Você me achava meio esquisito, e eu te achava tão chata...- Do seu lado, Jota Quest.
Primeiro ano.
- Alvo! - Scorpius tentava alcançar o amigo pelos terrenos de Hogwarts. - Vá mais devagar! - Parou com as mãos apoiadas no joelho.
- É que prometi a Hagrid que tomaria chá com ele hoje e estou atrasado! - Alvo parou para esperar o amigo e acabou rindo do rosto antes pálido e agora vermelho do loiro. - É um traste mesmo. - Scorpius empurrou Alvo mas acabou rindo com ele.
Se a uma semana atrás alguém dissesse para Scorpius Malfoy que ele e Alvo Potter engatariam em uma estranha amizade logo na cabine do Expresso de Hogwarts, ele petrificaria a pessoa - apenas é claro, se o uso de magia fora de Hogwarts fosse permitido.
Quando se aproximavam da cabana do meio gigante, Rose havia acabado de sair de lá.
- Alvo, onde você se meteu!? - Rose cruzou os braços e encarou o primo, suas bochechas vermelhas. - Hagrid e eu te esperamos há horas!
Scorpius fez todo o esforço que podia para não revirar os olhos.
Com uma incrível sorte, ele havia pego uma cabine vazia, uma das últimas do Trem e quase na hora do Expresso partir, sua cabine foi aberta por Alvo Potter e logo atrás dele, ela.
- Sermão não, Rose. - Suspirou Alvo, tentando continuar seu caminho mas sendo impedido pela prima.
- Tinha que estar com o Malfoy! - Rose revirou os olhos e colocou as mãos na cintura, dirigindo-se somente a Alvo. - Eu avisei que ele te traria problemas e em menos de uma semana eu me mostro certa mais uma vez!
- Eu estou bem aqui, Weasley. - Scorpius deu um passo a frente, sentindo o sangue ferver.
Rose olhou-o de esguelha, como quem examina um criatura muito estranha.
- Só porque eu falei de você não significa que eu esteja falando com você.
- Olha só, garota...
- Ei ei ei! - Exasperado, Alvo entrou no meio dos dois. - Sério, gente?
- Diga para o seu amiguinho nunca mais me dirigir a palavra novamente. - Dito isso, Rose saiu a passos duros, a pasta de livros chacoalhando em sua mão e a capa voando ferozmente com o início de vento outonal de fim de tarde.
Na cabine, Rose simplesmente se isolou junto a janela decidida a fingir que Scorpius não existia. Ele se apresentou, ela apenas assentiu e depois de algumas insistências por parte do garoto, ela simplesmente disse: Se pensa que sou idiota como Alvo, está muito enganado. Não vou cair no seu joguinho.
E voltou a se isolar. Scorpius, com todo seu orgulho, resolver deixar a menina Weasley para lá. Uma coisa que estava se tornando cada vez mais impossível, depois do Chapéu Seletor colocar os três na mesma casa.
Sonserina.
- Vou ter que separar briga de vocês para sempre? - Alvo tirou Scorpius de seus pensamentos enquanto voltavam a caminhar para a cabana de Hagrid. - Honestamente, não vejo razão alguma para isso.
- Bem, eu ia te perguntar exatamente isso. - Scorpius comentou. - Ela me odeia de graça, Alvo.
- Impossível, Rose não é assim.
- Talvez seja porque Malfoy e Weasley simplesmente não funcionem.
Alvo revirou os olhos, resolvendo calar-se antes que perdesse de uma vez a paciência.
~*~
A primeira semana de aula já havia deixado um rastro notável de deveres para fazer. Rose estava praticamente escondida atrás de uma pilha de livros na Biblioteca, em pleno sábado a noite, quando a cabeça de Alvo surgiu entre duas das pilhas maiores.
- Pode me ajudar com História da Magia? - Perguntou, sentando-se de frente para ela.
- Posso sim, só espere um segundo que não terminei a redação para Poções. - Rose respondeu. Depois de alguns segundos, prosseguiu. - Por que não estuda com seu amiguinho? - Fazia três horas que a ruiva estava na biblioteca, e não pôde deixar de notar a presença de um certo loiro que chegara uma hora depois dela.
- Scorpius está engatado em uma, aparentemente emocionante, leitura daquele livro de feitiços. - Alvo cruzou os braços. - Rosie?
- Que? - Rosnou, enquanto relia sua redação pela terceira fez para poder continuá-la. Odiava ser interrompida no meio dos exercícios.
- Tenho certeza que o pergaminho não vai fugir se você tirar os olhos dele uma vez. - Ele revirou os olhos e ela o encarou impaciente. - Por que não dá uma chance a ele?
Rose não precisou perguntar quem era.
- Será que não vê, Alvo? - Ela juntou as mãos se inclinando mais para frente, tomando cuidado para manter o tom de voz baixo. - Ele é um Malfoy. E não pense que é preconceito, não não não. Até porque, acredito fielmente em segundas chances e que todos esses anos fizeram Draco se tornar uma pessoa melhor. Mas veja bem, Scorpius não passou pelas mesmas experiências do pai e a maldade está no sangue. Como vou saber se ele é confiável?
- Confiando. - Alvo respondeu simplesmente, apesar de ter entendido o ponto de vista da prima.
- Francamente! - Rose revirou os olhos. - Sabe que não gosto de fazer nada as cegas e tenho certeza que enquanto ele se finge de seu amigo, na primeira oportunidade, vai te apunhalar pelas costas. Quero que minha estadia em Hogwarts seja tranquila, sem deboches e brincadeiras mal intencionadas. Estou simplesmente tentando evitar uma lapidação desnecessária tanto para mim quanto para você.
- Olha, Rose, eu realmente entendi o que quis dizer. - Alvo também se inclinou mais para frente. - Mas você mesma disse que acredita em segundas chances, sendo que Scorpius não mereceu nem a sua primeira! - Quando Rose abriu a boca para rebater, Alvo retomou rapidamente. - Acho que vale a pena ter uma convivência harmoniosa com ele.
- Por mais que eu tentasse, não iria nem chegar perto da harmonia verdadeira. - Respondeu ela. - Malfoy e Weasley não funcionam.
Para a surpresa de Rose, Alvo riu.
- Talvez seja questão de vocês fazerem funcionar. - Disse ele, deixando Rose sem resposta. - Pelo menos por mim, cenourinha. - Alvo piscou os olhos como uma criança pequena, o que a fez rir.
Rose o fitou por mais alguns segundos antes de voltar a escrever sua redação. Ela sabia que faria a maior loucura de sua vida. Mas se não a fizesse, seus pensamentos não a deixariam em paz.
~*~
Scorpius havia acabado o livro que dedicara seu final de tarde inteiro, mas valera a pena. Havia feitiços e regras muito mais complexas do que sequer poderia imaginar. Depois de se espreguiçar, pegou um pergaminho e uma pena, a fim de começar sua redação para a aula de poções. Foi quando sentiu um perfume familiar e levantou a cabeça, antes mesmo que a pessoa falasse alguma coisa.
- Posso me sentar? - Rose parecia morder a língua. Scorpius estava ciente de seus olhos esbugalhados. Será que ela havia enlouquecido?
- Claro. - Respondeu, chegando para o lado e abrindo espaço para a ruiva sentar ao seu lado.
- Bom, Malfoy - Ela pigarreou, folheando um livro de poções que trazia consigo. - Só estou aqui para mostrar meu interesse em investir em uma relação amistosa com você.
- E por que isso agora? - Scorpius perguntou, fitando-a desconfiado. - E pare com isso - segurou as mãos de Rose, para que ela parasse de passar as páginas. - Está me agoniando.
Scorpius pensou que ela desistiria da trégua no exato momento em que o olhou com fúria, tirando sua mão da dele bruscamente.
- Pelo bem de Alvo que, sejamos francos, não nos aguentaria todos esses anos de Hogwarts pela frente. - Rose pareceu respirar fundo.
- Bem, isso é verdade. - Concordou o loiro. - Se não pudermos ser amigos, pelo menos bons colegas.
- Ou simplesmente colegas. - Completou Rose.
- Ou conhecidos que se aturam. - Scorpius sorriu. Rose revirou os olhos, tentando disfarçar a sombra de um sorriso que perpassou em sua face. - Mas, fique ciente. Reza a lenda que Malfoy e Weasley não funcionam.
- A partir desse momento estou assumindo todas as responsabilidades. - Rose estendeu a mão para Scorpius. - De acordo?
- Por que não? - Scorpius Malfoy apertou a mão de Rose Weasley.
Mas é claro que não se tornaram colegas. Muito menos bons conhecidos que se aturam.
E sim, os amigos mais inusitados que Hogwarts já vira.
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