História 50 shades of blue - Capitulo especial (Future and consequences) 2-3

 

Acordei com batidas na porta.

- hum? – resmunguei e ouve a porta se abrir.

- Ei dorminhoco, vai dormir o dia todo? – a voz do Nico soou da porta e eu suspirei pesadamente sem responder. – você sabe que é melhor levantar antes do seu pai vir aqui. – ele avisou e eu gemi em frustração o ouvindo rir e sair fechando a porta.

Ele tinha razão, Will ficava um pouco macabro quando queria e eu não queria acordar com um balde de água fria na cara.

Tateei minha cama a procura do meu celular que achei entre as cobertas. Encarei a tela brilhante demais. 11:30 am. Eu havia dormido tarde a noite passada e isso explicava porque dormi demais.

Levantei preguiçoso e fui tomar banho, quando voltei para meu quarto de toalha e o cabelo pingando vi meu celular tocar em cima da mesa do computador. O peguei vendo que era Isabelle e uma onda de nervosismo me correu, mesmo assim atendi.

- Alo?

- Oi Mike. – a voz suave e delicada dela soou.

- Oi Isa. Tudo bem? – perguntei receoso.

- Ah tudo sim. Só queria confirmar sobre hoje. – ela pareceu constrangida. – é que vai sair um filme novo e parece que vai estar lotado então...

Sorri para mim mesmo.

- Claro. Quero dizer, o que você quiser ver nós vamos ver. – falei tranquilamente, mas minhas mãos tremiam.

- Talvez... tudo bem se formos um pouco mais cedo? Ai podemos pegar uma sessão mais vazia. – eu quase podia vê-la corar.

- Sim, tudo bem. Mais cedo e sessão vazia, parece ótimo pra mim. – falei inocente, mas depois sorri.

Ela levou um tempo para responder.

- tudo bem. Eu te mando mensagem com os horários.

- MICHAEL VOCÊ ESTÁ MOLHANDO A CASA TODA! – Will gritou do corredor me fazendo olhar a tempo de vê-lo aparecer na porta.

Isabelle riu do outro lado da linha.

- não molhe a casa toda Mike. – ela brincou sarcástica e pelos anjos como eu amava até seu senso de humor.

- éh... a gente se vê mais tarde Isa. – falei e a ouvi rir antes de desligar.

Assim que falei o nome dela Will levantou uma sobrancelha e sorriu.

- quando vou conhece-la? – perguntou provocativo e eu tentei ignorar abrindo o guarda roupa e o fitando sem saber o que usar. – vermelho. Você fica bem de vermelho. – ele disse ao meu lado antes de pegar uma camisa xadrez e vermelho e preto. – essa. – indicou.

Levantei minhas sobrancelhas para ele, mas aceitei a camisa, era mesmo uma das melhores.

- Desde quando você me ajuda a escolher roupas pra sair com as meninas? – perguntei descontraido.

Ele me jogou uma calça jeans clara.

- qual problema? E você parece gostar mais dessa menina do que das outras, além disso um pai não pode dar uma força pro filho? – ele respondeu casual.

Enquanto dizia eu fiava seu cabelo loiro curto e sua pose de pop star ultrapassado. Will era incrível, hoje em dia ele tinha sua própria gravadora e continuava muito famoso. Mas vê-lo falar daquele jeito me fez lembrar...

- Pai... – chamei e meu tom não deve ter sido agradável já que ele me olhou franzindo as sobrancelhas loiras e enrugadas suavemente. Suspirei. – nada. – disfarcei. Deixaria essa conversa para depois.

Ele se manteve me olhando confuso e parecia prestes a perguntar, mas eu peguei minha roupa e fui me troar no banheiro.

 

Na entrada do cinema lotado eu pude vê-la de longe.

Isabelle tinha os cabelos longos e lisos em um tom de loiro natural cortado em formato de V até o meio das costas e uma franja que cobria sua testa charmosamente e destacava seus olhos castanhos. Assim que ela me viu abriu aquele lindo sorriso de parar o mundo e veio até mim com seu vestido rosa claro rodado balançando.

- Te fiz esperar? – perguntou sem jeito me cumprimentando com um beijo na bochecha.

- Não, eu acabei de chegar. – respondi o que era verdade.

Ela sorriu aliviada. Peguei sua mão delicadamente e entramos no local.

O filme era bom, algo relacionado a romance e tinha um pouco de comedia também, mas eu não conseguia assistir. toda minha atenção ia para Isa frequentemente e quando ela me pegava olhando eu corava e desviava os olhos sem jeito.

Quando o filme acabou eu me inclinei para ela e falei baixo.

- dizem que tem cena extra, você quer esperar?

Ela me olhou de perto. Seus olhos foram dos meus para minha boca, seus lábios rosados com pouco batom perto demais repuxaram em um quase sorriso o que me fez ter um sinal verde. Me inclinei um pouco mais para ela acabando com a distancia entre nós e selando nossos lábios.

Ela não recuou, pelo contrario me puxou mais para si e aprofundou o beijo. Seus lábios eram tão macios e quentes... eu estava tão apaixonado.

Se o filme tinha cena extra nós não vimos.

 

Saindo do cinema meu celular tocou. Peguei ara ver que era uma mensagem do meu pai loiro.

Pai Will: Sua mãe está aqui. Só queria avisar, mas não atrapalhar seu encontro. Ela não para de perguntar aonde você foi e com quem. (risos) parece que ela consegue ser uma mãe ciumenta afinal.

Bufei para a mensagem. Ela mal me via e quando vinha eu tinha que largar minhas coisas para ir até ela?

Tudo bem, não seja um adolescente rebelde Michael Lee. – me adverti mentalmente.

- Tudo bem Mike? – Isa perguntou me fazendo voltar a ela. Sorri tranquilizador sem evitar.

- sim. É que minha mãe veio antes sem avisar...

Ela me jogou um sorriso compreensivo.

- tudo bem se você tiver que ir. Podemos sair outro dia. - falou casual. – sei que você vê sua mãe muito pouco.

Isabelle antes de qualquer coisa é minha amiga. Não algo como melhor amiga, mas havíamos os aproximado nos últimos meses então ela me conhecia razoavelmente bem.

Suspirei e a puxei para mim pela cintura, seus olhos brilharam nos meus com a luz avermelhada do crepúsculo acima dos prédios de NYC.

- por mim podemos sair muitas outras vezes. – falei de perto e ela continuou sorrindo antes de me beijar, um beijo demorado e degustante.

- vamos sair mais vezes Lee. – desde que eu disse meu nome do meio a ela, Isabelle passou a usa-lo quando queria me provocar. Ela deveria acha-lo sexy ou algo assim e ficou feliz quando eu disse que só ela me chamava assim.

Mordi o lábio reprimindo a vontade de beija-la mais.

- sabe, eu te levaria comigo para conhecer minha mãe, mas...

Ela riu e me beijou firme e rápido.

- Cedo demais. – falou sorrindo o que a deixou incrivelmente meiga.

Sorri a beijando novamente, rápido porem calmo.

- Até mais Is. – falei em um suspiro.

- até mais Lee. – ela respondeu se afastando.

A vi soltar minha mão e entrar dentro de um taxi que logo adentrou o transito.

 

Assim que fechei a porta do apartamento atrás de mim senti algo pesado me impulsar para frente.

- MIKE!! – Alice gritou em meu ouvido.

Ela havia se pendurado em meu pescoço como um macaco. Sorri sem evitar para minha irmã e a puxei para frente a deixando pendurada de lado com os cabelos loiros em cachos longos caindo no ar, os olhos cinza escuro brilhavam e seu sorriso de dentes pequenos e falhos estava aberto e alegre.

Ela gargalhou quando a girei e fiz cocegas.

- ah sua pestinha! Você já está aprontando!? – brinquei a fazendo rir mais enquanto a colocava em meus ombros segurando-a pela mão.

Adentrei mais o apartamento e na sala estava Nico e minha mãe sentados no sofá conversando. Ele parecia impassível com a cena e ela tinha um sorriso contido.

- mãe, mãe! O Mike está com o cabelo grande. – Alice disse puxando meu cabelo.

Fiz uma careta enquanto Nico ria e a tirei de cima de mim.

- deixe meu cabelo em paz pestinha. – resmunguei depois de coloca-la no chão e tentar ajeitar meu cabelo.

Minha mãe se levantou e me abraçou com vontade. Retribui sem evitar, apesar de tudo, da distancia, ela sempre seria minha mãe.

- Oi Mike. Você está tão bonito. – disse ela em meu ouvido.

- Oi mãe. Você sempre vai dizer isso, é minha mãe. – revirei os olhos antes de solta-la.

Ela bufou e se sentou novamente. Sentei ao lado dela e Alice estava perturbando o Nico que a ignorava.

- cade meu pai? – perguntei confuso e Nico deu nos ombros.

Então como se fosse chamado Will entrou na sala com os cabelos molhados.

- Ei Mike... – ele disse se sentando o lado do Nico. – como foi o encontro?

- encontro? – Annabeth me olhou curiosa, mas tinha algo feroz na ação.

- foi... legal. – conclui sem jeito.

Nico riu.

- isso já é alguma coisa. – disse despreocupado.

- acho que isso significa beijinhos. – Will completou se juntando com seu cúmplice.

- ele tem 15 anos Will, pelos deuses! – Nico bufou.

- o que isso tem a ver? – ele virou para o marido com uma careta que me fez rir.

- só pra constar eu tenho 16 anos e sim pai foi só “beijinhos” porque eu sempre fujo daquela conversa que nunca precisaremos ter. – falei sarcástico e eles me olharam divertidos, menos minha mãe que parecia preocupada. – o que foi? – perguntei a ela que me encarou torcendo o lábio.

- nada meu amor. Só estava admirando você, o quanto você cresceu rápido. – falou melancólica e meu sangue correu rápido em minhas veias.

De repente eu estava irritado.

- não comece com isso. – falei firme.

Senti os três me olharem surpresos já que nunca havia falado assim antes, mas eu havia excedido meu imite.

- Mike você está bem? Aconteceu alguma coisa? – Will me perguntou o mais calmo possível.

Respirei fundo.

- tem uma coisa que quero perguntar a vocês. – falei apreensivo e ate Alice parou na frente da tv ligada e me olhou.

- aos três? – Nico perguntou confuso.

- que coisa? – Annabeth me encarava preocupada.

- é que... – gaguejei e então me virei para Alice que ainda estava parada me olhando. – Ei Ally no meu quarto tem uns cadernos de desenho em cima da mesa, porque você não vai la desenhar? – falei para ela que teve o rosto iluminado e saiu indo até meu quarto aos pulos dançantes.

- ok, agora estou preocupado. – Nico comentou mais para si mesmo.

- Mike o que foi? – Will perguntou mais firme agora.

Olhei para eles serio e os três me olhavam com receio.

- ontem me fizeram uma pergunta da qual não soube responder. – falei e vendo o rosto ansioso deles eu completei. – me perguntaram quem é meu pai biológico.

Assim que falei uma onda de eletricidade tensa percorreu eles. Nico afundou no sofá como se tivesse levado um soco e Will segurou a mão dele com força, percebi que ele se esforçava pra ficar impassível, mas estava tenso. Annabeth me olhava com tristeza o que me fez reconsiderar a pergunta. Ela nunca tinha me olhado daquele jeito.

- E eu fiquei pensando nisso, quer dizer, porque eu nunca pensei nisso antes? Porque vocês nunca me contaram? – falei tentando completar, mas só pareceu piorar. Eles ficaram quietos, o único que não estava com os olhos em mim era Nico que fitava o nada a sua frente e estava ainda mais branco que o normal. – eu não mereço saber? – falei quando ninguém o fez. – eu sei que não sou filho de nenhum de vocês, quero dizer... vocês sabem...

Annabeth pegou minha mão de repente me fazendo a olhar. Ela estava seria e triste.

- Mike. Você tem todo direito de saber, só nos pegou de surpresa. – suspirou. - Seu pai morreu antes de você nascer, na verdade antes que eu contasse que estava gravida. Eu era jovem e desamparada, sua avó me expulsou de casa. Nico e o Will me ajudaram, me acolheram. Então como eu não tinha condições de cuidar de você eu pedi que fizessem isso...

- você pediu!? – minha voz saiu mais grave do que eu gostaria o que a fez recuar um pouco.

- não exatamente... – ela começou.

- o caso não é esse. – a interrompi. – Sei que você me deu a eles porque queria viver sua vida e foi exatamente o que fez. – mesmo para mim isso soou rancoroso. – na verdade não me importo, não é isso que quero saber.

- Mike... – Will me chamou baixo e firme, advertindo.

- quem ele era? Como ele era? Eu pareço com ele? É isso que quero saber. – falei o encarando e Will recuou olhando para Nico brevemente, como se fosse involuntário.

Nico estava encolhido ainda, afundado no sofá quieto demais. Seus olhos mantidos no nada. Isso me deixou ainda mais intrigado.

- Pai, você o conhecia? – Perguntei para ele que apertou os lábios e fechou os olhos sem responder. – porque não recebo uma resposta concreta?

- Mike. – minha mãe me chamou me fazendo olha-la. Seus olhos cinza nebulosos estavam frios nos meus. – ele não era uma boa pessoa.

Respirei fundo tentando assimilar aquilo.

- mas você ficou com ele. – falei mais como um pensamento alto e ela pareceu ter levado um tapa.

- sim, mas eu fui iludida. Não o conhecia, não sabia do que ele era capaz. – ela respondeu baixo e olhou para Will e depois para mim.

- então foi por isso que nunca me contaram? Por que ele fez coisas ruins? Todo mundo faz coisas ruins. – falei indignado.

- não esse tipo de coisas ruins Michael. – Will disse em um tom cortante me fazendo olha-lo em surpresa e dor.

Eu odiava quando ele falava naquele tom.

- que tipo de coisas são essas? – eles ficaram quietos. Nico parecia nem estar ali ou era o que ele parecia querer – Afinal como ele morreu? – perguntei passando meus olhos por eles que agora não me olhavam. – Alguém pode me responder!? – quase gritei desta vez já irritado.

Os três me olharam, Nico firme porem parecia cansado, Will repreensivo e irritado provavelmente porque eu estava gritando com meus pais, e Annabeth com tristeza.

Bufei quando ninguém falou nada e me levantei prestes a sair quando minha mãe falou em voz urgente.

- Tyler Stark. – ela disse o nome como se fosse o nome de alguma doença.

- Annabeth! – Will a advertiu. Ela olhou feio para ele.

- ele tem que saber uma hora ou outra Will. – defendeu-se seria.

Parei no meio da sala e me virei para eles com a sobrancelha levantada.

- Tyler... Stark... – repeti o nome que me soou familiar.

 Aonde eu ouvi esse nome antes?

Então minha mente funcionou e eu pude me lembrar.

Há dois anos atrás eu estava fazendo um trabalho sobre a mídia e fama então resolvi pesquisar sobre a carreira dos meus pais. Me lembro que eles nem sabiam sobre isso porque odiavam que eu perguntasse ou quisesse saber coisas sobre eles e a mídia. Will sempre afirmava que a maioria dos boatos era falso e havia vários boatos sobre ele.

Lembro de ter tido meu ápice de rebeldia e pesquisado mesmo assim.

Havia dois escândalos maiores que se tratavam dos dois juntos. Quando eles tinham sido sequestrados e espancados por um modelo lunático o qual não tinha o nome na matéria, mas garantia que ele estava preso e o outro escândalo envolvia a morte de Tyler Stark que era um homem obsessivo que jurava amor pelo Nico e invadiu o casamento deles, o primeiro casamento que foi um banho de sangue já que Will saiu ferido, Nico traumatizado e Tyler morto.

Lembro-me de tentar perguntar sobre isso para Will e ele me advertir serio e irritado “Não fale disso nunca mais Mike, principalmente pro Nico.” Ele disse nervoso o que na época não entendi bem, achei que seria um assunto delicado para eles e realmente era, só que muito mais do que eu pensei.

Tyler Stark era meu pai, e de acordo com a matéria naquele site...

Olhei para Nico que agora me olhava apreensivo como os outros. Devo ter lhe dado um olhar acusativo porque ele se encolheu um pouco e seus olhos lagrimejaram, mas eu simplesmente não pude evitar.

- Você... – engoli em seco. – por isso não me contaram...

- Mike. Estávamos tentando proteger você, esperar a hora certa. – Annabeth disse me fazendo encara-la incrédulo e nervoso.

Sentia como se tivesse tirado minha alma do meu corpo e depois a colocado de volta com um baque. Todo meu corpo estava quente e tremia.

- Proteger!? – indignei. – de que? De ver vocês me olharem assim!? – engasguei e mal percebi que segurava o choro o que parecia idiota.

Porque eu choraria por um pai que não conheci e tentou matar as pessoas que me criaram? Eu simplesmente não sei.

Apenas foi um reflexo do meu corpo para descarregar todo o turbilhão de sentimentos loucos que me percorria.

- Mike... – Will se levantou dando um passo em minha direção e eu dei um para tras o que pareceu o magoar, mas não consegui me importar no momento.

- não... – levantei a mão pedindo distancia e depois olhei para Nico que estava estático no sofá com os olhos arregalados em mim. De repente senti uma onda de culpa, culpa por ser quem era, uma culpa que eu sabia que não era minha. – desculpe, eu... – enrolei as palavras antes de sair as pressas do apartamento.

 - Mike! – ouvi minha mãe gritar, mas não olhei para tras.

Apenas corri para longe dali, deles.