquanto isso não for esclarecido e o nome do fofoqueiro revelado, melhor a gente ficar afastado.
- O quê? Não, peraí!
- Peraí nada, Cebola. Eu já decidi! Primeiro você resolve isso e depois me procura.

Para mostrar que estava falando sério, ela soltou bruscamente a mão que ele segurava e saiu dali pisando duro e ignorando os chamados desesperados dele. Ao ver que ela não ia voltar atrás, cebola sentou-se no chão e começou a chorar desolado.

- O que tá pegando, careca? – Cascão perguntou aparecendo diante dele.
- Cara, você nem vai acreditar!

Ele contou tudo, omitindo que foi Cascuda quem lhe contou a história e Cascão ouvia coçando o queixo.

- Cara, será que os terremotos afetaram o seu cérebro? Como você faz uma coisa dessas com a Mônica?
- Sei lá, eu tava com a cabeça quente! Só de imaginar ela fazendo aquelas coisas com o DC eu endoidei, é isso!
- Pois trate de se acalmar. Você devia ter investigado primeiro, reunido provas e só depois falado com a Mônica. Já pensou se ela resolve te dar um chute e ficar mesmo com o DC?
- Nem me fale uma coisa dessas, tá doido? Eu não vou deixar isso acontecer nem fodendo!
- Então aja, faça alguma coisa e tenta esclarecer isso. Pirracenta do jeito que a Mônica é, ela não vai te aceitar de volta enquanto essa pendenga não for resolvida.

Cascão estava certo. Cebola sabia que precisava iniciar uma investigação e já sabia por onde começar. Se tudo começou por causa de uma conversa entre Dorinha e DC, então era com eles que ele deveria falar primeiro.
 



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