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História 366 Dias - (A)mar.


Escrita por: miukie

Notas do Autor


HEY

QUEM TÁ ARRASADA COM WINGS LEVANTA A MÃO
Eu tô, e muito. Gente, esse álbum tá maravilhoso, e o forrózinho Blood Sweat & Tears melhor ainda.

Voltando à 366 dias...

Esse capítulo ficou meio sentimental, e eu particularmente gostei bastante, então espero que gostem também <3 Recomendo ouvir a playlist da fic enquanto leem, pra dar uma sensação melhor, o link estará nas notas finais.

E OBRIGADA PELOS FAVORITOS SUAS LINDAS E LINDOS!

Boa leitura :3

Capítulo 12 - (A)mar.


Fanfic / Fanfiction 366 Dias - (A)mar.

Capítulo Onze – (A)mar. 

Eu, Namjoon e Hoseok estávamos reunidos na casa de Taehyung, nós três esparramados em sua sala, comendo os cookies que a mãe dele havia feito para nós, como nos tempos do ensino médio, depois dos mesmos terem me acusado de está-los negligenciando. Típico drama que eles faziam quando eu ficava dois dias sem ligar ou mandar mensagens.

— Como vai sua vida de quase-hippie, Jiminie? – Namjoon deu uma mordida em seu cookie.

— Quase-hippie? – Taehyung perguntou, sem tirar os olhos do celular, onde ele digitava afoitamente. Devia estar conversando com alguém bem interessante, mas não perguntei quem.

— É, ué. O Jimin agora está em busca de seu propósito da vida. – o outro retrucou e eu revirei os olhos, rindo.

— Claro, claro – cruzei os braços atrás da cabeça — Daqui a uma semana irei partir em uma jornada como um verdadeiro hippie. Só eu, uma kombi velha toda pichada e as estrelas.

Hoseok riu e completou:

— E seu fiel escudeiro, Jeon JungKook.

Um formigamento subiu pelos meus músculos. Era estranho como só a menção do nome do garoto me despertava coisas estranhas, e sua imagem passando pela minha mente me fazia sorrir pequeno. Desde que ele se declarou, venho me sentindo assim. Tendo arrepios involuntários quando ele esbarra seu joelho ao meu ou até mesmo ao roçar sua mão a minha sem querer quando vamos dividir a pipoca no cinema.

Algumas vezes eu até sentia o coração bater rápido pela sua proximidade, mas fiquei bem aliviado quando Tae disse que era só taquicardia e então voltou a teclar com algum amigo virtual novo – ou paquera, quem sabe – fazendo aquele maldito tec tec do teclado do iPhone.

Pude reparar que Hoseok encarava o menor algumas vezes, dando umas secadas nada disfarçadas, e visivelmente enciumado por estar sendo trocado.

Eles tentavam inutilmente esconder que tinham um rolo, mas todos sabíamos, e também sabíamos que não passava disso. Afinal, desde que entramos na faculdade, nenhum dos meus amigos sossegaram o rabo para ficar com apenas uma pessoa, eu fui o único que entrou em um relacionamento sério. O que foi um evidente erro. Eu deveria ter feito como eles, assim nunca teria levado um par de chifres.

Claro que a notícia que Hoseok e Taehyung davam uns beijos chocou um pouco eu e Namjoon, mas não foi por eles terem se assumido gays, mas sim porque eles meio que se odiavam no começo e viviam provocando um ao outro.

Ainda assim, a batalha silenciosa continuava, e meu amigo apenas fuzilava o outro com o olhar enquanto ele trocava mensagens inocentemente – ou não – com alguém misterioso.

E eu apenas observei de boca fechada como gostava de fazer. Eu tinha essa necessidade de observar o mundo ao meu redor enquanto tentava contar cada batida do ritmo descompassado que meu coração seguia. Esse momento em si, de calma e tranquilidade, em que eu vejo rostos familiares e me sinto acolhido é, de fato, muito importante para mim. E ainda, por mais que pareça sem sentido, eu me sentia como um figurante, quando na verdade eu deveria ser o protagonista da minha própria história. Eu não gosto de me lembrar do eu de alguns meses atrás, aquele que chorava todos os dias trancado num quarto por sentir falta dos pais – mesmo que essa reação seja meio adequada perante a situação – mas eu percebi que me tornei bem mais observador depois do ocorrido. Eu mudei, sei disso, afinal não vejo mais graça nas coisas tão fúteis e vazias de antes, como festas, bebida e um namoro desgastado. Essas coisas, que eu considerava de extrema importância na minha vida social, se tornaram desprezíveis, e eu me pego pensando no que realmente é importante, chegando a conclusão de que a única coisa importante agora é a minha felicidade, e não a dos outros.

Afinal, ainda tenho 183 dias restantes.

. . .

Estava trovejando novamente, e dessa vez era muito forte, a ponto de eu ter que me esconder dentro do closet e ficar encolhido ali, agarrado a meu moletom surrado.

Para tentar passar o medo, fingi brincar de esconde-esconde com JungKook, e fazia uns quarenta minutos que ele estava me procurando.

— Jimin-hyung, eu estou cansado de te procurar... onde você está?

Eu não respondi de imediato, então abri uma pequena fresta do closet, como uma criança que havia feito coisa errada costumava fazer.

— Está tudo bem? São os trovões de novo?

— JungKook...

Sem dizer nada, o garoto sentou do meu lado e fechou a porta do closet, notei que ele havia furtado um dos meus moletons que ele dizia ser confortáveis, mas não reclamei.

— Podemos contar histórias, assim você vai esquecer os trovões e raios lá fora. E como eu estou te protegendo, nenhum raio vai te acertar. – ele sorriu pequeno e eu assenti.

— Você sabe alguma história? – perguntei.

— Sei uma sobre um garoto de dezoito anos que conheceu um garoto legal fascinado pelo universo – disse e deitou a cabeça em meu colo.

Tentei esconder o sorriso.

— E como é? – perguntei.

O garoto limpou a garganta, e fixando o olhar em um ponto do escuro do closet, começou:

— Havia um garoto chamado Jeongguk, ele sofria muito porque seus colegas de classe o maltratavam, e também porque seu pai era extremamente religioso e odiava tudo que contrariava a Bíblia, fazendo assim coisas maldosas também. Mais especificamente, ele odiava seu filho Jeongguk. Certo dia o fardo pesou tanto, mas tanto, que o garoto resolveu fugir, e então quando seus pais saíram para fazer compras, ele juntou todos seus pertences mais importantes e foi embora para a casa da sua avó, querendo tentar um recomeço, com um nome diferente e uma vida diferente – secou uma lágrima que escorria pela sua bochecha e eu engoli em seco, colocando a mão em seus cabelos, enquanto ele sorria pequeno — Ele acabou tendo que ficar na casa de um garoto chamado Park Jimin, que no começo era um hyung bem chatinho, mas Jeongguk foi se acostumando. Jimin o tratava bem apesar de tudo, cuidava e protegia o garoto, mas o mais velho também tinha uma vida triste e solitária, e gostava muito de ter a companhia das estrelas no céu, e vendo isso, Jeongguk prometeu a si mesmo que iria fazê-lo sonhar novamente, porque Jeongguk era muito apaixonado por Jimin.

Eu sentia minhas bochechas arderem de tão vermelhas, e por sorte ele não podia ver isso. Acariciei seus fios de cabelo e o vi fechar os olhos. Era injusto com ele, muito, mas o que eu podia fazer? Antes que eu falasse algo, ele continuou:

— E mesmo sabendo que o seu hyung não pode retribuir os seus sentimentos, Jeongguk decidiu nunca desistir, porque desistir é para os fracos e ele queria muito entregar sua felicidade a Jimin só para ver seu sorriso que faz seus olhos se formarem meias-luas brilhar, assim como as estrelas bonitas na vastidão do céu escuro.

Depois daquilo, o silêncio instalou-se tanto dentro quanto fora do closet em que estávamos, sinal de que a tempestade havia passado e que um belo arco-íris iria se formar no céu nublado.

E eu senti como se meus fios estivessem se desenrolando aos poucos, porque meu momento ruim havia passado, e eu sabia que um belo arco-íris viria para mim também.

. . .

O tempo havia passado rápido, tanto que já estávamos no meio das férias de verão, e eu ainda não tinha nadado com golfinhos, o que me deixava bem abalado.

Como era verão, os meninos decidiram passar um fim de semana em Jeju, e eu estava até que animado com a ideia. Fazia um bom tempo que eu não viajava, e minha última viagem tinha sido com Hyemin, fomos para um chalé da sua família, e digamos que a noite havia sido inesquecível.

E isso me perturbava, porque eu ainda sentia a sua falta.

— No que está pensando? – Yoongi se pôs ao meu lado e eu imediatamente cobri a boca.

— Você não vai me assediar né? – perguntei e o mesmo me deu um tapa forte na nuca, praguejei baixo e massageei o lugar — Ai...

— Já disse que eu tive motivos para fazer aquilo – ajeitou seus cabelos e olhou para a frente, trazendo consigo sua mala pequena — E você não me respondeu.

Suspirei.

— Na minha ex-namorada.

Ele parou e me encarou como se fosse quebrar minhas duas pernas, então me coloquei em posição de defesa.

— Aquela que te chifrou?

— É...

— É pior do que eu pensei – ele bufou — Você é retardado.

— E o que você pode dizer? Você nunca namorou, não pode me julgar por algo que nunca vivenciou. – soltei.

Ele virou para mim.

— E você não pode me culpar por eu nunca ter tido essa oportunidade, afinal, quem é que quer namorar um garoto com dias contados?

Engoli em seco, vendo Yoongi continuar seu caminho pelo aeroporto até o check-in.

— Hyuuung, me ajuda aqui! – virei-me para trás ao ouvir a voz de JungKook, que carregava uma mochila extremamente pesada e uma mala.

Eu não sei quantos dias ele pretendia passar lá, mas eu só iria passar dois, por isso trouxe apenas uma mala de rodinhas pequena, com roupa o suficiente e um livro para ler de noite.

— Por que trouxe tanta coisa? – desci os óculos de sol até meus olhos e ele deu de ombros.

— Eu só trouxe o necessário.

— O necessário para sobreviver em uma selva, né? – peguei o kit-de-sobrevivência-Jeon e coloquei em um dos ombros, andando devagar.

Abaixei a cabeça seguindo meus passos com o olhar, um pouco triste pelo que tinha ouvido de Yoongi agora a pouco. Eu sei que eu falo as coisas sem pensar, que sou um tremendo idiota ás vezes, mas eu não posso evitar, não quando eu já fui machucado e não consigo parar de machucar as pessoas à minha volta.

Li uma vez o livro A Culpa é das Estrelas, e em uma coisa da qual tenho certeza que me identifico com a personagem principal é que: assim como ela, eu também sou uma granada.

Um dia, irei explodir e machucar meus amigos, aqueles que me amam e que pretendem ficar o tempo inteiro ao meu lado, e eu só queria ser capaz de diminuir o número de vítimas. Posso não ter a pior das doenças, não ter um câncer como a protagonista do livro ou como Yoongi, mas eu sei que eu sou desenfreado e que machuco sem intenção.

Eu estava chateado, precisava me desculpar.

Primeiro Namjoon, depois JungKook, e agora ele.

Quem mais você vai magoar, Park Jimin?

. . .

Já no avião, tive que me sentar entre Taehyung e Hoseok e aguentar as piadinhas bobas deles, sem poder mata-los asfixiado, afinal haviam muitas testemunhas por perto. Tudo o que eu mais queria no momento era trocar de assento com o Yoongi para poder me sentar perto do JungKook, mas eu tinha a leve impressão de que se eu dirigisse a palavra ao mesmo, ele me arremessaria desse avião.

Então eu apenas coloquei meus fones de ouvido e descansei a cabeça, olhando pela janela o céu visto de cima, era lindo, e eu ficava me perguntando como seria ver as estrelas daqui.

Eram três horas de viagem, tempo o suficiente para descansar.

Ou tentar descansar.

Hora um:

Eu dormi.

Hora dois:

Fui acordado por Taehyung para comer, mas eu não estava com fome, então resmunguei um xingo e voltei a dormir. Sonhei com Yoongi, e no sonho, ele me matava.

Hora três:

Nós chegamos.

Quando finalmente chegamos ao hotel – que por sinal era bem arrumadinho e tinha vista pra praia – eu apenas me joguei na cama enorme e adormeci novamente. A viagem inteira tinha sido bancada pelo Seokjin, que era o único com um salário bom o suficiente para pagar tudo, mas cada um ajudou como pôde, no meu caso, eu doei uma pequena parte da minha herança para a hospedagem.

Eu estava muito cansado, e quando acordei já era de noite, e eu estava sozinho. Chequei o celular e vi que tinham algumas mensagens de Hoseok.

“JungKook se afogou, mas a gente já salvou ele.

Onde está a boia?

Ah, esqueça, já achamos.

Porra, acorde logo.”

Vesti uma camiseta qualquer amassada que vi na mala e calcei os chinelos, saindo correndo em direção ao saguão. Como eles puderam deixar o garoto se afogar?

Avistei os meninos sentados em volta a uma mesa jogando pôquer com pessoas desconhecidas e logo agarrei Hoseok pela camisa.

— Jung Hoseok! Onde estava com a cabeça para deixa-lo nadar sozinho?

Ele revirou os olhos.

— O menino tem quase dezenove anos, dá pra parar de trata-lo como uma criança? Ele tem que aprender a se cuidar.

Eu tive vontade de soca-lo, mas eu não fiz isso, soltei sua camisa e suspirei, passando a mão pelos cabelos.

— Ele está bem? Onde ele está? – perguntei.

— Ah, pode apostar que ele está muito bem... – apontou para a praia, onde o menino brincava com outro garoto, parecia ser da idade dele.

Os dois estavam parecendo bem felizes, e eu senti até uma ponta de inveja. JungKook nunca brincava dessa forma comigo. Engoli em seco e sorri falso.

— Que bom que ele está se divertindo...

— Quer se juntar a gente? – apontou para a mesa de pôquer e eu aceitei, logo sentando e jogando com eles.

Eu nunca fui tão bom em jogos, mas nesse eu era maravilhosamente bom.

Ao pegar as cartas, não deixei de reparar no Ás de Copas.

“​— Sabe o que Ás de Copas significa, rapaz? – neguei — Amor. A carta está ligada aos sentimentos e emoções.”

— Jimin? – me cutucaram — É sua vez. Está tudo bem?

Olhei para os lados e sorri.

— Claro.

E então fiz minha jogada, agarrando minhas fichas. Meu corpo estava ali, rindo, apostando e jogando como um verdadeiro adulto faz, mas a minha mente estava longe. Minha mente estava na praia, pensando se aquele garoto estava fazendo JungKook rir, se ele contava melhores piadas, melhores histórias. Se ele era melhor do que eu.

Eu tentava me convencer de que eu era um adulto, de que eu não tinha mais tempo pra dar atenção às infantilidades do mesmo, e que não sentia nada mais por ele do que um carinho de amigo, mas eu não conseguia. Eu queria parar de jogar e correr em sua direção, tirá-lo de longe daquele outro menino, mas eu sabia que não podia fazer isso. Afinal, Jeon não era meu.

Talvez fosse tarde demais para assumir que eu realmente sentia algo pelo garoto, e era mais do que só um carinho fraternal.

. . .

O centro da cidade estava até meio calmo no sábado, as pessoas ali não pareciam ter tanta pressa como tinham em Seul, era perfeito. Eu e Seokjin estávamos fazendo compras, já que ele havia me pedido para acompanha-lo já que eu o conhecia melhor do que todos os outros.

— Por que não convidou o Namjoon para vir? – dei uma lambida no meu sorvete, ajeitando as sacolas na mão esquerda — Vocês estão bem próximos.

Ele me fitou.

— O que quer dizer com isso, Park Jimin?

Sorri e desviei meu olhar.

— Nada... Quer dizer, vocês formam um casal bonitinho – disse, e as bochechas do mesmo pareceram ter sido fervidas em água quente, de tão vermelhas.

— Você é tão idiota... somos só amigos.

— Ah, cala a boca vai – soltei e ri — Você mesmo disse que era bissexual.

— Eu sou, mas isso não quer dizer que eu quero pular em cima do Namjoon e beijá-lo loucamente, eu acabei de conhecer o garoto – revirou os olhos e eu dei de ombros.

— Tanto faz, olha, uma cartomante – apontei — Não quer ler sua mão e saber se você vai pegar o meu amigo?

Jin ficou relutante no começo por causa das minhas provocações, mas aceitou. Entramos numa tenda e olhamos em volta, estava vazia, até uma tiazinha aparecer atrás de nós com um sorrisinho de canto.

— Eu já sabia que viriam – ela disse e se sentou em frente a uma mesa cheia de utensílios estranhos.

— Como...? – Seokjin começou.

— As cartas me disseram que dois jovens bonitos iriam vir me ver para saber seu futuro, então, sentem-se.

Eu não acreditava nessas coisas, só vim aqui pra zoar com a cara do meu amigo, fiquei em pé enquanto Jin se sentava e ela me olhou.

— Não quer saber o que as cartas têm a dizer sobre você, rapaz?

— Não, está tudo bem, eu não acredito nisso...

Ela semicerrou os olhos.

— Está mentindo.

Engoli em seco.

— N-não estou não...

— Anda logo, Park Jimin, eu não quero passar o dia todo aqui – Seokjin me puxou e eu caí sentado na cadeira ao seu lado, bufei e cruzei os braços, enquanto ela fingia ver algumas cartas com desenhos feios.

Ela olhou para Jin com ternura e sorriu.

— Você irá casar daqui uns anos.

Mordi o lábio para conter uma risada. Todo mundo irá casar daqui alguns anos, isso é baboseira.

— Aqui diz que encontrou um amor, mas não está vendo-o da forma correta – ela pôs uma carta sobre a mesa — Essa pessoa corresponde seus sentimentos, e está se aproximando cada vez mais.

Dei um empurrão no ombro dele de brincadeira e sorri.

Ela ficou com suas baboseiras por um tempo, e eu que até um tempo não acreditava, até que estava curtindo.

E então foi minha vez, ela pegou as cartas, embaralhou e foi tirando algumas. Ela olhou para uma carta e arregalou os olhos.

— O que foi? – perguntei preocupado e ela engoliu em seco, me mostrando.

Havia o desenho de um ceifador, e embaixo, estava escrito “morte”.

Tentei não parecer assustado, já que eu não acreditava.

— O que quer dizer...?

— Uma morte está próxima – a senhora interrompeu — Uma pessoa muito querida virá a falecer.

— Pode descobrir a causa? – perguntei, interessado e ela assentiu, tirando uma carta que havia uma escritura em latim.

— Doença.

Estalei a língua, em choque.

Seokjin me olhou preocupado e depois olhou para ela.

— Acho que já acabamos. Vamos embora, Jimin. – ele me puxou.

— Cuidado, garoto, você vai perder alguém bem próximo a você.

Eu estava com medo, minhas pernas bambearam e por pouco eu não caí no meio da calçada. Jin me segurava pelos ombros, guiando meus passos de volta ao hotel, e tentava fazer algumas piadas para que eu desse risada, dizendo o quanto a cartomante era louca e que nada daquilo era real, era tudo uma farsa.

Mas eu tinha o pressentimento que aquilo era real. Eu iria perder alguém.

E eu estava torcendo para não ser quem eu pensava que era.

. . .

— Yoongi? Posso falar com você um segundo? – bati na porta do quarto do garoto e a mesma foi aberta.

— O que você quer? Veio jogar na minha cara que eu tenho leucemia?

— Não é nada disso, seu idiota. – Adentrei o quarto e o mesmo fechou a porta — Eu só queria te pedir perdão.

— O que foi? A consciência pesou?

Suspirei e abaixei a cabeça, me sentando na ponta da cama.

— Por favor... me desculpa, tá? Eu não quero estragar toda a viagem, não quero que você fique magoado comigo, porque eu sei que sou um idiota que falo as coisas sem pensar.

O garoto parou a minha frente.

— Quer saber, Jimin? Você me irrita. De verdade, você me irrita pra porra.

— Nossa...

— CALA A BOCA QUE EU NÃO TERMINEI! – ele apontou o dedo pra mim e eu me encolhi — Eu sei que você tem depressão e o caralho a quatro mas eu não tenho nada a ver com isso, você não têm o direito de me diminuir, não têm o direito de falar o que quiser e depois vir com a desculpa de que não controla a sua maldita língua! Eu estou cansado, sabia? Mas eu não consigo me chatear com você, seu filho da mãe, não consigo me chatear porque você foi o único que estendeu a mão pra mim todo esse tempo. – as lágrimas estavam escorrendo cada vez mais rápido em ambos nossos rostos — E mesmo se eu morrer logo, eu sei que vou morrer feliz, porque eu fui amado e rodeado por seis idiotas que me fazem rir o tempo inteiro.

Levantei correndo e o abracei, abracei tão forte que tive medo de que seus ossos quebrassem de tão pequeno que ele era.

— Me perdoa, hyung...

— Está perdoado, agora vaza. – ele me empurrou e eu pude ver um sorriso crescendo em seus pequenos lábios — É sério, sai, eu quero descansar um pouco.

— Mas...

Eu queria falar sobre a cartomante para ele, mas eu tinha medo. Medo de perder um dos meus amigos.

— Eu me encontro com vocês lá no saguão depois.

Assenti e saí do quarto, deixando-o em paz.

O meu companheiro de quarto – vulgo Seokjin — havia sumido, então desci para a praia para pensar um pouco. Era fim de tarde, nós todos estávamos bem cansados por ter passado a manhã inteira turistando em Jeju, e principalmente por termos ficado muito tempo no sol, eu quase peguei um bronzeado.

Foi engraçado como Yoongi de manhã havia ficado na sombra o tempo inteiro – enquanto eu e os outros meninos jogávamos vôlei na areia – honrando sua gotiquisse e com três quilos de protetor solar espalhado por sua pele branca, ele parecia uma folha de sulfite.

Agora, eu estava sozinho na areia observando o sol se pondo, molhando a ponta dos meus pés na margem.

— Hyung! – ouvi e me virei, na hora que vi JungKook correndo até mim, eu senti o coração bater rápido e torci para ser taquicardia. — O que você está fazendo aqui sozinho?

Minha voz deu uma falhada:

— E-eu... eu estou só molhando os pés – respondi e ele se sentou do meu lado.

— Sabe do que eu estava lembrando? – virou-se para mim.

— Do quê?

— De quando você disse que o sol ama tanto a lua que ele morre toda noite para deixa-la viver.

— Ah... – virei pra frente — E o que tem?

— Eu estive pensando e eu acho que estou amando.

Fiquei olhando para frente por um tempo, procurando palavras certas para dizer.

— Isso... isso é muito bom. Quem você está amando? – perguntei, inseguro, como sempre.

— Eu não posso dizer ainda, não tenho certeza. – suspirou e fez um desenho na areia com a ponta do dedo.

— JUNGKOOK! – ouvimos e ambos nos viramos para ver quem era o dono da voz que chamava pelo garoto, e novamente era aquele que estava brincando com ele nas ondas, e JungKook sorriu ao vê-lo, aquilo fez meu coração doer.

Ele virou para mim.

— Nos vemos depois, hyung. – ele levantou e correu em direção ao menino.

E novamente, eu me senti vazio. Vi-o ir embora, e tudo pareceu se apagar.

Olhei para o lugar onde ele estava sentado a poucos segundos atrás e logo para a frente, onde ele desenhara. Vi um coração, e dentro dele, as iniciais: “J.M + J.K”

E então a onda veio, bateu na margem e levou consigo o desenho, esse que fora feito por ele, o garoto que eu estava amando. Pensei que ia me afogar, mas não seria pelo mar em si. Seria pelas palavras engasgadas na garganta, pelo mar das coisas que eu não tenho coragem de dizer.

 


Notas Finais


> O link da playlist: https://play.spotify.com/user/taehyungerz/playlist/3YZkQNl4vyYhnw2embp5JB?play=true&utm_source=open.spotify.com&utm_medium=open

E aí? Espero que tenha ficado bom. :P

Agora vou ouvir Wings e enaltecer o Bangtan no twitter, se quiserem falar comigo tô por lá como @taehyungerz.

Deixem seus comentários, eu fico muito feliz em lê-los e mais ainda em respondê-los. <3
XOXO, Lolla.


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