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História 5 Colours in Her Hair - Para poder se encontrar.


Escrita por: MarinaLupin

Capítulo 11 - Para poder se encontrar.


— Oh! Merda... — disse James, após sentir o chão incerto sob seus pés. Pensando bem, ele não devia ter bebido. Mas honestamente pensara que era apenas uma inocente batidinha de morango. Obviamente era algo mais forte, que deu vontade de tomar algo ainda mais forte, e repetir a dose. Até que ele estivesse tão bêbado que sua cabeça ameaçava explodir com o barulho da música e da tempestade.

Procurou Sirius em meio à multidão de adolescentes todos muito parecidos. Mas afastado da pista, ele pensou ter visto uma loira grudada com alguém muito semelhante ao amigo.

— Eu estou tão bêbado — disse James desgrudando Sirius da garota —, quero ir para casa.

O moreno assentiu e deixou a garota como se não fizesse a mínima diferença. James franziu a testa. Foi ele quem insistiu para Sirius se afastar da McKinnon, uma vez que ele claramente não gostava dela, nem de ficar com ela. Não que ele parecesse gostar mais dessa. Mas esse era Sirius, trocava de boca como quem trocava de roupa.

— Oh! Cara, você precisa parar de fazer isso — riu James, cambaleando até a saída. — Uma hora elas vão se irritar.

Mal James tinha fechado a boca, Marlene apareceu sabe se lá de onde, com as mãos na cintura e uma expressão zangada.

— Como você pode fazer isso comigo, Sirius?! Cinco minutos e você já está se agarrando com essa vadia!

Marlene continuou com os gritos enquanto Sirius a ignorava categoricamente. James tropeçou até a calçada, sentindo-se mais míope que nunca.

— Acho que não consigo fazer isso — disse ele quando Sirius despistou Marlene e se aproximou.

— Dá aqui, eu dirijo — pediu o Black, tomando as chaves.

James podia chamar alguém, mas realmente Sirius parecia bem mais sóbrio que ele — havia gastado seu tempo na festa beijando, não bebendo. O Potter acenou com a cabeça enquanto se dirigia ao banco do passageiro.

— Sirius! — Marlene reapareceu gritando. Ela devia estar tão bêbada como qualquer outro ali, pois afundava os saltos nos sulcos da calçada e cambaleava perigosamente. — Você é um idiota! Eu te odeio tanto! Espero que morra! Como você pode tratar alguém assim, como lixo? Seu desprezível! Eu disse que te amava! Sirius! Sirius Black!

Sirius entrou no carro, e bateu a porta na cara de Marlene, que caiu no chão, enquanto lágrimas negras rolavam em seu rosto.

— Acho que vou vomitar — anunciou James. Sirius riu, achando que era por causa da cena que presenciavam, mas um olhar ao amigo o fez pensar que talvez James estivesse sendo literal em suas palavras.

— O carro é seu, cara — riu Sirius, aquela risada de cachorro, quase um latido.

James riu baixinho, encostando a cabeça no vidro frio. Os dois colocaram o cinto e partiram naquela chuva tremenda.

— Não consigo ver nada — disse James, na metade do caminho. Começando a ficar sonolento. — Quer encostar?

— Dá para chegar em casa, cara — garantiu Sirius, limpando o vidro com a própria mão. O limpador do para-brisa trabalhava furiosamente, mas não parecia grande ajuda, a água continuava criando uma barreira entre o vidro do carro e a rua. — Já estamos chegando...

Os raios e relâmpagos iluminavam o céu, e então, dois metros a seguir, vindo do nada, um ciclista apareceu. O relâmpago tornou tudo estupidamente visível, enquanto os pneus do carro chiavam, e o garoto ia de encontro ao capô do carro. James gritou o nome de Sirius, que gritou algum xingamento e nem o grito de ambos e os trovões abafaram o grito de Remus.

— Puta merda! — gritou Sirius, quando o carro parou, segundando o volante com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.

Sirius tinha atropelado alguém. Ele tinha atropelado alguém! Alguém que podia estar morto... Aquilo seria o fim para Sirius, os pais o matariam! Se fossem como os pais de James...

James era leal, então no momento que a ideia apareceu, ele ouviu as palavras saindo de sua boca.

— Vai, some daqui — gritou James.

— O quê? Mas nós...

— Meu carro, eu atropelei — afirmou James. — Some daqui, não tem ninguém por perto. Vai Sirius!

— Eu não posso deixar...

— Seus pais vão matar você! Eu levo a culpa, só some daqui, agora!

Sirius não agradeceu, nem disse nada. Após um segundo de hesitação, abriu a porta do carro e correu. James abriu a sua, e tirou o telefone do bolso, ligando para a emergência.

Água escorria por seu rosto, junto de lágrimas, e desespero... Ele foi tão centrado com Sirius, mas agora estava entrando em pânico. Viu o sangue escorrer pela rua, e ajoelhado ao lado do corpo, finalmente vomitou tudo e permaneceu ali, deitado ao lado do garoto inconsciente.

***

— Minha mãe amou o vestido — contou Lily, sentada do outro lado em uma lanchonete numa cidade vizinha com James. — Disse que fico parecendo uma rainha.

A menina riu, mas James permaneceu sério.

— E você quer? Digo, ser rainha. Você quer?

Lily continuou rindo, mas parou assim que percebeu que não era uma brincadeira. Ali estava, James pensou, esse era o ponto decisivo. Se Lily dissesse que sim, então ele tinha se apaixonado por uma estranha... Alguém que ele próprio corrompera. Mas se não...

— Vou doar meus votos para Marlene... — desconversou Lily, não o encarando.

— Se você quiser. Mas se você quiser ser coroada, nós podemos dar um jeito. Que Marlene se exploda, e podemos nos livrar de Dorcas também...

— Você faz parecer tão fácil...

— É fácil, Lily — James estendeu a mão pela mesa e acariciou a dela. Ele estava falando sério, faria o que Lily quisesse, mesmo que aquela garota de salto alto em plena tarde não fosse a garota que ele gostava cem por cento do tempo, ainda era de longe a garota que mais atiçava seu coração. E quem era James para julgar alguém? — Você quer isso?

A menina encarou as mãos entrelaçadas e trouxe a mão de James para seu rosto, descansando o rosto na palma dele e fechando os olhos. Era tão aconchegante aquele gesto. Ele traçou o polegar pela maçã do rosto dela tão delicado como acariciar uma flor.

— Não — respondeu ela, abrindo os olhos e atingindo James como toda aquela cor. — Mas obrigada por me oferecer. Não me interesso por nada disso, só quero que tudo acabe logo.

— Vai acabar, meu bem — garantiu James, puxando o rosto dela para plantar um beijo em sua testa. — Vai acabar.

***

— Lily! Lily!

Os dois irmãos gêmeos de Marlene correram para Lily assim que a secretária abriu a porta, eles tinham oito anos e se jogaram na menina, abraçando-a pela cintura.

 — A visita é minha, pirralhos — repreendeu Marlene do alto da escada, enquanto Lily retribuía os abraços. — Vamos lá para o quarto, Lily.

Lily conhecia bem a casa, e a família toda adorava a garota. Ela tinha estado bem presente toda aquela semana. Visitou Marlene no hospital, e a permaneceu mesmo quando a morena deixou claro que não iria falar sobre o assunto. Para todos os efeitos, fora uma queda de pressão. Ninguém precisava saber de nada.

— Queria agradecer o vestido, Marlene — disse Lily, sentando-se na cama. — Ele é perfeito.

O coração da morena palpitou. Era seu primeiro trabalho para outra pessoa, inteiramente seu. E ela tinha gostado!

— Fico muito feliz em saber disso, Lily — respondeu ela, sincera. — Está tudo certo para o baile? Acho que não tenho mais conselhos para te dar. Você poderia ganhar, se quisesse, Lily. Mesmo com tudo desabando, você cativou todo mundo naquele lugar...

Mas Lily não se deixou levar pelo conselho.

— Você fez isso, Marlene — garantiu ela. — Você me construiu para ser exatamente o que eles queriam que eu fosse. Talvez eu tivesse conseguido conquistá-los do meu jeito... Ou não. Provavelmente não, porque isso nunca iria importar tanto para mim quanto importou para você.

— Então o plano continua de pé? — perguntou Marlene, receosa, sentando-se na escrivaninha de frente a cama.

— Sim — respondeu a menina do cabelo colorido, tomando a mão de Marlene entre a sua. — Ele sempre esteve. Mas Marlene... Eu detestaria que você pensasse que rainha do baile é tudo que você é. Você é tão mais que isso...

— Eu sei — sorriu a menina, se desvencilhando do aperto. Olhou os exames em cima da mesa, e pensou em contar para a menina. Para a amiga. Era o que elas eram, não? — Lily?

— Sim...

— Lily, eu sei que você está saindo com James — contou ela, encarando a outra. — Deve ser por isso que ele está mais idiota que o costume. E Lily, você vai negar, mas eu sei que você está gostando do Sirius...

— Eu não estou gostando do Sirius!

— Então você finge muito bem, porque está obvio que você se importa com ele — afirmou a morena. — E Lily, eu não sou boa em dar conselhos, mas você fez algumas coisas por mim essa semana, então lá vai. Eles não são bons para você, os dois. São dois fodidos, se você deixar, ele vão foder a sua vida. Não pense que você os conhece, porque não conhece.

— Marlene, porque eu... — Lily ia completar a frase com algo bem ofensivo. Quem Marlene pensava que era para se meter assim em sua vida? Mais do que ela já tinha feito. Mas a garota respirou fundo, e deixou as palavras se assentarem em sua cabeça. Não podia confiar em nenhum dos dois? E eles, podiam confiar nela? — Obrigada pela preocupação. Vim apenas ver como você estava, já vou indo.

Marlene acenou com a cabeça, e deixou Lily ir sozinha, ela conhecia bem o caminho.

A morena pegou o envelope branco cheio de exames, e deitou-se abraçada a ele na cama. Uma lágrima escorreu e ela tratou de limpar rápido.

Todos eles apontavam para positivo para uma doença sexualmente transmissível. Os médicos ainda processavam mais alguns exames. Tinha cura, embora ela fosse ter que entrar de cabeça no tratamento. Devia avisar todos os garotos com o qual havia mantido relações também. Ela podia ver sua vida indo para o buraco. Até o baile, foi tudo o que pediu para mãe. Ela implorou. Apenas que esperassem até depois do baile, assim que a coroa estivesse em sua cabeça, ela faria o que fosse preciso. Mais uma lágrima rolou e dessa vez ela não fez questão de limpar.

***

Lily sentou-se em frente à janela do quarto, com o relógio digital no patamar da janela, ela ficou esperando. Quando eram pequenas, Petunia e ela ficavam contando os segundos até o dia de seu aniversário, então os pais apareciam no quarto com presentes. Mas mesmo antes da morte do pai, eles já não faziam aquilo.

Lily estava pensando muito no pai, ultimamente. Se ele teria orgulho caso visse ela agora... Lily às vezes queria sumir. Voltar no tempo e não ter aceitado nada daquilo. Petunia estava casada e a mãe nunca soube do segredo que Lily guardou. Ela tinha tudo encaminhado para frequentar o curso de férias de fotografia. A bolsa estava aceita, e Lily ia atrás de um dormitório assim que as aulas terminassem.

Mas não tinha feito amigos, não realmente. Não tinha nada que importava ficando no ensino médio. A não ser James.

Ela não sabia o que fazer com aquele sentimento sufocante, que parecia dobrar de tamanho enquanto dormia. Não sabia o que fazer com aquela relação sem pé nem cabeça, com aquele ser contraditório.

Ela tinha parado de pensar muito sobre isso e começado a apenas aproveitar o momento com ele. Deixou as preocupações e suposições de lado e se entregou aos poucos a James.

Quando o relógio deu 00:01 Lily sorriu. Já era oficialmente dia 31 de janeiro. Era seu aniversário, sua maioridade. Era o dia do baile também.

— Parabéns pra você... — cantou ela, sozinha em casa, observando o vento do lado de fora da janela.

O telefone da menina começou a tocar, umas das músicas de James, que Lily tinha aprendido a gostar, e quem ligava era o próprio James.

— Oi... — atendeu ela com um sorriso.

— Abre a porta? — pediu ele. Ela franziu a testa, confusa por um momento, mas olhou pela janela e avistou um garoto na escada, com o vento bagunçando ainda mais os cabelos.

Lily começou a rir e desligou, descendo a escada dois degraus por vez, abrindo a porta e se jogando nos braços do moreno.

— Feliz aniversário — murmurou ele, com o rosto afundado no pescoço da garota. — Você disse que sua mãe ia estar no hospital, pensei em dar uma passada aqui...

— Eu amei te ver — admitiu Lily sorrindo. Não importava que estivesse de pijama, ou na pior versão Lily original. Era James.

— Então valeu a pena ter vindo — o garoto acariciou o rosto dela encontrando facilmente o caminho até a nuca dela, encaixando seus lábios nos conhecidos lábios dela.

Se Lily soubesse como era bom beijar James, talvez ela tivesse feito antes. Procurado-o anos atrás e dito “olá, você é quem eu estava procurando”.

A garota pressionou seu corpo no dele, querendo se ver livre de todo aquele espaço. Atacou os lábios de James com tudo o que tinha, porque esse era o jeito da Lily original beijar, com todo seu coração. Satisfazer-se com a satisfação do outro.

James deixou a boca dela para tomar fôlego, Lily tombou a cabeça para o lado, deixando claro o que queria. James riu no pescoço dela, fazendo com que a garota se arrepiasse. Beijou aquela pele branca e sensível, delicada, daquela garota exigente. O corpo de Lily se encheu de tremores. Estar com James era tão bom...

 — Fica aqui hoje — pediu ela, com uma certeza que não sabia de onde tinha vindo. — Fica comigo.

***

— Você está incrível — elogiou Sirius assim que a menina pôs os pés na calçada. Ela sorriu e aceitou a mão que ele estendeu, Sirius depositou um beijo nas costas da mão dela, como um legítimo cavalheiro.

— Você está muito bonito — concedeu Lily, segurando o rosto de Sirius para um beijo rápido.

— É inevitável — sorriu ele. Antes de entrarem na limusine, Sirius tirou um embrulho escondido nas costas. Era um bracelete de flor, lírios brancos com uma fita rosa. O vestido de Lily era roxo, ia até o pé e terminava em um tom degrade. — Vamos? — chamou ele, amarrando o bracelete e dando um beijo na bochecha dela.

Lily tinha feito toda a maquiagem perfeitamente. Estava em sua melhor forma. O vestido era lindo, e tudo estava perfeito. Mas seu estômago revirava de uma forma estúpida. Um nervoso que não era nada bom.

— Vamos.

***

Dorcas terminou de colocar a presilha no cabelo, e observou seu reflexo esvoaçante no espelho. O vestido azul era tão delicado quando o de uma princesa, parecia reluzir.

Amarrou o bracelete de gardênias no pulso, tirou fotos e recebeu o abraço da mãe.

— Estou tão orgulhosa de você, meu amor — disse a senhora Meadowes, abraçada a filha. — Você está perfeita, tenho tanto orgulho.

— Ninguém irá acompanhá-la, filha? — perguntou o pai da garota.

— Não preciso de ninguém, papai — garantiu a menina. — Estou pronta.

***

— Marlene, precisamos conversar — disse a senhora McKinnon entrando no quarto da filha sem pedir permissão.

— Agora não, mãe — reclamou a menina, colocando o par de brincos. — Estou quase pronta...

— Você não pode ignorar o que está acontecendo! — gritou a mulher.

— Não estou ignorando nada! — gritou Marlene de volta. — Amanhã fazemos o que você quiser, mas hoje não! Com licença, tenho uma coroa para buscar!

Saiu do quarto batendo a porta, descendo as escadas o mais rápido que o vestido justo vermelho permitia.

James a esperava do lado de fora, com um bracelete de flores vermelhas.

Nada podia dar errado, nada daria errado, nada podia dar errado... Ela repetiu até se acalmar.

Hoje era seu dia, nada iria estragar aquilo.

***

— Lily? — Sirius chamou a atenção da menina que olhava a chuva cair pela janela, toda distraída. — Estive pensando em algumas coisas...

— Sim, Sirius?

— Eu queria agradecer você — disse o garoto, tomando a mão dela na sua. — Você tem me feito uma pessoa melhor, ou algo assim.

— Ah! Sirius... — Lily estava sem jeito. Péssima hora para declarações, Lily já estava começando a se sentir culpada.

— É verdade — garantiu ele. — Você tem me ajudado com meus pais, e tem sido ótima nisso. E é uma excelente amiga, Lily. Sinto que posso confiar em você.

Por algum motivo, Lily não acreditou na última parte. Para que Sirius estava dizendo aquelas coisas? Levar ela para cama? Talvez não fosse a melhor ideia... Se ele dissesse que a amava... Lily morria.

— Você é um ótimo namorado também, Sirius — sorriu ela, apesar de tudo. — E uma ótima pessoa...

— Obrigado — agradeceu ele e virou-se para ela no banco. — Lily, tenho pensado em algumas coisas que você me disse... Sobre James Potter.

— James Potter?

O coração da menina do cabelo colorido disparou. Sirius sabia! Só podia ser! Mas então o que ainda estavam fazendo ali...

— Sim — assentiu Sirius. — Queria me reconciliar com ele... Pedir desculpas por tudo. Fui um idiota quando éramos amigos, covarde... Fiz uma escolha para ele e por ele... Mas eu estava errado. Gostaria que James pudesse escutar isso. Quem sabe pudéssemos esquecer tudo o que aconteceu e seguir...

Lily não sabia o que dizer, ficou lá encarando Sirius, de boca aberta. Se Sirius estivesse sendo honesto, então podiam acabar com tudo aquilo... Quem sabe ele perdoasse o plano e os dois se reconciliassem...

— Diga isso para ele, então! — exclamou a menina, apertando a mão do garoto. — Seja honesto com ele e conversem, se entendam.

— Não sei como fazer isso, Lily — admitiu ele. — Gostaria que você me ajudasse. Intermediasse isso. Quem sabe se você falar com ele...

— Eu não conheço ele, Sirius — mentiu ela. Sirius apertou a mão dela, mas não disse nada.

— Tente, Lily. Tenho a impressão que você consegue...

Será que ela conseguia? Lily queria acreditar que James era uma boa pessoa e ia preferir isso a continuar com seu plano. Mas será que ela conhecia ele tão bem assim? As palavras de Lene rondavam sua cabeça. Ela podia confiar em qualquer um dos dois?

BAILE

Existe algo de libertador em não ser ninguém. Há um tempo atrás Lily era só a estranha do cabelo colorido. A garota diferente na festa, que todo mundo queria saber o nome. A menina que não ligava para nada.

Quando Lily e Sirius colocaram os pés na festa, todos os rostos se viraram para ele. Ela escutava os murmúrios onde passavam, pessoas viam cumprimentá-la e o autofalante anunciava que a votação estava aberta. Esse era o momento para que ela vinha sido preparada.

— Tá gostando? — perguntou Sirius, um pouco tenso.

— Está tudo ótimo — sorriu a menina. A decoração estava esplendida, garotas rodopiavam pelo salão, ou se amontoavam em mesas, todos parecendo muito felizes. E eles estão, pensou Lily, felizes. Comemorando com seus amigos e amores. E ela, o que tinha? Uma vida falsa. Alguém que parecia gostar dela e ela em breve ajudaria a humilhar. Um namorado...

Lily sorriu ao pensar em James, na noite em que tiveram. Tinha medo de admitir o quanto gostava dele, e perceber que tinha se apaixonado, se doado, para um completo estranho.

Uma angustia tomou conta do coração de Lily e então tudo parecia um pouco pior. Estava nervosa, desconfortável com todas aquelas pessoas e aquela atenção.

Lily estava sufocando.

— Sirius — disse, respirado fundo algumas vezes. — Acho que vou ao banheiro. Te encontro perto das mesas.

— Vai lá — ele sorriu e soltou a namorada.

A menina começou a caminhar rapidamente, sorrindo um pouco desajeitada para quem passava, sentindo seu estomago revirar e começando a ficar zonza.

Agora não...

Queria jogar água no rosto, mas isso ia arruinar a maquiagem, então apenas se apoiou na pia e respirou fundo. Ouviu a porta abrir e se esgueirou para dentro de um dos compartimentos, abaixando a tampa, sentou-se no assento sanitário e descansou a cabeça nos braços, respirando fundo.

— Não acredito que aquela vadia vai levar o prêmio — disse uma das meninas, Lily não reconhecia a voz.

— Eu sei! Totalmente, Lily Evans é uma completa vaca — garantiu a menina. — Amus garante que eles transaram antes dela ficar com Sirius, e elas fez panquecas na manhã seguinte. Nua!

— Sim, totalmente vaca — riu a outra. — Ouvi dizer que ela sabotou a campanha das outras meninas... Não me admira nada se estiver pegando Sirius apenas para ganhar votos...

— Com licença — pediu Lily, ao passar pelas duas.

— Hey! Lily! — disse alguém assim que ela saiu do banheiro. Era James. Ela olhou de um lado para o outro, mas não havia ninguém por perto.

— Preciso falar com você.

***

— Ele quer se reconciliar, é? — riu James, encostado na mesa de uma sala vazia. — Muito oportuno para ele.

— E então, James? — perguntou Lily, se aproximando dele. — Ouça o que ele tem a dizer, se vocês se entenderem, nós podemos acabar com tudo isso. Quem sabe ele nem fique chateado com essa coisa do namoro, Sirius não parece gostar muito de mim mesmo...

— E você parece um pouco desapontada demais — notou James, se esquivando do toque dela. — Você não prefere ele, não é, Lily?

— Por que você está agindo como a droga de um idiota? — quis saber a menina, perdendo a paciência. — Sua vida é tão miserável que sente a necessidade de estragar a dele?

— Aquele filho da puta acabou com a minha vida! — gritou James, chutando uma cadeira. — Tudo o que eu fiz foi ajuda-lo e o desgraçado fodeu com tudo!

— Pessoas cometem erros! — gritou Lily de volta.

— Por que você está defendendo ele, droga?! Ele tirou tudo o que eu tinha, minha vida é uma merda por causa daquele filho da puta! E você me pede para perdoá-lo? Não! Quero vê-lo na merda, assim como eu fiquei.

— Você tem amor — Lily praticamente cuspiu as palavras. — Pessoas que amam você e fariam tudo por você. Mas se você acha que isso é pouco...

Lily empurrou James e saiu da sala, lágrimas já rolando por seu rosto.

Tentou secar as lágrimas e entrar novamente no salão, mas assim que pisou no lugar, uma sensação de pânico a dominou.

Lily ouviu um grito, e com surpresa percebeu que era seu. Deu meia volta, e começou a correr, ignorando a chuva e as lágrimas que manchavam seu rosto.

E quando James apareceu, gritando-a pelo corredor, Lily correu ainda mais. Estava tudo encerrado.

***

Lily passou a mão no rosto assim que chegou em casa, limpando um pouco das lágrimas.

 — Muito obrigada, Remus — agradeceu ela.

Fora uma surpresa encontrar Remus Lupin do lado de fora de Hogwarts High School, parecendo tremendamente indeciso se entrava ou não. Ele ofereceu ajuda e acabou trazendo Lily para casa.

— Não tem de que — sorriu ele. — Sabe Lily... Ele é um cara legal.

— James? — perguntou ela por reflexo.

— Sirius, na verdade — ele franziu a testa olhando para ela.

— Sim, ele é, ele... — então Lily teve um momento de insight. — Foi ele.

— Desculpe, como?

— Foi Sirius que te atropelou — afirmou Lily que foi recompensada com o sangue se esvaindo rapidamente do rosto de Remus. — Ele estava dirigindo naquela noite, não James. Marlene gritou com a pessoa errada, era Sirius no volante. Mas os pais dele surtariam, então James levou a culpa... Mas por que...

— Os pais dele ameaçaram tornar a vida de James um inferno se Sirius voltasse a vê-lo — esclareceu Remus, com a voz triste. — Eles ligaram os pontos, e fizeram Sirius prometer que não seria mais amigo de James. Sirius estava com medo, medo de prejudicar ainda mais James, de perder tudo o que tinha. Ele achou que estava fazendo o melhor para James, se afastando.

— Oh! Meu Deus... — Lily arfou. Agora entendia porque James tinha tanta raiva. Tanto ódio.  Ao mesmo tempo, para Sirius, ver o amigo fazendo de tudo para acabar com a vida dele...

Acabar com a vida... Vinha desconfiando há tempos que os planos de James eram mais extensos do que pareciam, agora tinha certeza.

Tirou o celular do bolso e com as mãos tremendo discou o número de James, mas caiu na caixa postal.

— James... Por favor, não faça nada — chorou ela no telefone. — Por favor, ouça o que Sirius tem a dizer. Ele errou, James. E é isso que as pessoas fazem, elas erram. Mas você é muito mais que uma vingança... James, você ainda tem muito a perder. Ele tem muito a perder... James, por favor, me escuta...

A mensagem acabou e Lily chorou um pouco mais no carro de Remus. Ela tinha contribuído para uma coisa muito ruim.

***

Quando chamaram os candidatos a rei e rainha do baile ao palco, Marlene permitiu-se ter alguma esperança ainda.

Viu Lily sair correndo do salão

Mas ela podia ganhar ainda, ela tinha uma chance de ganhar mesmo assim. Agarrou-se a essa chance. Subiu no palco com um sorriso, e posicionou-se ao lado de Mary. Dorcas não aparecia. Os garotos começavam a subir e os dedos das mãos de Marlene começaram a formigar.

Ela tinha uma chance, ela tinha uma chance...

— Anunciamos que a candidata Lily Evans não se encontra presente, e a senhorita Dorcas Meadowes já foi devidamente atendida após o desmaio...

Dorcas tinha desmaiado? Como assim? Então era só ela e Mary agora? Tinha ganhado a coroa! Era rainha! Era rainha!

— Por isso damos seguimento a nossa cerimônia de premiação com os presentes — anunciou o diretor. — E para rei do baile desse ano, com 40% dos votos, temos... Sirius Black!

A escola inteira aplaudiu, enquanto um Sirius extremamente pálido ia receber a coroa. Ele mal conseguia fingir um sorriso. Atrás do garoto, o vídeo que todos os candidatos tinham preparado, tocava, mostrando Sirius em jogos escolares e em festas com os amigos.

O moreno se posicionou ao lado do microfone e aceitou os parabéns com acenos.

— Parabéns, senhor Black — disse o diretor. — E para rainha do baile, nós temos... Sirius Black.

Um silêncio preencheu o salão, e então uma música preencheu o local. Outro vídeo passava agora.

Sirius aos beijos com um garoto do lado de fora de um restaurante.

Mensagens de textos trocadas entre Sirius e vários caras.

Fotos de Sirius na cama com um garoto, que Marlene reconhecia como Matthew Vance.

Fotos e fotos passavam, relatos que só diziam uma coisa... Sirius era gay. Sirius pegador e másculo, era gay.

Correram para desligar o projetor e aos poucos as risadas e gritos foram começando. Sirius estava parado sob os holofotes, uma lágrima escorrendo por seu rosto. O maior sorriso, entretanto, era de outro candidato. James Potter. É claro que aquilo era parte dos planos de James...

Aos poucos a ficha foi caindo e Marlene percebeu que a coroa não seria sua... Ela tinha perdido. Se sentia tão humilhada quanto Sirius, como se os gritos fossem para ela.

— Eu exijo uma votação de verdade! — gritou ela, indo em direção a coroa. — Eu sou a rain...

Então a multidão foi ao delírio quando uma gosma verde caiu na cabeça da menina. Marlene sentiu o líquido verde escorrer por todo o seu corpo.

Muito tempo depois da festa ter acabado, Marlene ainda conseguia ouvir os gritos, dos outros, de Sirius, e os seus... Gritou e gritou, então agulhas estavam em seus braços, e a última coisa que ela ouviu foram as palavras surto psicótico.

***

Lily tirou o vestido encharcado e se olhou no espelho. Quem era aquela estranha no espelho? Avistou uma tesoura no armário do banheiro... Por que não?

Quando terminou, uma trilha vermelha escorria por seu rosto, assim como as lágrimas.

Acabou, Lily, venha para casa.

Semanas depois

— Lily, o táxi chegou — gritou Christine no andar de baixo. Lily, afastou os cabelos, bem mais curtos que nunca, dos olhos e abaixou a caneta, terminando de assinar os cheques. Eram dois. Um para Marlene e outro para James, uma forma de recompensar os gastos que eles haviam tido com ela.

Perguntou-se se sentia falta dos dois, mas só obteve silêncio...

Marlene tinha recebido alta, a mãe disse. Foi internada por um surto quando não ganhou a coroa. Toda aquela obsessão, aquela ansiedade, nunca foi normal. Lily ainda se sentia mal por não ter visto. Christine via a menina todos os dias, estava fazendo tratamento para sua doença. Eu não acho que você possa reconhece-la, disse a mãe uma vez, sua vida inteira mudou.

Sirius estava no hospital ainda. O destino pregava muitas peças, parecia realmente absurdo que ele tivesse sido atropelado por ninguém mais, ninguém menos, que Remus Lupin. Sirius praticamente se jogou na frente do carro, todo mundo testemunhou. Lily foi visita-lo quando soube, mas nunca chegou a entrar. Na cabeceira da cama do moreno, James passava dia e noite. As enfermeiras diziam que ele repetia sem parar que era sua culpa. Era. Era de Lily também, também de Marlene, e Dorcas... Do próprio Sirius.

Os pais estavam expulsando ele de casa, uma vez que ele não conseguia mais manter o segredo, mas ele não parecia infeliz. Lily tinha a impressão que aquele fora o pontapé que faltava na vida de Sirius.

Quem dava essas notícias para a garota, era Remus. Dorcas acabou sendo internada também, gastrite, úlceras, inúmeros problemas estomacais e afins... Estava reaprendendo a comer, e agora não parecia ter nenhuma vontade de fingir alguma coisa. Jogava tigelas de sopa em enfermeiras, era malcriada e histérica, o único que parecia domá-la era Remus. Quando a mãe de Dorcas reclamou que não queria o garoto ali, o pai da menina decidiu dar um basta na situação, e culpou a esposa pela situação da filha. A mãe de Dorcas fazia terapia agora. Em breve ela sairia do hospital, garantiu Remus, ele estava animado com o namoro.

Lily acabou contanto tudo para a mãe. Não foi a única que abriu mão dos segredos, o acidente de Remus finalmente foi esclarecido. Nenhum pai ficou feliz, mas pelo menos pareciam aliviados com a honestidade.

A garota ia frequentar seu curso e dar início a sua faculdade. Estava mais que ansiosa para voltar a ser uma estranha sem nome novamente. Ela ainda chorava durante a noite, sentia vergonha de si mesma. Algumas coisas não são possíveis voltar atrás. Mas se ela fechasse os olhos, ainda parecia com um lugar familiar.

Em seus sonhos, ela gostava de imaginar um lugar onde todos eles tinham se conhecido em situações diferentes, e poderiam ter vivido a melhor das amizades. Uma história diferente, onde Sirius e James nunca teriam deixado de ser amigos, assim como Dorcas e Marlene. Onde pais não prejudicam os filhos, só amam. Quem sabe James e ela pudessem ter se entendido de outra forma, ela conseguia até imaginar um romance cão e gato, ela podia sentir isso.

Mas não. Já dizia o sábio, que o começa errado, continua errado. Ela não poderia ter esperado um final feliz da sua história. Ela só podia dizer que a tinha vivido. Estava bom assim.

— Para onde, ruiva? — perguntou o motorista com um sorriso.

— Para a minha nova vida.

Ela deixou tudo, e não olhou para trás.


Notas Finais


É isso aí, amores, chegamos ao final. Talvez nao como vcs queriam, ou como eu queria, mas terminamos. Espero que tenham gostado.Ah! Tem epílogo!


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