1. Spirit Fanfics >
  2. 3 - A Floresta do Medo >
  3. Halloween - Parte 1

História 3 - A Floresta do Medo - Halloween - Parte 1


Escrita por: Samuel_Super_

Capítulo 7 - Halloween - Parte 1


Fanfic / Fanfiction 3 - A Floresta do Medo - Halloween - Parte 1

O Halloween começou bem calmo.

Acordei logo pela manhã após Francis me assustar. Ele estava coberto de lama e folhas quando soltou um grito estranho no meio da casa. Levantei de supetão e corri para ver o que era. A tábua estava deitada no chão da casa com um brilho estranho, mas logo que Francis ficou indignado com sua eficiência, ela parou de brilhar.

            - O que é isso, gente? – perguntei. – Vocês me assustaram, especialmente Francis.

Jane sorriu.

            - Desculpe-me Jane... Só estava ajudando ele aqui – ela falou divertidamente.

Olhei todo o local. O sofá estava preso em frente à porta, junto com a geladeira, além disso, os móveis de madeira foram destruídos e pregados nas janelas da casa. Havia a ausência de luz solar, por isso a lareira estava acesa e velas brilhavam por toda a casa. 

No centro, Francis estava de joelhos por cima da tábua na marcação de um círculo. Desenhos de mortes e flores negras cobriam toda a madeira, deixando-a num aspecto assustador. Ao lado de Fran, potes colossais com ingredientes estranhos foram colocados em devidas marcações. Mas por sua expressão, algo dera errado.

            - Não está funcionando. – disse ele coberto de folhas e lama. – Há horas estamos tentando isso, entretanto nada acontece...

            - De vez em quando uma luz brilha, mas depois para. – completou Jane bocejando.

Olhei para a tábua.

            - Você já tentou ver algo disso no livro? – perguntei.

Francis se levantou.

            - Reli as páginas umas dez vezes. Nossa sorte é que os espíritos não se rebelaram ainda. – disse ele.

Caminhei até uma das janelas e olhei pelas frestas. Realmente algo estava diferente. Pensávamos que, assim que começasse o Halloween, estariam milhares de fantasmas na porta de casa.

            - Independente de qualquer coisa, temos que adiantar isso e ficarmos preparados. – avisei. – A Floresta do Medo ataca de repente.

Estávamos aflitos, eu sabia. Era fato que não resistiríamos de algo acontecesse sem sabermos, e quase sempre ocorria dessa forma. Aliás, não sairíamos de casa de jeito nenhum, afinal, o perigo começara a partir daquela manhã. O simples ato de mau funcionamento da magia era interferência do Halloween, com certeza. Tudo dava errado naquele dia.

Entrei na cozinha e preparei o café da manhã. Peguei as romãs e fiz o café instantâneo que não sabia como tinha ali. Enquanto isso, Jane e Francis continuavam tentando, mas reparei que o tempo passava rápido demais. Logo chegaria a tarde e o tempo estaria se acabando.

Coloquei os pratos no chão perto deles e me sentei numa cadeira que eles tinham deixado. Naquela posição, – olhando para Jane e Francis fazendo o que precisavam para sobreviver – lembrei-me de uma façanha do passado. Mesmo com a dor percorrendo minha vida ao lembrar isso, eu continuava a reviver a cena.

Sopot 1930

Meus pais, por serem bem conhecidos no bairro, faziam festas mensais para os nossos vizinhos. Talvez como um ato de amor para com eles, ou só para dar uma de bonzinhos em pedido a não jogarem bolas no gramado de casa. Enfim, sempre que isso acontecia, a casa ficava uma bagunça, e, tirando a empregada, nós limpávamos a casa quando ninguém nos via. No caso eu e Marjorie.

Mas em setembro de 1930 tudo foi diferente. As pessoas eram mais tristes. Não havia mais nenhuma emoção em fazer essas comemorações, apesar deles insistirem em dizer para nós que tudo estava bem. Contudo, sabíamos que nada era bom naquele momento. Nós Poloneses, sempre fomos caridosos com outras nações, então sofríamos junto com a Alemanha que passava por uma grande crise desde a última Grande Guerra.

No fim, seriam esses nossos vizinhos que forjariam nossa morte. Assim como sepultariam minha felicidade. De qualquer forma, eu e Marjorie sempre corríamos com sorrisos no rosto, provavelmente com a intenção de alegrar a todos. O que das crianças não fazem com uma risada?

No meio da festa, eu me sentei no tapete da sala. Tinha uns sete anos talvez, mas mesmo assim eu me lembro. Fiquei analisando aqueles adultos conversando com suas taças de conhaque na mão para lá e para cá. Pensei que se eu fosse adulta, poderia fazer muitas coisas que eram privadas a mim, por conta de minha idade.

Então ao meu lado surgiu um menino. Talvez com seus dez anos de idade. Ele segurou na minha mão e me olhou. Vestia-se com um suspensório marrom e um chapéu antigo. Seu rosto era limpo, assim como sua aura.

            - Oi – saudei. – Quem é você?

Ele sorriu.

            - Chamo-me Bacelar. – respondeu o menino.

Apertei a mão daquele garoto.

            - Sou Emillie. – apresentei-me. – Bem...

De repente Bacelar segurou meu pulso e se levantou.

            - Tenho que mostrar uma coisa para você – disse ele, interrompendo-me.

Levantei e quase bati no jarro em cima da mesa de centro.

            - Aonde vai me levar?

Mas a euforia foi tão grande que apenas o segui.

 

Rapidamente atravessamos a pista sem ninguém nos ver e entramos num terreno baldio. Quando chegamos a uma cerca, Bacelar me soltou e atravessou-a.

            - Vem? – chamou ele me dando a mão.

Hesitei, contudo segurei seu braço e me desviei da cerca.

Caminhamos por cerca de cinco minutos, até que paramos no meio do nada. As casas da rua agora eram distantes, e o que eu via seria apenas uma pequena floresta. Surpreendentemente, a floresta parecia ter sido cortada em linha reta, por isso o terreno era perfeitamente delimitado. Bacelar me olhou e segurou minha mão.

            - Feche os olhos e dê um passo para o lado. – falou ele.

Mesmo não conhecendo aquele garoto, eu o obedeci. Fiz o que ele pediu depois abri os olhos e olhei para o chão. Um esqueleto de um homem estava deitado em posição fetal. As roupas estavam rasgadas. Apesar da aparição estranha, eu apenas me afastei com horror.

            - Nossa, quem é ele? – perguntei. 

Bacelar olhou novamente para o cadáver, depois negou com a cabeça.

            - Não sei. Encontrei ontem e tive vontade de contar para alguém. – disse.

Olhei para a direção onde seria minha casa. Naquele tempo eu não sabia de nada, mas sempre recebia instruções de nunca de afastar de casa. Depois daquele dia, jamais me distanciei do lar.

            - Seria certo chamar a polícia? – perguntei.

Bacelar se calou e depois se virou para a floresta.

            - Sempre tive vontade de entrar nessa floresta... – disse o garoto. Então me reparou. – Você entraria comigo? – indagou ele, se aproximando.

Olhei para a floresta.

            - Eu... eu não posso... – respondi. Voltei meu olhar para a direção de casa. – É melhor voltarmos, não Bacelar?

Ele me encarou. Depois pareceu que ficou bem aborrecido, então, sem dizer nada, entrou na floresta.

Dias depois, as pessoas falaram que um corpo de um menino chamado Bacelar foi encontrado na Floresta do Medo, como todos a chamavam. A família ficou em remorso, até hoje não sei o que aconteceu. Apenas soube que seus pais se enforcaram em casa, e o irmão de Bacelar sumiu da cidade.

 

Levantei do chão após ter tomado o café e me apoiei no parapeito da janela. Pela fresta pude ver uma figura inusitada sentada na mesa de piquenique. Um garoto com roupas esfarrapadas e sujas estava olhando para a casa. Um olhar triste percorria não só seu corpo, mas também a minha alma. 

Você poderia ter evitado isso, Emillie, ouvi sua voz escoar minha mente. Desculpa, pensei. Por um momento, senti o seu olhar puro de novo, me encarando como antes. Realmente eu poderia ter puxado ele de volta, ou se tivesse entrado ao seu lado, nada disso teria acontecido.

Pensei nos corpos dos pais de Bacelar presos no teto e tocando o chão bem leves. O desespero que seu irmão tivera ao ver aquela cena, e o choque que ele tomou ao ver que já estava sem sua família. Tudo por minha causa, tudo por meu medo. 

Eles estão vindo, Emillie. Ouvi Bacelar dizer. Então a figura do menino se levantou e se prestou de frente para a casa. Apenas me liberte no fim de tudo. Se lembre de mim na hora de voltar.

Então seu fantasma desapareceu. Não entendi o que ele tinha dito, mas uma aparição como aquela custaria muito tempo para sair de minha cabeça.

 

            - Não sei se vai dar certo. – assumiu Francis.

Eu e Jane nos levantamos.

            - E agora, gente? Vamos ficar presos aqui, esperando para morrer. – me desesperei.

Jane pegou o livro e leu o trecho.

            - Talvez não seja o feitiço. – ela falou.

Jane sempre tinha as melhores ideias. Aquela adolescente era muito criativa, Jesus.

            - O que você quer dizer Jane? – perguntou Francis.

Ela largou o livro e se apoiou na mesa.

            - Talvez seja quem está praticando. – ela respondeu. – Isso é um livro de bruxas. Todos os feitiços foram feitos por bruxas, certo? – assentimos. – Então só uma bruxa pode praticar, não?

Fazia até sentido. O livro só obedecia a uma bruxa.

            - Entretanto não temos nenhuma bruxa na manga. – eu falei. – Aquelas bruxas não vão voltar.

Eles me encararam.

            - Negativo. – negou Jane. – Você tem o sangue de bruxas. Três delas na verdade.

Afastei-me deles.

            - Você está dizendo que eu vou me meter com bruxaria? – perguntei. – Tá marrado, gente. Sou muita coisa, mas não bruxa.

Francis se pôs de pé.

            - Emy, só você pode fazer isso. – ele falou.

Quase o senti falando: concerte as coisas dessa vez.

Suspirei. Então peguei o livro.

            - Me ensine essas palavras. Rápido! – falei.

Era final da tarde. Só podia ser naquele dia, e nosso tempo estava acabando. Provavelmente o terror começaria dali a duas horas, à noite.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...