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  3. Halloween - Parte 2

História 3 - A Floresta do Medo - Halloween - Parte 2


Escrita por: Samuel_Super_

Capítulo 8 - Halloween - Parte 2


Fanfic / Fanfiction 3 - A Floresta do Medo - Halloween - Parte 2

Peguei-me numa cena constrangedora.

No centro da sala, a luz do luar não afetava na iluminação. A noite chegara, e com ela veio as cigarras e as corujas. Pela primeira vez desde que cheguei ali, a floresta pareceu ter vida, realmente. Mas enfim: decoraram-me com um amuleto que Francis fizera, pintaram meu rosto com pó branco e me puseram numa cadeira em cima da tábua. Acenderam novamente algumas velas que tinham apagado e reforçaram as portas e janelas.

            - Precisamos ir logo. – aconselhou Jane. – A noite chegou.

Francis fez um sinal para eu começar. Molhei os dedos indicadores no mexido que Fran tinha feito e comecei a desenhar pessoas palito na madeira. Concentrei o máximo possível da minha energia e levantei as mãos. O ar agora tinha cheiro de madeira corroída. Então comecei a entoar os trechos que me ensinaram.

Ouvi um movimento atrás de mim. Era Jane. Ela parecia ter corrido até uma janela e sua respiração ficou mais ofegante. Algo estava dando errado. Ignorei os cochichos e continuei.

De repente, fagulhas começaram a soltar da tábua. Um som gutural escapuliu do um buraco ao meu lado. Quando abri os olhos, quatro buracos tinham se formado ao meu redor.

            - O que é isso? – perguntei para Francis me levantando.

Ele olhou para a cena de horror.

            - Você derramou o sangue? – perguntou ele. Vendo minha expressão, ele correu para Jane.

Então entendi o que estava acontecendo. Os fantasmas lá fora começaram a atacar. Enquanto os buracos se moviam, olhei pela fresta da janela e vi milhares de mortos-vivos se aproximando da casa. A Floresta do Medo de defendia: buracos na terra surgiam de repente, mas nada os seguravam. Porretes e armas se aproximavam.

            - Que merda é essa? – gritou Jane segurando a porta com Francis. – Abra esse portal, merda!

Olhei para a tábua. Nossa salvação estava ali. Até que um punhal passou a parede de madeira da casa e quase me acertou.

Peguei uma faca da cozinha e entoei outro texto. Fiz um corte horizontal no meu antebraço e derramei o sangue na tábua. Automaticamente ele se dissolveu para os quatro buracos. Enrolei uma camisa na área do corte e olhei ao meu redor. Nada havia acontecido.

            - Vamos morrer! – gritou Francis. – Emillie tente usar mais energi...

Então a porta foi arrombada. Rapidamente três seres estranhos invadiram a casa. Peguei Francis e Jane e os arrastei antes que outros mais os matassem. Francis furou um deles com um cabo de vassoura, enquanto eu decepei outro com a faca. Jane empurrou o que restava para fora e ele se dissolveu.

            - Cadê o portal Emy? – perguntou Jane desesperada.

Não deu tempo de responder, pois uma coisa inusitada aconteceu. Cerca de dez fantasmas da floresta surgiram dos quatro buracos e pararam de frente à mim.

            - O que devemos fazer senhora? – perguntaram em uníssono.

Olhei para Francis espantada. Entendi o feitiço: apesar de tê-lo usado errado, ganhei um pequeno exército para ganhar tempo.

            - Hum... Defenda-nos, acho. – ordenei.

Suas expressões se mantêm neutras. Então eles andaram até a frente da casa e sumiram.

            - Será que eles vão ganhar tempo? – perguntou Jane.

Francis pegou o cabo de vassoura. Então ele me beijou.

            - Abra esse portal, se não já estamos mortos. – pegou Jane e desapareceram no vazio da luta lá fora.

Vi-me sem ninguém dentro daquela casa. Então lá estava eu sozinha novamente, com uma ação para fazer e sem nada em mente. Tudo estava em minhas mãos, de novo. E eu não gostava disso.

            - Quer ajuda? – perguntou uma voz ao meu lado.

Olhei para quem falava. Um garoto com expressões sofridas e um corte no peito me olhava. Era Bacelar. Um tremor percorreu meu corpo.

            - Bacelar... – falei, mas a voz falhou.

Ele tocou minha mão amorosamente.

            - Esqueça o que aconteceu. – ele falou. – Posso te ajudar a sair daqui agora?

Assenti com lágrimas escorrendo. Então ele começou a limpar a tábua rapidamente. Peguei o liquido preto da mesa e desenhei os símbolos certos.

            - Desculpe-me Bacelar... – falei. – Eu poderia ter evitado isso.

Ele maneou a cabeça.

            - Esqueça. Concerte agora o que você fez de errado, talvez nunca mais tenha tempo para isso. – respondeu o pequenino. – O que aconteceu com meus pais depois? Eles ficaram bem?

Mais lágrimas desceram. Então parei o que estava fazendo e me deitei no chão. O fantasma apenas me olhou.

            - Um mês depois que você morreu, seus pais se mataram em casa. – disse. – Seu irmão desapareceu depois disso. – contei. – Desculpe-me Bacelar. Se eu tivesse ido contigo, talvez nada disso tivesse acontecido.

Bacelar sorriu.

            - Continue. – ele falou. – Se você conseguir sair daqui pode envelhecer e morrer. Só assim poderei encontrar meus pais novamente.

Era meio indelicado da parte dele. Entretanto ele tinha todo o direito de falar aquilo. Por isso apenas continuei o que tinha de fazer. Era meu dever libertar, mesmo que lentamente, aquele menino. Esse era meu dever.

Então ouvi um baque surdo na varanda da casa. Olhei para trás e vi uma batalha sendo travada: quarenta fantasmas e dois mortais lutavam contra um bando de fantasmas do mal. Francis e Jane formaram um arco protetor na frente da casa, mas eles estavam recuando. Quantas mortes haviam tido naquela floresta? Misericórdia.

            - Preciso ajudar meus amigos, Bacelar. – falei. – Tem como terminar isso sozinho?

Ele afirmou. Então peguei a faca da cozinha e corri para fora.

 

Finquei a lâmina nos fantasmas próximos. Esquivei-me de um outro e me esbarrei em Francis. Ele me segurou antes de cair.

            - Emy, volte pra casa! – ordenou ele.

Soltei-me dele.

            - Eu quero ajudar!

Então vi uma pedra se aproximando. Fui acertada em cheio e tombei no chão. O cenário ao meu redor estava confuso e fissurado. Percebi que Francis tinha me tomado no colo e se afastado de todos. Então apaguei.

 

Quando abri os olhos os sons ainda estavam ocorrendo. Limpei o rosto enquanto uma mãozinha me chacoalhava.

            - Emy, vocês não têm tempo! – gritou Bacelar. – Eles estão vencendo.

Levantei cambaleante. Olhei para os lados e quase que tombei novamente, mas o fantasma de Bacelar me segurou.

            - Precisa fazer esse feitiço agora!

Ele me acompanhou até o centro da tábua que estava pronta. Em meio aos pontos negros entoei os cânticos do livro. Nada aconteceu.

            - Algo está errado. – falei para Bacelar. – Não dará tempo, Bacelar.

Ele olhou para fora.

            - Então você me decepcionou. Como sempre. – ele falou e correu para fora.

Pronto, eu estava morta. Era questão de tempo até que Francis entrasse junto com Jane e fossem mortos. Um pedaço do teto tinha se quebrado. A noite era longa. Olhei para o relógio e vi que estávamos sem tempo. Eram 11h45 da noite. Arrastei-me até a porta da casa.

            - Francis! Jane! – chamei.

Então os meus amigos vieram ao meu socorro. Os monstros começaram a avançar sobre as escadas da varanda.

            - Não deu. Desculpa! Desculpa! – falei em meio às lágrimas.

Jane bateu o pé.

            - Eu não vou morrer aqui! Sou muito nova para isso! – ela disse aborrecida. – Que se dane formalidade. Não sou bruxa, mas vou abrir essa merda desse portal!

Ela entrou na casa e rapidamente começou a ler bem erroneamente em latim o livro.

Francis se sentou comigo e me acalentou.

            - Vai ficar tudo bem, Emy... – mas não ia ficar.

Ele fechou a porta quando um ser pulou para dentro. Ele foi pulverizado, mas não resistiríamos mais. Olhei para Francis. Seu rosto estava sujo de lama e folhas, além de ter sido cortado na maçã direita do rosto. Mesmo assim ele estava lindo, era um dos motivos de eu amá-lo. Não queria morrer sem ele, nem sem Jane que foi minha primeira melhor amiga.

Uma mulher de vinte anos que tivera uma vida conturbada. Boa biografia.

Então algo estranho aconteceu. Jane agora estava de pé em frente a nós. Uma áurea rosa a cobria. Sua expressão era terna. Pensei que estávamos mortos. Mas então ela disse:

            - Vamos sair desse inferno. – ela me puxou junto com Francis e corremos até a tábua que agora era um buraco silencioso.

Enquanto isso, vi uma serra elétrica nos acompanhando. Mas ela desapareceu quanto fomos sugados pelo vazio. O Halloween havia passado. 



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