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História 3 - A Floresta do Medo - Retorno (Último Capítulo)


Escrita por: Samuel_Super_

Capítulo 10 - Retorno (Último Capítulo)


Fanfic / Fanfiction 3 - A Floresta do Medo - Retorno (Último Capítulo)

- Querem mais que isso. – disse Lowes, o produtor. – A BFM France mostrou os dados do programa e A Hora da Emy superou todos os programas bem sucedidos da emissora. – ele sorriu.

Andei até minha filha e a coloquei no colo.

            - Então teremos mais capítulos? – perguntei. – O que iremos falar? Já contei toda a minha história no programa.

Ele me olhou sério.

            - Acho que terá que falar dos famosos agora. – ele opinou. – Fofoca, sabe?

Neguei com a cabeça.

            - Não me prestarei a esse papel. A Hora da Emy será um programa de autoajuda. Quero ajudar as pessoas com tudo que sofrem. – me aproximei de Lowes. – Quero que minha história seja um exemplo de superação.

Lowes ficou indeciso.

            - Não sei Emy. Não acho que a produtora gostará. – ele falou. – Amanhã você assinará um contrato com a BFM.

Então ele saiu. Lisa esperneou no meu colo e eu a beijei na testa.

            - Eu te amo, filha. – disse sincera. – Você ficará sempre comigo, sim?

Lisa assentiu. Ela era uma menina muito esperta para uma criança de cinco anos. A pequenina correu pela casa com um aviãozinho e desapareceu. Nunca ia contar o porquê que ela nasceu, jamais. Mas uma hora ou outra ela ia descobrir. O seu cabelo ruivo não negaria sua origem.

Andei até as prateleiras e me servi de conhaque. Peguei os remédios de cima da estante e tomei. Sempre era a mesma pílula azul que o médico indicara. Essa droga me fazia esquecer o passado, entretanto seu efeito não era mais eficaz em mim.

Dei um giro e olhei a minha casa. Uma mansão linda com revestimento nos melhores produtos e excelentemente decorada por minha amiga, Rose. As cortinas tinha um efeito bonito e estampava uma paisagem das ruas de Paris. Podia ver a Grande Torre se subisse um andar.

Nada daquilo fazia sentido. Antes fugitiva feliz, agora famosa infeliz. O dinheiro e a fama subiram à minha cabeça depois do best-seller que só expôs a minha vida secreta. Algo naquelas paredes... Aquilo era diferente. A tristeza e ignorância ocupavam a minha alma lentamente, assim como a putrefação do meu corpo.

Ah Fran... Você me fazia tão bem. O jeito meigo dele era extremamente irresistível, e sua felicidade me fez uma pessoa nova. Jane era maravilhosa, uma irmã querida. Marjorie... Não gostava de falar dela. Uma garota tão doce que morreu tão gravemente... E até o próprio London que se aproximou aos poucos e me conquistou. Sentia falta de todos.

Doía-me quando me lembrava de que Francis e Jane já não ocupavam mais aquela casinha com a casa tão desarrumada. Sabia que as almas de Marjorie e London estariam vagando sem sentido pela Floresta do Medo. Nenhum deles se lembraria de mim.

A grande ironia era que, eu, a única sobrevivente da Floresta do Medo, estava morta. Não foi ninguém que me matou: fantasma, monstro, espírito, nada. Fui eu própria.

Agora eu perdi o sentido de tudo. Estava jogada na cama pensando em tudo que passei e o que poderia fazer para com isso, quando o telefone tocou.

            - Alô?

            - Lady Emy? – perguntou a voz do outro lado do telefone. – Podemos conversar?

 

            - Então você é o Lucas? O irmão de Bacelar? – perguntei descrente.

O homem tomou da taça. Estávamos num bar, em um bairro de classe média de Paris. Homens brincavam com volume alto por todo o local. Puxei mais ainda o capuz preto.

            - Sim. – ele afirmou. – Na época você não se lembrava de mim. Tinha quatro anos quando Bacelar morreu. Meus pais se suicidaram uma semana depois do fraco aniversário de cinco anos que completei. Então desapareci. Quando vi, eu estava no meio do nada nos arredores de Sopot. Fui criado por uma senhora até meus dezoito. Ela não sabia que eu era, na verdade, nem precisava saber. Então fiz faculdade e estou trabalhando como médico geral no hospital da cidade.

Poxa, pensei. Olhei para o homem. Um cara de cabelos loiros e olhar sensual deveria ser um ator. Eu poderia fazer isso por ele. Lucas merecia. Eu tinha matado (mais ou menos) o irmão dele, então...

            - Você tem quantos anos agora? – perguntei.

            - Vinte e três. – ele respondeu.

Tomei o que restava do copo.

            - Bem, o papo está bom, mas por qual motivo você quis me encontrar? – indaguei.

Ele pôs o copo na mesa e me encarou.

            - Sei que você teve uma parcela de culpa na morte do meu irmão. – revelou. – Contratei um investigador para te procurar quando saí de casa. Não foi difícil te encontrar. Você é uma ótima escritora, sim?

Assenti.

            - Agora que te achei quero resolver tudo. – estremeci. – Você destruiu minha vida.

Não iria sair dali. Não ia dar uma de donzela em perigo. Nunca mais faria isso.

            - Rapazinho, se for pra me matar seja bem esperto. – o fuzilei com o olhar. – Já vi monstros muito piores que você nessa vida. Falei com seu irmão, e nem queira saber como.

Ele abriu a boca. Continuei.

            - Saiba que a fúria de toda a Paris vai para cima de você se ousar fazer algo comigo. – contou. – Então pense duas vezes e resolveremos como adultos. Apesar de não precisar pedir desculpas a você, afinal, fui perdoada pelo próprio Bacelar.

Lucas botou a mão em baixo da mesa. Percebi que ele ia pegar alguma coisa. Segurei na borda da mesa e puxei rapidamente uma faca para baixo da mesa. Quando ele levantou a arma, joguei a mesa em cima dele. O bar todo parou. Senti meu capuz sendo retirado. A fúria da Emillie fugitiva voltou à tona.

Lucas ergueu a arma no chão e atirou. A bala passou longe e atingiu um homem ao meu lado. Chutei sua mão e apertei a faca contra seu pescoço.

            - Eu repito: já enfrentei homens piores que você. – falei. – Destruí muito sua vida, por isso não irei te matar. – me voltei para o bar. – Ignorei a garotinha famosa e chamem a polícia e uma ambulância!

Alguns minutos depois, a polícia chegou e levou Lucas. Um guarda se aproximou de mim.

            - Lady Emy, a senhora está bem? – perguntou o guarda.

            - Sim, estou. Obrigada. – lancei um sorriso forçado.

Ele me analisou.

            - Você foi bastante esperta, provavelmente aprendeu nos anos presa, certo? – não respondi. Ele percebeu que fora arrogante. – Perdoe-me. Só quis falar.

Limpei o rosto.

            - O que quer guarda? – perguntei.

Ele engoliu em seco.

            - O que o bandido quis fazer com você? – disse.

Minha mente voou à mil. Não podia falar a verdade.

            - Ele me chamou para sair e eu disse que sim. – falei. – Não sabia que ia ser num lugar como esse, mas vim mesmo assim. Então ele puxou uma arma e deu no que você viu. – menti.

Ele anotou tudo. Então saiu.

 

Voltei para casa após o carro chegar. Cherry parecia preocupada, mas tinha algo que ela aprendeu em seus anos de trabalho como motorista de celebridades, que não era seguro mexer com a vida pessoal deles. Apesar de eu não ser esse tipo de artista, ela tinha certa hierarquia entre nós.

Cherry me deixou em casa logo que a noite recaiu. Entrei na sala de entrada e vi a casa totalmente vazia. Todas as luzes haviam sido desligadas como sempre. Lisa deveria estar no andar de cima, em seu quarto, provavelmente desenhando. Pus a bolsa na mesa de centro quando o telefone tocou. Caminhei até a cômoda de madeira em frente à piscina.

            - Alô? – saudei.

Uma voz abafada respondeu.

            - Srt. Emy? – perguntou a voz. – Aqui é da BFM.

Suspirei.

            - Olá, é sobre o contrato? Se for quero saber se vou trabalhar num programa de fofocas, porque isso é las...

            - Não senhora. A BFM quer que a Hora da Emy se torne um especial a cada ano. – revelou ele. – No seu contrato está dizendo que se apresentará em homenagem às vítimas a cada do ano. – ele ficou mudo, depois completou – Enfim, será um programa honorário.

Quase deixei o telefone cair. Sofri tanto: escrevi um livro, passei pelo estresse extremo na gravidez e agora meu programa não foi bom o suficiente? Isso só podia ser uma piada.

            - Você só pode estar brincando...

Mas eu sabia que não era isso. Havia um tom de respeito e seriedade em sua voz.

            - Não é brincadeira, Emy. – sua voz ficou séria. – Uma pessoa levará o contrato e esperará assiná-lo amanhã de manhã.

Então ele desligou. De repente a casa escura pareceu cheia de olhadores. Seres que me observavam pelas paredes por anos, agora se mostraram, mas o pior não foi por minha visão... e sim por minha cabeça.

Cambaleei até o sofá e me apoiei no braço dele. Minha cabeça começou a girar, mas me segurei em pé. Não podia me tornar apenas um símbolo de sofrimento, eu tinha o dever de ajudar as pessoas através do que passei.

            - Ou não. – disse uma voz atrás de mim.

Virei-me subitamente. Um homem de cabelos cacheados mal cortado e olhos castanhos me encarava. Um sorriso brotava em seus lábios carnudos e macios, eu sabia disso. Seu olhar esperto me fitava de uma forma familiar. Ele usava uma blusa larga e uma calça de flanela marrom.

            - Francis? – perguntei.

Ele esboçou um sorriso enorme.

            - É a primeira vez que consegui realizar o feitiço para te contatar. Venho buscando isso há anos... – sua expressão entristeceu-se.

Aproximei-me dele.

            - Não pode me tocar... – ele avisou. – Sou apenas uma holografia.

Assenti.

            - Então eu estive errada todos esses anos. – disse. – Você e Jane não morreram...

Ele deu um passo à frente e ficamos cara a cara. Mas ele não estava de corpo ali na sala.

            - Minha vida está sem sentido depois que fui embora. – confessei.

Ele olhou para a casa.

            - Dá para ver! – ironizou. – Você se deu muito bem no fim das contas. Eu e Jane continuamos na pequena casinha.

E estão felizes, pensei. Olhei para o chão.

            - Nada disso faz sentido. Nada disso me trouxe felicidade. – contei. – Tem sido um grito no vazio existir.

Ele me analisou.

            - Você pode voltar. – ele convidou. – Você tem muito dinheiro Emy. Pegue um avião agora e...

Então uma porta se abriu lá em cima. Francis se afastou e esperou alguém descer. Uma silhueta pequenina surgiu na escada.

            - Mamãe? – perguntou Lisa.

            - Oi filha. – falei sorrindo.

Olhei para Francis. Ele olhava calado para Lisa que descia. Segurei ela pela barriga e a abracei. Ela se virou na direção de Francis, mas parecia não vê-lo.

            - Estava falando com quem? – indagou ela de braços cruzados.

Passei a mão por seus cabelos.

            - Com ninguém filha. – sorri. – Que tal pegar um suco de caixinha na cozinha?

Ela me olhou séria.

            - Vou ficar aqui. – Lisa bateu o pé.

Suspirei. Fui até o telefone que estava fora do gancho.

            - Francis? – falei olhando para ele no pé da escada.

            - Ela não me vê, fique tranquila. – disse ele. – Amei seu disfarce.

Sorri. Lisa se sentou no sofá e folheou as páginas do livro.

            - Bem, não sei se isso vai dar Fran. – falei. – Tenho uma filha agora...

Ele se aproximou.

            - Então a leve. – propôs. – Podemos cuidar dela juntos. Eu te amo, Emy. Não quero te perder. Nunca cansei de te procurar.

Apertei o telefone. Uma lágrima escorreu por minha bochecha.

            - Tchau Francis. – despedi-me. – Eu te amo.

Então Francis desapareceu. Olhei para a sala que agora estava ocupada por Lisa. Olhei para minha filha.

            - Lisa – a chamei. – Coloque seu casaco.

Afastei-me enquanto ela puxava seu capote. Então falei para mim mesma.

            - Vamos achar a felicidade numa floresta.

 

Uma hora depois, eu e minha filha estávamos pegando o primeiro voo para Sopot. Iríamos pousar em uma cidade próxima, que tinha aeroporto. Então liguei para uma alugadora de carros e preparei um para quando chegarmos. Coloquei Lisa no colo e puxei nossas malas com a ajuda de um cara lá do aeroporto de Paris.

Entrei na cabine e sentei-me na primeira classe. Algumas pessoas me olhavam espantadas, talvez me reconhecendo. Então relaxei. Eu ia voltar para você Francis. Iria te amar mais uma vez.

Duas horas e meia depois, o avião pousou na Polônia. Nos retiramos lentamente, puxando as enormes malas. Quando entramos no estacionamento frio, um carro parou.

            - Vamos para onde mamãe? – perguntou Lisa. – Estou com frio...

Apertei seu casaco.

            - Vamos morar em outro lugar. – falei. – Você verá sua tia e seu pai... – minha voz falhou.

Ela franziu o cenho.

            - Papai? – perguntou. – Ele voltou de viagem?

Essa era a desculpa. Não podia dizer para Lisa que o pai dela era um alemão pervertido que me estuprou. É muito forte para ela. Então menti, disse que o pai dela ia voltar sempre que perguntava. Acaricie seu rosto e tomei sua mão.

            - Voltou sim. – falei. – Vamos morar com ele, sim?

Ela fez que sim com a cabeça. Era uma boa menina. Entramos no carro e partimos para Sopot... Para minha casa. Apressada, aumentei a velocidade. Eu estava perto de minha felicidade. Vinte minutos depois eu a encontrei.

Parei em frente à velha rua. Ela tinha uns candelabros novos e modernos, uma calçada recém-feita e as casas forma destruídas. Algumas foram reconstruídas pelo governo de quem sobreviveu, e outras n tinham mais proprietários. Inclusive a minha. Não existia a casa em que morei quando criança. Apenas construíram um pátio com brinquedos para crianças.

Caminhei pelas ruas com Lisa. Já eram 22h45 da noite. Tínhamos que nos apressar, por isso caminhamos pelo terreno baldio que permanecera o mesmo.  Andamos bastante até chegarmos ao mesmo lugar que tinha saído da Floresta do Medo.

Era a mesma mata. Nada morrera, apenas ficou com um ar mais maduro: assim como eu, a floresta se inspirou em minha personalidade. Apesar de tudo, era bem caótico seu formato.

            - Filha – chamei-a – Não se afaste de mim. Essa floresta é perigosa, então sempre segure a minha mão.

Ela me olhou sem entender. Peguei-a no colo e tapei seus olhos. Suspirei.

            - Olha eu de novo? – falei para a floresta. – Desta vez você não vai tentar me matar.

Então entrei na Floresta do Medo. 


Notas Finais


Ai gente, mais uma fanfic terminada. Essa, assim como as outras duas, tem uma história inusitada e sentimental. Espero que tenham gostado, e saibam q a próxima fanfic será a ultima (pelo menos nessa temporada) e, assim como as anteriores, terão os cross-overs com personagens e histórias dentro dessa. Amo vcs, bjs <3


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