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História 366 Dias - Borboletas no estômago.


Escrita por: miukie

Notas do Autor


HEY

Tudo bom com vocês? Espero que sim.

Queria pedir desculpas pela demora pra responder os comentários do capítulo anterior, eu fiquei meio atarefada essa semana e não consegui privacidade nenhuma pra sentar e responder, mas já respondi um por um hoje mesmo. Perdoem minha demora mas não desistam Jimin .q

É isso, boa leitura <3

Capítulo 14 - Borboletas no estômago.


Fanfic / Fanfiction 366 Dias - Borboletas no estômago.

Capítulo Treze – Borboletas no estômago.

Sabe quando de repente, você olha ao redor, e parece que tudo parou? Que na sua vida, é como se você não pudesse mais mudar o seu destino, e que é mais fácil você apenas se deixar levar pelos acontecimentos? Então, era exatamente assim que eu me sentia. Eu me sentia impotente. Claro que provavelmente isso era um dos sintomas da minha depressão e sei lá o quê, mas eu já não me importava mais com isso, porque eu estava apaixonado.

Quando se está apaixonado, suas pupilas dilatam ao ver a pessoa que você ama, seu coração bate forte a ponto de quase sair pela boca, suas mãos ficam trêmulas, é quase como uma droga. E eu me sentia um dependente químico toda vez que eu JungKook chegava perto de mim.

Eu já tinha até pesquisado na internet se era realmente paixão, ou se eu tinha alguma doença cardíaca, mas para a minha não tão surpresa assim, era a primeira opção.

De alguma forma, ele parecia inalcançável agora. Estava rodeado de amigos do colégio, mal parava em casa, e não falávamos tanto um com o outro como antigamente. JungKook realmente tinha se tornado uma estrela, tão inalcançável quanto uma.

Mas, ah, eu só queria que ele fosse feliz. Eu sempre quis que ele fizesse amigos e me deixasse um pouco de lado, mas agora eu estava me arrependendo amargamente de ter desejado isso. Porque não adiantava, o silêncio da casa só me deixava ainda mais deprimido e nem mesmo Taehyung conseguia me animar. Eu sabia o quanto meus amigos estavam preocupados comigo, e eles sabiam o que eu sentia, porque eles eram os únicos que eu tinha e eu não ousava esconder nada deles, principalmente quando o motivo de todo o meu mau humor era um garoto.

Eu me sentia um covarde, porque nem mesmo tinha coragem de me confessar para o mesmo, as palavras simplesmente não saíam e eu tinha medo. Medo de que tudo fosse acontecer de novo. Todas as pessoas que eu amo se vão, por que seria diferente com ele?

É, não seria, definitivamente não seria diferente, e por isso eu preferia deixa-lo acreditar que eu apenas disse que ele era meu namorado por impulso. Eu só estava o protegendo do mal que o podia causar.

E esse não era nem o começo da história que foi eu e JungKook “brigando”.

Na verdade, não foi bem uma briga, eu diria que foi apenas uma pausa. Uma pausa em tudo.

Eu sabia que ele não estava bravo comigo pelo que eu disse naquela noite, sequer estava triste, porque ele ainda sorria para mim, mesmo que fosse por uma fração de segundo. Ele só estava distante.

Agora eu sei exatamente como ele se sentia.

O garoto havia desistido de mim, e a culpa era toda minha.

. . .

Suspirei e enfiei a ponta do all-star na terra, fazendo alguns desenhos tortos, enquanto escutava pela milésima vez o sermão de Min Yoongi.

— Eu já entendi que eu estraguei tudo, ok? Não precisa ficar esfregando isso na minha cara – resmunguei.

— Claro que precisa. – Ele se sentou no balanço ao meu lado.

Estávamos no playground do hospital, Yoongi havia voltado a ficar internado porque os sintomas do seu câncer estavam vindo com mais força, e isso me preocuparia, se ele não estivesse tão bem para me xingar.

Novamente, as coisas ditas pela cartomante vieram com tudo para me assombrar. Eu estava aflito, confesso, e não era apenas pela minha paixão por um garoto do ensino médio, mas sim pela possibilidade de nunca mais ouvir Yoongi me dando sermões e sendo rude. Mesmo ele sendo, bem... ele, ainda assim era um bom amigo.

— Vocês dois fazem tanto cu doce que daqui a pouco eu fico com diabetes – o garoto bufou e cruzou os braços — Será que dá pra parar de estragar o meu shipp?

Soltei uma risada e peguei impulso com o balanço, apenas para sentir o ventinho bagunçar meus cabelos.

Depois que ensinei ao mesmo o que era “shippar”, ele não parava mais de dizer que shippava isso e aquilo. Até criamos nomes para os nossos casais preferidos, que eram Namjin e Taeseok.

E claro, Jikook.

Era um pouco idiota ficar juntando os nomes, mas eu gostava desses momentos em questão, dos quais eu esquecia um pouco das preocupações e fazia brincadeiras bobas com meus amigos.

Aos poucos eu ia reparando que não importasse quantos momentos ruins eu tivesse, os bons sempre viriam depois para tirar um peso enorme das minhas costas e me fazer sorrir aliviado.

. . .

— Como você aguenta comer tudo isso? – Taehyung me perguntou horrorizado e eu suspirei.

A minha frente, havia uma bandeja com três hambúrgueres, duas batatas fritas médias e uma coca-cola zero grande (já que eu não queria correr o risco de engordar). 

— Eu como quando ‘tô nervoso! – resmunguei e dei mais uma mordida, enquanto Tae fazia uma típica expressão de nojo.

— Um dos sintomas de uma pessoa deprimida é comer compulsivamente. – Seokjin explicou e eu me virei de boca cheia para ele.

— Você tem uma explicação médica pra tudo?

Ele riu e deu um peteleco na minha testa.

— Mastigue primeiro, fale depois.

Revirei os olhos e depois de uns bons minutos devorando toda aquela caloria, encostei a cabeça no encosto da cadeira.

Estávamos na praça de alimentação do shopping, eu tinha aceitado acompanhar os dois garotos e ajuda-los a escolher roupas, e comprar umas coisinhas pro Yeol.

Depois de tudo o que havia acontecido em Jeju, ninguém tocou no assunto, mas era óbvio que todos sabiam o que tinha rolado comigo e JungKook, até porque Yoongi não segurava sua língua quando era para me zoar na frente dos meninos. Ele não parecia, mas era um fofoqueiro e tanto, como aquelas vizinhas chatas que gostam de se meter na sua vida mais do que o necessário.

Quando terminei de comer, joguei fora o lixo que havia acumulado em cima da nossa mesa e caminhei com os dois para uma loja de games, eu sabia como Jeon gostava de jogos de tiro, zumbis e esse tipo de coisa, então decidi comprar um novo jogo que lançou a uns dois dias.

Ou eram três?

Não faço a mínima ideia.

Taehyung foi em busca do jogo para mim enquanto eu me distraía batendo com a ponta do dedo em um bobble head¹ do Darth Vader, fazendo-o balançar a cabeça, ri baixo e fiquei observando a decoração.

— Como está sendo o comportamento do Kook? – Jin perguntou, checando o preço de um bonequinho do Mario Bros.

Ele tinha milhares desses em seu consultório, era até estranho sua obsessão pelo universo do Mario.

— Hm, não sei... ele têm estado ocupado nesses últimos dias – suspirei — Ele sai com mais frequência de casa, e quando não é para ir à escola, é para sair com os amigos.

— Não era isso que você queria? – ele ajeitou os óculos.

— Eu nem sei mais... – abaixei a cabeça e fitei os all-stars vermelhos meio sujos que eu usava.

Ele pousou sua mão em meu ombro e eu me recusei a levantar o olhar.

— Ás vezes, Jimin, grandes possibilidades estão bem à nossa frente – finalmente me virei para encará-lo — E não as vemos, porque simplesmente escolhemos não ver. Não foi isso que você fez esse tempo todo?

Ele estava certo, suas palavras haviam me atingido em cheio.

— Você esteve evitando sentimentos porque tem medo de se decepcionar novamente, mas é preciso correr riscos às vezes – ele disse e desviou o olhar — Enquanto você viver no passado, nunca encontrará seu futuro.

— Eu...

— Achei, Chim. – Taehyung veio até mim e me entregou o jogo, agradeci brevemente e me dirigi até o caixa para pagar pelo mesmo.

Olhei para Seokjin e ele deu um sorriso, indo pagar seu bonequinho também. Olhei novamente para o jogo em minhas mãos.

Eu não esperava que isso fizesse JungKook me perdoar por ter estragado seu encontrinho com aquele garoto, mas queria ver seu sorriso, sabia que ele estava esperando por esse jogo a um bom tempo e como havia gastado seu dinheiro guardado para consertar meu notebook, não tinha condições de comprar.

Provavelmente o barulho alto da televisão me incomodaria um pouco, mas eu já nem me importava mais, contanto que o barulho fosse feito pelo garoto. Contanto que eu soubesse que, de alguma forma, ele ainda estava ali.

E foi um alívio abrir a porta de casa e me deparar com o mesmo deitado no chão, brincando de cabo de guerra com Yeol.

— Você está usando minha meia pra brincar de cabo de guerra com o cachorro, Jeon? – parei em sua frente e cutuquei sua cintura com o pé, ele se virou para mim e deu aquele maldito sorriso.

Minhas pernas pareciam mais gelatinas agora, e eu sentia que precisava me apoiar em algo para não cair ali ao seu lado.

— Você chegou, hyung! – ele sentou no chão e deu umas batidinhas na camiseta para tirar os pelos do animal — Desculpe por usar sua meia, é que eu não achei outra coisa.

— E por que não usou uma das suas? – peguei o tecido da sua mão e ele deu de ombros.

— Sei lá.

Ri baixo e ele ergueu um olhar confuso para mim.

— Não está bravo comigo?

— Não, Kook, eu não estou... – sentei no sofá e escondi o papel embrulhado atrás de mim.

​— O que você tem aí?

Eu havia embrulhado o jogo em papel de presente de coelhinhos, porque coelhos me lembravam o sorriso do garoto, então achei que pudesse dar sorte.

— Eu trouxe um presente pra você.

A frase pareceu interessa-lo, ele deixou de lado o cachorro e ergueu o olhar na minha direção. Aquele olhar penetrante que costumava me deixar sem ar.

— O que é?

Estendi o embrulho e ele pegou com cuidado, desatando o lacinho.

— Eu sabia que você queria, então achei que seria legal te presentear e pedir desculpas pelo que eu fiz e... – parei quando vi que ele estava de cabeça baixa, secando com a manga do casaco seus olhos — Você está chorando?

Ele não respondeu, e então soluçou.

— Você não gostou? – soltei meio decepcionado.

— N-não é isso... – ele fungou — É que eu nunca tinha ganhado um presente antes.

Arregalei os olhos e engoli em seco, me aproximando dele e tocando sua bochecha. Ele ficou vermelho de imediato e recuou, mas eu sorri e limpei suas lágrimas com o polegar.

— Está tudo bem.

E enfim, ele sorriu largo. Baguncei seus cabelos e me levantei para ir, mas ele segurou meu pulso e eu o encarei, vendo suas bochechas corarem.

— Obrigado, Jiminie, você é o hyung mais legal do mundo.

Aquilo me fez querer chorar.

Mas eu não fiz isso, apenas meneei a cabeça e saí em direção ao meu quarto. Eu estava cansado, o dia havia sido meio corrido, já que eu fui visitar Yoongi, fiz compras com os garotos e ainda passei na faculdade mais cedo para dar uma olhada nos cursos.

Eu estava adiando a ida até a universidade pelo fato da minha promessa de ano-novo, que ainda martelava na minha cabeça, eu não podia quebrar uma promessa que eu fiz a mim mesmo. Em parte, eu estava tranquilo, porque eu havia encontrado a minha felicidade, ela tinha nome e sobrenome e um lindo par de olhos grandes e escuros cuja cor me lembrava o céu noturno, o problema mesmo era conseguir alcança-la.

Então, decidi deixar para voltar a estudar quando tivesse certeza se continuaria ou não com isso.

Tirei minhas roupas e fui até o banheiro, enchendo a banheira e entrando na mesma em seguida, enquanto relaxava meus músculos com a água quente.

Me amaldiçoei por pensar tanto no garoto, JungKook estava me enlouquecendo cada vez mais, e eu sentia necessidade de ter seu corpo contra o meu, de sentir seus lábios tocarem os meus e seus dedos percorrerem meus fios de cabelo tingidos. Mordi o lábio inferior para conter um sorriso quando lembrei do seu toque singelo na minha bochecha no dia que ele tingiu o meu cabelo, eu sentia falta daquilo.

Nem mesmo reparei quando, em meio a um suspiro longo, soltei seu nome baixinho.

— Jeon JungKook...

E logo em seguida veio a frase que eu estava guardando até agora.

— Eu estou realmente apaixonado por você – sussurrei.

Era uma pena que à essa altura, ele já não podia mais me ouvir, porque eu estava imerso na água da banheira.

. . .

Era o dia do baile no colégio dele, e eu estava agora dando um nó em sua gravata borboleta e ajeitando o paletó, não deixei de reparar também que o meu terno havia ficado bem mais bonito nele do que em mim.

Desci as mãos pelo seu tronco para ajeitar a calça, mas ele se afastou envergonhado.

— Posso fazer isso, hyung.

— Ah, certo, me desculpe – murmurei e peguei a câmera, me posicionando em sua frente com um sorriso orgulhoso no rosto.

Ele corou.

— Aish, hyung... precisa mesmo disso? – perguntou de forma manhosa.

— Claro, quero deixar esse dia marcado. Não é importante para você?

— Não muito...

— Bom, pra mim é – respondi — Diga “X”.

Ele riu e disse, bati a foto e logo a olhei no visor.

Jesus, esse garoto é lindo demais.

— Eu vou me atrasar se você ficar me admirando por uma fotografia – o mesmo cruzou os braços e eu ri meio constrangido.

— A-ah, já vou. – peguei um casaco e as chaves do carro.

No caminho, ele cantava suas músicas preferidas – e as minhas também – com uma delicadeza invejável, e nossas vozes estavam em perfeita sincronia.

Parei em frente ao conjunto de prédios do seu colégio, e o olhei.

— Não beba. Não fume. Não use drogas. – instruí e ele riu — Lembre-se que você é menor de idade.

— Você sabe que eu não vou fazer isso, Jimin-hyung. Confie em mim.

— Promete? – perguntei e levantei o dedo mindinho, ele enlaçou o seu ao meu e selou os polegares.

— Eu prometo.

E então o vi partir, quando estava perto da porta de entrada, ele se virou para mim e acenou, fazendo logo em seguida um sinal para que eu fosse embora. Eu sorri de leve e acenei de volta, dando partida e fazendo o caminho de volta para casa.

Me senti uma mamãe pássaro deixando seu filhote voar sozinho, esperando que suas asas continuassem firmes e fortes para que ele pudesse ser livre.

Mas toda aquela liberdade não tinha nada a ver comigo, e isso me entristecia, porque agora eu não era mais prioridade para ele, sequer era a parte mais importante da sua juventude.

Eu era só eu, o adulto que cuidava e protegia, mas isso se limitava a dentro de casa. E ele era só ele, o adolescente que, fora de casa, era livre para fazer o que desse na telha.

Ele era Jeon JungKook, e eu era Park Jimin. Não tínhamos nada a ver um com o outro, mas ainda assim eu me sentia conectado ao mesmo, e eu queria que ele me visse como alguém que o amava, e não como alguém que só estava ali para ditar ordens e agir como a “mãe coruja”.

Estacionei em frente de casa, mas não desci do carro, fiquei ali, ouvindo o rádio tocar Lost Stars, a “nossa” música, com uma vontade incontrolável de esmurrar o volante e gritar aos sete ventos que eu me odiava por ser tão estúpido e covarde. Debrucei sobre o volante e chorei baixinho, meu peito doía e os olhos ardiam.

Era isso que o amor fazia com as pessoas, deixavam elas malucas, doentes.

Não sei quanto tempo fiquei ali, chorando e cantando a música que eu coloquei em modo de repetição só pra sofrer mais um pouquinho, só sei que foi tempo o suficiente para eu receber uma ligação do garoto em que eu tanto pensava.

Alcancei o celular no porta-luvas e antes de atender, sequei as lágrimas e pigarreei, para enfim levar o aparelho até o ouvido.

— O que foi?

A festa está muito chata, hyung. Um amigo do Minseok trouxe bebidas e agora tá todo mundo meio estranho, mas eu não bebi porque você disse que era errado. Então você pode vir me buscar?

Assenti, mas então percebi que ele não podia ver isso, então suspirei.

— Me espere na entrada, estou indo aí.

Obrigado. – ele disse e eu encerrei a chamada, jogando o aparelho no lugar que estava antes e girando a chave na ignição.

Troquei a música, depois de ouvi-la tanto a ponto de enjoar, e agora podia-se ouvir a voz melodiosa do Bon Iver soando pelas caixas de som, na letra bonita de Skinny Love.

Cantarolei baixinho, e então vi JungKook sentado, com seu terninho ainda impecável, sentado na escada da frente do colégio, com o rosto apoiado nas mãos e um biquinho se formando.

Fofo.

Buzinei e ele levou um susto, ri da sua reação e abri a porta para que ele entrasse.

— Eu odeio adolescentes. – ele murmurou, enquanto fechava a porta.

— Por quê? – sorri.

— Porque são idiotas, e gostam de fazer coisas de adultos, não entendo porque simplesmente não aproveitam a juventude com coisas legais e preferem entupir até o rabo de bebida e... – parou e me olhou — Desculpa.

Ri alto, a ponto de sentir a barriga doer ao ouvir essas palavras saindo da boca do garoto. Nunca imaginei que um dia o ouviria tão raivoso, e tudo isso por causa de álcool.

— Mas é sério, hyung, por que eles preferem estragarem o próprio fígado com esse tipo de coisa assim tão cedo?

Baguncei seus cabelos, antes de colocar as mãos no volante outra vez.

— Adolescentes não pensam direito, Kook.

Ele fez uma expressão emburrada e colocou o cinto de segurança.

— Que música é essa? – perguntou e aumentou o volume, fazendo assim o carro ser preenchido pelo som da voz do cantor — É muito boa.

— Skinny Love. – respondi e cantei.

Ele ouviu em silêncio, enquanto balançava a cabeça no ritmo.

Não sei se ele entendia o que a letra dizia, mas esperava que sim, porque de certa forma, combinava com nós dois.

Coloque um pouco de graça que nunca tivemos aqui

Meu, meu, meu, meu, meu, meu

Espantado na fossa de sangue e na aparência esmagada

Eu digo ao "meu amor" para abandonar tudo.

Corte todas as cordas e deixe-me cair

Meu, meu, meu, meu, meu, meu

Bem no momento dessa exigência exagerada.

— Hyung, você passou da rua de casa. – ele apontou e eu sorri de canto.

— Eu sei, mas nós não vamos para casa agora.

— Não? – tombou a cabeça para o lado.

— Não. Quero te mostrar uma coisa primeiro.

Ele deu de ombros e eu parei a picape perto dos fundos de um prédio – mais especificamente do condomínio onde Hoseok morava – e tentei abrir o portão, que estava trancado.

— Ah, droga... – murmurei.

— Está tudo bem, você pode me mostrar depois – JungKook disse, e eu neguei com a cabeça.

Tirei um clipe de papel do bolso e entortei a ponta, cutucando a entrada do cadeado, mordi o lábio e apertei até ouvir o “click” da fechadura e sorri satisfeito.

— Onde aprendeu a fazer isso? – o garoto ficou boquiaberto e eu dei de ombros.

— Na faculdade. Agora vem, antes que nos vejam. – puxei-o para dentro e fechei o portão, subindo os lances de escada rapidamente.

— I-isso é ilegal? – perguntou.

— É claro que é ilegal, estamos invadindo. – sorri e continuei o puxando pelo pulso.

— Ai meu Deus.

Assim que chegamos ao fim da escada, empurrei a porta dupla com o ombro e senti Jeon segurar em mim, com medo.

— Aqui é muito alto. – ele murmurou e eu assenti.

— Eu já vim algumas vezes aqui para pensar. – falei.

Me aproximei cada vez mais da beirada do telhado, sentindo o vento batendo no meu rosto. Eu estava me sentindo livre, como se pudesse voar a qualquer momento, queria gritar alto. Dei um passo a frente, observando as luzes da cidade. 

— Hyung, o que está fazendo? Você vai cair! – JungKook disse assustado e me puxou, fazendo meu corpo bater contra o seu.

Arregalei os olhos.

— Ei, se acalma. Eu não vou cair, eu já fiz isso outras vezes. – o empurrei de leve e lhe dei ás costas — Olhe a vista, não é bonita?

Ele parou do meu lado e colocou as mãos no bolso da calça.

— As luzes... – ele apontou e sorriu fraco — São muito bonitas.

Sorri. Eram realmente bonitas. Principalmente as estrelas, ah, essas sim valiam a pena serem observadas. 

De todos os momentos, aquele parecia o meu preferido ao lado dele, porque de certa forma, éramos só nós dois, as estrelas e as luzes dos prédios. 

— Eu acho que você não aproveitou muito bem o seu baile. – suspirei — Você dançou como eu te ensinei?

— Na verdade, não.

Virei para ele.

— E por que não? – franzi o cenho e ele desviou o olhar para a vista.

— Não achei que seria certo dançar com ela... – murmurou e tirou seu celular do bolso, colocando uma música lenta e apoiando o telefone na mureta.

JungKook caminhou até mim e estendeu a mão.

— Eu prefiro mil vezes dançar com você. Me concede essa dança, hyung?

Sorri de canto e peguei sua mão, meu corpo foi puxado e o mesmo apertou minha cintura. Envolvi seu pescoço com meus braços e deitei a cabeça no seu peito, seguindo seus passos lentos. A boca dele estava na altura do meu ouvido, e o modo como sua respiração pesada batia ali me fazia arrepiar por inteiro.

Bem clichê, eu sei. 

Nunca pensei que sentiria as tão famosas borboletas no estômago por causa de um garoto, mas estava acontecendo, e era muito bom.

Senti o nariz do garoto roçando na minha bochecha e por impulso me virei em sua direção, fazendo nossos rostos ficarem perto. Perto até demais.

Engoli em seco e suspirei, tocando nossos narizes e os roçando, aquilo era fofo. Levei minha mão direita até seu rosto e o toquei, ele não se afastou, apenas fechou os olhos e sorriu.

— Te ouvi dizer algo quando estava tomando banho... – ele sussurrou — Você está mesmo apaixonado por mim, Jimin-hyung?

Corei, merda. Merda. Merda.

Eu queria muito me esconder agora. 

— Foi o que eu pensei. – ele disse e eu rocei meus lábios ao seus, enquanto ele vez ou outra dava aquele maldito sorriso.

Droga.

Onde estava minha sanidade quando eu precisava dela?

Segundo a terceira Lei de Newton, à toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade, e eu não entendia muito bem aquilo até sentir os lábios dele tocarem os meus de forma delicada.

A minha reação era retribuir aquilo, na mesma intensidade, ou até mais que isso.

Segurei sua nuca e entreabri a boca, deixando que a cabeça pendesse para o lado de forma que nossos lábios se encaixassem perfeitamente, como se tivessem sido feitos um para o outro. Nossas línguas se encontraram em um momento e eu apoiei as costas do garoto na mesma mureta onde havia seu celular, tocando aquela melodia lenta, colando nossos corpos. 

Aquilo era tão bom.

Era clichê ao extremo dizer que eu sentia uma onda de eletricidade incrível a cada vez que sentia sua língua explorar a minha boca, mas eu não podia mentir. Contra fatos não há argumentos. 

Eu estava beijando JungKook, e eu até pausaria aquilo para me dar um beliscão para ter certeza de que não era um sonho, mas não tinha coragem de interromper o ósculo naquele momento.

Acariciei sua nuca, enquanto ele trazia meu corpo cada vez mais perto sem parar o beijo. Senti seus braços envolverem minha cintura mais forte, e me foquei em sentir o gosto do seu beijo, para assim, memorizá-lo e poder me lembrar disso todas as noites que viriam a seguir. Mordi delicadamente seu lábio, o fazendo sorrir.

O moreno sorriu e colou sua testa na minha, segurando meu queixo e depositando um selar rápido nos meus lábios já meio inchados e avermelhados.

Avermelhados como seu rosto naquele momento.

Encarei mais uma vez seus olhos escuros e sorri pequeno.

Eu queria de novo, e de novo, e então outra vez. Não sei quanto tempo estava esperando por esse momento, mas sei que quando o mesmo chegou, era tão perfeito que eu tinha medo de que fosse apenas uma miragem. 

Senti uma luz forte iluminando nossos rostos e me virei assustado, com dificuldade para enxergar.

— PARK JIMIN! EU VOU CHAMAR A POLÍCIA! – o síndico do prédio gritou e eu ri, pegando o celular de JungKook e agarrando sua mão em seguida, correndo em direção as escadas — VOLTE AQUI, SEU MOLEQUE.

O garoto riu atrás de mim, e então, quando atravessamos o portão e chegamos ao carro, eu parei e belisquei meu próprio braço.

— O que está fazendo? – sorriu.

— Só pra ter certeza de que isso aqui não é um sonho.

E, céus, como eu fiquei feliz ao saber que era real.

Que eu tinha realmente beijado Jeon JungKook.

 

 


Notas Finais


Bobble head¹: é aqueles bonequinhos que mexem a cabeça quando você toca.

Joguei a bomba e saí correndo~
Ta-dã, finalmente teve o tão esperado beijo. O que acharam? Quero ver a reação de vocês nos comentários huahuahua.

XOXO, Lolla.


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