1. Spirit Fanfics >
  2. 21 Primaveras >
  3. Coincidências

História 21 Primaveras - Coincidências


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


Oooi, finalmente voltei, né?! Pelo menos dessa vez não demorei um mês e meio pra postar...kkkkkkk /rindo de nervoso
Esse capítulo ficou bem pequeno e levinho, mas espero que gostem mesmo assim. As coisas vão demorar um pouco ainda pra começarem a andar, mas paciência é a maior virtude, né?
Beijinhos.

Capítulo 4 - Coincidências


Fanfic / Fanfiction 21 Primaveras - Coincidências

Aquela manhã fora um pouco diferente das outras. Estava determinado a encontrar o dono daquela carteira, só não sabia como. O que o afligia era exatamente saber o valor daquele objeto, ou melhor, do que havia nele. Cartões, algumas notas de won, uma simples carteira de indentidade e, em um bolso mais escondido no inteiro da carteira, uma carteira de motorista. 18/02/1994. Não sabia se aquela data de nascimento o ajudaria ou complicaria as coisas, mas talvez servisse de algo. Anotou-a mentalmente e repetiu-a algumas vezes até estar certo de tê-la memorizado. 

Juntou todos os materiais na mochila velha, e colocou a carteira no fundo de um dos bolsos exteriores. Tinha dúvidas sobre o quanto segura ela estaria ali, mas definitivamente era melhor do que deixá-la em casa ou carregá-la no saco, com certeza algo acabaria acontecendo.

Saiu do quarto estranhando o clima do lado de fora. Estava mais silencioso do que o habitual, mas não de uma forma boa, nem ruim. Apenas diferente. Abriu um quase sorriso ao ver a mãe preparando o almoço, se perguntando como ela aguentara fazer aquilo todos os dias, por tanto tempo, sem reclamar.

— O que você tá fazendo? 

— Ensopado. De peixe. Você gosta, né?

Taehyung assentiu com a cabeça.

— Mas eu não posso levar ensopado pro colégio, mãe.

— Então venha comer em casa hoje!

Suspirou. Primeiro que não era permitido sair do colégio para almoçar fora, segundo que havia outro motivo para ele preferir ficar por lá mesmo. E esse motivo se chamava Dongyul. 

Olhou para a mãe. Será que era tão ruim para ela quanto para ele estar ao lado do marido?

Achava que sim.

Escorou-se de bruços na mesa, sem se sentar, observando a mãe andar de um lado para o outro a procura de ingredientes que pareciam não estar em lugar nenhum. Era quase surpreendente quando abria um armário e achava alguma coisa.

— Quer que eu vá ao mercado hoje? Quando eu voltar do trabalho.

A mulher suspirou, e então deixou um sorriso tomar lugar em seus lábios secos.

— Ótima ideia. — Ela riu sozinha. — Mas, — Ajeitou o avental e enfiou a mão em um dos bolsos, tirando de lá algumas notas de 500 won. — Não quero que gaste o seu dinheiro, tá? Isso deve dar pra alguma coisa...

O filho se forçou a sorrir. Impossível fazer uma compra decente com aquele tanto. 

 

— Você não acha que está silencioso demais? Acho que precisamos mandar a Eonjin pra casa do namorado dela mais vezes.

A sra. Kim riu. Taehyung sentia falta daquela risada todos os dias.

Acabou se lembrando da proposta da irmã. Não podia mesmo deixar a mãe sozinha, mas também não queria ficar naquela situação...

Parecia impossível pra ele fugir.

 

 

Cinco minutos para a aula.

Namjoon analisava a foto naquela carteira de identidade. Jung Hoseok. Tentava repassar aquele nome várias vezes para si mesmo mentalmente. Estreitou os olhos. Não sabia por quê, mas sentia já ter escutado aquele nome antes. Mas onde?

— Ei, até quando vai ficar olhando pra essa foto? Até parece que tá apaixonado.

Namjoon ignorou o comentário e deixou o objeto em cima da mesa.

— Não sei, mas acho que já ouvi esse nome em algum lugar. 

— Sério? — Ergueu o pescoço, surpreso com a nova descoberta. — Isso significa que vai me ajudar a procurá-lo?

— Não.

— Namjoon!

— Quando ele se der conta de que perdeu a carteira, isso se já não tiver caído a ficha, vai procurar por ela sozinho. Você devia parar de carregar isso por aí, alguém vai acabar encontrando e vão espalhar por aí que você roubou. E eu não quero acabar numa delegacia como cúmplice de alguém que não é inteligente o suficiente nem pra cometer um crime simples desse sem ser pego. — Desviou o olhar por um momento para a mochila velha e gasta do amigo jogada no chão, então mais uma vez levantou o olhar para Taehyung. 

— Aish, eu não podia deixar em casa, muito menos na farmácia. E eu não vou ficar com ela. 

— Bom dia. — Falou uma voz alta e grave, fazendo todos os alunos ali se calarem e arrumarem a postura. O professor ainda na porta carregava uma prancheta e alguns livros, usava óculos e estava tão sorridente que podiam fechar todas as cortinas e a sala ainda estaria iluminada. — Hoje tenho a honra de apresentar um novo colega de vocês. Sr. Jung, por favor. — Sorrindo, o professor caminhou até a sua mesa e fez um sinal para que o rapaz no corredor entrasse.

— Prazer, eu sou Jung Hoseok.

Namjoon tomou em suas mãos novamente aquela carteira de identidade, o olhar incrédulo alternando entre o Jung Hoseok em pele e osso e o Jung Hoseok impresso em um cartão de plástico. Estava prestes a cutucar o amigo quando todo o silêncio da sala foi desperto pela tosse incrotolavelmente alta do mesmo, quase cuspindo toda a água que havia bebido há poucos segundos. Ou aquilo era uma coincidência, ou um milagre, e Namjoon não era do tipo que acreditava muito em Deus.

O moreno se encolheu na cadeira depois de perceber tantos olhares sobre si, quando finalmente parou de engasgar, tossindo arrastado algumas vezes. Seu olhar rapidamente se desviou para o rosto pálido a frente da mesa do professor, e arregalou os olhos quando em meio a todas as risadas, o rapaz de cabelos negros sorria para si. 

— Meu Deus... — Sussurrou ao engolir em seco, observando fixa e minuciosamente a figura que aos poucos se aproximava de sua carteira, sentando-se por fim três lugares atrás. Quase esqueceu de respirar em meio àquela confusão, tão atento que estava ao aluno novo. O problema era que ele estava completamente diferente. Há alguns minutos poderia jurar que o garoto que vira era até mesmo mais pálido que Yoongi, que carregava olheiras que podiam ser vistas de longe e que estava bem próximo da morte. Mas ali, há alguns segundos, estava um rapaz sorridente. Tudo bem, sua aparência não era das melhores, mas estava quase acreditando que o Hoseok que vira havia morrido e reencarnado em um corpo novinho em folha.

— Tae. — O loiro ao lado chamou, e Taehyung maneou a cabeça suavemente para poder escutá-lo, os olhos pregados no professor. — Você não disse que ele parecia um morto?

— Mas parecia. — Algo no sorriso daquele rapaz o deixava extremamente desconfortável.

 

 

Taehyung tinha cansado de contar o número de vezes que tentara tomar coragem de entregar a carteira. O que ele poderia pensar? E se estivesse faltando algo ali e Hoseok o culpasse? E se pensasse que ele o roubou? No minímo, seria despedido e levaria uma surra do pai. Não, provavelmente duas. 

Mas não podia ser tão ruim assim, certo? Também não teria muito tempo se continuasse a enrolar, então pegou a carteira da mochila, colocou-a no bolso do casaco e caminhou até o rapaz de cabelos negros com o peito apoiado sobre o parapeito da janela. 

— Oi. — Hoseok nem precisou de muita atenção para sentir uma presença ali.

Taehyung quase recuou.

— Oi... — Encostou-se no parapeito junto ao outro. — Não sei se você lembra de mim, mas tenho certeza de que te atendi na farmácia onde trabalho. Você esqueceu sua carteira no balcão, e desculpe, mas eu acabei pegando ela. Espero que não entenda errado, mas se eu deixasse por lá, com certeza uma pessoa mal intencionada a pegaria e...enfim. Eu estava prestes a começar a te procurar, mas parece que você me encontrou. — Quase sorriu.

O Jung estava perplexo. Aquele garoto falava tão rápido que mal tinha a certeza de ter compreendido direito todas as palavras, ou sequer as ouvido. Nem mesto havia percebido a ausência da sua carteira no bolso da calça, então por um momento cogitou a ideia de ele estar enganado. Mas é claro que se lembrava, como não? 

Deixou uma risada escapar. 

— Ah, eu lembro. A partir de hoje vou pensar duas vezes antes de tomar refrigerante com remédio. Valeu pela dica.

Taehyung corou. Tinha mesmo pagado aquele mico de graça? Queria não acreditar que tinha tentado impedir um desconhecido de supostamente tentar se matar com uma explicação nada agradável sobre refrigerantes. Mas tinha feito o certo, né? Era um pouco difícil de acreditar agora que ele estava ali, bem à sua frente, perfeitamente bem.

— E cadê?

— Cadê o que? 

— Minha carteira.

— Ah, sim. Desculpa. — Estendeu a carteira para o maior, os olhos fixos no rosto pálido deste. Como tinha mudado em tão pouco tempo? 

— Obrigado. — O Jung abriu a carteira de couro e riu da própria foto na carteira de identidade. Agora entendia o por quê do outro ter ficado tão chocado quando entrara na sala de aula. Parecia um cadáver! — Faz tempo que você trabalha lá? 

— Menos de um ano. Mas é melhor que nada. — Deu de ombros. — Hyung?

— Como você sabe que sou mais velho? — Quis saber, desconfiado, mas então deixando um "ah" escapar ao colocar a mão no bolso do agasalho e lembrar-se da carteira. — O que?

— Aqueles remédios não eram mesmo pra você?

— Não precisa se preocupar com eles, estão em boas mãos. Ah, é! Você nem me disse seu nome.

— Taehyung. Kim Taehyung.

— Taehyung...Tae! Tae Tae, está bom assim? — Hoseok sorriu quando o mais novo fez que sim. — Ótimo. Obrigado mais uma vez pela carteira. Seria um porre ter que fazer todos os documentos de novo. 

 

 

Taehyung não conseguia parar de pensar em Hoseok, se aqueles remédios eram realmente para ele, se eram para sua mãe ou seu pai, o por que de ele não ter ido para a aula antes, ou por que sequer ainda não havia se formado. Mal conseguia se concentrar no trabalho, e aquilo não era de seu costume. Mas aquele garoto de cabelos negros, que pouco antes parecia estar doente ou prestes a tirar a própria vida com todos aqueles comprimidos, sorria como se fosse a razão do sol e as estrelas.

Tae Tae...Tae Tae...Por que isso continuava a se repetir em seus pensamentos? 

Fechou os livros e recolheu os materiais na bancada, enfiando tudo na mochila. Não ia adiantar; se estudasse ali ou em outro lugar, mais tarde, se esqueceria de tudo depois. Todos os tipos de pensamentos vagavam por sua cabeça, e ele não conseguia se concentrar em nada, como sempre. Quando entrou pro primeiro ano, logo depois que as coisas ficaram ainda mais sérias em casa, sua mãe ficou bem preocupada com sua situação na escola. Qualquer coisa desprendia sua atenção. Chegaram até a pensar em uma dislexia, mas no fim, acabou ficando pra trás. E agora ele estava ali, a um passo da faculdade, sem saber como ou o quê fazer.

Estava ficando escuro lá fora. Coçou os olhos e levantou a mochila pela alça, ajeitando-a sobre o ombro. Às vezes ficava meio distraído, porque sabia que quando acordasse no dia seguinte, seria a mesma merda de sempre. Iria pra escola, levaria broncas e mais broncas, ia trabalhar e quando chegasse em casa, Dongyul ainda estaria lá. 

As pessoas costumam dizer que o dia seguinte é sempre melhor do que o anterior. E que o que dói hoje, pode já não ferir mais amanhã. Mas para alguém que vive com medo, não é assim. Quando se está desesperado, até o amanhacer parece assustador. E Taehyung queria que o dia nunca acabasse. 

 

 

O que eu pego?

Nem se lembrava da última vez que estivera em um mercado. Havia tantas marcas, e opções, e preços...e olhar para todas aquelas embalagens estava começando a lhe dar dor de cabeça. Agora entendia porque sua mãe sempre passava horas fora quando ia ao mercado. 

Por que não podia apenas pegar o mais barato e jogar no carrinho? Ah. Se estivesse com Seokjin, com certeza as coisas seriam bem mais fáceis. Ele saberia exatamente o que comprar.

— Aish... — Passou ambas as mãos pelos cabelos castanhos, frustrado. 

— Tae...TAE! — Um rapaz de cabelos negros de repente se aproximou do outro, cutucando-lhe as costas com força ao praticamente gritar o seu nome no meio do mercado, fazendo o outro pular assustado. 

— Hyung?! — Os olhos de Taehyung se arregalaram, e ele pressionava o peito como se estivesse prestes a ter um infarto. — Você me assustou pra caralho...

— Eheh. E aí, o que faz aqui?

Taehyung arqueou uma sobrancelha e indicou o carrinho de compras — quase vazio, se não fosse por algumas verduras que com certeza não estavam frescas, como se não fosse óbvio.

— E você está bem? Porque está olhando pra esse milho enlatado há pelo menos meia hora.

— Ah... — Olhou para o Jung, para o carrinho, para a lata de milho e então para o outro mais uma vez. Empurrou duas latas pra dentro do carrinho com o braço, e se prontificou pra sair dali o mais rápido possível.

— Ei, ei, ei. Espera. Você não disse que trabalhava na farmácia? Por que tá aqui?

— Eu costumo cobrir os outros funcionários, então ás vezes posso sair mais cedo. Por que?

— Por nada. — Deu de ombros, olhando para os pés, e então abriu um sorrisinho suspeito. — Por que? Acha que eu estou interessado em você?

— N-Não. 

Tão fofo! — Ah, isso é bom. Achei que você tinha descoberto. — E o sorriso se alargou até dar espaço a uma gargalhada, quando as bochechas do outro começaram a queimar. 

Ele não tava falando sério. Certo? Certo. De jeito nenhum. Né. Eles acabaram de se conhecer. Então, sem chances. 0%. 

— Sh...e por que você tá aqui? 

— Porque eu te vi do lado de fora. — E o sorriso voltou a se formar em seus lábios, mas dessa vez Taehyung sorriu também. 

 

— Hyung?

— Oi?

— Você não devia estar na faculdade?

— Eu tive que refazer o último ano.

— Você bombou.

— É, ou isso. — Riu baixinho. Então algo lhe passou pela cabeça. — Você já sabe o que quer fazer?

— To pensando nisso...e você?

— Dança parece legal, né? — Taehyung fixou os olhos no hyung que andava lentamente com uma sacola na mão. Dança...parecia divertido. — Não combina comigo? — Perguntou com um biquinho, e o mais novo balançou a cabeça negativamente como uma criança emburrada.

— Parece perfeito pra você. — Disse inocente. Não sabia bem o porquê, mas aquilo parecia se encaixar perfeitamente a Hoseok. Só era assim. — Ah. Eu moro naquela rua, então...até mais? — Abaixou a cabeça levemente ao passo que Hoseok fez o mesmo, tomando a sacola de suas mãos. 

Dois corpos. Duas almas. Dois sorrisos. Um motivo.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...