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História 2012 - A farsa descoberta


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 75 - A farsa descoberta



No capítulo anterior, Cebola confrontou DC para saber o que acontecia de verdade entre ele e a Mônica. Carmen descobriu um emissário da morte junto a cama da Magali e ela, junto com Cascão e Mônica, colocou o anjo para correr dali.

Quando soube que um dos emissários da morte estava rondando Magali, Licurgo decidiu que era hora de tomar providências. Se ele estava vigiando a moça, era porque seu fim estava próximo.

- Vocês o espantaram dali?
- Sim, mas ele vai voltar a qualquer momento. Ai meu santo! O que a gente faz? Aquela baranga não poupa ninguém!
- Sei disso por experiência própria. Faça o seguinte: fique com Magali que eu irei até a cidade procurar um médico.
- A cidade não fica longe?
- Eu tenho um carro e gasolina, vai dar para fazer a viagem. Tentarei não demorar.

Enquanto esperava pela volta do professor, Carmen ficou no quarto vigiando Magali junto com Cascão, Mônica e os pais da moça. Cebola bateu na porta e colocou a cabeça para dentro.

- Como ela tá?
- Na mesma. – Mônica respondeu. – o Licurgo foi ver se acha um médico pra cuidar dela.
- Tomara que ele consiga. Aqui, dá pra gente conversar um pouco?
- Agora? Não tá vendo que eu tô ocupada?
- É rapidinho, por favor...

O coração dela derreteu com o olhar suplicante que ele tinha lhe dado e ela resolveu ceder um pouco. De qualquer forma, não havia nada ali que ela pudesse fazer e o quarto ficar cheio demais poderia não ser bom.

- O que foi?

Ele lhe estendeu um ramo de flores do campo.

- Poxa, desculpa linda! Eu devia ter confiado em você! Foi mal...
- Foi mal mesmo, Cebola! Onde já se viu ficar acreditando em fofoca por aí?
- É que a pessoa... bem... é de confiança e eu nunca tive motivos pra desconfiar dela, sabe?
- Humpt! E quem é a traíra?
- Depois eu falo, agora vamos cuidar da Magali porque ela precisa da gente.
- Isso é. Nossa, eu tô com o coração apertado, viu?
- Vem cá, fica assim não. Vai dar tudo certo.

Ela se deixou abraçar sem grandes protestos, feliz por tudo ter se resolvido. Depois, com mais calma, ela pensaria em um jeito de lhe aplicar um castigo. Era preciso mostrar que tinha ficado muito indignada para não despertar nenhuma suspeita.

Dentro do quarto, Carmen estava de olho para que o emissário não voltasse. Cascão quis saber.

- Eu ainda não entendo como você consegue ver essas paradas.
- É difícil de explicar... eu vejo isso e o que acontece no resto do mundo também. É tão triste!
- Nem me fale.
- Tomara que eles consigam arrumar um médico pra Magali, senão eu não sei como vai ser.
- Ué, se o tal anjo aparecer de novo, a gente desce o sarrafo nele!
- Não é tão simples assim... a gente pode até espantar os emissários, mas se a D. Morte vier, não vai ter jeito. Com ela nem a Mônica pode.
- Você não pode pedir pra ela não levar a Magá? Parece que vocês duas se dão bem!
- Ela não poupa ninguém. Quando chega a hora, a gente pode chorar litros que ela leva a pessoa assim mesmo. É por isso que a gente precisa ajudar a Magali, só assim pra ela sobreviver.
- Caramba!

Do lado de fora, Cascuda se preparava para levar um lanche a Magali. A cartela de comprimidos estava quase acabando, faltavam somente quatro. Depois daquilo, ela ia deixá-la em paz. E faltava também saber como tinha ficado o caso da Mônica e do Cebola. Ela tinha visto os dois discutindo, mas depois a história ficou sem uma definição.

“Tomara que o DC fale a verdade de uma vez! Do jeito que ele tem a cabeça virada, não duvido nada!” era com aquilo que ela contava. DC não era de falar mentiras e sempre agia ao contrário do senso comum. Se era esperado que ele mentisse, então certamente ele ia acabar falando o que aconteceu. Então o namoro da Mônica e do Cebola estaria encerrado.

- Vai levar o lanche da princesinha? - Raquel perguntou.
- Vou. É só um suco e uma fruta. Meu ex tá preocupado com ela e ajudando eu ganho pontos com ele.
- Tá bom, mas você não vai poder fazer isso pra sempre. Estamos racionando comida. E aquela ali nem deveria comer nada. Quem não trabalha não come!
- Os amigos dela não vão aceitar se a gente fizer isso. E como anda você e o Quim?

Raquel deu um largo sorriso.

- Ai, nem te conto! Tá tudo bem entre a gente e nossos pais estão muito felizes! O seu Quinzão me trata como uma filha!
- Que bom. Acho que com a Magali você não tem que se preocupar mais, ela já era.
- Já era mesmo! Vai lá, pode levar isso pra ela. Fica como prêmio de consolação por eu ter roubado o namorado dela. Hahaha!

Cascuda levou o lanche como sempre e no meio do caminho, tirou uma cartela do bolso e triturou meio comprimido para misturar ao suco de maracujá.

“Com isso ela vai dormir a tarde inteira, nem vou precisar dar de novo no jantar!” ela pensou continuando o caminho e ficou surpresa ao ver toda a turma reunida do lado de fora do quarto dela.

- Que foi, gente? – Marina respondeu.
- O Licurgo conseguiu um médico da cidade pra examinar a Magali.
- Nossa, ela tá tão mal assim? – a moça perguntou sentindo uma ponta de preocupação. Será que os comprimidos estavam fazendo mal a ela?
(Mônica) – Eu não sei. Vamos ver se ele descobre alguma coisa.

Do lado de dentro, o médico examinava Magali checando as batidas do coração, temperatura, pressão sanguínea, reflexos e olhando o interior dos seus olhos para ver se tinha algum sinal de anemia.

- Ela está muito magra e pálida, precisa tomar um pouco mais de sol. Acho que deve ser deficiência de vitaminas, mas seria preciso fazer um exame de sangue para saber e o laboratório da cidade deixou de funcionar por causa de tudo o que está acontecendo. Faltam remédios e equipamentos.

Os pais dela acompanhavam tudo sentindo grande aflição. O doutor tentou fazê-la se sentar na cama. Magali estava um pouco mais desperta porque o efeito do último comprimido estava passando, mas mesmo assim estava muito fraca e debilitada.

- Doutor... o que eu tenho? Me ajuda! – ela falou com a voz fraca.
- Você precisa fazer uma forcinha e se levantar da cama. Ficar deitada só piora tudo.
- Eu não consigo! Meu corpo nem responde!
- Qual foi a última vez que você comeu?

Ela olhou para os seus pais, pois não sabia responder.

- Ela comeu um pouco no almoço. – Lili respondeu. – Acho que comeu um refogado de legumes e um copo de suco.
- Só isso? É pouco. Ela deveria ter uma alimentação mais variada.
- É que estamos racionando comida por aqui, sabe... as coisas andam difíceis.
- Não daria para trazerem algo para ela comer? – o médico insistiu. – Parece que ela está com a glicose baixa também.
- Eu vou buscar. – Licurgo se ofereceu e ao sair, ele deparou-se com Cascuda que tinha trazido um copo de suco e uma fruta para a amiga.
- Como ela tá, professor? – o pessoal perguntou ansioso.
- O médico a está examinando e disse que ela precisa comer algo.
- Eu trouxe isso! – Cascuda falou.

As outras meninas olhavam para Cascuda com muita desconfiança. Todas sabiam que ela tinha tentado prejudicar o namoro da Mônica e não conseguiam entender por que ela faria uma coisa dessas. Ainda assim, ninguém falava nada só por causa da situação.

Licurgo pegou o lanche e voltou para o quarto. Carmen estava distraída com seus pensamentos quando ouviu alguém falar em seu ouvido.

- Não deixe sua amiga tomar daquele suco.
- Heim? – ela falou olhando para os lados.
- Que foi, Carmen? – Marina perguntou.
- Você falou alguma coisa?
- Eu? Não!

A voz falou de novo no seu ouvido.

- Deixa de ser burra, pirralha!
- Burra é a vovozinha, sua baranga!

Os outros a olhavam como se ela fosse louca e D. Morte falou mais uma vez.

- Não vou avisar de novo. Não a deixe tomar daquele suco.
- Que suco? Ah, o suco! Peraí!

Carmen invadiu o quarto falando esbaforida.

- Ai, não deixa ela beber isso não!

Lili, que estava pronta para fazer com que Magali tomasse um gole, parou no meio do caminho e Licurgo perguntou.

- O que está acontecendo?
- A baranga falou que não é pra deixar a Magali tomar isso!
(Carlito) – Que baranga? Do que você está falando?

Como sabia de quem Carmem falava, Licurgo pegou o copo e examinou o líquido. Era um copo americano de tamanho pequeno e o suco parecia meio ralo. Ele cheirou e em seguida tomou um pequeno gole, degustando lentamente. De repente, ele fez careta e falou.

- Está com um gosto estranho!

O médico pegou o copo e provou um gole também.

- Parece meio amargo. E tem um pó branco no fundo!
- Um pó?
- É muito pouco, mas tem um pozinho sim... e não parece ser açúcar!

Licurgo olhou para Carmen e perguntou.

- Quem foi mesmo que trouxe isso?
- A... a cascuda...
 
O professor saiu do quarto e viu que Cascuda ainda estava do lado de fora conversando com as amigas.

- Eu posso falar com você, mocinha? – ele perguntou segurando-a pelo braço os dois saíram dali sob os olhares curiosos do resto da turma. Quando Carmen saiu do quarto, todos foram para cima dela cheios de perguntas. Ela tentou se esquivar, sem saber se devia ou não responder alguma coisa.

Licurgo a levou para o lado de fora e perguntou enérgico.

- Muito bem, vou direto ao assunto. O que você colocou no copo de suco da Magali?

O corpo dela começou a tremer e ela gaguejava.

- Eu? Nada! É só suco de maracujá com um pouco de açúcar...
- Não tente me enganar, mocinha. Aquele suco está com gosto de remédio e o médico também percebeu. Vou te dar uma chance de falar a verdade: o que você colocou naquele suco?

Pela cara que ele estava fazendo, ela percebeu que estava muito encrencada. Como ele percebeu o remédio sendo que ela só colocava meio comprimido? O gosto teria ficado tão evidente assim? Como nunca tinha provado desses sucos, ela não sabia que eles ficavam levemente amargos por causa do remédio.

- E então? Vai me dizer a verdade ou terei que chamar os seus pais?

Ao ver que não tinha outra alternativa, ela começou a chorar de medo.

- Eu... eu... olha, são só remédios pra dormir, não tem nada demais! E eu coloco só meio comprimido, juro!
- Remédios para dormir? – ele falou mais alto. – E onde diabos você arrumou esses remédios?

Ela se encolheu toda e foi preciso que ele perguntasse mais duas vezes até criar coragem para responder.

- Peguei do seu quarto... – a moça falou num fio de voz.

Licurgo esfregou o rosto com as mãos, andando de um lado para outro.

- Quantas vezes você fez isso?

Ao invés de responder ela tirou a cartela do bolso e entregou a ele.

- Eu não acredito! Você deu dezesseis comprimidos para sua amiga? Dezesseis comprimidos? Por acaso tem idéia do que fez? Esses remédios são perigosos, só podem ser usados com prescrição médica! Você pode estar matando aquela moça!

O choro dela aumentou ainda mais e ele abaixou o tom de voz.

- Desculpa, eu não sabia! Só queria que ela ficasse quieta na cama, é sério! Eu não queria matar ninguém!  

De longe, o pessoal acompanhava a conversa e Cascão viu que a ex-namorada chorava muito, por isso resolveu ir até lá para tirar satisfações.

- Professor, o que tá pegando aqui? Por que a Cascuda tá chorando?
- Olha, esse assunto é muito sério e eu só vou falar na presença dos pais dela.
- Mas...
- Não tem mas. Agora vamos, mocinha. Precisamos ter uma longa conversa com seus pais.

Ele a levou dali pelo braço, ignorando seu choro e suas suplicas para não falar nada a ninguém. O resto da turma ficou ali sem entender nada e só lhes restou tentar perguntar para Carmen mais uma vez. O problema era que ela não estava mais ali.

- A louca! Ela sumiu e deixou a gente no vácuo!
(Cebola) - Cara, isso tá muito estranho!
(Mônica) – Coitada da Cascuda! Por que o professor tá fazendo aquilo com ela? Que horror!

O rapaz olhou para a namorada e falou com o rosto muito sério.

- Mô, eu ia te dizer isso depois, mas acho que vou dizer agora. Foi a Cascuda quem fez aquela fofoca.
- Como é? – ela bradou alto fazendo o chão tremer. – Por que ela fez isso?
- Eu não sei, mas parece que foi com a intenção de atrapalhar nosso namoro.
(Xaveco) – Cara, isso é tenebroso demais! E o lance com a Magali? O que será que ela fez?

Nimbus pensou um pouco e lembrou-se de uma coisa.

- Quando a Carmen tava falando sozinha, antes de entrar no quarto, ela falou qualquer coisa sobre suco.
(Franja) – Mesmo? A Cascuda tinha levado um suco pra Magali, não tinha?
(Cebola) – Levou mesmo... será que tinha alguma coisa naquele suco?
(Marina) – É bem possível! Ai, droga! A Carmen é que podia esclarecer isso e ela sumiu.
(Xaveco) – Peraí: cadê a Denise? Ela tava aqui agora pouco!

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Denise foi se esgueirando como uma cobra até alcançar a janela do quarto onde a família da Cascuda ficava. Licurgo já estava lá dentro conversando com os pais dela e seus ouvidos treinados ouviram toda a conversa.

“Gsuis me abana! Isso sim é babado fortíssimo! Espera só até todo mundo saber! Hahaha!”

Ela saiu dali a toda velocidade, sentindo a língua coçando para soltar a grande fofoca. E daquela vez não tinha erro.

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- Caramba, você é lerda mesmo heim!
- Ah, dá um desconto! Eu tava distraída!
- Você já nasceu distraída, criatura.

Carmen deu um gole da garrafa de champanhe e riu quando as bolhas fizeram cócegas no seu nariz.

- É gostoso!
- E por acaso eu trago coisa ruim?
- Obrigada por ter avisado sobre o suco da Magali. O que a Cascuda colocou nele?
- Sedativos. Aquilo mantinha sua amiga dopada o dia inteiro.
- Que horror! Por que ela fez isso?

D. Morte deu um gole da bebida e explicou os motivos que levaram aquela moça a cometer aquele erro, deixando a loira triste e chocada.

- Eu não acredito que a Cascuda fez isso! Ela sempre foi tão gente boa!
- Nem sempre as pessoas revelam o que são e às vezes nos surpreendem.

Elas contemplaram o pôr do sol em silêncio. Aquela paisagem era mesmo muito bonita e dava vontade de ficar ali por horas a fio.

- Eu reparei que os terremotos estão acabando.
- Estão mesmo. As tempestades solares estão diminuindo e a emissão de neutrinos também. Com isso, o núcleo da Terra está voltando a sua temperatura normal e dentro de pouco tempo, a crosta irá se estabilizar.

Carmen não entendeu nem a metade do que ela tinha falado e D. Morte deixou quieto.

- E morreu tanta gente! – a moça comentou com os olhos fixos no horizonte.
- Engraçado... parece que isso não te dói tanto quanto antes.
- Acho que com o tempo a gente acostuma... senão acaba enlouquecendo por causa de tanta dor!

D. Morte sabia daquilo muito bem. Para executar aquele trabalho, era preciso muita força interior e não se deixar levar pelo sofrimento dos humanos. Não era qualquer um que agüentava aquilo. Se por acaso ela desistisse, seria uma catástrofe enorme porque não havia ninguém para lhe substituir. Ela tinha que levar aquela missão até o fim da raça humana. Só então ela estaria livre para seguir seu caminho.
 



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