Eu queria falar que senti sua falta mas eu não sei como, eu nunca vi um silêncio tão alto. - Story of us, Taylor Swift.
O segundo ano foi insuportável no ponto de vista de Scorpius. Assim que pôs os pés em Hogwarts, tentou se entender com Rose. Depois de muitas tentativas fracassadas, segurou firme seu orgulho e desistiu. Afinal, se ele realmente fosse importante para a ruiva, ela teria apenas o ouvido. Ele sentia uma tristeza muito estranha em relação a tudo isso. Um peso desagradável no peito e uma vontade de socar todos os vidros que aparecessem em sua frente.
Esse desejo aumentou, ao decorrer do ano, durante todas as vezes que topava com Rose no corredor e tinha que fingir que não a via. A mesma evitava falar até com o primo, pois Alvo e o loiro não se separaram. Apesar disso, foi um bom ano para se fazer amizades, tais como Jasper e Melissa. E conhecer pessoas nada interessantes como um tal de Alexander. Mas, mesmo com todas as matérias, novas amizades e brincadeiras, a tristeza estranha estava lá e o que mais lhe incomodava era que havia feito a sua parte. Aliás, havia tentado. Não dependia só dele recuperar uma amizade. Ele não sabia mais o que fazer.
Era o primeiro desentendimento dos dois.
xx
O segundo ano foi o pior na perspectiva de Rose. A matéria começou a ficar mais puxada e suas horas na Biblioteca só aumentaram - o que acabou sendo bom na sua missão de ignorar Scorpius.
Assim que ela pôs os pés em Hogwarts, o loiro chegou até Rose, tentando conversar, e ela apenas respondeu que tudo que queria dizer, já havia dito nas cartas. E o deixava falando sozinho. Na segunda, terceira e quarta tentativa dele ela apenas o deixava falando sozinho. Sentia seu coração diminuir cada vez que fazia isso. Mas sabia - ou pensava - que era para o bem dele e dela. Alvo tentou interceder pelo amigo mas Rose simplesmente o ignorava, alegando saber o que estava fazendo.
Até que Scorpius parou de tentar. E com um peso no coração, Rose tentou ficar feliz por isso. O único lado bom deste ano letivo para ela, foi fazer novos amigos. Afinal, Alvo e Scorpius eram unha e carne e só podia falar com o primo quando o loiro não estava por perto e mesmo assim, o moreno insistia em tocar no mesmo assunto já batido por Rose.
A ruiva conheceu Jamie Amston, uma corvina muita simpática e solidária. Derick Ross, um sonserino do terceiro ano, que ao contrário do que muitos pensam dos sonserinos, leal e amigo. E Megan Cosie, também da sonserina, filha de franceses, sempre tinha ótimas coisas para se comentar sobre Paris. Por sorte, Hugo e Lily entraram naquele ano e ela já não se sentia tão só também, apesar de ambos tocarem neste assunto ás vezes, não eram tão duros com ela.
E claro, conheceu pessoas desprezíveis. Como Rachel Melbourn, uma grifinória preconceituosa e de caráter precário, que vivia importunando os calouros e todos que ela achasse diferente a seus olhos. Mas essa questão, seria notável mais adiante.
E mais um ano letivo chegou ao fim e outras férias de verão chegaram com ele. Rose soube quando Alvo foi convidado para ir até a Mansão dos Malfoy no dia do aniversário de treze anos de Scorpius, e no dia quatorze de julho, seu coração parecia estar em cacos. Foi nesse dia que depois de muito adiar, entrou no quarto da mãe, que estava absorta na leitura de um livro mas o largou prontamente quando a filha chegou, e nos braços dela chorou. Depois de muitas tentativas de conversa feitas por Hermione, ela havia decidido esperar pelo tempo da filha e esse tempo havia acabado.
Depois de quase três horas de conversa, Rose finalmente ficara convencida de que sua atitude com Scorpius fora muito egoísta e precipitada. Não podia ter perdido uma amizade tão boa quanto a dele e estava disposta a concertar tudo. Dois dias depois, seu pai a chamou para uma conversa que apenas reforçou sua decisão. O ruivo disse que estava muito arrependido pela atitude idiota que tomou a uma ano atrás mas era muito cabeça dura para pedir desculpas a filha e arrumar toda a bagunça que fizera. Disse também, que ela não devia levar a sério nada que ele dissera naquele dia, pois ele alegou ter um terrível hábito de não pensar antes de dizer e na maioria das vezes, dizer besteiras.
E agora, Rose só aguardava o início das aulas começarem para resolver as coisas. Se é que ainda podiam ser resolvidas, pois de acordo com o que Alvo diz a Lily, Scorpius estava fingindo bem que nunca a conheceu.
- Rosie? - Hermione estalou os dedos na frente do rosto da filha. - Está me ouvindo, querida?
Agora, sentada em uma das mesas de uma sorveteria recém aberta no Beco Diagonal - a invenção trouxa foi um tremendo sucesso - , repassava todas as suas férias. Havia acabado de comprar os materiais para o terceiro ano e Hugo, para o segundo. Dentro de algumas semanas, retornaria a Hogwarts.
- Ahhh, desculpe mãe. - Sorriu acanhada, encolhendo os ombros.
- Só perguntei se você preferiria calda de chocolate ou amora. - A expressão perspicaz de Hermione tomou conta de seu rosto e Rose precisou desviar os olhos para afastar a sensação de que a mãe poderia ver através dela. Hugo e Rony estavam alheios a tudo isso, conversando sobre o último jogo dos Chuddley Cannons. - Seu pai havia jurado que você gostava de cascão de duas bolas, uva e maracujá, e com calda quente de chocolate. Achei impossível.
- E por que seria impossível, Mione? - A palavra pai tirou Rony da conversa empolgante com o filho. - Já experimentou?
- São frutas, a calda logicamente devia ser de fruta. - Hermione respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
- Explica pra ela, Rosinha. - Rony se afundou na cadeira voltando a ler o cardápio de sabores, como se passasse uma tarefa super secreta e importante para a filha.
- O que me diz do fondue, mamãe? - Rose ficou feliz em desviar sua atenção dos pensamentos que rodavam sua cabeça. - Frutas com chocolate derretido.
Enquanto Hermione revirava os olhos, tentando esconder a frustração por não ter nenhuma resposta, Rony apenas ergueu a mão direita em um hi-five sendo prontamente correspondido pela filha.
- O que a mamãe disse faz muito sentido. - Comentou Hugo e se dirigindo para o garçom mais próximo, disse: - Quero um cascão de chocolate com cobertura de chocolate.
- Estão vendo? - Hermione sorriu, sentindo-se mais vitoriosa. - Quero uma casquinha de cupuaçu com cobertura de amora, obrigada.
- Um cascão de duas bolas. - Começou Rony, como se escolhesse algo de muita importância em sua vida. - Chiclete e frutas vermelhas com cobertura de chocolate.
Hermione torceu o nariz.
- Cascão de uva e maracujá, a mesma cobertura que ele, obrigada. - Rose completou e sorrindo, o garçom se retirou.
- Aquilo é imenso, como consegue, Rosie? - Rose riu da expressão da mãe.
- Sua inteligência, minha fome. - Rony respondeu simplesmente, sorrindo, seguido por todos.
- Aproveitando esse clima descontraído, posso ir a loja de logros do tio Jorge e do papai? - Hugo lançou um olhar pidão a mãe.
- Ei, por que não me pede também? - A expressão de Rony se assemelhava com a de uma criança quando roubam seu lugar em um brinquedo de parquinho.
- Pode, querido. - Hermione ignorou o comentário do marido, entrelaçando seus dedos nos dele, divertida. - Vá com ele, Rosie.
- Qual é mãe, Rose e eu temos a mesma idade. - Resmungou o ruivo.
- Só até outubro, espertinho. - Rose bagunçou os cabelos do irmão.
- Não demorem. - Completou Rony, mais conformado depois dos carinhos da esposa.
Enquanto caminhavam para as Gemialidades Weasley, Rose acabou se lembrando de seu desejo de aniversário do ano anterior.
Talvez ainda se realizasse.
- Vou ver se consigo algum desconto com o Tio Jorge, já volto. - A voz de Hugo despertou Rose de seus devaneios e ela apenas assentiu enquanto via seu irmão se misturar com a monteira de pessoas na loja. Resolveu olhar a rua de paralelepípedos através da janela, já que conhecia de cor a maioria dos produtos da prateleira.
- Com licença, poderia me informar onde fica o banheiro? - Rose estava pronta para se virar e responder, mas assim que os olhos dela pousaram nos olhos azuis da mulher, estacou, a boca seca. - Oh, Rose Weasley, não é?
Astória Malfoy estava com um simples, porém elegante vestido azul escuro, os cabelos em um rabo de cavalo com um óculos escuro na cabeça, a alça da bolsa suspensa no pulso. Nunca havia a visto tão de perto e muito menos falado com ela.
Mas não foi isso que deixou Rose petrificada.
Foi a presença do seu único filho um pouco atrás dela, a fitando com os olhos cinzas exalando frieza. Rose engoliu em seco, desgrudando os olhos dos dele e voltando a encarar Astória. Pela expressão da mulher a sua frente, ela não deveria saber o que Rose havia feito para seu filho, deveria saber apenas que não se falavam mais.
- Logo - Pigarreou - Logo no fim daquele corredor, senhora Malfoy. E sim, sou eu, é um prazer.
- O prazer é todo meu querida. - Sorriu. - Obrigada.
E alternando olhar de Scorpius para Rose, com uma expressão parecida com a de Hermione a momentos atrás, se retirou.
- Sco - mas antes que Rose pudesse continuar, Scorpius já havia virado as costas e começado a observar a prateleira mais próxima. A ruiva o seguiu, parando do lado dele. - Scorpius, preciso que me escute.
Scorpius pegou uma caixinha de vomitilhas, lendo as instruções com aparentemente, muita atenção.
- Tudo bem. - Rose respirou fundo. - E-eu sinto tanto. Por favor, não precisa responder, apenas olhe para mim.
Agora, o loiro examinava uma caixa de uma das novas invenções da loja, chacoalhando-a.
- Sei que não mereço sua atenção mas, - Rose sentiu os olhos lacrimejarem. - Por favor.
- A sensação de inexistência incomoda, não é, Weasley? - A voz de Scorpius era ríspida. Sem vida. Como se falasse com ela por pura obrigação. E o modo como pronunciou seu sobrenome a estilhaçou.
Ele ainda não a encarava.
- Sei que fiz isso - Respirou fundo - e por isso quero... - Mas foi interrompida por Scorpius.
- Cala a boca! - Ele finalmente se virou para ela, sua expressão indiferente e o olhar que dirigiu a Rose, poderia perfurar o ácido mais puro. - Você não tinha o direito de acabar com a nossa amizade quando a decisão também cabia a mim. Não quero ouvir nada que saia da sua boca. Será que não fui claro o suficiente?
Rose arregalara os olhos, evitando piscar para que as lágrimas não caíssem.
- Mas Scorpius...
- Um ano, Rose! - Scorpius aumentou o tom de voz mas logo se controlou. - Agora, não me venha com abobrinhas, porque certamente não sou obrigado a ouvir. - Dito isso, andou a passos fortes até o segundo andar da loja.
Rose saiu correndo para a porta, esbarrando no próprio irmão.
- Rosie? - Hugo olhou assustado para ela. - Então foi mesmo Scorpius quem eu vi, não foi? Não deu tempo de te avisar, sinto muito.
Rose acenou para que ele não se importasse.
- Precisamos ir. - Disse ela, fungando.
- Por que vocês simplesmente não voltam as boas? - Hugo a fitava preocupado e meio confuso.
- Acho que Malfoy e Weasley realmente não funcionam, irmãozinho.
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