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História 21 Primaveras - Experiências e muito álcool


Escrita por: yewoon

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAAAAAAA CARAMBA!!! Eu nem acredito que finalmente consegui um tempo para voltar a escrever (e tomei vergonha na cara para parar de procrastinar, cof)
Confesso que em parte, a minha falta de ânimo se deu pelo show do BTS - ao qual é claro, eu não fui, porque a vida dá dessas, né manas?, mas acho que finalmente superei e voltei super disposta a escrever e me focar mais aqui no site.
Sobre a história, no capítulo anterior eu acabei esquecendo de um detalhe importante e mencionei que o Jin fazia artes cênicas, mas não, gente, é medicina, ok? Eu já mudei lá para que ninguém fique confuso <33
Realmente não queria que esse cap. acabasse tão em aberto, mas provavelmente ia ficar muito maior se eu continuasse e cansativo ;-;;;;;; Eu nem tive tempo de revisar, porque estou cheia de trabalhos e provas nessas últimas semanas, e como fui escrevendo o capítulo em partes, tive que correr pra conseguir postar hoje, então qualquer errinho, me perdoem por favor JASKJAKSJAKS
Mas tá cheio de yoonseok, então aproveitem e vão se acostumando, porque vou tentar desfrutar muito da relação desses dois na fanfic.

Enfim, senti falta do meu vhope, e de vocês <33
Espero que gostem e beijinhos.

Capítulo 5 - Experiências e muito álcool


Fanfic / Fanfiction 21 Primaveras - Experiências e muito álcool

Os dias passavam conforme as flores de cerejeira desabrochavam. Alguns conseguiam ser mais suportáveis que os outros. A vida de Taehyung não mudara muito desde o início das aulas; era sempre a mesma rotina, acordar, comer, estudar, trabalhar e tentar sobreviver com o máximo que tinha.

Algumas vezes aquele rapaz dos cabelos negros e sorriso radiante passava por sua mente. Depois de quase duas semanas, Hoseok tinha deixado de ir ao colégio com frequência. Depois daquela vez, também, ele e Taehyung não haviam se falado muito. E o mais novo, ainda que achasse o comportamento do outro estranho, sabia que já tinha problemas demais - e sabia, também, que eles só aumentariam dali pra frente, porque afinal, a vida é assim, como uma metamorfose.

Mas, especialmente naquela noite, quando os quatro da família Kim se sentaram juntos à mesa pela primeira vez em meses, Taehyung sabia que algo estava errado. Ele já evitava aquilo porque sempre que ele ou Eonjin ficavam perto de Dongyul, alguém acabava começando uma discussão.

O purê que ele amassava com o garfo já não parecia mais tão apetitoso, e o kimchi nem parecia ter sabor. E ele só foi levantar o olhar cansado para os pais que o observavam quando a mãe pigarreou, pedindo atenção.

— Tae, querido, será que pode não brincar com a comida agora? Seu pai tem uma coisa a dizer.

Largou o garfo e suspirou. 

Pai. Era simplesmente insuportável ouvir uma palavra tão injusta. Pai. O que ele tinha feito de tão bom para ser seu pai? Absolutamente nada. E tinha certeza de que para estar com aquela cara de merda, coisa boa não estava por vir.

— Hoje eu fui dispensado da empresa. — O homem fez uma pequena pausa para enfiar um pedaço de carne na boca. — O Wongoo vai me arrumar alguma coisa, mas as coisas vão ficar mais apertadas por aqui.

Taehyung quase riu de deboche, segurando o riso no momento em que viu os olhos negros do pai sobre si. — Me diz uma novidade... — Murmurou, bufando.

— Taehyung!

— O que?! As coisas estão apertadas há muito tempo e tudo o que esse cara sabe fazer é cair de tanto beber todos os dias. Ele nem vai mais pro trabalho, até parece que iam deixá-lo continuar lá. 

O rosto da Sra. Kim empalideceu. 

— Quem você acha que é pra falar assim comigo, ô garoto? 

— Eu acho que eu sou o único que faz alguma merda aqui. 

— Você acha que vai conseguir fazer mais alguma coisa com a cara quebrada? — O mais velho perguntou com a voz firme e as sobrancelhas sobressaltadas. 

Os ombros do moreno se retraíram, e naquele momento tudo perdeu o sentido. Tudo ficou embaçado e inaudível. Só via o borrão da irmã tentando acalmar o pai e a mãe em silêncio, como sempre. Abaixou a cabeça e esfregou os olhos com as duas mãos, como se pudesse acordar daquele pesadelo se tivesse força de vontade. Então foi para o quarto.

Eonjin veio logo atrás, sentando-se ao lado do irmão no colchão fino que ocupava um bom espaço no quarto, os pézinhos pequenos descalços e um moletom duas vezes maior que ela. Ainda que estivesse tão assustada quanto o irmão mais novo, naquela situação sempre procurava ficar o máximo perto dele, porque sabia que quando se afastasse, Taehyung não sairia impune pelas mãos de Dongyul. 

— O que deu em você? — Ela sussurrou. — Se você sabe que ele fica puto, então para de ficar cutucando a onça com vara curta. Não vou poder ajudar você o tempo todo.

— Eu não pedi sua ajuda.

— Não quero que isso aconteça com você. — A moça arregaçou uma das mangas do casaco de moletom. Um hematoma no braço inferior assumia quase uma coloração verde amarelado, como se estivesse ali há vários dias. Eonjin tinha um sorriso fraco nos lábios, embora.

— Eon... — O irmão delicadamente segurou o braço da outra, fazendo uma careta. — Quem fez isso? Dongyul?

— Não. — Ela balançou a cabeça e abaixou a manga novamente. — Foi o Mark, mas não importa. Você sabe o quanto o papai fica violento quando está nervoso. Vê se controla essa língua, e não esquece do que te falei. — Se levantou, e antes de sair, apertou o nariz do mais novo como quando ele caía e fazia birra quando menor.

Tae lembrou da conversa que tivera com Eonjin um mês antes. "É melhor você começar a decidir o que quer para a sua vida também", por que essa frase parecia assombrá-lo em cada lugar que ia?

Aquele garoto, Hoseok, havia perguntando o que ele queria fazer da vida também. Assim como Namjoon. E tinha certeza de que a escola ia começar a cobrar isso dele cada vez mais.

— Vamos sair pra comer amanhã? 

— Espero que saiba que eu não vou pagar NADA pra você, Kim Taehyung.

— Claro que não. Leva o Yoongi e o Jin hyungs também.

— Espero que eles também saibam que eu não vou pagar nada pra eles.

— ㅋㅋㅋ espero que não.

 

Taehyung normalmente não agia assim. Era sempre o que falava menos dentro daquela casa, o que sempre se escondia no quarto quando as coisas ficavam feias pro seu lado — ou mesmo pra Eonjin ou pra Sra. Kim. O problema é que aquelas questões sobre faculdade e todas essas coisas sobre futuro — que pareciam inalcançáveis e muito distantes para o Kim até o presente momento — estavam confundindo sua cabeça. Quer dizer, ele nunca havia parado realmente para pensar sobre esse tipo de coisa. Estava mais preocupado em viver um dia de cada vez, da melhor — ou mais aceitável, pelo menos — forma que podia. Mas as vozes das pessoas ao seu redor lhe cobrando esse tipo de coisa se repetiam como sirenes em seus ouvidos, e foi depois de horas pensando, pensando e pensando enquanto olhava para o teto escuro do pequeno quarto, que o rapaz adormeceu.

No dia seguinte, os galhos secos e folhas murchas não se faziam mais presentes. Os brotos haviam desabrochado completamente, e a Coréia fora devastada por um mar de flores de cerejeira. Para ser sincero, Taehyung gostava mais de lírios e margaridas — especialmente as brancas e amarelas, talvez porque fossem um pouco mais discretas e simples do que as outras. Ele gostava do simples; porque era mais real, mais acomodativo, mais ele. 

Mesmo assim, em dias como aquele, conseguia acordar com um humor razoavelmente melhor. Quando era mais novo, Eonjin fazia um estardalhaço por causa dos festivais de primavera, e sempre o arrastava com ela mesmo contra sua vontade — e mesmo estando junto de suas amigas. Era um pouco entediante ouvi-las falando sobre maquiagem o tempo todo, mas os bolinhos eram sempre ótimos, e esse era o bom de ser o irmão mais novo: era sempre paparicado pelas amigas da irmã. 

Algumas memórias assim lhe causavam uma certa dor no peito. Era simplesmente estranho olhar para trás e ver o quanto tudo mudou, completamente.

 

Assim que chegou na lanchonete, rodeou os olhos pelas mesas e sorriu quando Seokjin parou no meio de uma conversa para acenar e chamá-lo animado. 

— Oi. Do que vocês estão falando? — Sentando-se ao lado de Seokjin, perguntou olhando para os dois no banco da frente. Yoongi parecia sempre misterioso, e alguma coisa nele incomodava Taehyung, como se o mais velho simplesmente não o aprovasse ou coisa do tipo. 

— Eu tava contando pro Suga sobre aquele cara estranho que perdeu a carteira no seu trabalho. — Namjoon respondeu, apontando para o amigo ao lado com o polegar. — Qual era mesmo o nome dele?

Taehyung entreabriu os lábios imediatamente, como se cada letra daquele nome que, obviamente não esqueceria, pudesse sair de sua boca como notas musicais. E então...a hesitação, de novo. — A-Ah...acho que era Hoseok. — Riu baixinho e trocou um breve olhar com o ruivo, que franziu o cenho.

— Ha, meu melhor amigo também se chama Hoseok. E ele é tão perdido quanto esse cara aí parece ser. — O ruivo disse, rindo e bebendo do refrigerante no copo de plástico. — Mas provavelmente não é a mesma pessoa... — Concluiu, parecendo pensativo, e desta vez só Taehyung pareceu dar atenção às suas palavras.

— Falando em carteira — Jin hyung interrompeu — , espero que não tenha esquecido a sua, Namjoonie. — E fez um coraçãozinho com os dedos indicador e do meio.

— Seokjin... 

— Brincadeirinha! Tae, pode me ajudar a pegar nossos pedidos? Como você demorou, a gente acabou pedindo pra você. — O mais velho dali pediu ao mais novo, que apenas assentiu em prontidão e se levantou, o seguindo. Quando chegaram perto do balcão, Seokjin entregou uma das bandejas à Taehyung e o enquadrou em uma coluna, com aqueles olhares cheios de desconfiança e preocupação. — E aí, que que tá acontecendo com você?

— Do que você tá falando?

— Ah, por favor. Eu não sou burro, sei que você normalmente já tem essa carinha de patinho feio, mas ultimamente você parece mais morto do que o usual. Vai, pode desembuchar.

— Não é nada, Jin hyung. Só os mesmos problemas de sempre. 

— Você não quer que eu fale com o Namjoon, né?

— Aish, mas que saco! — Bufou o mais novo, se desvencilhando dos braços do maior, que o encarava preocupado. Sabia que Seokjin o via como um irmão mais novo, apesar de não terem tanta intimidade assim. Claro que apreciava o jeito do outro, até porque era bom sentir que ao menos alguém se importava, mas era desconfortável ficar comentando aquele tipo de coisa. Ainda mais pra Seokjin. Afinal, Taehyung era apenas um nada tentando descobrir o que fazer da vida, e o mais velho? Estava no segundo ano de medicina. Não sabia muito sobre seu hyung, mas pelo que ouvira Namjoon dizer por aí, ele tinha até o próprio apartamento. Apertou a ponte do nariz, suspirando. — Hyung, como você decidiu que queria ser médico?

Seokjin pensou por um minuto. — Como você sabe, eu recebo ajuda financeira dos meus pais...então foi meio que uma das escolhas que eles me propuseram. Mas confesso que passei a gostar de medicina depois de um tempo. — Mordeu os lábios grossos e olhou para cima. — Acho que, com o tempo, você vai encontrar aquilo com que se identifica. É reconfortante saber que poderei salvar vidas, mas é assustador pensar que também posso acabar com elas. — Ele riu sozinho, e voltou seu olhar para o mais novo, afagando-lhe os cabelos com a mão livre. — Sei que pode parecer impossível, mas a resposta nunca vem facilmente, né? 

— ...Mas se você pudesse escolher outra coisa, o que seria?

— Artes cênicas, eu acho. — Sorriu e então seguiu o caminho de volta até a mesa, acompanhado do mais novo.

Artes cênicas? Taehyung observou o mais velho o tempo todo enquanto estavam ali. Nunca imaginara que teatro podia ser do interesse de Seokjin. Por um breve momento, pensou na possibilidade de se tornar um ator. Então rapidamente desviou esse pensamento, ao se lembrar do desastre que fora a peça de escola da sexta série: Taehyung só tinha uma fala e, além de esquecer-se dela, conseguiu realizar a proeza de derrubar uma parte do cenário no meio da peça. Só conseguia se lembrar dos pais chocados na platéia e dos colegas se segurando pra não rir — e lógico, de uma professora desesperada.

— Tae...Tae? — Alheio ao mundo ao redor, murmurou um "hmm" ao ouvir seu nome sendo chamado de um lugar não muito distante, enquanto abocanhava o último pedaço do hambúrguer. Às vezes Taehyung se emergia assim nos próprios pensamentos, e ninguém podia interrompê-lo. Na verdade, era mais como estivesse em um estado vegetativo do que distraído. Era o momento de esvaziar a mente e deixar tudo fluir. — Taehyung!! — Então o rapaz voltou à si com um baque, lançando um olhar de ódio a Namjoon ao sentir os tapas pesados na nuca.

— Mas que merda hyung!

— Você 'tá paralisado aí que nem um louco há uns quinze minutos. Que que foi? Tá pensando no Hoseok de novo?

Taehyung revirou os olhos. Jogou a mochila nos ombros cansados e se levantou com os amigos, ignorando o sentimento de que alguém o observava. 

— E aí. Vamos juntos? Acho que seguimos quase o mesmo caminho. — Yoongi piscou e passou o braço pelos ombros do rapaz de cabelos castanhos, depois de se despedirem de Jin e Namjoon. Tae sorriu fraco, assentindo; algo sobre Yoongi parecia intimidador. — O que te incomoda, caro dongsaeng?

Desgosto. — Por que todo mundo acha que tem algo me incomodando?

— Porque se importam. E porque o Jin é uma matraca, você sabe. — Contemplou os olhos fúnebres do outro e riu consigo mesmo. — Sei que está com problemas com grana, eu entendo. Se pudesse, teria saído daquela espelunca da faculdade há tempos.

— E daí?

— Posso te arrumar alguma coisa provisória, se quiser. 

— Isso é sério?! Hyung! Quando e onde?

— Sábado. Você já foi numa boate, né?

 

 

E é claro que Yoongi ligou e mandou pelo menos duzentas mensagens até conseguir que Hoseok levantasse da cama — onde passava metade dos seus dias — e atendesse o celular. Yoongi não era do tipo festeiro, mas com certeza não recusava uma bebida, principalmente se pudesse levar o melhor amigo para animá-lo um pouco. Já fazia alguns dias que o Jung não saía de casa, só naquela semana, teve duas recaídas. Ainda que passasse o dia preso aos lençóis, tinha certeza de que as bolsas abaixo dos olhos estavam mais fundas e escuras do que nunca.

Alguém do lado de fora do apartamento batia na porta como se estivesse prestes a assaltá-lo. Respirou fundo. Juntou todas as suas forças e se levantou, caminhando até o banheiro. Lavou o rosto e se disse mentalmente um "vamos lá". 

Sabia o que o amigo queria no instante em que abrira a porta e vira seu sorriso largo e sacana, tinha duas garrafas de vodka em mãos. Hoseok tinha um olhar que dizia "de jeito nenhum", que o Min decidiu ignorar, empurrando o outro de leve para entrar na casa.

Colocou as garrafas em cima da bancada — que concidentemente ficava perto da porta de entrada e analisou o Jung de cima abaixo, depois partindo para a sala bagunçada, com as mãos na cintura e uma expressão de pura indignação. — Meu deus, isso porque eu achava que meu dormitório era bagunçado. O Hoseok escandaloso e obcecado por limpeza era chato, mas esse aqui é ainda pior.

— E o Yoongi hyung sempre foi pior. — O Jung sorriu, ao passo que Yoongi caminhou até a sala e se jogou no sofá, já com os pés confortavelmente apoiados em cima da mesinha de centro. 

— Mas sou lindo, então não vejo problema algum. — Deu de ombros. — E aí? Por que ainda não se arrumou? Te avisei que vinha há uma hora e você 'tá assim.

— Hyung, eu não vou. Não é uma boa ideia. Não sei se estou preparado pra ir em lugares cheios assim de novo.

— Mas você não voltou a ir pro colégio?

— Parei de ir logo que comecei. — O moreno se sentou ao lado do amigo.

— Hoseok, já faz um ano. Você não pode ficar encarcerado aqui pra sempre.

— Eu sei, mas...

— Se você não se trocar em cinco minutos, eu vou te beijar.

— O que? Ah, para de brincar, hyung. — Hoseok riu, nervoso. Ainda que Yoongi fosse seu melhor amigo e soubesse que ele estava brincando, não duvidava das palavras dele. Uma vez, no início do ensino médio, raspou as sobrancelhas de um garoto só porque ele havia tentado roubar o dinheiro do almoço enquanto ele dormia na aula de física. 

— Acha que eu 'to brincando? Vem aqui então. — O mais velho colocou os pés sobre o sofá e se inclinou na direção do Jung, se esticando para chegar perto de seu rosto com um biquinho, tendo seu rosto logo empurrado pela mão gelada e ossuda de Hoseok, que saiu correndo logo depois, rindo. — Ya, Jung Hoseok! 

Fingindo estar irritado, pegou a primeira almofada que avistou ali e atirou na direção do mais novo, gritando de frustração ao errar a mira — para depois cair em gargalhadas e se levantar, correndo atrás do outro.

— Eu vou te matar! 

— Ué, achei que você quisesse me beijar! — Ouviu-se um grito abafado do outro lado da porta do quarto. Yoongi tentou abrir a maçaneta da porta, perdendo as forças enquanto suas risadas aumentavam e faziam suas bochechas largas e fofas ficarem doloridas.

 

 

Se Taehyung já havia ido em uma boate? É claro que não. Mas como poderia recusar o emprego? Como Yoongi hyung mesmo havia dito, era um trabalho provisório — e provavelmente só precisaria estar lá de sábado, o que era ótimo. 

Naquela noite, o namorado de Eonjin estava em casa. Taehyung não conseguia decidir se o odiava mais ou menos Dongyul, mas tinha certeza de que não havia nada mais insuportável do que aqueles dois juntos — de alguma forma, sua mãe parecia gostar do rapaz. O pior é que tinha certeza de que a irmã gostava dele, senão já teria terminado e ido atrás de algum homem rico há tempos.

— Onde você vai? — a Sra. Kim perguntou gentilmente quando viu o filho atravessar a sala até a porta, usando um óculos redondo que tinha roubado das coisas de Eonjin — que em sua opinião, combinavam muito mais consigo. Estavam todos sentados no sofá, assistindo à algum programa de entretenimento.

— Você não sabe? Agora o Tae trabalha em uma boate. Aposto que não vai durar nem um mês.

— Uma boate? Ha! Esse moleque não frequenta lugares assim. Ele não é macho o suficiente nem pra conseguir uma namorada. — Dongyul riu, debochado. 

Você também não é mais "macho" por bater na própria mulher, Taehyung retrucou mentalmente e bateu a porta.

Graças à sua mãe, agora tinha uma bicicleta novinha em folha — talvez nem tanto — achada em um ferro velho e não precisaria mais andar por mais de uma hora todos os dias pra chegar em casa. Então lá ia ele pedalando em sua bicicleta azul e velha, um óculos dourado em contraste com o cabelo castanho, as roupas largas, uma mochila nas costas e uma expressão indefinida no rosto.

Sentiu ânsia de vômito apenas ao adentrar o local e sentir o forte cheiro de álcool. Realmente, que ideia brilhante a dele, trabalhar com a coisa que ele mais odiava. 

Com a mão cobrindo a boca — apenas por precaução, afinal, não queria que seu primeiro dia no novo emprego ficasse marcado  —, pediu a ajuda de um funcionário ali para achar o vestiário. O uniforme havia servido direitinho, e achava que com certeza aquilo lhe caía muito bem — como todas as roupas de seu armário. Jogou o cabelo para trás, formando um pequeno topete, e os óculos lhe conferiam um ar muito mais jovial.

Quando Yoongi lhe propôs o emprego, admitia, pensava que o lugar estaria cheio de velhos bêbados e nojentos, mas o lugar na verdade era bem bonito e parecia ser mais um lugar para jovens entre dezoito e trinta anos — mas tinha certeza de que muitos ali eram menores de idade. 

Seguiu até o balcão acompanhado de um garoto mais ou menos de sua idade, brincos enfeitando as orelhas, uma tatuagem no dorso da mão esquerda que se estendia até o final do antebraço e cabelos escuros bagunçados — ele com certeza fazia mais o tipo "boate" do que Taehyung. 

— Vocês dois são os novos funcionários? — Um homem, mais ou menos de uns trinta anos, perguntou enquanto secava alguns copos. Os dois assentiram. O homem então fez um sinal com o polegar para que o outro rapaz entrasse no balcão, e arqueou a sobrancelha enquanto analisava o Kim. — Qual o seu nome? 

— Kim Taehyung. — Observou o rapaz se distanciando por cima do ombro do mais velho, que parecia ser o gerente dali ou coisa do tipo. 

— E você sabe fazer alguma bebida, Kim Taehyung?

— Não...

O homem suspirou.

— Então hoje você vai apenas servir. Mas vai ter que aprender a fazer alguma coisa se quiser continuar aqui, entendido? E você pode me chamar de Han. — Esboçando um sorriso fraco nos lábios secos ao se convencer de que o mais jovem havia entendido, lhe estendeu uma bandeija e se afastou.

E foi ali que o desespero de Taehyung começou. Não sabia exatamente o que fazer, mas o pouco conhecimento que tinha lhe dava a breve sensação de que tinha duas coisas a fazer, esperar até que algum barman lhe desse a missão de entregar bebidas ou recolher os copos jogados por aí. Naquela circunstância, opitou pela segunda opção.

Um globo de espelho iluminava a boate, mais precisamente a área onde algumas pessoas dançavam, pintando as paredes escuras e as peles das pessoas ali com seus raios de cores neon. Ao fundo tocava o instrumental de Skydive do B.A.P, e ainda que as risadas eufóricas e conversas abafassem a música, ainda era possível aproveitá-la.

Pra falar a verdade, até que era um lugar legal, mas Taehyung fazia parte daquele grupo de pessoas que ficava parado até segunda ordem, e não era muito de assistir aquelas pessoas se esfregando e se engolindo. Recolheu alguns copos pelas mesas, sorrindo torto para as pessoas jogadas nos sofás ou mesmo no chão. Até tentara oferecer ajuda, mas as pessoas ali pareciam mais interessadas em beijar o chão. 

Cheirou um copo do que parecia ser uísque, fazendo careta. Quando voltou ao balcão, um dos barmans pediu que levasse mais álcool pras mesas do fundo — aparentemente, lá também se servia alguns petiscos. 

Foi então que avistou, de costas, enquanto servia um grupo de amigos, uma cabeleira de um laranja queimado na outra mesa. Suga hyung!

O sorriso retangular voltou ao seu rosto quando se aproximou do mais velho, que ria sozinho segurando um copo de vidro completamente vazio.

— Hyung!

— Tae! Como vai? Não esperava que você viesse mesmo. — Yoongi sorriu, abobalhado.

— O quê?! Hyung?

— Não esperava que você viesse! Que que você 'tá achando? — O hyung puxou o mais novo pelo colarinho, e Taehyung pensou que fosse desmaiar só de sentir o cheiro de álcool na boca do outro. Mas o hyung parecia mais estar prestes a cair de tanto beber ali do que ele. — Ei, coloca mais aqui. — E com a maior dificuldade do mundo, estendeu a mão para o garçom.

— Ah...legal. — Respondeu, tossindo, e encheu o copo dele. — Você 'tá sozinho? — Ele teve que gritar pelo menos umas três vezes para que Yoongi entendesse.

— Não! Meu amigo 'tá aqui. Aliás, ele vem vindo ali...

O Kim olhou para trás, curioso, arregalando os olhos ao ver um Jung Hoseok completamente sorridente caminhando em sua direção, com os braços balançando ao lado do corpo. Então os três se entreolharam, Taehyung olhou para Hoseok, então para Yoongi, que olhava apaixonado para a garrafa de soju na bandeija que o mais novo dos três segurava, e o sorriso de Hoseok, por um breve momento, falou, antes de voltar a se alargar.

— V-Você é o amigo do Yoongi hyung?!

— Ué, vocês se conhecem? — O Jung perguntou, confuso, se sentando à frente do ruivo. — Quanto tempo, Tae Tae. Esse velho ranzinza aqui estava te incomodando?

— Ah cala essa boc-

Um soluço interrompeu o mais velho, e Taehyung deu uma risadinha envergonhada. Então seu olhar se direcionou de novo para Hoseok. — E aí, você tá trabalhando por aqui agora? 

— É, por enquanto. Suga hyung me arrumou um emprego temporário aqui.

— Cuidado, vai acabar sendo levado para o caminho errado desse jeito. — O Jung estendeu o braço para pegar um petisco de azeitona no prato em cima da mesa, ignorando quando o mais velho rosnou com o seu comentário.

— Er...quando você vai voltar pro colégio?

Nervoso, Taehyung perguntou, e o sorriso nos lábios carnudos do outro imediatamente murchou. Quando ia responder, entretando, uma voz grave gritou o nome do que agora servia as bebidas, arrancando uma careta do mesmo.

— Depois a gente se fala, ok? — Acenou para os dois sentados à mesa, se distanciando aos poucos e procurando pelo dono da voz que lhe chamara no balcão.



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