História 30 Seconds to Love You - Eu também te amo

​Capítulo 37 - Eu também te amo

Lá estava eu, encarando os dois aos risos.

Estava quase terminando de organizar algumas coisas pendentes, e pedira para que Jared viesse me buscar no escritório. Quando chegou, encontrou com Megan e os dois estavam conversando até aquele momento. Me impressionava como eles tinham assunto sem quase nunca terem se visto, ou era o que eu pensava. O que mais me incomodou foram as jogadas de cabelo que Megan dava, disfarçadamente, apenas para se exibir,como um pavão.

Eu gostava de Megan, realmente, mas percebi que ela andava muito interessada em meu marido. Interessada demais. Eu nunca fui de ter ciúmes de Jared, até porque ele é um rockstar, ator, diretor, e a porra toda ! E sempre foi desejado por todos, e eu encarava aquilo como algo natural. Até mesmo minhas tias e avós eram interessadas por ele, o que era bem estranho apenas ao passar pela minha cabeça. Mas, por algum motivo idiota, eu sentia um incômodo enorme ao vê-lo conversar com Megan. Não poderia deixar aquilo claro, ele era meu marido, e eu tinha que mostrar a quem ele pertencia.

Após colocar delicadamente ( lê-se violentamente) os últimos papéis em uma grande pilha de documentos, levantei-me da cadeira. Peguei minha bolsa, e caminhando a passos largos, fui até os dois. Jared rapidamente percebeu minha aproximação e desencostou-se da mesa em que antes estava debruçado. Pude perceber a expressão de incômodo de Megan, e bem, eu não me importei, aliás, eu adorei. Talvez estivesse descobrindo quão malvada eu podia ser, e a sensação era maravilhosa.

- Vamos, Jay ? -​ Ok, minha tentativa de fazer uma voz sexy falhou terrivelmente. Mas pelo menos pude ver que Megan havia entendido o que eu queria dizer nas entrelinhas.

Jared e eu fomos caminhando lado a lado até sairmos do prédio. Durante todo o caminho de volta para casa, eu não estava tão animada para conversar, para ser sincera não estava me sentindo muito bem. Estava cansada, com uma dor de cabeça terrível,e com um nó na garganta, como enjoo. Apenas queria chegar em casa,  me jogar na adormecer por seis meses. Naquelas últimas semanas estava me sentindo muito mais cansada do que o normal, não sabia se era pelo trabalho excessivo que estava tendo, ou por algum outro motivo. Apenas sabia que aquilo não era normal.

Assim que Jared parou o carro, sai o mais rápido que consegui, e percebendo que a porta de casa estava aberta. Fui até o armário que ficava perto da cozinha e de lá peguei dois analgésicos, engolindo-os rapidamente com um copo d'água. Parei para respirar fundo, e retomar o fôlego que me faltava. Estava virada de costas para a porta, e tinha as mãos na pia, me apoiando.

- Mag, está tudo bem ? - Ouço Jared perguntar preocupado, logo atrás de mim.

Virei-me com a mão na cabeça, pelo fato dela estar latejando.

- Não, eu estou bem. Não se preocupe. - Falei apertando os olhos, mesmo tentando parecer normal. - Só preciso descansar, você vem comigo ?

Jared observou-me por alguns segundos, como se checasse se estava tudo bem, como eu dizia. Sorriu levemente, e me pegou pela mão, me conduzindo até o quarto.

***

Jared

Acordei abrindo os olhos no primeiro momento. Olhei para o relógio, que marcava 6:00 da manhã. Estiquei os braços, já esperando falar bom dia para Margot, e pronto para checar se sua dor de cabeça havia passado. Mas não havia achado ela, seu lugar estava vazio, sua parte do cobertor estava longe e os lençóis bagunçados. Margot havia se remexido demais essa noite. Eu sabia que ela não estava realmente bem. Após ir ao banheiro, resolvi descer, já esperando encontrar ela.

A casa estava silenciosa, talvez silenciosa demais. Mas ouvia uma voz, embargada, e como se estivesse chorando. Era a voz de Margot. Ao chegar no último degrau, consigo vê-la sentada no sofá da sala, e por estar de lado, não conseguia notar minha presença. Tinha o telefone no ouvido, e parecia conversar com alguém.

- ​Oi, mãe... - Margot soluçou ao telefone, foi algo de cortar o coração.

Logo ela desistiu, colocou o telefone firmemente de volta e cobriu o rosto com as mãos. Ela chorou alto, e pude perceber que ela tentava se controlar para que não chorasse mais. Respirou fundo e voltou a discar o número no telefone. Esperou alguns segundos, antes de voltar a falar, dessa vez mais calma.

- Oi, mãe... Feliz aniversário... Estou com saudades. - A medida que pronunciava as frases, mais sua voz ficava embargada.

Eu tinha que falar, fazer, algo.

- Margot... - Chamei por ela.

A loira se virou, com os olhos avermelhados, e com lágrimas ainda escorrendo pelos olhos. Limpou-as rapidamente, como se eu não pudesse vê-las. Fungou várias vezes, terminando de se acabar. Em questão de segundos.

- Jared, me desculpe, eu ... - Ela andou até mim, até que estivesse a minha frente.

- Para - Sussurrei, terminando de secar seu rosto. Margot pareceu não entender, e franziu o cenho levemente. - Pare de se desculpar, não há nada de errado em chorar, eu sei o quanto você sofre com isso, e não precisa esconder isso de mim. Na alegria e na tristeza, lembra ?

Eu sempre tinha a mania de insistir em relembra-la sobre os votos que fizemos um para o outro.

- Por que você e tão bom comigo ? - Sussurrou.

- Porque eu te amo.

Haviam se passado algumas horas, e o horário do almoço já estava chegando. Esqueci de avisar para Margot que minha mãe iria vir almoçar em nossa casa aquele dia, e bem já era tarde demais. Ouvimos a campainha tocar e Margot correu para atender.

- Constance ? Shannon ? - Margot parecia extremamente surpresa

Os dois vibraram na porta, abrindo os braços para atacarem minha mulher com abraços fortes e sufocantes. Caminhei até a entrada de casa, para que pudesse os cumprimentar também. Era evidente que Margot estava surpresa, não que havia achado ruim a visita, mas ela apenas não esperava por aquilo.

- Oi, mãe. - Me aproximei de minha mãe, lhe depositando um beijo na lateral da cabeça, sobre seus cabelos grisalhos longos.

- Oi, filho, tudo bem com você dois ? Trouxe uma sobremesa. - Entregou-me uma travessa com o que parecia ser um mousse, ou algo do tipo.

- Sempre sendo fofa, não é, Sra. Constance ? - Brinquei com ela, que foi até a cozinha, acompanhada de Margot. Cumprimentei Shannon com um abraço apertado, para matar a pequena saudade que sentia, mesmo que havíamos acabado de nos ver, no final de semana passado.

Sentamos a mesa, enquanto Margot colocava a comida sobre a mesma, nos impressionando com o cheiro delicioso. Enquanto comíamos, minha logo começou com as curiosidades.

- Então, Mag, como anda vindo ? Jared anda dando muito trabalho ? - Minha mãe brinca.

- Não, com certeza não, seu filho é bem produtivo, e me ajuda em tudo. - Respondeu com um sorriso, me olhando, enquanto falava.

- Pois muito bem ! Não criei meus filhos para que façam mulheres de verdadeiras escravas, eles tem de dar o valor merecido a elas. - Fitou eu e meu irmão, que nos entreolhamos logo depois em uma cena cômica.

- Anda tendo muito trabalho ? - Completou

- Sim, estou tendo muitos convites para filmes, além de estar produzindo mais alguns outros. Realmente é algo bem corrido e cansativo, mas tenho Megan para me ajudar.

- Megan ?

- Ah, desculpe, Megan é minha secretária. - Margot comeu mais um garfo do arroz integral que preparara.

- Megan Hastings, mãe... - Acrescentei, com a voz baixa, e voltando a atenção para o prato a minha frente.

- Megan Hastings ? Que maravilha, há anos que não vejo ela, espero que esteja bem. - A frase de minha mãe fez Margot olhar-me espantada, com um olhar fuzilante, que chegava a queimar. - Mas, voltando ao assunto de trabalho, espero que deem um jeito nisso, pois quero muitos netos para cuidar. Já que o inútil do seu cunhado não faz nada.

- Ei ! - Shannon protestou de boca cheia

Margot riu alto, e bem, eu tossi de nervosismo, bebendo um gole de suco. Filhos era um assunto que eu e Margot evitávamos, não propositalmente, era algo que nunca havíamos falado sobre. Mas minha sempre arranja assuntos constrangedores para se falar em família.

Durante a tarde toda rimos muito, conversamos muito e comemos muito. Percebi que Margot também havia devorado metade da travessa de sobremesa, sozinha ! O que me espantou. Minha mãe e Shannon foram embora quando já havia escurecido. Eu e Margot terminados de arrumar as coisas na cozinha, e logo subimos para o quarto.

Margot havia tirado a roupa a minha frente, como se nem ligasse para minha presença, mas é claro que aquilo não era incomodo para mim, de maneira nenhuma. Substituiu a camiseta branca e a calça jeans por uma camisola fina, quase transparente, de cor preta. Deitou ao meu lado, e permanecemos olhando para o teto, enquanto escutávamos o barulho de nossas respirações. Até que Margot resolveu quebrar o silêncio, de uma maneira direta e brusca.

- Jared, de onde sua mãe conhece a Megan ? - Virou-se para mim, e pude ver seus olhos, que demonstravam quase perfeitamente como estava irritada.

- Bem... Eu não sei... - Não sabia o que responder, obviamente, como explicaria aquilo para Margot ?

- Jared Joshep Leto, é melhor você me responder antes que eu ... - Ela nem precisou terminar a frase para que pudesse imaginar o que ela faria.

Não tive outro jeito, a não ser ceder a suas ameaças.

- Bem, a mãe de Megan era amiga de minha mãe, e nós dois éramos amigos de longa data, só isso. - Respondi brevemente.

Antes que ela pudesse pensar em dizer algo, a abracei fortemente, enterrando sua cabeça em meu peito, impedindo que falasse. Ouvia seus murmúrios, que deveria ser xingamentos, ou algum tipo de macumba. Quando finalmente decidiu desistir de libertar, suspirou, e ouvi-a dizer:

- Idiota

- Eu também te amo.