Dia 5 - pt17
"Quinto dia?" - Perguntou Ellen.
"O quinto dia que ele está sem dormir..." - Respondeu Susan.
"Todo esse tempo?" - Perguntou Rodolph.
"Ele quer aproveitar cada momento..." - Comentou Sebastian.
"De que mundo você é Gabriel?" - Perguntou Susan para mim.
Eu olhei para ela e apenas dei um sorriso.
Eu estava quase sem voz.
"Gabriel?" - Susan voltou a perguntar a mim, tentando continuar a sorrir.
Era explícito sua tristeza por trás do sorriso.
Eu decidi que iria tentar ficar mais tempo, não podia deixar aquilo acabar assim.
"Gabriel, o que você?" - Falou Susan surpresa.
Eu estava tentando ficar sentado na cama e Rodolph me ajudou.
"Eu..." - Falei mas minha garganta doeu ao tentar completar a frase.
"Você precisa descansar..." - Falou Ellen preocupada.
"Eu quero aproveitar o dia com vocês." - Falei por fim, ainda com a garganta doendo.
Foi se passando mais tempo, e o clima foi ficando mais ameno e calmo.
O Sol surgiu na minha janela, já era dia.
Rodolph olhava para o sol, enquanto Sebastian já sem seu paletó estava sentado no chão.
Susan e Ellen estavam sem seus saltos e sentadas sem falar muito do meu lado.
"Sabe, quando eu conheci a sua família Gabriel..." - Sebastian começou a falar.
"Eu tinha acabado de perder a minha... já era um adulto com meus vinte e poucos anos." - Sebastian continuou.
"Hoje tenho trinta e seis anos e não me arrependo nenhum minuto..." - Prosseguiu Sebastian.
"Quando o conheci, o senhor era um garotinho tímido e logo se apegou a mim." - Ele falou chegando perto da cama.
"Era a primeira vez que eu trabalhava de mordomo e nem sabia o que fazer direito. Toquei fogo na cozinha sem querer uma vez." - Falou Sebastian.
"Duas vezes." - Respondeu Ellen.
Eles riram um pouco e então o Sebastian chegou perto de mim e sentou-se na cama.
"Seus pais nunca me julgaram, eu era tratado como parte da família." - Ele falou puxando uma foto do bolso.
Era uma foto da família dele, só soube pois o reconheci na foto quando ele me mostrou.
"Eu nunca tive irmãos, então eu me sentia o irmão mais velho de vocês dois." - Falou Sebastian com lágrimas nos olhos colocando a mão no ombro de Rodolph.
"E nós também te considerávamos assim." - Respondeu Rodolph
"Eu tinha uma família de novo, estava feliz." - Sebastian voltou a falar.
"Você saiu da casa dos seus pais e se tornou um rapaz alto, bonito e elegante que adorava curtir a vida." - Ele continuou olhando pra mim.
"Fui com você pois por perto eu poderia te proteger e te ajudar." - Sebastian comentou.
"E também por que nossos pais pediram." - Falou Ellen rindo.
Sebastian deu um riso desajeitado.
"Você era impossível, sempre arrumando confusão. Não dava pra te deixar morar sozinho assim." - Ellen falou virando pra mim.
"Eu queria ter ido contigo mas nossos pais não deixaram." - Falou Rodolph.
"Vocês dois juntos sozinhos ia ser impossível até pra mim." - Falou Sebastian rindo.
"Isso é verdade mas quando criança eu que era o difícil de lidar e depois que crescemos ele começou a ficar pior que eu." - Continuou Rodolph.
"Sempre achei que quem iria fazer essas loucuras era você Rodolph. Você sempre foi o mais atacado." - Disse Ellen.
"Ser dois anos mais velha que vocês era horrível. Vocês só queriam brincar de coisas de meninos e bagunçar." - Ellen continuou e então parou e respirou fundo.
"Eu queria tanto alguém para brincar comigo que acabei ficando mais amiga das pessoas de fora de casa do que de vocês." - Ela falou olhando pra cima.
"Me arrependo? Claro... Mas com a ajuda do Sebastian ninguém ia morrer ali então meu trabalho de irmã mais velha estava feito." - Falou Ellen perdida em pensamentos e com um sorriso no rosto.
Eu pensei em dizer algo mas não consegui. Estavam todos rindo e pensando alto, perdidos em memórias.
Mas Susan que sempre olhava para mim chegou perto e pôs seu ouvido próximo a minha boca e então eu sussurrei para ela o que queria dizer.
Susan começou a chorar e pegou a aliança que estava em seu bolso que ela havia recuperado da loja e colocou no seu dedo.
"O que foi que ele disse?" - Perguntou Sebastian.
Todos olharam para ela curiosos.
Susan estava tentando conter as lágrimas e rindo.
"Ele me disse onde o encontrar." - Falou Susan rindo.
"Como assim?" - Perguntou Ellen.
"Ele disse que só vai desfilar pra mim depois que eu casar com ele." - Susan continuou.
"E eu nem me lembrava mais do desfile." - Disse Susan enxugando suas lágrimas.
"Mas você não havia dito que ele ia precisar aprender a viver?" - Perguntou Rodolph.
"Rodolph!" - Falou Ellen desconfortável.
Susan riu e eu não conseguia também tirar o riso do rosto.
"Eu sei viver, só não quero viver sem ela." - Falei rouco e colocando a mão na garganta.
Tentei me levantar com muita dificuldade e o Rodolph que estava mais perto me ajudou.
Andei até Susan e a olhei nos olhos.
Ela me abraçou, pondo seus braços ao redor do meu pescoço.
"Eu aceito." - Falou Susan no meu ouvido.
"Na alegria e na doença." - Falei.
"E nem a depressão vai nos separar." - Susan continuou.
Ela se afastou e colocou suas mãos no meu rosto.
Eu a beijei.
E depois disso, tudo escureceu e eu não ouvia ou sentia mais nada.
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