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História 2087 - The Walkthrough - Mal Encarnado


Escrita por: Astteria e ClownClown

Capítulo 12 - Mal Encarnado


Fanfic / Fanfiction 2087 - The Walkthrough - Mal Encarnado

Joseph fazia uma bela cara de bunda. Aquele famoso sorriso descontente se sentindo um completo merda. Rak do outro lado da mesa só tinha olhos para a enorme variedade de comida, dava uma mordida no sanduíche com todo aquele molho escorrendo, com a outra mão já dava uma colherada no parfait, com ela não tinha frescura. Misturava doce e salgado ao mesmo tempo e foda-se.

O moreno batucava a mesa com a ponta dos dedos, ela só comia, não falava nada e bem, ele queria entender como alguém como ela era a melhor jogadora do Gold. Pare e pense, Tales of Heroes já é o game mais jogado do mundo. Do fucking mundo! Tinha trocentos outros jogadores naquele rank e Rakshe... Rakshi...

— Desculpa, mas qual o seu nome mesmo? – Finalmente perguntou. Obrigado.

A demora para responder irritava o garoto, mas ele via o esforço da pequena em engolir tudo o que estava dentro da boca. Era engraçado como ela balançava a cabeça de cima para baixo como se estivesse fazendo um exercício para expandir a glote e toda aquela comida passar.

— Rakshasi Baruwal. – Falou rápido e já preparou outra mordida, mas Joseph impediu. Segurou o braço da garota antes que ela bebesse o copão de refrigerante. O ato foi estranho e chamou a atenção dos outros ali. Dash, observava com o celular, ela na verdade estava gravando tudo e rindo bastante no processo. Vendo o transtorno que havia causado ele soltou o braço, sentou-se, respirou fundo e começou a tentar falar.

— Eu vi lá a sua batalha. – Pela reação ela já sabia disso. – Eu queria te perguntar sobre o Concept. Você entendeu como funciona? A comunidade só fala disso.

Bom, a única coisa que Rakshasi se empolgava era com o jogo. Seu objetivo era exclusivamente esse, ser a melhor jogadora de ToH do mundo. Ao ponto de virar uma entidade dentro do jogo como a chinesa Change, que por sinal idolatrava.

Eu já tinha explicado a aparência de Rakshe... vou chamar só de Rak aqui também. Ela é a mesma pessoalmente. Pele alva, cabelos repicados, olhos de jade. Só preciso acrescentar que ela nasceu no Nepal. Sua família é bem rica, o que fez sua criação ser todo aquele clichê. Ela já tinha a vida feita, mas parece que a própria não gostava disso. Então fez tudo ao contrário e mesmo assim era acobertada. Com 16 anos, ela não vai à escola e vive sozinha no espaço mais caro da ala A. Eu disse antes não? Apesar da maioria ser jovem, famílias podem se estabelecer na ilha desde que continuem estudando e tenham pontos para isso. Escolas de ensino fundamental e médio estão espalhadas aos montes e até asilos. É uma ilha-cidade normal. Vagabunda de corpo e alma, Rak faz o que quer quando quer ao mesmo tempo que não tem pudor algum. Ela é assustadora se parar para pensar. Alguém ambicioso sem nada a perder.

O garoto sentia na pele como era difícil se aproximar de alguém assim tão excêntrico, mas no fundo, era uma boa menina. Usava a mão direita num punho como apoio, um sorriso aparecia naquela cara toda amassada, enquanto esperava a menina terminar de comer aquilo tudo. Aquilo até ficou interessante, apostava consigo mesmo o momento em que ela iria parar ou passar mal, o engraçado era que ele sempre perdia e ganhava. Ela acabou.

Rak já se preparava para ir embora. Joseph estranhava. Ué, não iriam conversar?

— Onde você vai? – Perguntava enquanto a garota colocava de volta os óculos escuros e cobria o corpo com lençol.

— Para casa. Já enchi a barriga, obrigada. – Só pode estar de brincadeira.

— Mas eu pensei que a gente ia conversar! – Eita, isso está ficando estranho. Fora de contexto Joseph pode se dar muito mal, até ser preso.

Rak revirou os olhos. Parecia que ele era a criança e precisava de atenção. Sentou emburrada e perguntou o que ele queria saber. Joseph contou toda a história dos Concept, perguntando se ela tinha alguma ideia e ela respondeu que sim. Começou explicando como fazer, o que fez com o dela e o que ganhou com isso. Ter uma conversa com ela era confuso. Porque durante a explicação aparecia umas onomatopeias esquisitas ou umas palavras que até então não existiam e Joseph prestava muita atenção, sentia que se interrompesse ela a cada dúvida a garota iria desistir.

Tá, agora ela tinha que admitir que era legal conversar com Joseph também. Ele nunca iria saber disso, mas talvez valia a pena adicioná-lo no jogo a sua lista com outros cinco amigos. Agora ele poderia aprender mais segredos de ToH. Trocaram email e combinaram de conversar mais no jogo.

— Ué, você não vem? – Perguntava a garota segurando as duas pontas do lençol com uma mão e chamando com a outra. O moreno coçava a cabeça mostrando um sorriso amarelo.

— Pode ir na frente. Eu vou ficar aqui mais um tempo. – Rak achou muito suspeito. Encarava Joseph com os olhos cerrados, depois deu ombros e saiu normalmente.

O rapaz foi até Dash, que ria de algum vídeo no seu celular. A mulher era viciada em café, isso era visível pelo fato de haver uma pequena torre de copos descartáveis em sua mesa. O mais legal de Angela era sua personalidade relaxada. A garota estudava para entrar no exército e ser uma oficial. Xingar e diminuir os outros ela já sabia fazer muito bem. Os dois até tinham uma brincadeira de apelidar um ao outro e ir aumentando o grau do insulto até alguém não conseguir pensar em algo melhor por estar chorando de rir. Seu corpo era repleto de tatuagens fofas como arco-íris, raios coloridos e afins. Seu cabelo também possuía as cores do arco-íris, estilo Sidecut e seus olhos eram de uma cor diferente: magenta. Para Joseph era a sua melhor amiga do café. Ela sempre estava lá e podiam conversar sobre qualquer coisa sem medo.

— Dash, mudança de planos.

— Você não vai comer aquela garotinha, né?

— Não, nossa. Não! – Na cabeça do moreno ele negou imediatamente, depois imaginou acontecendo e meu senhor jesus cristo NÃO.  – Eu só vim avisar que eu não vou na arena hoje. Tá na hora de procurar um Concept daora e finalmente ir para o Platina.

Dash só fez a pergunta para rir da reação dele. A garota fez uma careta por ter sido trocada, mas aceitou no final. Falou que ia cobrar depois.

Agora ninguém segurava Kerr. Ele saiu da cafeteria e foi correndo para casa. Chutou a porta, cagou para Naomi, jogou a mochila na cama e com a roupa que estava logou com Jack.

Ninguém dava importância para a cidade universal, que no caso era o lugar inicial que todos os jogadores começavam. Durante o capítulo do Halloween um evento especial foi incluso. Durante o horário da noite a cidade perdia a Safety Zone, ou seja, podiam ser mortos na cidade, mas não qualquer um e sim pelo Boss oculto e que todos chamavam de O Estripador. É bem óbvio de onde ele foi tirado, não é? Os relatos diziam que quando ele está perto uma névoa densa aparece, ele só ataca alvos isolados e quando o Estripador se aproxima você automaticamente fica Intimidate nv. 2.

Uma rápida explicação sobre os status. Todos têm três níveis.  Não vou listar todos, vou deixar para fazer quando a oportunidade surgir em cada. Dando uma introdução ao Intimidate. No nível um você escuta seu coração bater, isso em si diminui sua habilidade sensorial, não é grande coisa. Já no nível dois além dos batimentos você tem o seu ataque e defesa diminuídos e no três você tem tanto medo que não consegue olhar para a fonte de terror e é repelido. Bersekers geralmente são os mestres na arte de causar medo.

Jack não tinha tempo para isso agora, mas apareceu em meio a toda aquela névoa. Seu coração já batia. Só conseguia pensar que o alguém estava morrendo nesse instante. Quando o Estripador matava alguém da cidade, ela perdia um item de valor, o próprio também podia ser derrotado, na verdade tem uma galera atrás dele para pegar a sua essência. Ele também quer, mas não hoje. Conseguiu sair da cidade em segurança e foi direto para o local que pesquisou.

Não tinha como se confundir, uma árvore gigantesca isolada num deserto negro com pessoas mortas penduradas. Algumas enforcadas, outras de cabeça para baixo, esfoladas e os exemplos só pioravam. Eu não falei, mas o ambiente também podia aplicar debuff e no caso, obviamente, era o Intimidate. Era irritante escutar os batimentos fortes, como se o coração tivesse parado no ouvido. O local era embaixo, antes de entrar na área secreta apareceu um aviso. Algumas restrições foram impostas para aquele Boss. Você era avisado para não entrar se tivesse problemas de ansiedade, mentais, visuais ou clínicos como alto índice de infarto na família. Foi avisado a existência de jumpscares, além de conteúdo gore e essas coisas. Jack aceitou e entrou, sozinho.

A missão começou, no momento em que pisou no escuro foi automaticamente para Intimidate nv. 3, ou seja, ele nem sabia o que estava acontecendo, mas estava com muito medo e correu. Era a pior sensação. Corria naquele túnel escuro a procura de alguma luz e quando não achava, sua visão começava a ficar vermelha e o seu HP diminuía. O pior de tudo era que ele não conseguia sequer tempo para racionalizar, estava a mercê do medo. Enquanto corria também escutava um rosnado feral bem próximo. Tinha a impressão de estar sendo caçado por uma besta, mas não a enxergava; era tudo escuro. O foco de luz representava um milagre para o Assassin naquela situação. No momento que ficou sob a luz todo aquele terror desapareceu. Estava em um túnel, fora esse foco era tudo escuro. Agora podia pensar com mais calma, entendeu o porque dos avisos. Aquilo não era para qualquer um.

Com o HP recuperado ele continuou correndo e tudo voltou. Seu HP descia, a sensação de estar sendo perseguido o assombrava, se ele diminuísse um segundo sequer tinha a certeza de que seria pego e estraçalhado por sei lá o que. Mais para frente achou outro ponto iluminado para se recuperar. Aceitou que perderia todas as suas poções de vida antes mesmo da luta contra o Boss. Isso já era o bastante para desanimar. É como se o jogador estivesse pedindo para sofrer um infarto aqui e ninguém é obrigado. O túnel o levou para uma arena esquecida pelo tempo. As raízes da árvore aprisionavam alguma coisa. Várias escrituras nas rochas e frente a ele um portão com uma pequena fresta, parecia um armário se olhasse com mais atenção.

Se preparava mais mentalmente do que qualquer outra cosia. A julgar pelo tipo de fase, levaria muitos sustos enfrentando a tal coisa. De vez enquanto olhava para a escuridão com medo da besta aparecer do nada, mas não conseguia encarar por muito tempo tinha medo.

Nas runas espalhadas pela sala, uma história era contada. Jack achou melhor ler antes de qualquer outra coisa. Com certeza elas contavam algo que ajudaria sobre o Boss. Quando terminou finalmente entendeu o que enfrentava.

Estava diante do Medo Primordial, a escuridão. Todo ser em vida tem ou já teve medo do escuro. A besta do qual tinha tanto medo era a personificação da escuridão como um predador. Quando tocou no armário ele ativou as runas, elas iluminaram e depois queimaram perdendo a função que exerciam aprisionando a fera.

A massa negra saiu do armário, parecia ser inteiramente feita de piche e graças a isso sua forma ainda não era bem esclarecida. Jack podia jurar que ela estava se moldando de acordo com o que o assassino mais temia. Entendia pouco da forma, talvez um lobo gigante com carapaça de javali, quatro chifres e caninos assustadores. A fera rugiu expelindo uma fumaça escura da sua bocarra. Pego por aquilo Jack observava sua sanidade cair. Lá estavam os jumpscares. Pegou suas duas facas para combater o monstro, mas notou que ele não existia mais ali, era pura escuridão. Como vai bater nisso?

Em algumas ocasiões o escuro assumia a forma feral para morder e atacar. Ela também criava estacas enegrecidas e ganhava um corpo etéreo. Jack só podia atacar nesses momentos, suas poções não adiantavam, decidiu que a partir de hoje sempre vai carregar uma Bang consigo. A batalha era cansativa, porque estava com Intimidate 2. Fugia e rolava antes de qualquer coisa.

Jack teve que contar muito com a habilidade especial de Blood Seeker. Sempre que precisava recuperar a fera simplesmente desaparecia e ficava tudo escuro, mas com a hemorragia incurável ela continuava perdendo HP. Tentava acertar o máximo de golpes com o cutelo na cabeça esquelética, ali causava mais dano. Quando achou que sabia de todos os movimentos do monstro ele o surpreende. Esperou a fera para golpeá-la na cabeça, mas antes de tocá-lo ela virou fumaça, esta que lhe causou mais perda de sanidade, durante esse tempo a fera surgiu do canto mais improvável e arrancou seu braço fora, lá se vai a Butcher’s Daughter. Não podia mais prolongar aquilo. Usou todas as poções para recuperar o HP e corria para derrotar o bicho enquanto ele caía lentamente por causa da hemorragia.

Parecia que tinha acabado, mas a fera assumiu uma nova forma, no caso a sua verdadeira. E aqui estamos, no clichê da história. O maior medo de Jack era ele mesmo, mais macabro, vantablack. Só conseguia enxergar o sorriso branco de escárnio. O nome do Boss finalmente apareceu e ele não acreditava.  Boogie Man. O próprio Bicho-Papão. Riu, era a última coisa que pensava em fazer naquela situação merda, mas riu.

Não preciso nem falar que o bicho-papão tinha as mesmas habilidades que ele só que mais roubado. Começando pelo fato de que tinha os dois braços. Mais rápido e com mais dano somado a todos os próprios efeitos ligados ao medo do escuro e também interpretado como do desconhecido. Sempre que Jack olhava para o escuro por muito tempo começava a escutar rosnados perto de si. O ser também atravessava paredes, conforme ia sendo golpeada pela faca negra a entidade ficava ainda mais perigosa e agressiva. As vezes seu braço virava uma enorme foice, ganhava chifres, depois os olhos vermelhos finalmente apareciam. Esse era o momento final.

Esperou seu HP chegar no vermelho para partir pro tudo ou nada. Pegou uma ampola com o líquido laranja. Usaria o Overcharge com o tempo certo da hemorragia, ou seja, assim que o efeito da poção acabasse ele morreria de um jeito ou de outro. Bebeu e jogou o frasco longe. Seu corpo superaquecia, estava a todo vapor.

Começou usando o “Knive Juggling”; arremessando várias facas para o alto e criando a sua “play zone”. O bicho-papão avançou se transformando quase num cometa, era tão rápido que a forma de piche demorava para se moldar. Usou todas as facas para se proteger. O Boss ainda era mais rápido, pelo menos passou da investida sem levar nenhum dano, só o sangramento que incomodava. Posicionou a Blood Seeker para ser uma extensão do seu punho. Golpeava com socos e depois virava para perfurar com a lâmina. Em meio a isso conseguiu usar pela segunda vez o malabarismo com facas. Agora para ataque. Era mais difícil aquilo com uma apenas uma mão. Quando o monstro tentava se afastar ele arremessava, depois recuperava a iniciativa e continuava com os cortes da arma de raridade épica. Terminou o combo do melhor jeito, cortando a garganta. Faltavam segundos para o efeito passar.

Enquanto morria o monstro assumia diversas formas. Outras faces agonizadas brotavam do estômago, costas e diversas outras partes. O monstro não conseguia recuperar, ele sangrava e sangrava como Jack até que a escuridão brilhou, sua essência era um cristal denso completamente negro, ele só conseguia ver a forma como Vantablack.

Jack pensou que seus problemas foram resolvidos, mas ele morreu antes de gritar pelo menos um “uhul”. Foi spawnado na cidade e felizmente a essência ainda estava no seu inventário. Não conseguia conter a empolgação, depois dali iria comprar sei lá o que Naomi quisesse, eles precisavam comemorar, mesmo que a companheira de quarto não jogue ou sequer tenha a mínima ideia daquilo tudo.

Chamou pela Deusa Vênus. Era hora de começar a “entrevista de emprego”. Fora o conceito, a I.A. deu várias outras opções de armas e armaduras. Uma mais incrível que a outra, mas Jack estava decidido. No final para se unir à essência bastava engoli-la. Gosto de nada. Esperou alguns segundos até o sistema entender que se tratava de um Concept e atualizar, pronto.

Na árvore de talentos do Assassin apareceu um terceiro emblema. O primeiro era da classe o segundo da profissão de alquimista e agora o terceiro com o símbolo do medo primordial. Colocando todos os pontos que tinha guardado, Jack começou a desbloquear habilidades, passivas e ouras interações.

Dentre todas as novas habilidades que havia conseguido a que mais chamou sua atenção tinha um belo nome: “Evil Within”.

Sua build estava prestes a sofrer mudanças drásticas, ele não perderia a essência. Usufruir da alquimia era delicioso, mas agora tinha que pensar em matar, ser o mais letal possível. Antes nas missões e até nos PvP’s agia como um suporte ofensivo, não mais, mas isso eu conto amanhã. Até ele entender tudo o que pode fazer agora vai demorar.

Quando deslogou já era madrugada. Só a luta com o Boss acabou com o seu dia. Deixou um recado no grupo dos amigos com quem joga e foi comer. Naomi estava dormindo, não rolou a tal pizza. Saiu de madrugada mesmo para conseguir algo de comer. Não conseguia ficar parado em casa, estava eufórico demais. Precisava extravasar sua alegria.  


Notas Finais




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